Incontestável
O Benfica não fez uma grande exibição esta noite mas fez um grande jogo, sobretudo a nível táctico, que proporcionou uma vitória incontestável sobre o Zenit e selou o apuramento para os quartos-de-final da Champions League.
Sem Garay e Aimar, avançaram Jardel e Rodrigo para a titularidade, tendo ainda sido dada a titularidade ao Bruno César, por troca com o Nolito. A responsabilidade pelas despesas do jogo pertencia ao Benfica, e nós assumimo-la. De forma algo titubeante de início, talvez porque o momento não é o melhor e os últimos resultados certamente terão feito mossa num grupo pouco habituado a essa situação. Mas sob a liderança do Luisão, com a garra do Maxi e a classe do Witsel o Benfica foi conseguindo soltar-se e não se deixou enervar pela estratégia adoptada pelo Zenit para o jogo. Houve alturas em que quase parecia estar a ter um déjà vu de uma qualquer equipa italiana dos anos 80 ou 90, tal era a forma ostensiva como os jogadores russos queimavam tempo e se deixavam ficar no chão para serem assistidos. O Benfica controlava o jogo e os russos pareciam satisfeitos em deixar o Benfica ter esse controlo, pois mantinham-se organizados e conseguiam evitar situações de grande apuro para a sua baliza, esperando explorar algum eventual erro para dar um golpe decisivo na eliminatória. Esse erro aconteceu mesmo, pelo Artur já perto do intervalo, mas não foi aproveitado e quase na resposta o Benfica marcou. Foi no primeiro minuto de compensação (as perdas de tempo por parte do Zenit foram tantas e tão ostensivas que o árbitro acabou por dar uns raros quatro minutos extra) e através do Maxi, que finalizou uma assistência de calcanhar do Witsel, após uma defesa incompleta do guarda-redes a um primeiro remate do belga. O mais difícil estava feito, agora era ver como reagiria o Zenit (e o Benfica) a esta situação.
O Benfica reagiu de forma inteligente. Com vantagem na eliminatória, assumimos uma atitude mais cautelosa, dando mais iniciativa de jogo ao Zenit mas mantendo uma grande concentração táctica. Resultou em pleno, porque em toda a segunda parte o Zenit não conseguiu criar uma única oportunidade de golo, e durante uma boa parte dela a maior parte das jogadas que fez consistiu simplesmente em passes longos do Bruto Alves da defesa directamente para o ataque, porque o meio campo do Zenit foi bloqueado com eficácia. Seria natural para quem assistiu ao jogo sentir que o Benfica poderia forçar ou arriscar mais para resolver a eliminatória mais cedo, mas na minha opinião a inteligência do Benfica revelou-se precisamente no aspecto de ter sabido resistir a essa tentação. A partir de certa altura a equipa do Zenit ficou quase partida em duas, com os jogadores do ataque a não recuperarem para defender, mas o Benfica evitou sempre entrar em situações de saídas desenfreadas para o ataque, que só favoreceriam o Zenit por abrirem mais o jogo e permitirem situações perigosas em caso de perda de bola. Não nos podemos esquecer que estamos na Champions, e o ano passado já sofremos demasiado por adoptarmos essa atitude. As saídas em contra-ataque foram sempre feitas de forma mais organizada, com dois, três, no máximo quatro jogadores, nunca deixando a retaguarda desprotegida. O Jorge Jesus esteve bem nas substituições: fez aquelas que a lógica impunha, e acertou em cheio. O progressivo reforço do meio campo e o safanão final dado pela entrada do Nélson Oliveira revelaram-se decisivos, com a cereja no topo do bolo a chegar num golo do próprio Nélson Oliveira mesmo sobre o apito final. Mais um contra-ataque construído de forma simples, com o Witsel a passar a bola ao Bruno César e este, já perto da área, a soltá-la para a entrada vitoriosa do Nélson.
Maxi, Witsel e Luisão foram para mim os melhores da noite, bem secundados pelo Bruno César, Javi e Jardel. Os três suplentes (Nolito, Matic e Nélson Oliveira) entraram bem no jogo, mesmo que o Nélson tenha revelado uma vez mais alguma inexperiência na altura de decidir os lances. Menos bem os dois avançados titulares - o Cardozo teve uma perdida incrível, e o Rodrigo não parece estar bem fisicamente, para além de ter parecido andar algo perdido nas funções que lhe foram entregues. O Gaitán continua em sub-rendimento, e colabora muito pouco nas tarefas defensivas - foi notória até a subida de rendimento do Emerson quando passou a ter o Nolito à sua frente.
Julgo que o objectivo mínimo para a Champions foi atingido. A partir de agora, tudo o que vier a mais será um bónus. Acredito que o Benfica, jogando de forma concentrada e realista, poderá fazer a vida difícil a qualquer adversário que nos calhe em sorte, mas teremos que esperar pelo resultado do sorteio para podermos avaliar mais precisamente as nossas possibilidades. Nesta fase, diga-se, também já não há muito por onde escolher.
3 Comments:
É isso, ou melhor, foi isso mesmo.
Agora é esperar um sorteio o mais favorável possível e continuar a lutar como ontem.
Mais uma crónica com o selo de qualidade.
Basta o treinador não inventar para as coisas voltarem a correr bem e muito importante foi acertar nas substituições aliás eram estas que já se impunham no jogo anterior pena é que tenham vindo com um jogo de atraso.
Este treinador só pode ser bipolar e de vez em quando esquecesse de tomar os medicamentos e resulta na porcaria que todos vimos, só isso pode explicar as invencionices que faz.
De qualquer forma pareceu-me que para os adeptos esta vitória foi pouco moralizadora e pouco terá amenizado o estado de depressão que se encontram espero que nos jogadores tenha tido outro efeito.
Marcámos 4 golos a uma equipa que só sofreu um dos corruptos. Os lagartos vencem uma equipa que goleou tranquilamente os mesmos corruptos. Custa um bocado estar atrás daquilo na classificação.
Em geral os adeptos vivem jogo a jogo e a malta já só pensa em vencer o próximo.
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