terça-feira, outubro 18, 2011

Fundamental

Mais uma exibição muito personalizada e confiante da nossa equipa, e uma vitória fundamental no terreno de um adversário directo na luta pela qualificação. A equipa soube pressionar e atacar na altura certa, defender bem quando foi preciso, e até sofrer quando não houve alternativa. Em todos esses momentos mostrou sempre eficácia, simplicidade de processos, e muita calma.

A grande surpresa que o Jorge Jesus reservou para o onze desta noite foi a entrega da titularidade ao Rodrigo na frente de ataque, em detrimento do Cardozo. A táctica foi a esperada, com o Witsel a ajudar no trabalho do meio campo e o Aimar a fazer a ligação com o ataque. O Basileia pareceu entrar no jogo com vontade de mostrar serviço, mas o ímpeto inicial dos suíços durou pouco tempo. O Benfica depressa tomou conta da bola, soube guardá-la, e passou a pautar o ritmo do jogo. Quando não tínhamos a bola, a pressão (alta) era feita de forma eficaz, e impedia o Basileia de sair a jogar e construir jogadas de ataque. E quando a recuperávamos e havia oportunidade para isso, nas transições rápidas, aproveitando também a mobilidade do Rodrigo, íamos causando perigo. O primeiro golo do Benfica acabou por surgir aos vinte minutos de jogo, numa bonita jogada de ataque. O Gaitán arrancou pela direita e depois, com tudo a ser feito ao primeiro toque, tabelou com o Aimar e passou a bola para o Rodrigo. Este, no centro da área e num pormenor genial, deixou-a passar entre as pernas para nas suas costas surgir o Bruno César, completamente solto, a colocar a bola rasteira junto do poste. O golo desnorteou ainda mais o Basileia, que apenas nos minutos finais conseguiu carregar um pouco em busca do golo do empate, mas os seus avançados caíram frequentemente na armadilha do fora-de-jogo.

Na segunda parte o Benfica continuou a controlar o ritmo do jogo, tendo tido largos momentos em que fez a bola rodar por quase toda a equipa e a toda a largura do campo, sem que o Basileia a pudesse tocar. Faltava era marcar o golo da tranquilidade, que o Benfica ia ameaçando, mesmo que por vezes até parecesse estar a jogar numa velocidade de cruzeiro. Com dez minutos decorridos, O Emerson teve uma ocasião para fazer esse golo, ao aparecer completamente solto dentro da área, sobre a esquerda. Mas infelizmente preferiu tentar o remate cruzado, que foi defendido pelo guarda-redes, quando lhe bastaria tocar a bola para o lado, onde o Rodrigo estava completamente solto. A partir do meio da segunda parte o Basileia começou a arriscar mais na procura do golo, e construiu mesmo uma grande oportunidade de golo, negada em estilo pelo Artur, que fez bem a mancha aos pés do Streller. Logo a seguir entrou o Cardozo para o lugar do Rodrigo, e cinco minutos depois de estar em campo deu a machadada final nas aspirações dos suíços. Livre bem à sua maneira, descaído sobre a direita da área (por falta cometida sobre ele), e o remate a partir rasteiro, passando a bola sob a mini-barreira do Basileia para entrar junto ao poste mais próximo. Depois do segundo golo, veio o período mais negro do Benfica no jogo: de repente perdemos o Maxi por lesão (entrou o Miguel Vítor para lateral), o Emerson por expulsão (foi o Bruno César fingir que era lateral), e o Gaitán andou no campo a fazer figura de corpo presente, já que estava claramente diminuído fisicamente. A juntar à festa, o Jorge Jesus conseguiu ser mandado para a rua. Apesar de tudo isto, durante todo esse tempo nem por uma vez o Basileia conseguiu criar uma verdadeira jogada de perigo, e nem deu para ficar nervoso à espera que o jogo acabasse.

Já vem sendo um hábito destacar, acima de tudo, a equipa num todo, e hoje creio que mais uma vez isso se justifica. Em termos individuais, achei que o Luisão esteve simplesmente imperial, sem cometer uma única falha durante todo o jogo. Foi bem acompanhado pelo Garay. Muito bem também o Artur, sem ter tido muito trabalho mas a mostrar muita segurança sempre que interveio, e classe nos momentos mais difíceis. Gostei também muito da exibição dos dois médios mais recuados, Javi e Witsel. Quem menos me agradou foi o Emerson, que se deixou ultrapassar demasiadas vezes na primeira parte no um para um - o seu adversário directo, Shaqiri, pareceu ser um dos jogadores mais rápidos e perigosos do Basileia, mas precisamente por isso o Emerson não lhe deveria ter dado tantas vezes tempo e espaço para receber a bola e arrancar com ela controlada. E depois ainda juntou a isto uma expulsão desnecessária.

O Benfica e o Jorge Jesus parecem ter aprendido bem as lições da Champions da época passada. Na altura, por diversas vezes vimos o Benfica dominar jogos e atacar às vezes de forma quase desesperada, para depois acabar por sofrer golos e perder jogos de forma inacreditável. Este ano a equipa tem vindo a demonstrar uma calma e maturidade na abordagem aos jogos que já é mais consentânea com a prova que a Champions League é. Hoje conseguimos uma vitória importantíssima, que significou um passo de gigante para a qualificação. Falta-nos agora jogar dois jogos em casa e um fora, pelo que poderemos utilizar a vantagem de jogar na Luz para carimbar essa mesma qualificação. Para a recepção ao Basileia, a maior dor de cabeça será mesmo encontrar uma alternativa ao Emerson. Laterais esquerdos inscritos na Champions para além do Emerson, só o Luís Martins e... o Peixoto.

1 Comments:

At 10/20/2011 7:05 da tarde, Blogger joão carlos said...

A Analise está no ponto.


A expulsão do Emerson foi não só desnecessária como estúpida porque ele sabe mais do que ninguém que tem de ter mais cuidado que qualquer outro na equipa já que nesta competição o seu lugar é o único que não tem um substituto de nível elevado.
Para alternativa ao Emerson a defesa esquerdo penso que poderá haver uma surpresa, isto se o Maxi Pereira e o Ruben Amorim estiverem em condições físicas, algo me diz que o Ruben Amorim vai conhecer uma nova posição a de defesa esquerdo.

 

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