sexta-feira, abril 12, 2019

Soberba

Foi um excelente resultado contra um opositor fortíssimo, que ainda não tinha perdido esta época na Liga Europa e que desde Dezembro que não perdia um jogo oficial (quinze jogos sem perder). Ainda assim deu para sair da Luz com alguma pena por não termos conseguido uma vantagem mais confortável para a segunda mão. Mas na memória de todos vai ficar a soberba exibição do João Félix, a anunciar o seu nome a toda a Europa.



Para não variar, imensas mexidas no onze. Foram seis as alterações em relação ao último jogo, tendo ficado de fora André Almeida, Ferro, Florentino, Pizzi, Taarabt e Seferovic, entrando Corchia, Jardel, Fejsa, Cervi, Gedson e Rafa. Pensei que o Rafa formaria a dupla de avançados com o João Félix, mas afinal o Benfica jogou num esquema mais próximo do 4-2-3-1, com o Rafa na direita e o Gedson no apoio ao avançado. O primeiro quarto de hora foi complicado para o Benfica. O Frankfurt apresentou-se a jogar com um ritmo muito forte, a pressionar no campo todo, com transições muito rápidas e a impedir que o Benfica saísse a jogar. Logo nos minutos iniciais passámos pelo primeiro susto, quando um erro do Jardel permitiu ao Jovic isolar-se e só a dobra feita pelo Grimaldo impediu o pior. Quando começámos a libertar-nos um pouco do colete alemão, a coisa não podia ter sido feita da melhor forma: o João Félix recebo a bola na zona frontal da área e quando se esperava um remate saiu um passe a isolar o Gedson, que foi derrubado pelas costas por um adversário. Penálti, vermelho e golo do João Félix. Os alemães não reagiram à expulsão como se calhar se esperaria. Não fizeram qualquer substituição, mantiveram os dois avançados e arriscaram manter-se a jogar com três defesas, deixando ao médio ala a tarefa de fechar a esquerda quando defendiam. Resultou daqui um jogo aberto e disputado sempre a um ritmo alto, adivinhando-se mais golos. Mas o Benfica, na minha opinião, não soube tirar partido da superioridade numérica e deixou mesmo que os alemães conseguissem fazer parecer que ela não existia. Era importante não sofrer golos, mas quem via o jogo facilmente concluía que seria difícil tal não acontecer. E isso confirmou-se a cinco minutos do intervalo, num lance em que acumulámos erro após erro até a bola entrar na nossa baliza. Primeiro, um passe feito para o Fejsa que já estava pressionado. Depois este, em vez de se desfazer da bola, agarrou-se demasiado a ela até ser desarmado. E a seguir, a bola sobrou para o Rebic, ficando uma situação de dois jogadores do Frankfurt para três defesas nossos. O que não seria grave, mas o Rúben Dias entrou à queima e foi facilmente batido e depois o Jardel simplesmente esqueceu-se de marcar o Jovic, que foi para quem seguiu a bola para este marcar um golo fácil. Felizmente a resposta foi imediata, pelos pés do João Félix para o golo da noite. Ainda bem de fora da área, remate a meia altura potentíssimo que fez a bola entrar junto do poste. Faltavam dois minutos para o intervalo e até lá o Cervi ainda desperdiçou duas ocasiões flagrantes de golo e o Frankfurt marcou mesmo na sequência de uma bola parada, mas o golo foi anulado por fora-de-jogo de um jogador que interferiu na jogada.


