Passeio
O Benfica acabou por ir dar um passeio até Paços de Ferreira, resolvendo as coisas muito cedo com uma entrada em jogo simplesmente brilhante, passando depois a gerir o resultado, e encerrando o jogo da melhor forma com a entrada do capitão em campo para construir a nossa vitória mais robusta nesta Liga até ao momento.
De fora do onze ficaram os dois jogadores em risco de suspensão: Coentrão e Salvio, rendidos pelo Carole e pelo Jara - que foi ocupar a esquerda, surgindo o Gaitán na direita. Também de fora ficou o Sídnei, por troca com o Jardel. A entrada do Benfica no jogo foi demolidora. Muita velocidade e jogadores em constante movimento, aproveitando o atrevimento do Paços, que raramente joga com grandes cautelas defensivas. E com cinco minutos de jogo, tivemos um penálti claro a nosso favor (espanto por o Artur Soares Dias assinalar o penálti...). O Cardozo desta vez não tremeu, e enviou a bola para um lado e o guarda-redes para o outro. Continuou o Benfica a atacar, e um minuto depois do Jardel ter falhado o golo de forma incrível, cabeceando mal e sem oposição após um canto quando o mais fácil era mesmo acertar na baliza, o Benfica voltou a marcar, numa jogada argentina: Jara para Saviola na direita, passe para o Aimar na área, que controlou com um toque e já perto da baliza, perante a saída do guarda-redes, com o outro fez a bola passar-lhe sob o corpo. Ia decorrida apenas uma dúzia de minutos. E o massacre do Benfica continuava, com ocasiões de perigo a surgir quase em cada ataque.
A conclusão lógica foi mais um golo do Benfica, numa jogada de ataque fantástica, com a bola a passar por vários jogadores em velocidade até chegar ao Maxi na direita, que passou rasteiro para o Cardozo e este tocou para trás, aparecendo depois o Gaitán ainda de fora da área e sobre a direita a fazer um remate de primeira e em arco que meteu a bola literalmente na gaveta. Estavam decorridos vinte e cinco minutos de jogo, e o Benfica já vencia por três golos sem resposta. Nesta altura, pelo que se via, se as coisas continuassem por este caminho o mais provável seria este jogo acabar com um resultado histórico. O que acabou por salvar o Paços foi o infeliz autogolo do Carole (tocou de raspão com a cabeça na bola, após livre da esquerda), três minutos depois, que serviu para arrefecer um pouco a euforia do Benfica e dar alguma confiança ao Paços. Que, dois minutos depois, poderia ter voltado a marcar, já que um livre de muito longe levou a bola a bater no poste da nossa baliza (pareceu-me que o Roberto ainda lhe tocou). O jogo entrou então numa toada mais equilibrada, com ataques de parte a parte, mas a cinco minutos do intervalo o jogador do Paços que cometeu o penálti voltou a fazer uma falta estúpida, agarrando o Saviola, e viu o segundo amarelo, facilitando ainda mais a tarefa ao Benfica.
A segunda parte foi bem menos interessante do que a primeira. O Benfica veio mais apostado em gerir a vantagem sem dispender grande esforço, e foi-o conseguindo apesar da boa vontade dos jogadores do Paços, que nunca baixaram os braços. Os nossos ataques eram feitos em menor velocidade e com menos jogadores, muitas vezes perdendo-se devido a excessos individuais. As coisas só voltaram a animar mesmo nos dez minutos finais, numa altura em que o Nuno Gomes, Carlos Martins e Peixoto já estavam em campo. Primeiro foi o Aimar que, isolado por um passe muito longo do Luisão, viu o golo ser-lhe negado pelo pé do guarda-redes do Paços (quase que saía um golo igual ao que ele marcou ao Guimarães, na altura a passe do Sídnei). Um minuto depois, apareceu o Nuno Gomes em cena para, aproveitando a liberdade que lhe foi concedida pela defesa do Paços, à segunda recarga a um primeiro remate do Peixoto, fazer o quarto golo. Animado por este golo, o Benfica voltou a imprimir mais velocidade, com o Carlos Martins bastante activo na direita, e ainda foi a tempo de fazer um quinto golo, novamente pelo Nuno Gomes, desviando de forma oportuna mais uma insistência do César Peixoto.
Há vários jogadores que merecem destaque. O Aimar é um deles: fez um grande jogo, e aparenta estar numa forma física muito boa, sendo dos jogadores que amntiveram um ritmo mais constante durante todo o jogo. O Maxi Pereira já não é surpresa que se apresente num ritmo altíssimo, já que parece que nunca se cansa. Gostei, ao contrário do jogo com o Portimonense, do Jardel. Javi García o pêndulo do costume, e o Jara fez um jogo muito agradável, mas com o senão de não ter estado particularmente inspirado na altura do remate, sobretudo por demorar quase sempre demasiado tempo a fazê-lo. O Gaitán continua a mostrar a sua classe em cada toque na bola, e o golo que marcou foi sublime. Fiquei também agradado com o Carole, que não merecia aquele azar do autogolo. Mas parece estar a integrar-se, e o atrevimento que vai ganhando no ataque fica-lhe bem, porque parece saber subir bem no terreno. Finalmente, claro, o elogio para a eficácia do nosso capitão Nuno Gomes.
Aquela entrada do Benfica no jogo ter-nos-á deixado a todos muito satisfeitos, quer pela alta qualidade do futebol praticado, quer pela eficácia. E ainda por cima sem utilizar dois jogadores nucleares como o Coentrão e o Salvio. Mas hoje gostei também muito que a equipa tenha mostrado uma muito melhor condição física, ao contrário do que vinha acontecendo nos últimos jogos. Claro que marcar e resolver cedo permite gerir o jogo e o cansaço de forma muito mais eficaz, mas mesmo o Aimar, que não é dos jogadores fisicamente mais resistentes, fez os noventa minutos aparentemente sem quaisquer problemas. Agora espero que aproveitemos a paragem no campeonato para recuperar ainda mais, e atacarmos a fase final da época na melhor condição física possível. Ainda há muito para conquistar.
1 Comments:
Mais um post que traduz fielmente o que se passou em campo.
A maior surpresa para mim foi a não utilização do Sidnei, não foi por problemas de cartões pelo contrario o Jardel é que estava em risco, não é por ser dos mais utilizados e não foi dado como tendo problemas físicos ao contrario do Cardozo e do Gaitan e que mesmo assim até jogaram, será alguma mudança estratégica de fundo na defesa.
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