domingo, setembro 13, 2015

Barrigada

A melhor exibição da era Rui Vitória resultou numa barrigada de golos e consequente massacre do Belenenses. Neste jogo o Benfica conseguiu ser muito do que não tinha ainda conseguido ser esta época até agora, e os benfiquistas foram presenteados com uma exibição de gala que nos deixa cheios de confiança para os próximos desafios que temos pela frente.


No onze inicial vimos o Lisandro cedeu o lugar ao regressado Jardel e houve mais duas alterações, com o Talisca e o Gonçalo Guedes a merecerem a preferência do treinador, por troca com o Pizzi e o Víctor Andrade. Ao contrário do que já tinha acontecido esta época desta vez vimos o Benfica entrar no jogo logo em alta rotação, a pressionar muito alto e a apostar em triangulações rápidas com bastante incidência nos flancos, onde os laterais se envolviam frequentemente nas acções ofensivas, em vez da posse de bola estéril e lenta que tínhamos visto nos anteriores jogos em casa, com insistentes tentativas de furar pelo meio e que resultaram em nulos ao intervalo. Desta vez tivemos o Benfica dos últimos quinze minutos desses jogos durante praticamente todo o jogo, e o resultado não podia ter sido melhor. Até porque a confiança só pode ter ficado reforçada com o golo madrugador que abriu caminho à goleada, obtido logo aos seis minutos pelo Mitroglou, que com aparente facilidade cabeceou a bola cruzada pelo Jonas. O grego é um jogador muito diferente do Lima, mas que nos dá uma presença muito forte na área e que mesmo assim consegue ter mobilidade mais do que suficiente para oferecer outras soluções no ataque. Prova disso foi a sua participação na jogada do segundo golo, uma triangulação na esquerda em que ele acabou por libertar o Gaitán. A bola por ele centrada sofreu um primeiro desvio na cabeça do Gonçalo Guedes e foi parar aos pés do Jonas, que rematou certeiro. Foi aos dezasseis minutos de jogo, e logo por essa altura começou a cheirar a goleada. É que o Benfica jogava bem, mostrava uma grande eficácia no ataque, e asfixiava o Belenenses no seu meio campo - foi frequente ver os defesas centrais do Benfica, em especial o Luisão, bem dentro do meio campo do Belenenses a pressionar para recuperar a bola e não deixar que o Belenenses começasse sequer a organizar a saída para o ataque, recorrendo até muitas vezes à falta útil (este deve ter sido o jogo em que cometemos mais faltas, a maior parte delas no meio campo adversário). A cinco minutos do intervalo o Jonas voltou a marcar, no seguimento de um canto e de um primeiro desvio do Samaris, e a questão passou a ser apenas em que número iria parar o Benfica. Depois dos nulos ao intervalo e sofrimento dos jogos anteriores, foi uma muito agradável mudança ver a equipa para o balneário com o jogo praticamente resolvido.


No reatamento o Belenenses até pareceu ter vontade de mudar alguma coisa e procurar um eventual golo madrugador que pudesse voltar a lançar alguma incerteza no resultado, e conseguiu mesmo fazer um remate à nossa baliza (que acabou por ser o único no jogo) para forçar o Júlio César a ter algum trabalho. Mas foi mesmo apenas um fogacho, porque praticamente num abrir e fechar de olhos o Benfica fez o resultado crescer para números já pouco vistos. Foram três golos no espaço de dez minutos, entre os cinquenta e três e os sessenta e três, e se não tivessem havido poupanças depois disso se calhar os números teriam continuado a crescer até ao final. O Gaitán esteve absolutamente imparável e fez praticamente o que quis da defesa belenense, destroçando em particular o pobre lateral direito que tentou fazer-lhe frente. A jogada do quarto golo foi um exemplo disso, para depois uma tentativa de corte de um adversário fazer a bola chegar aos pés do Mitroglou, que imitou o Jonas e bisou na partida. A seguir, uma tabelinha com o Jonas permitiu que, com um toque de calcanhar, o brasileiro o deixasse na cara do guarda-redes para finalizar de pé direito. Para finalizar a goleada o Talisca enviou uma bomba de bem longe que só parou no fundo da baliza. Seis golos quando ainda faltava cerca de meia hora para o final até nos fazia pensar que o resultado poderia ser ainda mais histórico, mas seguem-se dois jogos importantes e a gestão do esforço dos jogadores nucleares era um factor que não podia ser ignorado. Deu para retirar do jogo o Mitroglou, o Jonas, e o Gaitán (com este a ter uma saída triunfal do campo) e com isto até fazer algo que era muito raro acontecer nas últimas épocas, que é dar oportunidade e minutos de jogo a jovens jogadores. Desta vez foi o Nuno Santos a poder estrear-se com a nossa camisola, tornando-se já o terceiro jogador vindo da equipa B a fazê-lo em apenas quatro jornadas. O jogo tornou-se naturalmente menos exuberante com as saídas dos três jogadores referidos, mas o Benfica nunca deixou de ter controlo absoluto, gerindo a posse de bola e o esforço de forma exemplar.


