sábado, abril 15, 2017

Confortável

Vitória confortável contra um adversário teoricamente complicado, mas que acabou por ser uma desilusão. O Marítimo apresentou-se na Luz apostado apenas em jogar um futebol negativo e a partir do momento em que ficou em desvantagem deixou de ter objectivo no jogo. A nota artística não foi a melhor, mas perante um adversário a jogar desta forma era difícil fazer muito melhor, e não fosse o nosso desacerto na conclusão de diversas jogadas o jogo poderia ter acabado com um resultado bem mais desnivelado.


Entrámos em campo com exactamente o mesmo onze que tinha defrontado o Moreirense. E ficou evidente, desde o apito inicial, ao que o Marítimo vinha. Confesso que fiquei um pouco desiludido, porque esperava mais de uma equipa que tem sido uma das revelações da prova desde a mudança de treinador. Logo no primeiro pontapé de baliza do jogo, o guarda-redes começou a queimar tempo. Toda a equipa do Marítimo acantonou-se em frente à sua área, com o trinco a recuar para o meio dos centrais para formar um trio, e montando duas linhas de defesa muito juntas, tentando deixar o mínimo de espaço possível para o Benfica jogar. Saídas para o contra-ataque eram inexistentes. Um dos seus jogadores, o Raúl Silva, parecia estar em campo com algum tipo de missão ou encomenda em relação ao Jonas. Passou o tempo todo a provocá-lo e a tentar armar algum tipo de confusão. A única situação de algum perigo que o Marítimo criou surgiu num disparate do Ederson, que tentou fintar um adversário e quase que perdeu a bola. Quanto ao Benfica, revelou dificuldades para ultrapassar a estratégia do Marítimo. O jogo pelas alas não estava a funcionar, pelo que começámos progressivamente a insistir mais pelo meio. Mas na fase inicial do jogo até o Jonas parecia não estar em dia de muito acerto. Por quatro vezes conseguimos fazer a bola entrar entre as duas linhas do Marítimo e chegar aos pés dele, em posição frontal, mas os remates nunca saíram com a direcção ou a força desejadas - iam quase sempre à figura do guarda-redes. Depois de muito insistir, o Benfica acabou por marcar dois golos de rajada, a partir do trigésimo quarto minuto. O primeiro surgiu após uma boa iniciativa do Rafa pela esquerda, que depois cruzou rasteiro para a boca da baliza. O guarda-redes não chegou à bola, o Mitroglou estava preparado para empurrar, mas um defesa antecipou-se de carrinho e marcou na própria baliza (já antes o Marítimo estivera perto de fazer um autogolo, valendo-lhe o tempo de reacção do seu guarda-redes, inversamente proporcional à velocidade com que repunha a bola em jogo). Dois minutos depois, nova investida do Rafa pela esquerda, passe para o Pizzi à entrada da área, e novo passe para o Jonas desta vez rematar colocadíssimo, fazendo a bola entrar literalmente pelo buraco da agulha, juntinho à base do poste. E só não surgiu um terceiro golo de rajada porque o Mitroglou conseguiu falhar um golo cantado, depois do Nélson Semedo lhe colocar a bola à frente dos pés em posição frontal. Mas o Marítimo não se livrou de ir para o intervalo com três golos de desvantagem: na última jogada da primeira parte, canto marcado pelo Grimaldo na esquerda, o Luisão ganhou nas alturas, e o Jonas surgiu ao segundo poste para, à segunda tentativa, fazer o golo.


Com o jogo praticamente resolvido ao intervalo era expectável que a segunda parte pudesse ser pouco interessante, e isso verificou-se. O futebol jogado não foi da melhor qualidade, até porque o Benfica não tinha qualquer interesse em estar a aumentar o ritmo. Conseguimos controlar o adversário e gerir o jogo na perfeição, sem qualquer tipo de sobressalto - a única ocasião de algum perigo que o Marítimo criou foi mesmo a acabar o jogo, mas nem sequer conseguiu fazer um remate à baliza nessa ocasião, já que o seu jogador pareceu embrulhar-se com a bola dentro da pequena área. O Marítimo lá tentou sair um pouco lá de trás e, naturalmente, começou a abrir autênticas avenidas para serem exploradas pelos nossos jogadores. Que mesmo sem forçar, e quase em ritmo de passeio, construiram situações mais do que suficientes para pelo menos conseguirmos igualar o resultado que tínhamos conseguido frente a esta mesma equipa no jogo para a Taça. Só mesmo muita falta de inspiração na hora de finalizar ou definir as jogadas é que explicam que não tenhamos conseguido marcar um único golo durante a segunda parte. Que o Salvio faça disparates, nesta fase já quase que dou isso como um dado adquirido. Mas hoje até o Mitroglou estava em dia não, e durante o jogo desperdiçou ocasiões que não é nada habitual vê-lo falhar. O jogo deu para fazermos uma gestão tranquila do esforço, poupar o Jonas (saiu tocado; esperemos que não seja nada de grave) e o Pizzi (que evitou o amarelo, embora se considerarmos que o árbitro cometeu a proeza de conseguir não mostrar um único amarelo aos jogadores do Marítimo, apesar das sucessivas faltas que cometeram, seria demasiado 'azar' o Pizzi ser admoestado) e acabar o jogo em clima de festa, com as mais de 57.000 pessoas nas bancadas em comunhão com a equipa.


