quinta-feira, outubro 19, 2017

Infelicidade

O resultado do jogo desta noite acaba por ser mais ou menos normal. O Manchester United era o favorito à partida e o objectivo do Benfica seria contrariar este favoritismo e conseguir conquistar um resultado que nos relançasse na discussão pelo apuramento. Não o conseguimos, mas pelo menos saí do estádio sem nada a apontar à atitude da equipa.


E a equipa apresentou algumas surpresas para este jogo. A começar pelo esquema táctico, já que finalmente abandonámos o suicídio que é jogar com apenas dois médios na Champions e em vez disso jogámos com três, tendo entrado o Filipe Augusto para que fosse o Pizzi a assumir o papel de terceiro médio a actuar mais perto do avançado - que foi o Raúl, tendo o Jonas ficado no banco. A outra surpresa da noite foi a titularidade do Diogo Gonçalves na esquerda do ataque, como reconhecimento da boa entrada que teve no último jogo. Destaque ainda para a manutenção da titularidade do Rúben Dias e do Svilar. O Benfica começou bem um jogo que foi sempre bastante táctico, disputado sobretudo no meio campo, com ambas as equipas a arriscar pouco e a raramente conseguirem criar ocasiões de golo flagrantes - uma excepção foi uma grande arrancada do Grimaldo, que ultrapassou meia equipa do United e meteu a bola na área para um remate de pé esquerdo do Salvio, que saiu demasiado torto. A alteração táctica do Benfica para povoar mais o meio campo notava-se sbretudo na ocupação dos espaços, e a defesa esteve quase sempre bem organizada, apanhando por diversas vezes os jogadores adversários na armadilha do fora-de-jogo. Mas a partir da meia hora de jogo a maior valia do Man Utd começou a fazer-se notar. É evidente que as armas de que uma e outra equipa dispõem não são as mesmas, e o maior poder do nosso adversário começou a fazer-se notar, conseguindo cada vez mais posse de bola (e os pratos da balança neste aspecto particular nunca mais pararam de se desequilibrar até final) sobretudo nas zonas do meio campo e da defesa, mas a conseguir jogar mais subido no terreno e a empurrar-nos mais para junto da nossa área (com o Matic a mostrar porque é um dos melhores médios do mundo). Mas as ocasiões de golo continuaram a escassear.


Isto foi aliás exactamente o mesmo figurino da segunda parte. O Man Utd a ter mais posse de bola e a tentar construir pacientemente, e o Benfica a tentar sair rapidamente para o ataque quando recuperava a bola, através dos laterais e extremos ou com lançamentos longos para o Raúl. O jogo, honestamente, parecia ter um nulo no marcador como quase uma certeza já quase desde o início, salvo algum acidente fortuito que acabasse por resultar em golo. Infelizmente foi isso mesmo que aconteceu, num erro grosseiro do Svilar. Num livre apontado na direita da nossa defesa, ainda muito longe da baliza, a bola saiu certamente com mais foça e sem a direcção pretendida pelo Rashford, e foi direita à baliza. Talvez por excesso de confiança, o Svilar tentou agarrar a bola - o normal seria não arriscar e socar a bola, ou tocá-la por cima da barra. Como ele estava adiantado e teve que recuar para agarrar a bola, acabou por não conseguir equilibrar o movimento e entrou na baliza com a bola nas mãos. Foi autogolo mesmo, porque ele ainda agarrou a bola antes dela ter passado a linha e depois entrou com ela nas mãos para dentro da baliza. Uma pena, tendo em conta que esteve bem no resto do jogo e mostrou bastante confiança, não parecendo acusar a pressão de estar a estrear-se na Champions  tão novo (o mais novo guarda-redes na história da competição). A partir daqui ficou mais ou menos evidente que o jogo estaria resolvido. Não porque a nossa equipa tivesse baixado os braços e desistido de lutar pelo resultado, mas sim porque o jogo estava no estado que referi antes. Um jogo fechado, frente a um adversário que defende de forma exemplar - em doze jogos feitos esta época, o Manchester United não sofreu golos em nove deles - e que estava a mostrar ser capaz de guardar a bola sem muita dificuldade. Ainda conseguimos criar uma ocasião de golo, na sequência de um canto, mas o Rúben Dias atirou de primeira por cima depois de surgir sem marcação. De positivo, a reacção dos benfiquistas, que aplaudiram imediatamente o Svilar depois do golo, e que até final nunca deixaram de apoiar a equipa. Aliás, até mesmo depois do final, pois muita gente ficou no final a aplaudir e a cantar pelo Benfica enquanto a equipa saía do campo - e ainda para aplaudir o Matic e o Lindelöf, que saudaram o público no final. De assinalar ainda a expulsão do Luisão perto do final, por acumulação de amarelos, e ainda o que me pareceu mais um penálti por assinalar a nosso favor nesta edição da Champions.


