Estofo
O futebol tem coisas assim. O Benfica, essa equipa em queda acentuada, forte contra os fracos, fraco contra os fortes, vai a casa da equipa que joga 'o melhor futebol do campeonato' (não é surpresa, eles jogam sempre o melhor futebol do campeonato há umas três décadas consecutivas, no mínimo), que possui a 'melhor dupla de avançados do futebol português', orientados por aquele que desde há dois anos a esta parte passou a ser o melhor treinador português, e quase que é possível ouvir o ruído dos milhares de mãos a esfregarem-se de satisfação perante a quase certeza (mais uma vez) de que é desta que caímos do primeiro lugar. Começamos o jogo a perder por causa de um erro grosseiro do nosso guarda-redes, temos motivos de queixa de um período de desorientação completa por parte da arbitragem, e mesmo assim a nossa equipa nunca perdeu o rumo, mostrou sempre uma frieza admirável, jogou em Alvalade como se estivesse a jogar noutro campo qualquer (OK,
também seria difícil sentir-se intimidado quando estava a jogar num
campo rodeado de panos com fábulas como 22 títulos de campeão, maior
potência desportiva nacional e outras mentiras que eles gostam de
repetir na esperança que alguém os leve a sério, e onde a equipa da casa
é apresentada de óculos escuros, numa espécie de mau espectáculo
burlesco) e foi buscar o resultado que lhe permite manter-se isolada no topo da classificação. A isto chama-se estofo de (tri)campeão.
Não foi possível ao nosso treinador apresentar o mesmo onze inicial pela terceira jornada consecutiva, uma vez que o Jonas não recuperou a tempo e nem no banco se sentou. Para o onze entrou o Cervi, que durante o jogo foi alternando de posição e de funções com o Rafa, variando ambos entre extremo e segundo avançado. Era difícil que o jogo tivesse começado de maneira pior. O Sporting entrou a pressionar, andou perto da nossa área logo nos instantes iniciais e viu um par de tentativas de remate serem bloqueadas pelos nossos defesas, mas aos quatro minutos uma asneira do Ederson, que recepcionou mal um bola com os pés e depois quando a tentou chutar já só encontrou o pé do Bas Dost, resultou num penálti evidente contra nós. Verifiquei também que não são apenas os adeptos, mas também os próprios jogadores do Sporting que desconhecem as regras do jogo, já que por algum motivo resolveram pressionar o árbitro para que expulsasse o Ederson, o que não faria qualquer sentido. Com o penálti convertido pelo Adrien, tudo indicaria que o cenário que os mais fervorosos antibenfiquistas tinham andado a imaginar e a prometer estaria montado. Nada de mais errado. O Benfica não acusou o toque e partiu para um exibição personalizada e tranquila, procurando chegar ao golo de forma sóbria. O jogo foi muito táctico, disputado na zona do meio campo e a bola andou quase sempre afastada de ambas as balizas, mas o Benfica parecia conseguir ganhar alguma superioridade no centro e manter mais posse de bola, enquanto mantinha as tentativas do Sporting de sair rapidamente para o ataque controladas. Ocasiões de golo a seguir ao penálti foram quase inexistentes - o Benfica ainda conseguiu um par de cruzamentos promissores, mas o Coates apareceu sempre bem colocado a evitar que a bola chegasse ao Mitroglou. A única situação de maior perigo surgiu já perto do intervalo, num livre directo marcado pelo Grimaldo ao qual o Rui Patrício correspondeu com uma boa defesa. Foi também nos últimos minutos da primeira parte que a equipa de arbitragem teve um período extremamente infeliz, durante o qual conseguiu, em série, ajuizar três lances dentro da área do Sporting sempre em desfavor do Benfica. Se no terceiro deles, entre o William e o Rafa, ainda consigo dar o benefício da dúvida, nos outros dois já é mais difícil. No primeiro, do Schelotto sobre o Grimaldo, a posição do árbitro permitiu-lhe ver perfeitamente o que aconteceu. E o segundo, do Bruno César sobre o Lindelöf, foi de tal forma evidente que pelo menos o auxiliar daquele lado tinha a obrigação de ter visto e assinalado, porque o gorducho chegou ao Lindelöf já bem tarde e quando o nosso jogador já estava completamente no ar, não tendo sequer saltado para disputar a bola. Foi um empurrão, puro e simples.
