segunda-feira, fevereiro 22, 2016

Sólida

Uma primeira parte menos conseguida do Benfica fez com que a vitória fosse uma tarefa mais difícil de concretizar do que o esperado, frente a um Paços de Ferreira bem organizado e que deu bastante luta.


Uma única alteração no onze que tinha derrotado o Zenit, com a troca do lesionado Gaitán pelo Carcela. O Lisandro continua lesionado, portanto o jovem Lindelöf manteve a titularidade no centro da defesa, ao lado do Jardel. Ao fim dos primeiros minutos já dava para perceber que a nossa tarefa não seria fácil, porque se por um lado o Benfica parecia não estar a conseguir colocar muita velocidade no jogo, por outro a dificuldade em fazê-lo parecia também ser bastante por culpa do Paços, que se mantinha sempre muito bem organizado atrás da linha da bola, com os seus jogadores a ocuparem muito bem os espaços no campo, e depois conseguindo frequentemente sair bem e com velocidade para o contra-ataque. Mas de repente as coisas até começaram a parecer mais facilitadas, pois praticamente na primeira vez que o Benfica chegou com perigo à baliza do Paços, o Mitroglou marcou, concluindo uma jogada entre o Carcela e o Jonas, que incluiu um toque de calcanhar deste último. Provavelmente o jogo da Champions terá tido alguma influência, mas o Benfica desta vez não pareceu muito interessado em exercer um domínio avassalador e carregar sobre a baliza adversária mesmo depois de alcançada a vantagem, e as ocasiões de golo continuaram a escassear. Apenas aos vinte e dois minutos voltámos a levar perigo à baliza do Paços, num bom remate de fora da área do Renato Sanches, que obrigou o guarda-redes a defender para canto. Na sequência do mesmo, contra-ataque do Paços conduzido exclusivamente pelo Diogo Jota, que só acabou com a bola dentro da nossa baliza. Nenhum dos nossos jogadores envolvidos no lance ficaram bem na fotografia: o Lindelöf deixou-se ultrapassar com demasiada facilidade, o Eliseu encolheu-se e não meteu o pé, e o Júlio César estava mal posicionado, pois ficou tão adiantado que foi com naturalidade que o jogador do Paços fez a bola passar-lhe por cima (ainda ele estava a preparar o remate e já eu estava a antecipar o golo). O empate veio complicar mais o cenário, que se mantinha tal como no início: dificuldades do Benfica para desposicionar o Paços, e estes a saírem sempre que possível bem no contra-ataque - por mais de uma vez conseguiram chegar perto da nossa área em superioridade numérica. No período de descontos, o árbitro assinalou penálti sobre o Jonas depois de uma iniciativa individual do mesmo, e o melhor marcador do campeonato não desperdiçou, levando-nos a vencer para o intervalo.

Foi um Benfica diferente para melhor que regressou do intervalo, e que foi à procura do golo da tranquilidade, colocando-se a salvo de mais alguma surpresa. Houve mais insistência no jogo pelas faixas, com os laterais a envolverem-se mais no ataque, e com o Pizzi bastante activo na zona central. E não foi preciso muito tempo (apenas doze minutos) para que esse golo surgisse, na sequência de um livre lateral marcado pelo Pizzi. O Jardel ganhou a primeira bola nas alturas e colocou de cabeça para que o Lindelöf, sobre a pequena área, atirasse para o fundo da baliza. Para um miúdo que foi atirado às feras há um par de semanas atrás, esta deve ter sido uma semana para recordar: estreia na Champions League e, quatro dias depois, primeiro golo pelo Benfica. E o Benfica continuou a carregar depois do golo, construindo ocasiões mais do que suficientes para dilatar o resultado. Mas faltou melhor finalização em algumas dessas situações, e noutras houve excesso de individualismo - contei pelo menos duas em que bastaria aos nossos jogadores terem feito o passe para o Jonas, que estava isolado no meio da área, mas em vez disso preferiram tentar o remate de ângulo apertado. Como o jogo parecia mais ou menos resolvido, deu para dar mais alguns minutos de jogo ao Salvio e ao Nélson Semedo, e esperava também que o Benfica aproveitasse para forçar o quinto amarelo aos jogadores que estão em risco de exclusão, mas isso não aconteceu com todos. O André Almeida até acabou por sair em dificuldades físicas, o Eliseu forçou claramente o amarelo e conseguiu-o, mas estranhamente o Renato Sanches nada fez por isso. Pode ser um risco, até porque a forma como ele joga o expõe normalmente ao risco de ver cartões, mas foi esta a estratégia escolhida. Ainda antes do final, tempo para o Júlio César com duas intervenções se redimir do golo sofrido, a segunda das quais uma excelente defesa a um bom remate do inevitável Diogo Jota - não sei se ele estará mesmo já contratado pelo Benfica, mas se está então o jogo de ontem confirmou que foi uma boa aposta.

