segunda-feira, abril 10, 2017

Sofrimento

Mais um jogo de sofrimento, como tenho a certeza que serão todos daqui até final. E mais uma vez, o melhor foi mesmo o resultado, uma vitória pela margem mínima que nos permite somar mais três pontos e a manutenção do primeiro lugar. O Moreirense comeu a relva, ou não fossem eles treinados pelo Petit, aproveitou também o mau jogo que fizemos, e criou-nos dificuldades - não fosse a falta de jeito dos seus jogadores na altura de finalizar e poderíamos estar agora a lamentar o resultado.


A maior nota de destaque são os regressos do Fejsa e do Grimaldo ao onze titular. É bom termos mais estas opções para o ataque à fase final da época, mas verdade seja dita que hoje não se notou grandemente a sua influência. No resto da equipa, a aposta nas alas manteve-se no Salvio e no Rafa, o que logo à partida me fez torcer o nariz. Num campo pequeno, onde o espaço não abunda, e perante uma equipa que certamente cerraria fileiras atrás, optar por dois jogadores que fazem da velocidade a sua principal arma em detrimento de dois alas mais tecnicistas e com capacidade para resolver em espaços mais curtos, como o são o Cervi e o Zivkovic, não me pareceu a melhor ideia. Mas adiante. Sobre o jogo propriamente dito nem há muito para escrever, porque para mim foi quase um deserto de ideias. Honestamente, neste momento quando vejo o Benfica jogar fico com a sensação de que regredimos ao tipo de futebol praticado durante os primeiros meses após a chegada do Rui Vitória. Muita posse de bola completamente estéril, fazendo-a andar de um lado para o outro, mas ocasiões de golo quase nenhumas, e nem sequer a perspectiva de aparecerem. A sério que quando nos vejo jogar assim, simplesmente não consigo vislumbrar sequer a possibilidade de conseguirmos construir uma jogada de golo. O golo que decidiu o jogo, surgiu quase que inevitavelmente de uma bola parada. Livre apontado na direita pelo Pizzi e o Mitroglou saltou nas costas do defesa para fazer o cabeceamento vitorioso, já quase sobre o intervalo. Honestamente, não me consigo recordar de muitas mais ocasiões de perigo flagrante criadas pela nossa equipa, pelo que a vantagem ao intervalo me parecia um resultado generoso - o jogo a que assistia às vezes parecia mais entre dois aflitos na fuga à despromoção do que entre primeiro e antepenúltimo classificados.


Mas se já não estava muito agradado com o jogo na primeira parte, pelo menos durante esse período nós conseguimos tê-lo relativamente controlado. A segunda parte foi muito pior. Durante vários períodos fomos uma equipa completamente desgarrada, cujo objectivo no jogo me era impossível de perceber. Nem pressionávamos em busca de um segundo golo que nos desse tranquilidade, nem geríamos o resultado mantendo uma posse de bola mais ou menos controlada. Num campo tão pequeno, só via os nossos jogadores demasiado dispersos, a jogar demasiado longe uns dos outros, e a proporcionar demasiado espaço para o Moreirense explorar o contra-ataque. Se não estamos com capacidade para o fazer, jogar com as linhas tão adiantadas e com ambos os laterais a tentar apoiar o ataque é um risco. E por mais de uma vez vimos o Moreirense a sair para o contra-ataque praticamente em igualdade numérica, perante apenas os nossos centrais e o Fejsa, conseguindo criar situações de verdadeiro perigo para a nossa baliza - mas o Ederson não deve ter feito sequer uma defesa digna desse nome, porque conforme disse, a falta de qualidade na finalização significou que o Moreirense atirou praticamente todas as bolas para fora, e na ocasião em que foi mesmo à baliza, foi o Lindelöf a evitar o golo. As coisas só melhoraram um pouco quando o nosso treinador decidiu mexer na equipa, e trocou mesmo os dois alas pelo Cervi e o Zivkovic, e sobretudo quando o Samaris entrou para o lugar do Jonas. Não é que tacticamente esta mudança tenha alterado grande coisa, porque o Pizzi foi encostar-se à direita e o Zivkovic passou a fazer de Jonas, mas o Samaris colocou-se numa posição mais recuada, auxiliando o Fejsa a preencher aquela zona do terreno - antes disso havia por ali um vazio enorme, porque quando o Benfica perdia a bola no ataque na maioria das vezes o Pizzi não tinha capacidade para recuar rapidamente e recuperar a posição. Conseguimos assim segurar a vantagem preciosa, mas muito provavelmente teremos o Samaris suspenso porque no meio de uma confusão já em período de descontos, antes da marcação de um livre, ele agrediu um adversário. Não sei o que passa pela cabeça de um jogador experiente para, sabendo que tudo está a ser filmado e que ainda por cima há uma particular predilecção para esmiuçar todos os segundos dos jogos do Benfica à procura do que quer que seja, fazer um disparate daqueles.