Houve vários jogadores que se destacaram, mas apesar da dificuldade na escolha, para mim o Gaitán conseguiu ser o melhor. Creio que o seu desagrado por ter permanecido no Benfica deve ter ficado bastante evidente em tudo aquilo que fez. É um jogador simplesmente fabuloso, como não há igual no nosso campeonato. Marcou um golo e esteve directamente ligado a mais três. Neste momento quando a bola lhe chega aos pés tenho a mesma sensação que tinha há umas épocas atrás sempre que o Di María pegava na bola, de que alguma coisa especial vai acontecer. O Jonas fez também uma exibição fantástica, com dois golos e duas assistências, e parece até sentir-se ainda mais confortável a jogar ao lado de um avançado com mais presença na área do que com um avançado mais móvel como o Lima. O Mitroglou fez dois golos e aos poucos vai recuperando a melhor forma. Pode vir a ser um jogador muito importante esta época e é um candidato a ocupar o lugar deixado vago pelo Cardozo, que nunca foi preenchido. Dos outros jogadores, menção para o Gonçalo Guedes, que fez um jogo muito agradável na direita e se mostrou menos egoísta e ansioso por mostrar serviço. Jogar mais para a equipa só o beneficia a ele e à própria equipa. Também gostei muito do jogo do Samaris.

Foi uma fantástica vitória contra um Belenenses que, ouço e leio hoje, 'não jogou nada', isto apesar de durante a semana me ter cansado de ouvir repetir que o Benfica iria passar um mau bocado frente à equipa que mais jogos oficiais tinha disputado esta época e que ainda não tinha perdido nenhum. O habitual, portanto. Importante agora é aproveitar o alento e confiança que este resultado dá para tentarmos manter este nível de jogo e conquistar os melhores resultados possíveis nos jogos que se avizinham.

1 Comments:

At 9/14/2015 5:55 da tarde, Blogger joão carlos said...

Post muito bem conseguido.


Melhoramos em relação ao que tínhamos vistos sobretudo mais agressivos maior velocidade na circulação de bola e sobretudo tivemos muito menos perdas de bola e quase nenhuma em zona comprometedoras que tinham sido o principal motivos para as oportunidades concedidas e para os golos até então sofridos, tivemos também menos ansiedade mas porque marcamos cedo não da para tirar uma conclusão definitiva se pelo golo cedo ou porque a equipa esta mais tranquila esperemos é que isto resulte de um processo evolutivo normal e não apenas um fogacho.
Por norma as pessoas tem tendência achar que quando se tem um modelo que funciona só esse modelo é que funciona ou quando um tipo de jogador resulta que só aquele tipo de jogador resulta mas nenhum modelo de jogo ou tipo de jogador é infalível ou só tem defeitos todos tem virtudes todos tem defeitos o principal é tirar partido das virtudes de cada um e esconder os defeitos o problema nunca foi o modelo mas sim o facto que não se conseguir potenciar as virtudes e esconder os seus defeitos.
Pese embora as melhorias ainda existe muito a fazer e a acertar e começa a causar estranheza e alguma preocupação que algumas das contratações ainda não tenham sequer demonstrado valor para serem alternativas quanto mais serem jogadores de primeiro plano nesse sentido nem sequer se conseguem superiorizar a jogadores com muito menos idade com muito menos experiencia quer no futebol quer sobretudo em alta competição é que com a ausência prolongada do nosso extremo direito é urgente que as alternativas apareçam rapidamente já que os jogos vão começar a suceder-se a um ritmo cada vez mais rápido.

 

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