Esforçada
Uma exibição esforçada do Benfica. A vitória frente a uma equipa que tem sido feliz nos últimos anos quando nos visita é justa e indiscutível, mas o resultado final talvez esconda um pouco as dificuldades que o adversário nos colocou durante várias fases do jogo.
Três jogadores nucleares na equipa foram poupados: Javi García, Aimar e Gaitán. Nos seus lugares surgiram o Matic, Saviola e o regressado Nolito. Destaque também para a presença do Bruno César no onze. A Académica apresentou-se na Luz a jogar de forma desinibida e sem muitas preocupações defensivas. O resultado foi um jogo relativamente aberto e disputado a boa velocidade, com o Benfica a ter naturalmente mais posse de bola e a pressionar mais, mas com a Académica a tentar sempre sair rapidamente para o ataque quando recuperava a bola, e a conseguir surgir por vezes com algum perigo no ataque, rematando mesmo mais vezes que o Benfica. Após a boa entrada da Académica, a partir dos dez minutos o Benfica passou tomar cada vez mais conta do jogo e foi aumentando a pressão, desperdiçando lances de ataque, muitas vezes por precipitação no último passe ou hesitação na altura do remate. Mas o crescimento do Benfica acabou por dar frutos aos vinte e cinco minutos, quando uma insistência do Saviola encontrou o Bruno César solto na direita da área, e este com classe aproximou-se da baliza, evitou um defesa, e marcou à saída do Peiser. Em vantagem no marcador, o Benfica continuou por cima no jogo, mas continuou a desperdiçar ocasiões para construir um resultado mais tranquilo - em particular uma situação do Saviola. E como quem não marca, normalmente sofre, isso aconteceu mesmo a cinco minutos do intervalo, quando uma falha de marcação da nossa equipa permitiu que surgisse um adversário completamente solto à entrada da área, de nada valendo a estirada do Artur (ainda tocou na bola) para deter o seu remate. As coisas podiam ter-se complicado nesta altura, mas praticamente na resposta o Nolito, pela esquerda, pegou na bola (boa recuperação do Matic), enfiou-se pelo meio de uma multidão de adversários, e conseguiu rematar cruzado para recolocar o Benfica em vantagem.
A segunda parte foi simplesmente má. Jogada a um ritmo mais lento do que a primeira parte, mas sobretudo sem muitas jogadas de relevo. A Académica tentou subir e vir à procura do empate, mas foi o Benfica quem continuou a controlar a posse de bola. Só que durante largos minutos fomos incapazes de construir praticamente uma jogada de ataque digna desse nome. O jogo foi-se arrastando assim e as coisas pareciam pouco inclinadas a alterar-se, mas a vinte minutos do final entraram o Aimar e o Gaitán para os lugares do Saviola e do Bruno Cesar, e as coisas melhoraram um pouco, sobretudo por influência do nosso número dez. Nesta altura a Académica arriscava muito na procura do golo do empate, e jogava com a defesa ainda mais subida - quase encostada à linha do meio campo. Com a entrada do Aimar passámos a ter um jogador capaz de segurar a bola e esperar pelo momento certo para lançar os colegas nas costas da defesa. A oito minutos do final foram mesmo os dois jogadores que entraram que construíram o lance do golo da tranquilidade: um bom cruzamento do Gaitán na esquerda, a fugir do guarda-redes, que falhou a saída e deixou a bola ir ter com o pequeno Aimar, que no meio de dois defesas cabeceou à vontade para a baliza vazia. O resultado final foi construído já nos descontos, com um passe do Aimar a desmarcar o Nolito nas costas da defesa, e depois o espanhol finalizou com facilidade utilizando o pouco habitual pé esquerdo.