O melhor do Benfica foram os benfiquistas. Aliás, são sempre. Hoje encheram mais uma vez o estádio da equipa adversária e fizeram com que o Benfica jogasse em casa. Mesmo quando a equipa nos presenteou com períodos de futebol muito pobre nunca deixaram de acreditar, e apoiaram-na no primeiro ao último segundo. Os três pontos que conquistámos também se devem, e muito, a todos eles.

Falta menos um jogo, mas os que faltam até final parecem uma eternidade. Teremos que subir a qualidade do nosso futebol para conseguirmos atingir os nossos objectivos. Hoje foi contra uma das equipas pior classificadas e vimos o quão difícil foi vencer o jogo. É apenas uma amostra daquilo que nos espera, sobretudo à medida que o número de jogos que restam for diminuindo e o desespero dos nossos adversários for aumentando. Só dependemos de nós, somos os únicos nessa condição, e não podemos de forma alguma abrir mão dela. É que ao contrário dos nossos adversários, não podemos ficar à espera que outros façam o nosso trabalho por nós.

1 Comments:

At 4/10/2017 7:21 da tarde, Blogger joão carlos said...

O post é um espelho daquilo que se passou em campo.


Existem opções que eu não concordo, porque fazia outras, mas que no entanto percebo que tenham sido estas as opções no caso da opção pelos extremos não só não concordo com elas como não as percebo por um lado porque se aposta ao mesmo tempo em dois agitadores quando para equilibrar a equipa um deles teria de ter obrigatoriamente outras características para alem disso qualquer das alternativas para as mesmas posições que ficaram no banco provaram no ultimo jogo estar em muito melhor forma do que qualquer das opções tomadas e por fim não se percebe a aposta num jogador que só tem velocidade, mas falta tudo o resto passe, remate, jogar em equipa e para a equipa, mas que depois nem sequer consegue tirar uma única vez partido dessa velocidade nem para proveito próprio nem para a equipa.
Existe qualquer coisa que eu não entendo o nosso treinador afirma no fim que este seria um jogo previsível de muita luta e de segundas bolas mas depois continuamos a apresentar um meio campo coxo dessas características quer no inicio quer sobretudo no segundo tempo e mais estranho perante este diagnostico ficou a ultima substituição, por tardia, que veio precisamente resolver esta situação porque veio reforçar o meio campo comprovando que em determinados jogos ter apenas dois jogadores é muito pouco sobretudo quando um seles retorna por prolongada lesão e o outro joga condicionado por um lado pelo desgaste físico e pelo outro por uma questão disciplinar que já deveria ter sido resolvida á muito.
A pouca produção da equipa é fácil de perceber quando dos quatro jogadores criativos do meio campo para a frente um vem de lesão e ainda procura a melhor forma o outro tem jogado de forma intermitente, outro joga sozinho e é inconsequente no que produz porque apenas resta um jogador que por ser apenas um acaba por ser fácil os adversário concentrarem nele toda a marcação e ou alteramos, não digo todos porque um deles nem alternativa no plantel tem, pelo menos dois deste quatro ou vamos ter muitas dificuldades em conseguir ter mais produção do que a pouca que vamos tendo nos últimos encontros.

 

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