Desprestigiante
Uma exibição sem ponta por onde pegar e um resultado desastroso e desprestigiante para o Benfica. Nada, absolutamente nada daquilo que o Benfica fez durante os noventa minutos esta noite é digno de ser considerado positivo (a não ser o comportamento dos nossos adeptos nas bancadas). Não é um jogo para esquecer, é para lembrar mesmo, porque apenas encontro paralelo a isto na nossa história mais recente nos episódios de Vigo e de Atenas.
Nem posso escrever muito sobre o futebol jogado num jogo em que, da parte do Benfica, praticamente não existiu. Podia começar a criticar a defesa, já que na primeira vez que o adversário passou a linha do meio campo - e isto infelizmente nem é uma força de expressão, porque foi mesmo literalmente na primeira vez que isso aconteceu - colocou-se em vantagem. Defender tão mal já é preocupante quando jogamos cá dentro, mas numa prova como a Champions, defender assim faz o adversário parecer uma equipa fabulosa. A sensação que dá neste momento é que basta o adversário ter um jogador mais veloz na frente para desbaratar por completo a nossa defesa. Foi mesmo em contra-ataque que o Basileia construiu este resultado: deu-nos a bola, nós andámos lá na frente a fazer aquilo que ultimamente melhor sabemos fazer, ou seja, mostrar zero objectividade no ataque e total incapacidade para criar ocasiões de golo (conseguimos acertar zero remates na baliza durante todo o jogo, apesar de termos mais posse de bola) e depois recuperar a bola e sair em contra-ataque, aproveitando as crateras da defesa. Podia por isso criticar de forma igualmente veemente um ataque
completamente inoperante, incapaz de criar uma única real ocasião de
golo apesar de ter a bola em seu poder muito mais tempo do que os
suíços. Se eles em três ou quatro toques criavam uma situação
complicada, nós em vinte na maioria das vezes acabávamos no mesmo sítio
onde tínhamos começado. O segundo golo é, à falta de um adjectivo mais inspirado, anedótico. Sofremo-lo aos vinte minutos, na sequência de um canto a nosso favor e de um contra-ataque conduzido por dois jogadores. Dois jogadores. Contra quatro ou cinco nossos, e a bola acabou dentro da baliza. E o jogo ficou praticamente decidido aí, porque nessa altura já não via qualquer capacidade na nossa equipa para inverter o rumo dos acontecimentos, e apenas esperava que a coisa não acabasse num desastre.
Mas um desastre foi mesmo o que aconteceu. A substituição previsível ao intervalo (Salvio no lugar do Cervi), penálti do Fejsa a dar o terceiro golo, e depois desnorte completo da equipa. Quando um jogador com a experiência do André Almeida se faz expulsar (bem expulso, independentemente de ter motivos de queixa por não ter sido assinalada uma falta anterior sobre ele) daquela forma, está tudo dito quanto à estabilidade emocional da equipa. A mim parecia-me que nessa altura a única decisão racional seria reorganizar a equipa e tentar minimizar os estragos, mas nada disso aconteceu. O que eu vi foi uma equipa completamente à deriva, sem rei nem roque, com nove jogadores de campo a correr desmioladamente de um lado para o outro e a atacar sem critério, como se bastasse um golo para inverter o resultado, enquanto que a defesa (completamente entregue a si mesma, já que a equipa estava partida e os jogadores mais adiantados nem pareciam preocupar-se em ajudar a defender) deixava avenidas abertas para os jogadores adversários. O Basileia apenas teve que fazer o que tão bem tinha feito até aí: esperar calmamente pelos erros e aproveitá-los, sendo que nesta altura era ainda mais fácil tirar partido deles. O quarto golo surge após uma assistência brilhante do Pizzi, a solicitar a reconhecida velocidade e destreza de rins do Luisão, e no quinto acho que se fosse necessário ainda apareceria o guarda-redes suíço a fazer mais uma recarga sem que algum jogador nosso conseguisse afastar a bola. E mais alguns ficaram por marcar, como por exemplo numa jogada em que o Basileia enviou a bola por duas vezes aos postes.
Com duas derrotas (uma em casa, outra por números copiosos) frente às duas equipas teoricamente mais fracas do grupo, parece-me que a questão do apuramento para a próxima fase começa a ser uma miragem, e mesmo para a Liga Europa está severamente comprometida. A não ser que consigamos uns quatro pontos nos jogos contra o Manchester United, cenário que nesta fase me parece completamente inverosímil. Repito: nada se aproveita do jogo de hoje. Nem dentro (nem vou mencionar jogadores individualmente, porque conseguiria desancar cada um deles, da baliza ao ataque) nem fora do campo, já que para mim o banco revelou uma total incapacidade para meter a mão e segurar uma equipa perfeitamente desnorteada. Espero que mostre agora a capacidade para juntar os cacos e vencer já o difícil e importante jogo do próximo fim-de-semana. E contando com a nossa união ao redor da equipa - aquela que os nossos adeptos mostraram precisamente esta noite. Não há outro caminho possível.
1 Comments:
Mas se nos jogos que mencionaste para alem dos muitos erros defensivos anedóticos tais como estes, alias este eram mais que previsíveis devido ao desbaratar de uma defesa completa no defeso e pior que isso sem que se tenham ido buscar alternativas para os que ficaram, tivemos ainda varias oportunidades para marcar alguns golos que pelo menos amenizassem os péssimos resultados mas desta vez nem isso um completo deserto ofensivo nem uma única oportunidade para marcar em todo o jogo mais uma vez de que serve ter dois avançados em campo se as bolas não chegam lá continuamos a actuar nesta competição e fora como se estivéssemos a jogar em casa contra uma qualquer equipa do nosso campeonato e isto não é só um problema deste treinador já vem mais para trás.
Com a expulsão e o resultado como estava a substituição seguinte tinha de ser para equilibrar a equipa para minimizar os estragos, acho que toda a gente que estava a ver o jogo pensou isso, toda não menos o treinador e a equipa técnica que acharam que refrescar o ataque é que era a solução mas é mais do mesmo já se tinha visto que nada mudou ao intervalo e mais do que jogadores era preciso mudar algo na atitude e em vez de uma reacção que se impunha a equipa veio na mesma ou pior, alias foram eles que entraram melhor e mais atacantes do que tinham sido no primeiro tempo.
A sensação que dá é que o jogadores já não estão com o treinador não existe reacção não existe motivação a sensação de que se esta a executar um plano no qual ninguém acredita e por isso subconscientemente os jogadores acabam por não produzir aquilo que podem e devem e se for esse o caso só uma mudança pode alterar uma situação desta, não nos leva a nada de bem mas impede desta época se tornar um descalabro que cada vez é mais eminente.
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