sexta-feira, novembro 23, 2018

Miséria

Uma miséria de jogo contra o 14º classificado da Segunda Liga, do qual apenas se salva a passagem à próxima eliminatória da Taça de Portugal, arrancada a ferros com um golo já no período de compensação.



Foi uma equipa com várias alterações aquela que se apresentou frente ao Arouca: Svilar, Corchia, Conti, Alfa, Krovinovic (regresso após dez meses de ausência) e Zivkovic foram titulares, aos quais se juntaram Rúben Dias, Grimaldo, Gabriel, Jonas e Seferovic, num regresso ao 4-4-2 no qual o Krovinovic ocupava a ala esquerda. Mas mesmo todas estas alterações não servem de justificação para mais uma exibição tão pobre, onde voltámos a exibir os problemas e a cometer os erros do costume. Apesar de uma quase avassaladora superioridade na posse de bola, muita falta de ideias sobre o que fazer com ela resultou em muito poucas situações de finalização para o que seria exigível perante um adversário do escalão inferior. Muita circulação de bola lateral e muita falta de verticalidade, chegando a ser exasperante a incapacidade para desequilibrar ou romper a defesa do Arouca. E para não variar, os cada vez mais habituais desequilíbrios defensivos que tiveram mais uma vez como resultado sofrermos um golo na primeira vez que o adversário se acercou da nossa baliza. Uma transição rápida, um adversário a receber de forma inadmissível a bola em posição frontal, entre os dois centrais, e depois a soltá-a para a esquerda para uma finalização colocadíssima sem deixar possibilidades de defesa ao Svilar. Nesta altura passou-me pela cabeça (e tenho a certeza de que não fui o único) aquele jogo com o Gondomar - faz amanhã exactamente 16 anos que se disputou esse jogo, e eu estava na Luz nesse triste dia. O golo foi aos vinte minutos, e só na resposta criámos a primeira verdadeira ocasião de golo, um remate cruzado do Seferovic que passou muito perto do poste. Felizmente ainda conseguimos chegar ao empate antes do intervalo numa transição rápida conduzida pelo mesmo Seferovic pela esquerda, com passe para o Jonas na zona central e finalização deste com um remate forte.


Mais do mesmo após o intervalo, altura em que aproveitámos para trocar o Krovinovic pelo Rafa. Apesar das boas intenções deste último, que atravessa claramente a sua melhor fase desde que está no Benfica, as ocasiões de golo continuaram a ser muito escassas e a nossa equipa pareceu sempre afectada de uma desinspiração confrangedora. Mesmo a tradicional e expectável substituição do minuto 62, em que trocámos o Gabriel pelo Pizzi (é preocupante que até num jogo como este não conseguimos evitar ter que recorrer a jogadores fulcrais e com mais minutos de utilização como o Rúben, Grimaldo, Jonas ou Pizzi) pouco trouxe de novo e o jogo ia-se arrastando penosamente para um cada vez mais previsível prolongamento. O progressivo maior balanceamento ofensivo do Benfica (sem grandes resultados práticos, diga-se) ia deixando cada vez mais espaços atrás, porque eram cada vez menos os jogadores que se preocupavam em recuar quando perdíamos a bola, e a possibilidade do escândalo acontecer tornava-se assustadoramente real. E só não aconteceu porque o Svilar fez uma defesa espantosa por instinto a um cabeceamento que levava selo de golo, e logo na jogada a seguir um jogador adversário apareceu a finalizar a um metro da linha de golo, mas felizmente acertou mal a tentativa de rematar de calcanhar e a bola saiu fraca e à figura do nosso guarda-redes. O Benfica para os últimos minutos acabou a jogar de forma ainda mais ofensiva, tendo entrado o João Félix para o lugar do Grimaldo e o Zivkovic recuado para lateral esquerdo (houve alguém que ainda hoje é recordado por meter um criativo como o Bernardo Silva a jogar a lateral esquerdo, mas nos treinos, nunca o tentou num jogo a sério). Nem sei se foi realmente opção táctica ou necessidade, porque o Grimaldo levou tanta porrada durante o jogo que pareceu sair com problemas físicos - lá está, nem nestes jogos certos jogadores podem ser poupados e depois estamos sujeitos a isto. Em período de compensação, e quando já estávamos mais ou menos resignados a aturar mais meia hora daquilo, o Rafa lá nos poupou a isso. Cruzamento do Seferovic da esquerda (depois de ter andado várias vezes a tentar fazer cruzamentos da direita, ou seja, com o seu pior pé), tentativa de cabeceamento do Jonas na zona central que levou a bola para a zona do segundo poste, e o Rafa a conseguir antecipar-se à saída do guarda-redes e a colocar a bola na baliza, de ângulo apertado. Uff!