Na entrada para a segunda parte, o Sporting voltou a estar mais perigoso. O perigo vinha sobretudo das incursões do Gelson pela esquerda da nossa defesa, onde o Grimaldo revelava dificuldades para o travar, e subsequentes cruzamentos para o Bas Dost. Foi assim que o Sporting construiu uma grande ocasião para ampliar a vantagem, mas o holandês, que se apanhou completamente sozinho em frente ao Ederson após receber o passe do Gelson, acertou mal na bola e o remate saiu rasteiro e enrolado ao lado da baliza. A primeira alteração no Benfica teve bons resultados tácticos. O Jiménez entrou para o lugar do Rafa e foi dar mais companhia ao Mitroglou na frente, ocupando com maior frequência o espaço à frente da linha de defesa do Sporting. Isto obrigou o William Carvalho a ter que se preocupar mais com a presença de um jogador nessa zona, e a ficar mais fixo junto à linha defensiva, o que teve como consequência vermos o Adrien frequentemente muito mais só no meio campo perante os nossos jogadores. E por isso mesmo voltámos a ganhar superioridade nessa zona, o Pizzi beneficiou bastante da liberdade adicional e estabilizamos novamente o nosso jogo, acabando com os sucessivos contragolpes do Sporting da fase inicial da segunda parte. Mas as ocasiões de golo ainda continuavam a ser muito escassas, e apenas por uma vez o Mitroglou conseguiu libertar-se e rematar à baliza, mas fê-lo de forma fraca e sem causar grandes problemas ao Patrício. Quando os jogos estão assim, muitas vezes acabam por ser as bolas paradas a decidir, e este jogo não foi excepção. O Benfica beneficiou de um livre mais ou menos na mesma posição daquele que no final da primeira parte tinha proporcionado ao Grimaldo a ocasião para marcar, ou seja, perto da área e descaído para o lado esquerdo. O Grimaldo e o Lindelöf estavam perto da bola, mas surpreendentemente foi o sueco quem arrancou um pontapé fenomenal que não deu qualquer possibilidade de defesa ao Patrício. Já no livre da primeira parte ele estava perto da bola, mas não estava mesmo à espera que ele o marcasse. É uma qualidade que lhe desconhecia. A partir daqui o jogo teve pouca história, porque continuou na mesma toada de equilíbrio, quase sem ocasiões ou remates a qualquer uma das balizas. O empate era um resultado que se adequava perfeitamente aos nossos objectivos, e sem forçar absolutamente nada controlámos o resultado até final.
Na minha opinião os destaques maiores na equipa do Benfica vão para a dupla de centrais, o Fejsa e o Pizzi. Seria fácil destacar o Lindelöf simplesmente pelo golo, mas independentemente disso ele fez um jogo sem mácula, sempre bem posicionado, com vários cortes e recuperações de bola decisivos, e ao lado do Luisão anularam perfeitamente 'a melhor dupla de avançados em Portugal'. Fora de brincadeiras, apanharam pela frente o melhor marcador do campeonato, com larga vantagem, e conseguiram evitar que ele nos criasse muitos problemas, o que é de realçar. O Fejsa foi a presença habitual importante no meio campo defensivo, e um dos jogadores que mais bolas recuperou. O Pizzi foi um jogador renovado neste jogo, longe daquele jogador que nas últimas semanas parecia estar no limite da sua condição física. Foi o motor do nosso meio campo e travou uma luta enorme com aquele que foi um dos melhores jogadores do adversário, o Adrien. Grande, grande exibição. No geral, toda a equipa teve uma atitude muito boa, que é o mínimo que se pode exigir aos nossos jogadores num jogo destes.
Volto a repetir o que já escrevi após outros jogos: foi apenas mais um pequeno passo na direcção certa, rumo ao objectivo que estabelecemos no início da época. O tetracampeonato está agora mais perto, mas ao mesmo tempo continua ainda muito longe. De nada servirá a manutenção da liderança após o último jogo 'grande' (já agora, com este resultado o Benfica assegurou a vitória do chamado 'campeonato dos grandes', não tendo perdido um único jogo, o que não é nada mau para uma equipa dita 'fraca contra os fortes') se depois a perdermos em casa contra o Estoril, porque esse jogo tem os mesmos três pontos em disputa. Estoril que, como já mostrou no jogo para a taça, está uma equipa transfigurada desde que o Pedro Emanuel tomou conta dela. Todo o cuidado é pouco, e vamos precisar de manter a concentração máxima para os jogos que faltam - até porque o desespero para os outros lados continua a aumentar e consequentemente também o tom dos ataques desvairados vai aumentar.
