Arrancada
Complicada, feliz, mas acima de tudo muito justa a vitória alcançada esta noite pelo Benfica sobre o Braga, num jogo de grande importância para a decisão do título. O Benfica foi a equipa que mais quis ganhar este jogo e que mais trabalhou por isso, acabando por ser recompensado mesmo no final.
Não houve invenções no centro da defesa, onde surgiu o Miguel Vítor a ocupar a vaga ao lado do Luisão. Para o lugar do Aimar, a escolha foi o Rodrigo, o que resultou nas habituais dificuldades que ele revela quando tem que ocupar os terrenos habitualmente reservados ao nosso número dez. O Benfica até entrou decidido no jogo, imprimindo alguma velocidade e mantendo o Braga remetido ao seu meio campo, mas ao fim do primeiro quarto de hora parecia já se ter deixado embalar no ritmo pausado que interessava ao Braga. O seu treinador pode ter afirmado que não pretendia vir à Luz jogar para o empate, mas foi exactamente essa a impressão com que se ficou. Jogo muito pausado sempre que possível, e de vez em quando alguma tentativa de explorar uma saída mais rápida para o contra-ataque. Jogando com menor pressão do que o Benfica por não necessitar tanto de uma vitória, este cenário era o ideal para o Braga, que acabou por conseguir mesmo manter o jogo controlado neste ritmo, e terminar a primeira parte de forma perfeitamente equilibrada com o Benfica - poderia mesmo ter saído para o intervalo a vencer, pois mesmo sobre o apito dispôs de uma boa oportunidade para marcar, negada pelo Artur.
A segunda parte foi bem mais movimentada. Mais uma vez o Benfica pareceu entrar mais decidido - abriu logo com uma boa ocasião do Witsel, em que o Quim defendeu com as pernas - mas com o Braga susteve o nosso ímpeto inicial e depois foi progressivamente aproveitando bem o muito espaço disponível no centro do meio campo, onde o Mossoró se movimentava à vontade, para construir jogadas perigosas de contra-ataque. O Benfica melhorou com a troca do Cardozo (pareceu estar fisicamente mal durante todo o jogo) pelo Nélson Oliveira, e também com a troca forçada do Miguel Vítor pelo Matic, porque com o recuo do Javi para central o Matic acabou por preocupar-se menos com as dobras e passou a acompanhar muito mais o Mossoró, acabando com as liberdades que ele tinha aproveitado até então. O golo do Benfica acabou por chegar a menos de um quarto de hora do final, num penálti assinalado após um abalroamento ao Bruno César na área. O Witsel não acusou minimamente a responsabilidade e atirou o Joaquim para um lado e a bola para o outro. Depois do golo, o Benfica corrigiu imediatamente a táctica e passou a jogar com apenas um avançado, saindo o Rodrigo para a entrada do Nolito, com o Bruno César a fazer de Aimar. Não esperava que o Braga tivesse capacidade para chegar ao empate, mas isso aconteceu apenas cinco minutos após o nosso golo, numa recarga do Elderson a uma defesa incompleta do Artur, após livre lateral marcado pelo Hugo Viana. Apesar de visivelmente cansado o Benfica ainda foi no entanto encontrar forças para ir buscar a vitória, naquela que terá sido talvez a melhor jogada que fizemos em todo o jogo. Já em período de descontos, o Bruno César e o Gaitán foram trocando a bola pela direita, com o argentino a revelar muita classe na forma como tirou um defesa do caminho e serviu o Bruno César no interior da área para que este, com um remate rasteiro e muito colocado ao segundo poste, decidisse o jogo e incendiasse a Luz.
Gostei muito, para não variar, do jogo que o Witsel fez. Ainda por cima nestas condições, em que devido à táctica apresentada o Benfica se via frequentemente em desvantagem numérica na zona central. O belga tem um controlo de bola muito acima da média, e é quase impossível desarmá-lo, acabando por soltá-la em condições para os colegas. E as forma como se movimenta em campo revela uma enorme inteligência táctica. Não fiquei surpreendido também com o bom jogo que o Miguel Vítor fez até ter o azar de se lesionar. Não me lembro de o ver cometer um erro, e conseguiu controlar sem grandes dificuldades um adversário difícil como o Lima. O Bruno César teve uma primeira parte apagada, mas acabou por ser decisivo, sofrendo o penálti e marcando o segundo golo. Ouvi vários benfiquistas reclamarem com o Gaitán, mas eu confesso que gostei de o ver esta noite. Mesmo com as coisas a não lhe correrem sempre de feição, achei que nunca se escondeu do jogo, e sempre que recebeu a bola arriscou ir para cima dos adversários. A jogada do segundo golo revela todo o talento que possui.
Ultrapassado este difícil obstáculo, tenho a sensação de que será na próxima jornada que praticamente tudo se decidirá para nós. Acredito que em caso de vitória no Lumiar, o título não nos escapará. Mas a nossa equipa parece-me estar claramente fatigada, e até lá teremos a 'distracção' do jogo com o Chelsea (para o qual teremos, ainda por cima, um problema no centro da defesa, que espero que não se mantenha no campeonato). Eu acredito que a equipa se consiga superar nesta fase, e espero que a vitória arrancada a ferros hoje marque o início da arrancada decisiva para o título.
P.S.- Detestei a rábula do speaker da Luz ter resolvido imitar os maus exemplos de outras paragens (como por exemplo no estádio do nosso adversário de hoje). Não é permitido, dá multa, e dá também uma muito má imagem.
5 Comments:
D'arcy, eu não estive no estádio e gostaria de saber o que é que o parvalhão do speaker disse desta vez. Diz lá :p.
Saudações benfiquistas
p.s:. muito boa análise
Excelente crónica com sempre D'Arcy.
Quando fisicamente nao estamos no top, pode ser que o impulso moral desta vitoria traga as forças que faltam.
Uma sugestão a espreitar:
http://maiordeportugal.blogspot.pt/2012/04/parece-mentiratamos-vivos-pra-vergonha.html
O problema não foi o que o speaker disse. Ele limitou-se a gritar e a pedir apoio ao Benfica. O problema foi quando ele o disse. É que ele fez isso por diversas vezes com o jogo a decorrer.
djeiti, obrigado pelo link :)
Mais um post fiel aquilo que se passou em campo.
A equipa acusa algum desgaste até natural numa altura em que se conjugam dois factores o adiantado da época e o pouco tempo entre jogos mas não concordo que a equipa esteja mal fisicamente alias vemos os jogadores a correrem e sobretudo a recuperarem para a defesa onde é ai que se vê que esta mal, e tirando um ou dois jogadores que estão esses sim notoriamente de rastos o que a equipa tem denotado é lentidão a executar os lances não é rápida a pensar e as coisas a saírem perras pouco fluidas e isso é claramente devido ao desgaste psicológico que a equipa tem sofrido por estar constantemente a jogar finais desde que perdeu a vantagem que tinha.
Mas infelizmente o treinador não acha que a equipa esteja mentalmente mais fraca e logo nem deve procurar recuperar esses índices mas ou a equipa recupera mentalmente para os índices de uns meses atrás ou então vai ficar muito difícil este final de época.
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