quinta-feira, dezembro 13, 2018

Longe

Num jogo em que o que estava em disputa eram os pontos para o ranking, que nos poderiam também dar o estatuto da cabeça de série depois da queda para a Liga Europa, e o prémio monetário pela vitória fizemos o suficiente para justificá-la, mas continuamos ainda longe das prometidas mudanças no nosso futebol.


Mudanças houve no ataque para este jogo, onde o João Félix e o Seferovic renderam o Zivkovic e o Jonas. Mais atrás, coube ao Alfa Semedo ocupar a posição do Fejsa. Sem grandes surpresas, já que o Jonas e o Fejsa têm treinado condicionados nos últimos dias. Quanto ao futebol, mais uma vez deitámos metade de um jogo fora. O que jogámos na primeira parte foi uma prova cabal do porquê das más prestações europeias nos últimos tempos e do consequente deslizar pela tabela abaixo em termos de ranking. Foi um compêndio do típico futebol sem objectivo concreto aparente que conseguimos tantas vezes jogar. Muita circulação de bola sem ninguém (acho que incluindo os próprios jogadores) conseguir perceber exactamente a que se destina, com quase nenhum remate ou situação de finalização. Por vezes fico com a sensação de que toda aquela circulação de bola tem como objectivo libertar um jogador mais atrasado no terreno para que a bola lhe possa ser passada com segurança. E depois parece que a equipa está obrigada a fazer sempre a bola passar pelos pés do Pizzi. Eu consigo ser dos maiores fãs do Pizzi quando ele está em forma, mas definitivamente isso não me parece o caso. Só em pouco mais de um quarto de hora acho que contei oito cruzamentos feitos para adversários ou zona de ninguém e outros tantos passes sem nexo. Isto inclui cantos e livres, que pelos vistos têm obrigatoriamente que ser marcados por ele, quase sempre da mesma maneira. Pergunto-me qual é a necessidade de ter sempre o Grimaldo perto da bola para simular que vai marcar para depois ser sempre o Pizzi a fazê-lo. Sempre. Toda a gente sabe que é o Pizzi quem vai marcar os livres que são para cruzar. Será que após cinquenta livres marcados da mesma forma, o adversário ainda estará desconfiado e na dúvida se será o Grimaldo a marcá-lo? O resultado deste futebol monótono que chegou mais uma vez a enervar o público nas bancadas foram duas ocasiões mais perigosas: um livre do Grimaldo que passou muito perto, e um remate do Seferovic perto do final da primeira parte, depois de recuperar a bola numa das raras ocasiões em que resolvemos ir incomodar e pressionar os defesas do AEK. De assinalar também que perdemos o Rafa por lesão, tendo dado o seu lugar ao Zivkovic.


Para a segunda parte pelo menos a atitude voltou logo um pouco diferente. Houve mais velocidade e agressividade, e a equipa tentou jogar de uma forma mais vertical. Muito por culpa do Grimaldo, que já tinha sido dos mais decididos na primeira parte, e também do Gedson, que melhorou bastante de produção. Mesmo sem deslumbrar, pelo menos começámos a rematar bastante mais (acho que chegámos ao intervalo com meia dúzia de remates feitos, e no final do jogo tínhamos bem mais de vinte). Mas o futebol da equipa só melhorou visivelmente a partir da hora de jogo, altura em que o Pizzi cedeu o seu lugar ao Cervi. Este foi encostar-se à esquerda, o João Félix passou para a direita, e o Zivkovic passou a jogar como interior esquerdo. O lado esquerdo ganhou bastante vitalidade e as triangulações e constantes trocas de posição entre o Grimaldo, o Cervi e o Zivkovic começaram a causar problemas ao AEK, que se mantinha firme na disposição de segurar um empate que não lhes tinha qualquer utilidade. Os gregos apenas por uma vez criaram algum perigo, num pontapé de canto em que conseguiram fazer a bola passar perto do poste num cabeceamento (de notar que numa dúzia de cantos, creio que o Benfica não conseguiu transformar sequer um numa ocasião de remate à baliza). O Seferovic entretanto também se fixou um pouco mais no centro do ataque e quando não era ele a finalizar, servia como boa referência para as entradas dos médios. O suíço teve a maior ocasião para inaugurar o marcador, ao cabecear à barra após cruzamento do Zivkovic, e na fase final do jogo foi dos que mais tentaram a finalização. Para os minutos finais o nosso treinador apostou no Castillo para o lugar do João Félix, mas numa fase inicial o chileno foi ocupar exactamente o mesmo lugar, encostando-se à direita e não jogando no meio para formar uma dupla com o Seferovic. O AEK nesta altura apenas tentava arrastar o empate até final e parecia que o iria conseguir, porque o Benfica rematava muito e acertava pouco. Chegámos a ter uma situação em que o guarda-redes grego ficou fora da baliza durante algum tempo e andou por ali perdido, e não conseguimos que nenhum dos nossos jogadores ficasse em situação de rematar, até que finalmente quando o Grimaldo o fez foi na direcção das mãos do guarda-redes, que entretanto tinha conseguido recuperar a posição. O Gedson ficou isolado após tabelar com o Seferovic, mas o guarda-redes grego conseguiu evitar o golo. A justiça no marcador acabou por acontecer a dois minutos do final, num livre directo superiormente marcado pelo Grimaldo, após uma falta de um jogador grego que lhe valeu o segundo amarelo. Logo a seguir, mais infelicidade para o Seferovic, que viu um grande remate à entrada da área levar a bola a bater na barra e depois no poste, antes de ressaltar para fora. O final chegou com o Benfica como justo vencedor, já que mesmo sem deslumbrar fomos de longe a única equipa que tentou ganhar este jogo.


