sábado, dezembro 21, 2013

Vitória

Uma vitória complicada mas sem contestação do Benfica em mais um jogo onde a qualidade do futebol da equipa esteve longe de deslumbrar, particularmente durante os primeiros quarenta e cinco minutos, que deverão ter sido dos mais pobres que já apresentámos esta época.

A novidade, esperada, foi a titularidade do Oblak na nossa baliza. Também esperado, pelo menos por mim, foi o esquema táctico apresentado pela equipa. Assim que, durante a semana, li que estava previsto o regresso do Enzo para jogar na direita, então já sabia que o resultado disso seria a manutenção da dupla de avançados e do 4-4-2, que o Jorge Jesus irá continuar a manter até ao limite do indefensável. Aparentemente, despovoar o meio campo e entregar sistematicamente o controlo do mesmo ao adversário pode não ser suficiente. Como o raio de acção do Matic quando joga na posição 6 é suficientemente amplo para conseguir por vezes, em conjunto com o Enzo, equilibrar mesmo a desvantagem numérica, agora pelos vistos há também a opção de jogarmos com um jogador mais fixo nessa posição, que fica mais encostado aos centrais e deixa o Matic ainda mais isolado no meio campo. E já que temos pouca gente nessa zona, porque não retirar-lhe ainda quase toda a criatividade, encostando o Enzo a uma ala e mantendo-o quase à margem do jogo? O resultado disto foi o que se viu na primeira parte. Ou melhor, o que não se viu, porque se eu quisesse escrever sobre aquilo que o Benfica produziu durante esse período, então este parágrafo ficaria em branco. É que não se viu mesmo nada. Nem sei se chegámos a fazer um remate, isto contra uma equipa que passou o jogo todo com onze jogadores atrás da bola, a fazer faltas constantes e a mostrar bastante vontade de armar confusão e arrastar os nossos jogadores para quezílias desnecessárias. Sendo o nosso adversário o Setúbal, e o nosso próximo jogo para a Liga contra o Porto, se calhar não foi apenas por acaso.

Na segunda parte trocámos o Fejsa pelo Sulejmani, o que felizmente permitiu o regresso do Enzo ao centro. Não evoluímos para algo brilhante, mas pelo menos com a dupla Matic/Enzo nas posições onde mais rendem deu para melhorar bastante o nosso futebol, ao ponto de conseguirmos construir jogadas de ataque, levar perigo à baliza adversária e, fundamentalmente, rematar - não sei se me recordo de algum jogo em que o Benfica tivesse demorado cinquenta minutos até fazer o primeiro remate à baliza adversária. Não foi sequer preciso esperar muito para vermos o primeiro golo, porque hoje, e ao contrário do habitual, fomos eficazes: ao segundo remate à baliza, marcámos. Estavam decorridos nove minutos da segunda parte e o Rodrigo deu o melhor seguimento a um cruzamento da direita do Gaitán, com um toque subtil de cabeça que fez a bola entrar junto ao poste. Em desvantagem, à entrada para a última meia hora o Setúbal tentou arriscar um pouco mais e desmontou a estrutura defensiva que tinha apresentado até então. Tentaram subir no terreno e durante alguns minutos até conseguiram pressionar um pouco o Benfica, ainda que nunca tivessem criado uma verdadeira ocasião de perigo. Mas esta situação acabou por durar pouco tempo, porque a vinte minutos do final o Benfica matou o jogo, através de um penálti convertido pelo Lima, a castigar uma mão na área indiscutível. A partir desse momento o Benfica controlou o jogo como quis, baixando consideravelmente o ritmo de jogo e conservando a bola em seu poder a maior parte do tempo, com o apito final a chegar sem grandes sobressaltos.

Não houve exibições particularmente inspiradas na nossa equipa. O Enzo e o Matic foram, naturalmente, importantes na melhoria verificada na segunda parte. Boa assistência do Gaitán para o primeiro golo, e boa finalização de cabeça do Rodrigo no mesmo (o jogo de cabeça não é propriamente um aspecto que eu lhe considere forte). O Oblak esteve seguro a titular, sem que tivesse sido obrigado a alguma intervenção mais difícil. Não gostei do Fejsa no meio tempo que jogou. Demasiado faltoso e complicativo - às vezes fico com a sensação que tenta fazer o mesmo que o Matic faz quando joga naquela posição, mas não tem capacidade para isso e como tal acaba por borrar a pintura. É melhor para ele quando joga simples. Também não gostei muito do jogo do Garay, que ultimamente tem andado menos seguro do que o habitual. O Lima marcou bem o penálti, e é o elogio que lhe posso fazer.

Uma vez mais acabamos por ter que nos satisfazer com a vitória e os três pontos. Mas exige-se que se consiga retirar muito mais de um grupo de jogadores com a qualidade do nosso. Por outro lado, posso sempre pensar que uma vez que já chegámos a Dezembro e a equipa parece ter andado pelo menos metade deste tempo a jogar a passo (já perdi a conta aos jogos em que damos uma parte de avanço aos adversários), pode ser que desta vez não chegue ao final da época de rastos.

1 Comments:

At 12/21/2013 10:38 da tarde, Blogger joão carlos said...

Mais uma crónica fiel ao que se passou em campo.


Este foram sem duvida os piores quarenta e cinco minutos da era deste treinador e de facto não me lembro de um jogo em que o primeiro remate, à baliza ou fora dela, tenha sido aos cinquenta minutos tenho até duvidas que naqueles temos negros da ultima metade dos anos noventa e primeira dos anos dois mil tal tenha acontecido num jogo.
O reverso da medalha é que não me lembro de um jogo em que tivéssemos tão grande aproveitamento das oportunidades como neste jogo mas o pior é que como sempre vamos rapidamente pagar este aproveitamento com um festival de desperdício.
Eu sinceramente gostaria de saber o que é que determinados jogadores tem de fazer para merecerem a titularidade é que existe pelo menos um caso em que nunca o foi e já por diversas vezes demonstrou que o merecia mas nunca teve esse prémio por outro gostaria de saber porque é sempre substituído o ponta de lança que esta a jogar melhor ficando sempre em campo aquele que não esta a jogar nada deve ser uma qualquer teoria de psicologia invertida ou isso ou existem vacas sagradas.

 

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