Confiança
Vitória tranquila, muito tranquila do Benfica sobre o Paços de Ferreira esta noite. Tamanha foi a superioridade da nossa equipa sobre o adversário que a confiança exibida por vezes quase pareceu roçar a sobranceria.
O Benfica entrou em campo a jogar em 4-4-2, com a dupla Saviola/Cardozo na frente. Apesar do Aimar ter tarefas mais ofensivas do que o Matic, jogou mais como médio centro do que na sua habitual posição de número dez, aparecendo frequentemente em zonas muito recuadas quer para fazer o transporte da bola para a frente, quer para ajudar a defender quando não tínhamos a bola (provavelmente deve ter acabado o jogo como o jogador mais faltoso do Benfica). De resto, a equipa esperada, cabendo hoje o lugar no onze inicial ao Bruno César na cada vez mais habitual alternância entre ele e o Nolito. A superioridade do Benfica no jogo pode ser exemplificada pelo facto de que quando chegámos ao golo, aos vinte e dois minutos de jogo, fizemo-lo na quinta oportunidade clara de golo de que dispusemos. Antes do Saviola aparecer a finalizar o esforço do Cardozo ao cabecear junto da linha de fundo um cruzamento um pouco largo demais do Maxi, já o mesmo Cardozo (por duas vezes), o Gaitán e o Aimar tinham desperdiçado grandes oportunidades para marcar. Na primeira delas, logo aos seis minutos, a bola chegou mesmo a entrar na baliza do Paços à terceira tentativa, mas o golo foi anulado por um eventual fora-de-jogo que me deixou muitas dúvidas. Esta foi a tónica de toda a primeira parte: Benfica ao ataque, apesar de parecer estar a fazer tudo sem grande esforço, e Paços praticamente inofensivo, remetido ao último terço do campo e apenas conseguindo chegar perto da nossa área através dos tradicionais livres a meio do meio campo despejados para a frente. Não admira portanto que tenha feito apenas um remate em toda a primeira parte, já depois de meia hora, e que passou muito longe da baliza. A dois minutos do intervalo o Benfica marcou o segundo golo e deu uma expressão mais justa ao marcador. Foi simplesmente um golo clássico do Saviola, em que toda a gente se esquece dele ao segundo poste na marcação de um canto, e depois o talento dele faz o resto: Neste caso, um remate de primeira para o poste mais distante, sem hipóteses de defesa.
Apesar da vantagem de dois golos, com alguma surpresa o Benfica entrou na segunda parte a jogar a uma velocidade maior e foi para cima do adversário. Na primeira jogada o Saviola esteve perto do hat trick, mas viu o golo ser-lhe negado pelo Cássio. Depois de passarmos os primeiros cinco minutos praticamente dentro da área do Paços, com ataques e cantos sucessivos, o Paços foi lá à frente, beneficiou de um penálti, e no primeiro remate que fez à baliza marcou um golo que, de todo, não justificava. Não acusou o golpe o Benfica, que continuou a empurrar o adversário para a sua área, mas não se livrou de um susto cinco minutos depois, quando só uma defesa por instinto do Artur negou ao Melgarejo (pode ser facciosismo devido ao facto de ser nosso jogador, mas para mim foi claramente o melhor jogador do Paços esta noite) o golo, evitando assim o segundo golo do Paços noutros tantos remates à nossa baliza. Após o primeiro quarto de hora veio a troca habitual do Bruno César pelo Nolito, e o espanhol veio espevitar ainda mais o nosso ataque, adivinhando-se o terceiro golo a qualquer momento. Este surgiu aos sessenta e cinco minutos num lance estudado, com o Aimar a marcar um livre lateral colocando a bola na zona do segundo poste, onde surgiu solto de marcação o Luisão (não foi por acaso que ele ali estava; a sua movimentação para aparecer ali é excelente), que depois se limitou a cabecear a bola colocadíssima para junto do poste oposto. E na jogada seguinte o Benfica fez o quarto, numa tabela entre o Nolito e o Saviola, com o espanhol a ficar na cara do guarda-redes e depois a esperar que ele caísse para finalizar com calma. Depois disto o Benfica praticamente 'fechou a loja', limitando-se a gerir o resultado sem forçar muito, sendo nesses minutos finais mais interessante o ambiente criado pelos adeptos no estádio do que o jogo propriamente dito.
O melhor jogador do Benfica foi o reaparecido Saviola. Marcou dois golos, assistiu o Nolito para outro, foi o jogador mais rematador do Benfica, e mostrou-se muito mais confiante e com maior mobilidade do que aquilo que tem sido mais habitual nos jogos desta época. Que este Saviola possa vir para ficar, porque nos faz muita falta. Bom jogo do Aimar, mesmo que nas funções assumidas hoje seja menos influente no ataque. Gostei também dos nossos dois laterais, e está a agradar-me ver o Emerson progressivamente mais confiante a atacar. Para terminar, apenas o reparo do costume em relação ao Matic: nas funções que desempenha, tem que aprender a decidir mais rápido e a libertar-se mais rapidamente da bola.
O jogo desta noite foi uma boa forma da equipa se despedir dos adeptos antes da pausa de três semanas na liga. A exibição não foi constantemente brilhante, mas teve bons momentos e, conforme já escrevi, a superioridade do Benfica foi tanta que quase não houve necessidade de carregar mais. Quando o Paços reduziu, o Benfica pressionou um pouco mais e viu-se o resultado. Agrada-me ver que esta equipa parece estar a ficar com muita confiança em si própria. Saí do estádio a pensar que uma goleada bem mais volumosa esteve ali mesmo à mão de semear.
P.S.- Não conhecia bem o árbitro Bruno Esteves. A arbitragem desta noite pareceu-me fraca, conseguindo o feito de irritar o público num jogo fácil para o Benfica e controlado praticamente do princípio ao fim. O auxiliar do lado da Bancada Meo, em particular, pareceu ser incapaz de acertar com um fora-de-jogo, e se ainda sou capaz de dar o benefício da dúvida no lance sobre o Aimar, perto do intervalo, não compreendo como foi possível não assinalar aquele deliberado atraso ao guarda-redes por parte de um defesa do Paços.
2 Comments:
Analise no ponto.
O problema do Matic é que ele não era um médio defensivo, é igual ao Witsel um médio que defende muito bem, são sempre jogadores que tem tendência a ter a bola nos pés e quando são adaptados a posições mais recuadas o que demora mais tempo a assimilar até nem é o jogo posicional e sim a rapidez com que tem que se livrar da bola.
A equipa este ano tem mais dificuldades em chegar a grandes goleadas porque durante o jogo e especialmente quando este já esta resolvido gere mais o esforço físico e não esta sempre em prego a fundo, tem o senão de ser mais difícil as grandes goleadas mas esperemos que de frutos mais para o fim da época com os jogadores não tão desgastados.
O Benfica criou de facto demasiadas oportunidades para tão fraco (!) pecúlio.
Os andrades são de ir às lágrimas de tanto rir com as alarvidades que debitam. Uma equipa de arbitragem que anula golos limpos, permite ao guarda-redes agarrar bolas atrasadas com os pés, e deixa passar jogadas que no estádio do ladrão seriam penalti, é acusada de benfiquismo! Já nem falo das criaturas que relatavam o jogo que quase orgasmaram quando o Paços falha por pouco o 2-2.
Quanto às insinuações de satelização do Paços, levanto aqui uma questão que se coloca na blogosfera benfiquista. O Pinto da Costa já avisou o Pedro Emanuel que podia subir as calças?
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