O melhor do Benfica foi claramente o Grimaldo. Foi sempre dos mais decididos a ir para cima do adversário e a romper com o futebol de passes laterais sem objectivo que praticámos durante a primeira parte. Creio que quando o nosso lateral esquerdo é, durante largos minutos, o nosso jogador mais perigoso no ataque diz muito sobre o tipo de futebol que estávamos a praticar. O Seferovic também esteve bem e merecia um golo, o Gedson subiu bastante na segunda parte e o Zivkovic também esteve bem, em particular quando passou para interior. Por outro lado, continua a preocupar-me que jogadores indiscutíveis no onze como o André Almeida ou o Pizzi estejam em claro sub-rendimento, sem que daí haja qualquer consequência para eles. Por pior que joguem, a titularidade nunca parece estar ameaçada.

Está fechada mais uma campanha na Champions que não correu como desejaríamos. Vamos esperar que pelo menos na Liga Europa consigamos fazer melhor e amealhar mais uns pontos para o ranking. As mudanças no futebol jogado até agora não são visíveis, mas pelo menos desde aí ganhámos todos os jogos e não sofremos nenhum golo. Esperemos que a sequência se prolongue no próximo domingo.

1 Comments:

At 12/13/2018 6:52 da tarde, Blogger joão carlos said...

A analise esta fiel aquilo que se passou em campo.


O nosso ponta de lança fez um jogo bom, e foi sem duvida dos melhores e só não foi o melhor porque não decidiu o jogo e nem sequer marcou e esse é que é o busílis dele é que com tantas oportunidades que teve não poderia ter acabado o jogo sem sequer ter finalizado uma das que teve e pese embora o excesso de pontaria que teve em duas ocasiões seja mitigador não desculpa por completo é que se não for o ponta de lança a finalizar não temos nem médios nem defesas que o consigam fazer.
Com dois terços do jogo disputado eles tinham tantas oportunidades como nós, sendo que a nossa ainda por cima tinha sido um brinde dum jogadores deles, e a oportunidade deles ter sido de bola parada, numa das poucas que tiveram em toda a partida, isto em contraste com as nossas bolas paradas ofensivas que são confrangedores e algumas são só patéticas e como dizes e bem nem sequer perigo criamos quanto mais oportunidades de marcar dai resultantes, isto quando tivemos três ou quatro vezes mais lances destes que eles, embora o problema seja como já tenho dito varias vezes de quem executa os lances, sempre o mesmo, mas vai muito para alem de ser só esse o problema.
Mais uma lesão a gestão física deste treinador são as lesões de resto é utilizar os jogadores ao máximo e o máximo tempo possível até eles rebentarem e se eu acho que o problema terá outros responsáveis cada vez parece mais evidente que a culpa maior se deve à utilização intensivas dos jogadores sem existir uma rotação equilibrada, sobretudo com jogos atrás de jogos, e ou rapidamente se muda e inverte esta politica ou as lesões vão continuar e com elas os jogadores nunca vão poder ter continuados e constantes períodos de rendimento elevados.

 

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