Acho que o melhor deste jogo foi a mudança, para melhor, da atitude da equipa. Não me parece que a qualidade de jogo tenha melhorado por aí além, mas quando há a atitude certa os adeptos reconhecem-no e é mais fácil conseguir resultado positivos. Quanto a destaques individuais, a minha preferência vai para o Rúben Dias. Fez um jogo quase sem mácula (lembro-me apenas de um erro, um mau passe já perto do final do jogo) com diversos cortes importantes, um deles simplesmente fabuloso que evitou um golo que seria quase certo. Acho que nesta fase já não há motivos para duvidar que ele está pronto para ser uma opção viável para o centro da defesa. Também gostei do Salvio, que teve que estar mais atento do que o habitual às tarefas defensivas devido ao pendor ofensivo do Douglas.

Depois dos resultados de hoje creio que o apuramento para a próxima fase da Champions é quase uma miragem. Foi uma infelicidade que um erro individual tenha acabado por impedir um resultado melhor. O nosso objectivo nesta competição deverá agora passar por discutir com o CSKA o acesso à Liga Europa, o que faz com que o jogo que disputaremos na Rússia seja absolutamente fundamental. Até lá, espero que a melhoria de atitude da equipa que vimos neste jogo traga uma consequente melhoria dos resultados.

1 Comments:

At 10/20/2017 6:20 da tarde, Blogger joão carlos said...

Discordo do titulo infelicidade e quando acontece algo de totalmente inesperado e não foi isso que aconteceu jogar com um guarda redes com esta idade apenas com dois jogos profissionais no seu curriculum, e um deles contra uma equipa da terceira divisão, contra o adversário que era e na competição que era e para mais com os níveis motivacionais que a equipa tem o que era mais previsível era o erro espanto era o erro não acontecer, para mais o lance nada tem de inocente nem de inesperado o mesmo jogador já tinha marcado momentos antes dois cantos directos a tentar aproveitar o adiantamento do guarda redes alias o maior erro dele para alem do gesto técnico e da abordagem péssima ao lance foi nem não ter percebido que eles estavam a tirar partido do posicionamento adiantado dele nas bolas paradas.
Continuamos a alterar saem uns sem muito motivo para isso entram outros que pouco ou nada trazem de novo e no entanto os problemas mais graves continuam a jogar e lançar jovens não é fazer estreias no onze inicial na competição mais difícil e no jogo mais difícil da mesma para mais numa situação de tudo ou nada e é queimar jogadores isso é sinal de desespero.
No fundo foi mais do mesmo só jogamos os quinze minutos habituais depois o futebol foi zero mais entrega isso sim mas o adversário só por si a isso motiva e obriga mas o problema é de estratégia e é tão errada a estratégia de tentar vencer unicamente pela vantagem mínima como esta de apenas jogar para o empate ainda por cima nulos quando era obrigatório vencer e ou se muda completamente esta estratégia ou vamos continuar a ter mais do mesmo independentemente da entrega e do esforço dos jogadores.

 

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