P.S.- Hoje em dia é muito fácil escolher viver dentro de uma espécie de bolha, na qual apenas se tem acesso às opiniões com as quais concordamos ou em que queremos acreditar, e sem qualquer contacto com o contraditório. Ao fim de algum tempo as pessoas que vivem assim acabam por convencer-se que essa realidade virtual alternativa corresponde à realidade. É fácil identificar adeptos do Sporting nessa condição. Normalmente congregam-se em redor de sítios como uma Tasca do Cherba ou um Mister do Café, entre outros do mesmo quilate, que não passam de verdadeiros asilos de lunáticos virtuais, onde partilham as suas visões retorcidas da realidade. Onde o presidente do clube deles é um paladino da luta pela verdade no futebol e pela pacificação do mesmo. Onde o Benfica só ganha jogos porque os árbitros estão comprados por vouchers, ou porque as equipas adversárias facilitam, ou então porque qualquer jogador que tenha alguma vez passado de táxi em frente ao Estádio da Luz, quando defronta o Benfica, propositadamente prejudica a sua carreira e a sua própria equipa marcando autogolos ou cometendo penáltis intencionalmente (isto, já agora, é válido para todas as modalidades, em todos os escalões etários, masculinos ou femininos). Por outro lado, o Sporting é uma potência mundial que só não é campeão em Portugal por causa das manobras do Benfica e não é campeão europeu por causa da manobras da Doyen e da Gazprom. Se não fossem os 'factores externos', como não se têm cansado de repetir, estariam a lutar pelo título, e vão mostrar isso mesmo neste jogo humilhando o Benfica. Depois vão para estes jogos convencidos que são favas contadas, e a única dúvida naquelas cabeças é por quantos é que o Sporting vai golear e quantos golos vai marcar o Bas Dost. Começa o jogo e em vez de aparecer uma equipa que 'não joga nada' e que sem ajudas estaria provavelmente a lutar para não descer, apanham com um Benfica que apesar de um enorme contratempo logo a começar não está minimamente impressionado ou afectado com o 'poderio incomparável' da equipa deles, joga olhos nos olhos, e todos os erros de arbitragem que se podem apontar (que é a desculpa a que normalmente nestas situações se agarram sempre de forma desesperada, quais náufragos numa tempestade agarrados a uma tábua) foram em prejuízo clamoroso do Benfica. Isso deveria abalar seriamente algumas convicções. A resposta é a que se esperaria de um cão raivoso que pretende desviar as atenções o mais rapidamente e da forma mais rafeira possível. É ler os devaneios escritos hoje pela criatura que preside o Sporting e pelo homúnculo que lambe o chão que ele pisa para ver o melhor exemplo disso. E sem dúvida que a turba que os segue de forma quase religiosa continuará a aplaudir freneticamente.
2 Comments:
Revejo-me em muito do que aqui ficou escrito, caro D'Arcy.
E, no que toca a turbas religiosas fanáticas, creio bem que será uma mera questão de tempo até que suceda algo de mesmo sério, a pretexto de "compensar" a frustração e o ódio injectados pelo parvalho e pelo seu valete anão, bem como pelo peidoso senil e sua confraria. Hão-de mostrar-se depois muito compungidos, todos eles, verás.
A crónica é a imagens daquilo que se passou em campo.
Desta vez tivemos finalmente um oito não só em termos ofensivos embora aia a diferença nem foi muita e sobretudo foi por jogar uma pouco mais adiantado em relação ao nosso trinco do que tem sido habitual neste tipo de jogos mas sobretudo pela entrega e luta nos aspectos defensivos que valeu varias bolas recuperadas quando normalmente são escassíssimas mas continuo a achar que estas altura são a excepção e não a regra já que ele não tem as características que são necessária para esta posição, e neste caso a culpa não é dele é de que o coloca numa posição que não é a dele.
E vimos também que o nosso melhor médio ofensivo foi um jogador que já á muito não era titular e que tem sido preterido por outros que mais uma vez foram e tem sido decepcionantes nas suas exibições é um mistérios que intriga a muitos de nós como é que quem invariavelmente tem jogado bem é preterido por quem invariavelmente não tem mostrado nada que justifique a sua aposta é que nem a atacar sempre inconsequente nem a defender quase sempre mal e o perigo que sofremos no inicio da segunda parte muito se deveu a essa falta de apoio ao nosso lateral esquerdo correr muito é bom mas para o atletismo.
A equipa melhorou com a primeira alteração porque finalmente ficamos com dois avançados utilizamos uma táctica que necessita de dois avançados e por via das lesões muitas vezes não os temos disponíveis e por varias vezes já ficou provado mais do que provado de que utilizar em vez de um avançado um médio ou extremo não alterando a táctica resulta invariavelmente a jogarmos com menos um em campo temos por isso de repensar neste casos, de só termos um avançado disponível, se o melhor não é alterarmos a táctica com que jogamos é que se não o fizermos jogamos quase sempre com menos um do que o adversário e assim fica sempre tudo muito mais difícil.
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