Na segunda parte o Benfica surgiu muito diferente e a mostrar finalmente capacidade para explorar a superioridade numérica. Muito mais certeza no passe e velocidade na circulação da bola e variação dos flancos e pela primeira vez vi o Frankfurt quase encostado às cordas. O Rafa deu o primeiro aviso ao atirar ao poste (o auxiliar ainda levantou a bandeira mas o árbitro ignorou porque a bola veio de um jogador alemão) e decorridos apenas cinco minutos estava feito o terceiro golo. Canto do Grimaldo na direita, desvio do João Félix ao primeiro poste e o Rúben Dias surgiu completamente sozinho em frente à baliza para cabecear. Os cantos estudados que o Benfica tentou sempre acabaram por dar resultado - o posicionamento dos jogadores antes do canto ser marcado e a forma como se movimentam é algo pouco visto. Quatro minutos depois, mais um golo e hat trick do João Félix. Um exemplo perfeito da forma como o Benfica estava a saber explorar a superioridade numérica, com a bola a ser torcada entre os nossos jogadores até viajar rapidamente da direita para a esquerda, situação que nos deixou imediatamente numa situação de 5 x 4. A bola seguiu para o Grimaldo, que entrou na área e fez o passe atrasado para a entrada da mesma, onde estava o João Félix para fazer o remate final. Nesta altura o Benfica estava muito por cima no jogo e o cenário mais provável seria marcarmos ainda mais e deixar a eliminatória muito bem encaminhada. O Seferovic entrou para o lugar do Rafa a meia hora do final e dez minutos depois dispôs de uma ocasião flagrante para fazer isso mesmo. Isolado por um passe do João Félix (sempre ele) acabou por permitir a defesa ao Trapp. Não marcámos nós e quase na resposta marcou o Frankfurt. Num pontapé de canto (resultado de uma asneira do Pizzi, que poucos minutos antes tinha rendido o lesionado Corchia) e apesar da superioridade numérica, de alguma forma o Gonçalo Paciência foi deixado completamente à vontade para cabecear sem sequer tirar os pés do chão e relançar a eliminatória. Culpas maiores para o Jardel neste lance, que é quem falha a marcação e o corte. Depois disto os alemães foram mais cautelosos (nunca deixaram de tentar o golo, mas passaram a jogar com quatro defesas fixos) e o resultado manteve-se até final sem grandes ocasiões de parte a parte - apenas um remate com algum perigo para cada uma das equipas.


Nem seria necessário dizer que o homem do jogo foi o João Félix. Três golos, assistência para o outro, tendo ainda sido dele o passe para o Gedson acabar derrubado no lance do penálti, e ainda aquele passe a isolar o Seferovic que podia ter dado o quinto golo. Foi uma exibição sem mácula que só deverá ter servido para atrair ainda mais atenções sobre si. Para além dele, grande jogo do Samaris, e ainda menções para o Rúben Dias e o Grimaldo. No oposto, Jardel e Fejsa ainda a mostrarem muita falta de ritmo, e estiveram ligados aos dois golos que sofremos.

Estamos em vantagem mas a eliminatória está muito longe de estar decidida. O Frankfurt é uma equipa muito forte e tem mais do que capacidade para virar este resultado. E quando nos lembramos do registo absolutamente horrível que o Benfica tem a jogar na Alemanha, parece-me que qualquer tipo de optimismo exagerado será descabido. Por agora, foco na Liga e no Setúbal, que passou a ser agora o jogo mais importante da época, como o serão todos os jogos que se seguem.

P.S.- Não gosto de escrever estas coisas, mas nos jogos europeus normalmente o público da Luz é algo diferente do habitual. Para os benfiquistas que esta noite lá foram e que se entreteram a assobiar esporadicamente a equipa nos minutos finais só porque não se atiravam desenfreadamente para o ataque, para a próxima se calhar é melhor pensarem duas vezes e ficarem por casa. A atitude é ainda mais aberrante quando comparamos com a imensa falange de apoio que o Frankfurt trouxe, que mesmo a perder por 4-1 e com a equipa encostada às cordas não se calou um minuto no apoio à sua equipa.

1 Comments:

At 4/12/2019 7:04 da tarde, Blogger joão carlos said...

A analise esta fiel aquilo que se passou em campo.


O nosso treinador esteve muito bem ao mudar a táctica, porque existem jogos em que só dois jogadores no meio campo é curto, mas esteve muito mal nas substituições já que não só mudou a táctica, que nada o estava a justificar, como acabou por arriscar nas mesmas quando na altura em que as fez nada o pedia alias aquele momento o que se pedia era refrescar e não arriscar e mesmo a segunda substituição, forçada, não serve inteiramente de desculpa já que o erro já tinha sido cometido anteriormente.
O que existiu foi um bocadinho de soberba de alguns jogadores após termos ficado com mais um jogador em campo sempre que as coisas aparentam não ser difíceis os jogadores facilitam e foi só depois de o jogo se complicar que voltamos a ter a atitude que nunca devíamos de deixar de ter e mais uma vez não aprendendo voltamos a facilitar e não só defensivamente ofensivamente voltamos mais uma vez a desperdiçar um lance só com o guarda redes pela frente já são incontáveis este tipo de lances e sempre com o mesmo desfecho e a taxa de desacerto é qualquer coisa de incrível.
Três treinadores diferente outros tantos preparadores físicos, se não mais, e o numero de lesões na equipa continua em nível assustadoramente altos assim não existe plantel que resista nem é possível fazer uma gestão eficaz, nem jogadores prontos para ela, já que as lesões quebram o rendimento dos jogadores que depois demoram a voltar ao ritmo, como se tem visto, e ou rapidamente e de uma vez por todas resolvemos este problema, que já é estrutural, das lesões ou vamos passar por dificuldades.

 

Enviar um comentário

<< Home