Não encontro grandes destaques individuais para fazer na nossa exibição. O Jonas e o Pizzi foram importantes na melhoria do nosso jogo na segunda parte, o Mitroglou também não esteve mal, mas regra geral toda a equipa esteve bastante homogénea em termos das exibições individuais.

Foi mais uma vitória importante, como todas o são. Não tendo tido a exuberância de triunfos anteriores, ainda assim a equipa exibiu-se de forma sólida na segunda parte e venceu de forma inequívoca um adversário complicado. Temos agora um período um pouco mais alargado de recuperação para recebermos um adversário que no jogo da primeira volta, de forma inesperada (e muito por culpa nossa) nos tirou pontos. É por isso importante manter os níveis de concentração mesmo perante adversários que pareçam teoricamente mais acessíveis.

3 Comments:

At 2/22/2016 3:16 da manhã, Anonymous Anónimo said...

O Júlio César está a desesperar-me. Muito displicente, a ter mais prazer no jogo do que exigência para consigo próprio, enfim...
No golo do Paços estava onde nenhum guarda-redes devia estar. Esteve relativamente seguro nas outras intervenções, mas é isso que se espera de um guarda-redes do Benfica, ou não é? E, em bom rigor, numa das intervenções ia comprometendo, porque, como já por mais de uma vez aconteceu, defendeu sem encaixar a bola, repelindo-a para a zona frontal da baliza...
Por mim, já tinha dado lugar ao Ederson. Nem que fosse para sentir o trono a abanar...

PS - Aliás, a sua postura tem de ser repensada, especialmente porque está no Benfica. Refiro-me à prazeirosa e risonha conversa que manteve no final do jogo com os corruptos com os dois guarda-redes adversários. Depois de termos estado em vantagem e sairmos derrotados, com intervenções suas que deixaram a desejar nos lances dos dois golos, caíu-me muito mal. Muito mal, mesmo...

 
At 2/22/2016 4:23 da manhã, Blogger José Rama said...

A jogada do golo do Paços começou com um salto acrobático do A.Almeida, ainda no meio-campo adversário, tendo ficado estendido no chão, depois de colocar a bola junto a dois jogadores pacenses que iniciaram o contra-ataque.

 
At 2/24/2016 5:57 da tarde, Blogger joão carlos said...

Uma analise muito fiel aquilo que se passou em campo.


Nestes jogos em que os jogadores acusam algum desgaste, a que se somou alguns terem estado doentes durante a semana, é natural que a partir de certa altura a equipa esteja mais preocupada em gerir o jogo do que em ampliar o resultado e acabou por ser um erro não termos reforçado o meio campo e fruto disso foi eles voltarem a criar perigo nos últimos instantes da partida, desta vez sem consequências como já antes aconteceu, o reforço do meio campo permite ter alguém fresco mais concentrado e agressivo que poderá ser um factor para evitar assim que eles sequer cheguem próximo da nossa área.
Temos de fazer uma enorme analise aos jogadores que presentemente temos nos quadros mas que passam a maioria do tempo lesionados e mesmo lesões corriqueiras neles resultam sempre em grandes ausências é que por muita qualidade que os jogadores tenham se ficam por muito tempo impedidos de jogarem ou se o fazem de forma muito intermitente acaba de valer pouco é que ter um ou outro jogador nestas condições ainda vá que não vá agora ter vários como acontece presentemente limita muito as opções disponíveis para a equipa.
Já não é a primeira vez que acontece que a equipa acaba por com alguma facilidade, e até de modo simples, se colocar em vantagem mas depois os jogadores começam a facilitar, não digo displicência que nem me parece que aconteça será mais falta de concentração, acabam por se desligar um pouco do jogo e permitem que o adversário se recomponha e mesmo que não entre no jogo pelo menos mantém tudo em aberto e como se viu neste jogo se eles reentram no jogo tudo muda e fica muito mais difícil do que era até se ter conseguido a vantagem este é nitidamente um aspecto a rever rapidamente a concentração tem que se manter o mais tempo possível e a partir daqui cada vez mais.

 

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