segunda-feira, outubro 08, 2018

Batalha

Foi arrancada quase a ferros, foi preciso sofrer um pouco no final (muito por culpa de terceiros) mas a vitória no Clássico frente ao Porto assenta-nos muito bem. Num jogo equilibrado foi o Benfica quem foi aquele bocadinho melhor para vencer o jogo.


Regressos do Gabriel e do Cervi ao onze e estreia do Lema a titular foram as novidades, embora no caso do central argentino não houvesse propriamente grandes opções. Com Jardel lesionado e Conti suspenso, o Lema era a escolha óbvia. E fez bem o nosso treinador, porque apesar da muita especulação que vi na imprensa, como que a tentar 'matar' logo um jogador ainda antes dele dar um pontapé numa bola, se o Lema faz parte do plantel é porque é uma opção válida. Não faria qualquer sentido estar a recorrer a uma adaptação como o Samaris quando tínhamos um central disponível. Sobre a primeira parte não há muita coisa a dizer, porque apesar de extremamente disputado, o jogo teve poucos motivos de interesse. As equipas encaixaram uma na outra e anularam-se quase sempre, e nenhuma das duas parecia ter grande vontade de arriscar muito para desatar o nó que tinham dado. O Porto entrou na Luz com a clara intenção de jogar para o empate - o Casillas viu o amarelo logo aos dezoito minutos de jogo por andar a queimar tempo de forma abusiva em qualquer reposição de bola, por exemplo. O Benfica parecia estar mais preocupado em não perder do que ganhar, por isso quase não corria riscos. Os nossos laterais foram muito menos atrevidos do que o normal, subindo no terreno quase só pela certa, o Pizzi aparecia quase sempre em terrenos muito recuados, e o Seferovic jogava muito só na frente. Com ambas as equipas receosas do adversário praticamente não houve ocasiões de perigo e a bola rondava as balizas apenas em situações de bola parada. Honestamente, jogou-se mau futebol durante os primeiros quarenta e cinco minutos. Intensidade sim, mas muitos passes falhados e pouquíssimas jogadas dignas desse nome.



Para a segunda parte o Benfica veio mais decidido a assumir finalmente as despesas do jogo. E conseguiu-o, passando-se a jogar muito mais tempo dentro do meio campo do Porto. Assinalo também que logo nos primeiros minutos o Otávio, um dos principais destruidores de jogo do Porto (apesar de ser médio ofensivo) finalmente viu um cartão amarelo, após cometer a sétima falta no jogo - hilariante a sinalética do árbitro a indicar que lhe estava a mostrar o amarelo pela terceira falta. Foi imediatamente substituído, não fosse chegar à décima quarta falta e arriscar-se a ser expulso. No Benfica, a entrada do Rafa também logo nos primeiros minutos dinamizou ainda mais a equipa. E justificava-se, porque era precisamente por aquele lado que tínhamos que insistir. O Maxi Pereira quase que dá pena porque mal se consegue mexer, e com o Marega o jogo todo encostado à direita não havia um verdadeiro médio ala para vir ajudar o trôpego lateral direito portista (o Otávio tinha andado a bater em tudo o que mexia por aquele lado mas o Sérgio Oliveira, que o substituiu, era incapaz de fazer o mesmo papel). Com o Benfica por cima no jogo surgiu a primeira grande ocasião de golo, num remate do Gabriel à entrada da área que proporcionou uma boa defesa ao Casillas. Certamente que isto terá lembrado muita gente das exibições inspiradas do espanhol nas últimas visitas do Porto a nossa casa, e que nos impediram de vencer. Mas neste caso a preocupação não durou muito, porque quase a seguir surgiu o golo que decidiu o jogo. Na sequência de um pontapé de baliza para o Porto ganhámos a segunda bola no círculo central, o Gabriel colocou-a em balão para as costas da defesa portista, o Pizzi (que ganhou em velocidade ao Maxi) assistiu de cabeça para a corrida do Seferovic, e este conseguiu o remate vitorioso apesar do esforço do Militão para fazer o corte. 