O Jonas merece o destaque que os dois golos que marcou lhe conferem, embora pudesse ter feito ainda mais. Achei também que ele me pareceu ficar demasiado nervoso com as provocações constantes do Raúl Silva. Eu sei que uma pessoa não é de ferro, mas ele é um jogador demasiado experiente para se deixar afectar por coisas destas - esteve bem o Luisão quando num determinado momento o foi afastar e pedir calma. O Rafa desta vez fez um jogo bastante melhor, esteve envolvido nos dois primeiros golos e no geral foi um dos jogadores mais activos e perigosos do nosso ataque - brilhante aquele contra-ataque que conduziu sozinho de uma área à outra, para depois deixar o Salvio sozinho na cara do guarda-redes (não deu golo, porque era o Salvio). O Lindelöf, Luisão e Fejsa estiveram num bom nível, mas uma das notas mais agradáveis foi mesmo verificar que o Grimaldo já se mostrou a um nível bem mais elevado. Esteva tão activo pelo seu lado que o Nélson Semedo por vezes quase pareceu um lateral contido no apoio ao ataque. Quanto ao menos bom, houve uma feroz concorrência entre o Salvio e o Mitroglou por essa distinção. Como não consigo desempatá-los, levam-na ex aequo.

Foi um bom resultado e um jogo que correu da melhor maneira possível, parecendo não exigir demasiado esforço físico ou psicológico dos nossos jogadores. Com isto garantimos o primeiro lugar por mais uma jornada, e agora faltam apenas cinco. O caminho para o título vai ficando cada vez mais curto.

1 Comments:

At 4/15/2017 10:49 da tarde, Blogger joão carlos said...

A analise esta muito bem conseguida.


Neste jogo por momentos e com algumas trocas voltamos a fazer mais uma nova experiencia para o lugar de segundo avançado na minha opinião até com melhores resultados que os jogadores anteriormente testados ai, embora ainda seja insuficiente para aquilo que se deseja e precisa, agora de todos os extremos do plantel só falta testar ai um deles e de todos foi aquele que eu admiti que a se adaptar um extremo ele seria aquele que tinha melhores hipótese de resultar e por isso mesmo estranho que nunca tenha sido utilizado nessa posição, até porque nenhum dos outros sequer se aproximou daquilo que precisamos, e pelos vistos vamos chegar ao fim da época sem que exista alternativa para o titular nesta posição.
Também não gostei das escolhas para os extremos até pelo sucedido no jogo anterior mas desta vez embora não concordando com as escolhas feitas percebo que tenham sido estas as opções até porque os jogadores foram muito criticados, e não foram só estes, e isso é uma forma de lhes dar confiança e aproveitar a resposta que os jogadores querem dar às criticas e até acho que resultou nos dois casos agora resta saber se aliviadas as criticas eles não voltam ao que vinham demonstrando anteriormente.
Voltamos a falhar uma oportunidade isolados só com o guarda redes pela frente, e aqui não concordo contigo, o problema não foi a bola ter ido para a quem foi porque fosse quem fosse o jogador o resultado teria sido sempre o mesmo, o desperdiço, porque a quantidade de bolas destas que já tivemos é incontável e numero de aproveitamentos chega uma mão e ainda sobram muitos dedos e dos jogadores do ataque todos já falharam e nenhum deve ter mais aproveitamento que desperdício e numa altura em que as oportunidades não abundam desperdiçar de forma tão escandalosa é quase crime e ou rapidamente resolvemos esta situação da má finalização neste tipo de lances ou nem vale a pena tentar porque é pura perda de tempo.

 

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