Melhores do Benfica ainda assim nesta pobreza de jogo: Seferovic, que esteve nos dois golos, com assistência para o primeiro e cruzamento para o segundo - aliás, praticamente os únicos desequilíbrios que o Benfica conseguia criar durante todo o jogo eram quando o Seferovic caía para os flancos, porque caso contrário nunca fomos capazes de os explorar decentemente via laterais/extremos; Jonas, que marcou o primeiro e esteve no segundo e nunca deixou de tentar vir atrás buscar e criar jogo, tendo acabado completamente esgotado; e o Rafa, por ter marcado o golo decisivo e ter ainda assim conseguido agitar um pouco o jogo com a sua entrada. Uma menção ainda para o Svilar, que não teve qualquer hipótese no golo mas cuja defesa provavelmente garantiu que não saíssemos já da Taça.

Por mais benevolente que queira ser, por mais optimismo que tente ter, não há outra forma de ver este jogo. Foi mau, demasiado mau contra um adversário deste calibre. Sem querer desrespeitar o Arouca, nós somos muito melhores e temos a obrigação de fazer muito melhor. Até a nossa equipa B, e prejudicada de forma descarada pela arbitragem, conseguiu ir ganhar a casa do Arouca esta época. Não sei se é falta de confiança da equipa, se é o treinador que não consegue fazer passar a mensagem aos jogadores, se estamos com uma quebra de forma, o que quer que seja é certo é que a jogar assim é altamente improvável que possamos terminar esta época com um sorriso na cara.

1 Comments:

At 11/23/2018 6:58 da tarde, Blogger joão carlos said...

Confrangedor a forma como a equipa domina o jogo sem que o adversário consiga sair sequer do seu meio campo mas depois isto tudo não se traduz em oportunidade, alias neste caso nem sequer jogadas de perigo, completamente inócua a forma de jogar e acabam por ser deles a primeira oportunidade da partida para mais na primeira vez que chegam á nossa área é uma completa incapacidade para desmontar equipas que se apresentam fechada, que são a generalidade das que temos no nosso campeonato, e sintomático disso é que só marcamos de contra ataque.
O nosso ponta de lança não jogou mal foi até dos poucos que mais se destacou com uma assistência e participação na jogada do segundo mas um ponta de lança, sobretudo contra este tipo de equipa, não pode ser o jogador que anda pelas faixas a fazer cruzamentos tem de estar muito mais tempo dentro da área e ter muito mais oportunidades, do que a única que dispôs em toda a partida, e sobretudo muito mais eficiência na finalização e nem é um caso tanto de qualidade mas de características.
Desta vez a invenção do treinador é forçada, por lesão do lateral esquerdo, e até se percebe dado o resultado, o adversário e o que restava que já não era muito e até porque quem quer que fosse seria sempre uma adaptação já que o outro defesa esquerdo do plantel também esta ele lesionado, não permitindo sequer dar descanso ao titular, e este é que continua a ser o um problema que continua sem resolução e que continua a condicionar e muito a equipa, sobretudo por quebrar o ritmo e a forma aos jogadores, mas que não explica tudo o que se tem passado para mais que continua sem solução, e pelos vistos nem parecer ser preocupação dos responsáveis da equipa.

 

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