Fácil
Vitória fácil do Benfica num jogo relativamente simples, em que foi muito superior ao adversário e onde mesmo sem fazer uma exibição de gala, o que jogou deu e sobrou para vencer. E poderia até ter construído um resultado bem mais confortável do que o 2-0 com que acabou.
O onze inicial incluiu duas estreias a titulares: o Gabriel no lugar do Gedson, e o João Félix do lugar do Cervi. Expectativa portanto para ver em acção um dos reforços mais sonantes desta época e ainda o puto Félix, cujo potencial e talento já conhecemos bem. E ele depressa quis mostrar ao que vinha, pois na primeira vez que pegou na bola deixou logo dois adversários para trás de uma forma que até pareceu fácil. O Benfica nunca tentou impôr um ritmo frenético ao jogo, que se iniciou com os campos trocados devido a uma qualquer jogada psicológica que o Aves quis fazer. O calor que se fazia sentir provavelmente não era convidativo a grandes correrias. Os esticões que apareciam era sobretudo dados pelo suspeito do costume (Salvio) embora uma boa parte deles acabasse em perdas de bola devido a individualismos exagerados. A presença do Gabriel no meio campo dá mais músculo à equipa e o brasileiro deixou boas indicações. Tem um bom pé esquerdo e tenta quase sempre jogar simples, endereçando rapidamente a bola a um colega melhor colocado e fazendo fluir o jogo. Ao lado dele, o Pizzi mostrava a faceta inversa ao preferir conduzir a bola no pé e frequentemente demorando demasiado até fazer o passe. O Aves era inofensivo no ataque, ainda que tentasse fazer uma pressão alta na nossa saída de bola. Mas o principal objectivo era não sofrer golos, e por isso pouco arriscavam. Mesmo a jogar sem grande velocidade, as ocasiões começaram a aparecer, e quase sempre pelo Salvio, que poderia perfeitamente ter chegado ao intervalo com um hat trick. Mas coube ao miúdo João Félix abrir o marcador (já tinha visto um golo ser bem anulado por fora-de-jogo) após um óptimo passe do Pizzi, que o deixou isolado para uma finalização cheia de classe. Logo a seguir o Salvio somou mais uma grande ocasião, acertando um remate cruzado no poste naquilo que seria um grande golo. Só mesmo no último minuto é que Aves deu um ar da sua graça, numa iniciativa individual do Elhouni (não sei se este jogador ainda nos pertence ou não).
A segunda parte começou praticamente com nova ocasião de golo para o Aves. Um livre directo em óptima posição, e o Odysseas a voar para impedir a bola de entrar mesmo junto ao ângulo superior da baliza. Foi a defesa do jogo e poupou-nos os aborrecimentos que naturalmente resultariam do facto do Aves empatar logo a abrir. Pouco depois uma contrariedade para o Benfica, com o João Félix a lesionar-se sozinho e a ter que sair, dando o lugar ao Cervi. Mas depois de mais um susto numa jogada em que um adversário fugiu com demasiada facilidade ao Jardel e rematou à malha lateral, acabou por ser precisamente o Cervi a marcar o golo da tranquilidade. Uma jogada de envolvimento pela direita levou a bola ao argentino no limite da área e o remate deste, que nem parecia particularmente forte (foi feito de pé direito) acabou por desviar num defesa e fazer a bola acabar no fundo da baliza. A partir daqui o jogo mudou para pior. O Aves já tinha aberto um pouco mais quando minutos antes tinha colocado um segundo avançado em campo, e o Benfica fez o mesmo poucos minutos após o golo. Assistimos ao regresso do Jonas à competição e passámos a jogar em 4-4-2. O resultado disto foi um jogo muito mais aberto de parte a parte, mas onde ambas as equipas cometiam erros atrás de erros, quer na defesa, quer no ataque. Maus passes, perdas de bola infantis, erros na saída de bola, etc. Tudo isto resultou num jogo animado, mas que chegou a deixar-me irritado ao ver situações promissoras no ataque a serem desperdiçadas por maus passes ou más decisões, e os nossos defesas por vezes a complicar aquilo que parecia ser fácil (até o Fejsa eu vi a fazer disparates, ele que por regra não complica nada). Poderíamos ter marcado mais um ou dois golos - e o Jardel ainda acertou na barra - mas também poderíamos ter sofrido. Ficou tudo na mesma mas infelizmente vimos mais um jogador a sair lesionado, desta vez o Grimaldo, depois de uma entrada de um adversário.
O Salvio, pese os muitos disparates individualistas que fez, foi um dos principais animadores no ataque. Gostei do que vi do Gabriel e acho que poderá vir a ser um jogador muito importante nesta equipa, porque nos dá bastante poder de choque no meio sem no entanto perdermos capacidade técnica. O João Félix também estava a fazer um jogo bastante interessante, e espero que a lesão não seja grave (tal como a do Grimaldo, que é um jogador fundamental). O Seferovic esteve bastante interventivo no jogo, mas faltou-lhe o golo que tanto procurou.
Na ressaca europeia os três pontos foram somados, conforme se exigia. Depois do início de época infernal, finalmente começámos a ver alguma rotação a ser feita, e quando penso no regresso do Jonas e em breve do Krovinovic acho que temos plantel mais do que suficiente para podermos gerir o esforço dos jogadores de forma eficaz sem perder qualidade. Seguimos na frente e agora é preparar bem a visita a Chaves, num jogo que acabei de descobrir vai ser estranhamente jogado na quinta-feira.
1 Comments:
O post é um espelho daquilo que se passou em campo.
Existe duas coisas que eu não percebo, e que vejo pouco acontecer noutras equipas, uma é o facto de em lance duvidosos hesitarmos, quase sempre, à espera de uma decisão que pare o jogo, decisão que acaba invariavelmente por acontecer e muito pela nossa hesitação que é tomada quase sempre como um sinal de que afinal teria mesmo acontecido alguma coisa, a outra é nos casos que um adversário esta caído voltamos mais uma vez a hesitar sem saber o que fazer se deitar a bola fora se continuar a jogar, qualquer das duas decisões é legitima o que não pode acontecer é a nossa hesitação não sabendo o que fazer quando a maior parte das vezes o adversário nem esta ligado em ter um lesionado e continua a ser agressivo e consegue que nós fiquemos sem a bola.
Discordo da avaliação do nosso ponta lança num jogo com tantas oportunidade criadas, sobretudo, na primeira parte e nem um única tenha sido desse ponta de lança é sintomático daquilo que fez, ou do que não fez, mesmo sabendo que o trabalho do ponta de lança não é só, nem deve ser só avaliado, o que marca mas não ter uma única oportunidade de relevo é muito pouco sobretudo numa equipa que joga com apenas um avançado em que se exige muito mais do que tentar e remate com pouco ou nenhum perigo.
Num jogo com tantas, e algumas tão escandalosas, oportunidades não se pode chegar ao descanso com margem tão curta e muito menos entrar na ultima metade como se a vantagem fosse confortável mais ainda quando sabemos que não temos sido bons a gerir margens curtas temos de ser mais eficazes ou voltamos a aumentar os nossos índices de eficácia ou vamos passar por dificuldades que de todo não nos interessam.
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