Estavam decorridos sessenta e dois minutos de jogo. Muito tempo portanto para jogar, e da minha parte a expectativa para ver se o Benfica iria mais uma vez cometer o erro de tentar defender o resultado, entregando a iniciativa ao adversário. Não foi isso que aconteceu. O Benfica continuou bem no jogo, com o Porto a conseguir apenas chegar perto da nossa baliza em bolas paradas. A precisar de carregar na procura do golo e perante a total inutilidade do Maxi Pereira, o Porto abdicou mesmo de jogar com um lateral de raiz e fez entrar o Corona para aquela posição, mas nem isso mudou grande coisa. O jogo caminhava para o final e eu estava plenamente convencido que a vitória já não nos fugiria, mas aos oitenta e três minutos o árbitro Veríssimo, que até aí nem tinha estado particularmente nefasto (depois de tantos jogos contra o Porto arbitrados pelo Soares Dias, uma arbitragem destas até nem parecia má de todo) resolveu aparecer e resolveu mostrar o segundo amarelo ao Lema de forma absurda, por um lance a meio campo. Para além de ter sérias dúvidas de que tenha sequer sido falta, mesmo se fosse nunca seria para cartão amarelo. O que é certo é que isto deu novo alento ao Porto, e da nossa parte foi altura de recuar o Alfa Semedo para central (tinha acabado de entrar) e cerrar fileiras. O Porto criou a sua melhor ocasião de golo numa iniciativa individual do Brahimi, tendo o seu remate cruzado passado muito perto do poste, mas no geral e apesar de uma pressão maior, continuou tudo muito como dantes, com o Porto apenas a conseguir chegar perto da nossa baliza em tudo o que fosse bola parada, que aproveitava para despejar para a área.



Melhor em campo, para mim, Rúben Dias. Mais do que uma bofetada, foi mesmo um murro de luva branca aos que semana após semana insistem em querer colar-lhe o rótulo de jogador violento. Foi uma exibição sem mácula, em que não me lembro de o ver perder um lance e limpou tudo, pelo ar e pelo chão. Mostrou a quem quis ver que é já um grande defesa central e que, consigamos nós segurá-lo, temos ali um líder para muitos anos. Uma palavra para o Lema, que se estreou a titular num jogo destes. Pareceu tremer um pouco no início, mas depois atinou e estava a fazer um bom jogo. Não merecia ter sido traído pelo árbitro. O Grimaldo é outro dos destaques, sem surpresa. Em particular quando se começou a soltar na segunda parte. Gostei também do Fejsa e do Seferovic, e já agora menciono também o Pizzi. Nao por ter feito uma exibição extraordinária, mas sim por ter mostrado uma atitude muito mais decidida e lutadora, como se exigia num jogo destes.

Este resultado permitiu-nos regressar ao topo da tabela antes de nova interrupção na competição. Temos que aproveitar o ímpeto e a motivação que um resultado destes dão e consolidar esta posição. Frente ao nosso maior adversário na luta pelo título, que não tem olhado a meios para nos derrubar, não nos deixámos intimidar e desta vez nem sequer mais uma arbitragem em tons dourados nos afastou da vitória. Esta tem que ser a atitude até final. A guerra que será este campeonato (guerra essa que foi declarada e nos está a ser movida desde o ano passado, sem quartel) só poderá ser ganha se encararmos cada jogo como uma batalha.

2 Comments:

At 10/08/2018 6:51 da tarde, Blogger joão carlos said...

A analise esta fiel aquilo que se passou em campo.


Continuo sem perceber a razão porque se guardam substituições para os últimos momentos de jogo, para supostamente queimar tempo, quando ela faz muito mais falta muito antes ainda por cima com a equipa a jogar com menos um e com alguns jogadores já desgastados não só pelo desenrolar deste jogo como do anterior em que tivemos uma parte inteira a jogar também com menos um é uma coisa inexplicável, a ultima substituição deveria ter sido feita imediatamente a seguir à expulsão.
Mais que justo uma referencia ao nosso ponta de lança que finalmente tem demonstrado aquilo que até agora nunca tinha conseguido demonstrar, que era ter capacidade de finalização, mesmo quando andava a jogar bem e que neste ultimo jogos finalmente conseguir que seja para continuar que um ponta de lança numa equipa como a nossa não pode só jogar bem tem de finalizar e muito.
Neste jogo tal como nos anteriores com este adversário existiu pouco risco, existiram muitas cautelas, mas o que fez a grande diferença foi a atitude a capacidade de luta por todas as bolas, mesmo em jogadores que pouco ou raramente tem esta atitude, e com este adversário tem sempre de ser assim ganhar os duelos, as bolas divididas e as segunda bolas e ou de uma vez por todas e finalmente a equipa ganha a consciência que para ter resultados positivos com este adversário é preciso sempre, mas sempre e não apenas esporadicamente, ter esta atitude com este adversário ou então vamos continuar a ter as dificuldades por que temos passados nestes largos anos.

 
At 10/17/2018 3:17 da tarde, Anonymous Sr. Bento Sopas Dos P0bres said...

Bacalao com tomate e muitas frituras do Benfica?
Mais ficar em casa e rebanadas dos Sopas Dos PObres
ta noite com Sr. Bento!

Visitem nos YA!

 

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