O melhor jogador do Benfica terá sido o Nolito. Marcou dois golos, sobretudo o importantíssimo segundo golo do Benfica, pela altura em que aconteceu. Hoje foi utilizado durante vários períodos no lado direito, trocando de posição com o Bruno César, e também esteve bem aí, mas parece ser mesmo na esquerda que se sente à vontade, jogando numa função muito semelhante à que vemos o Villa fazer no Barcelona. Bom jogo também do Bruno César, que parece estar cada vez mais bem adaptado ao nosso futebol. Como habitualmente, o Luisão esteve num nível muito bom. E, claro, muito bons os vinte e poucos minutos com que o Aimar contribuiu para o jogo. Menos bem esteve o Saviola. Até começou bem, fazendo a assistência para o primeiro golo e estando envolvido na maior parte dos lances mais perigosos do Benfica, mas pareceu ter ficado afectado pela oportunidade flagrante que falhou perto do final da primeira parte, e a partir daí foi sempre a descer. A segunda parte então foi para esquecer, com muitos passes falhados e perdas de bola. Menção ainda para o Matic: neste momento é praticamente um jogador em formação. É bom jogador e vai ser-nos muito útil, mas parece estar ainda a aprender como é que um trinco tem que jogar neste Benfica, tendo que aprender a não arriscar tanto quando tem a bola e que corrigir algumas movimentações. Neste momento ainda não me parece uma alternativa forte ao Javi.
Já vi o Benfica jogar melhor e ganhar por menos. Hoje o empenho dos nossos jogadores acabou por ser recompensado com um resultado generoso. A vitória desta noite teve ainda o extra de nos ter permitido alcançar o topo da classificação, nas vésperas de nos deslocarmos ao Porto. Esperemos que isto sirva de motivação extra para um jogo que poderá ser marcante para esta época.
5 Comments:
Bom resultado, embora seja um pouco frustrante ver que na frente apenas o Nolito sabe jogar em contra-ataque.
O mais importante é que aproveitámos a perda de pontos do fequepe. Retira um pouco de pressão ao jogo da próxima jornada.
Não dizes nada da estreia do Rodrigo? Se o nosso Mago lhe tem metido a bola ao min 87, salvo erro, hoje estaríamos a falar da estreia do menino que facturou:-) Fica para uma próxima.
O Rodrigo não teve muito tempo para mostrar serviço. Mas também fiquei com pena que numa ou duas ocasiões o Aimar não tenha sido mais rápido a passar-lhe a bola, porque ele ter-se-ia isolado nas costas da defesa.
Não meto as «culpas» no Aimar. Com uma defesa com tantos minutos nas pernas o Rodrigo podia ter-se dado ao luxo de estar uns metros atrás dos defesas. Foi no entanto pouco tempo em campo para poder criticar o jogador. Quando perceber até que ponto é mais ou menos rápido que os adversários poderá gerir melhor o posicionamento.
O verdadeiro instinto de contra-ataque é algo que não vejo desde o tempo do Nené. Era extraordinário vê-lo arrancar bastante atrás dos defesas e chegar à área com vários metros de avanço. Um avançado desses não ajudava a defesa, poupava-se ao máximo para as arrancadas, no resto do jogo andava a passo. O mais próximo que tivémos foi o Suazo.
Mais uma analise no ponto.
O reforço do meio do meio campo que temos assistido nos últimos jogos tem trazido notórias vantagens, entre elas sem duvida a diminuição do número de faltas cometidas em zona intermédia que os adversários aproveitavam para bombear bolas para a nossa área, mas estranhamente tem trazido um problema adicional e até estranho, que eu espero que seja só por falta de coordenação entre os dois médios e a defesa e que se vejam melhoras com o entrosamento dos jogadores, que é a quantidade enorme de golos sofridos, quarenta por cento do total de golos sofridos, em remates á entrada da área estes números começam a ser preocupantes e não era habitual sofrermos estes tipos de golos.
JFilipe no futebol de hoje um avançado que não defenda e que não ajude nem sequer é convocado quanto mais jogar, mesmo o Cardozo que é um jogador que se poupa muito e que não vai a todas para gerir o esforço no jogo é muito criticado por não ir a todos os lances alias essa é a razão porque tanta gente não gosta dele porque não vai a todas as bolas e gere o esforços para poder estar no sitio certo.
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