domingo, janeiro 05, 2020

Letal

Este foi para mim o jogo mais difícil que vi o Benfica da era Lage fazer. O Vitória conseguiu tirar a bola ao Benfica, e num jogo disputado a um ritmo muito elevado foi preciso um Benfica letal no ataque e muito concentrado na defesa para trazer de Guimarães os três pontos.

Ano novo, velho onze: foram exactamente os mesmos que nos últimos jogos têm conseguido boas exibições e vitórias. As dificuldades que enfrentaríamos neste jogo ficaram visíveis desde o apito inicial. O Vitória pressionou no campo todo e conseguiu cortar à partida quase todas as jogadas de ataque do Benfica. Acho que no primeiro quarto de hora mal conseguimos passar do meio campo. O Vitória conseguia sempre atacar com muita gente e insistia muito pelo nosso lado direito, onde o Davison se ia repetidamente atirando para o chão e arrancando faltas até sacar um amarelo ao Tomás Tavares. O Benfica acabou por ser letal e chegou ao golo aos vinte e três minutos na primeira jogada de ataque bem construída que conseguiu, e no primeiro remate à baliza. O Chiquinho soltou para a entrada do Pizzi na área, pela direita, e este devolveu-lhe a bola, mas apareceu ali o Cervi que rematou de pé direito e sem muita força, mas a suficiente para levar a bola para o fundo da baliza. Esse remate acabou por ser mesmo o único que fizemos durante a primeira parte. O Vitória continuou por cima do jogo e a ameaçar a nossa baliza, chegando mesmo a criar uma boa ocasião de golo, que o Vlachodimos negou com uma defesa brilhante. De resto, com maior ou menor dificuldade, fomos conseguindo resolver os problemas que o Vitória nos ia criando.

Na segunda parte o cenário foi mais ou menos o mesmo, mas o Benfica conseguiu controlar melhor o ímpeto vitoriano, até porque a opção da nossa equipa pareceu-me ser claramente encolher as linhas e jogar na contenção, abdicando mais do ataque - o Vinícius foi um jogador muito só na frente. A maior ocasião de perigo resultou de um erro crasso do Vlachodimos, que largou uma bola fácil vinda de um cruzamento, mas depois acabou por resolver a situação com uma defesa de reflexo brilhante. De resto não houve muitas situações dignas de menção, à excepção dos repetidos disparates por parte dos nossos adeptos, que insistiam em atirar tochas para o relvado e provocando assim a interrupção do jogo (de certeza que vamos pagar isto bem caro). As substituições que fizemos também apontaram nesse sentido - não alterámos muito o esquema táctico, mas fomos refrescando as posições com jogadores para ajudar a segurar o resultado, em particular a troca do Chiquinho pelo Samaris, que foi ocupar a posição mais recuada do meio campo e levou ao adiantamento consequente do Gabriel e do Taarabt. O Pizzi teve uma grande ocasião de golo numa jogada muito simples, onde o Tomás Tavares recebeu um passe longo para as costas da defesa e deixou a bola para o remate do Pizzi isolado. Mas depois de ver a repetição do lance tenho quase a certeza que se resultasse em golo este seria anulado por posição irregular do Tomás Tavares. Já em período de descontos o Gabriel ainda obrigou o guarda-redes do Vitória a uma boa defesa na marcação de um livre, e o Vitória ficou reduzido a dez por expulsão do Rochinha, mas isso não teve qualquer influência porque praticamente não se jogou daí até ao apito final.

Num jogo muito solidário e sem momentos de grande brilho o maior destaque na equipa do Benfica foi mesmo o Vlachodimos, que foi fundamental na manutenção da vantagem mínima. O Cervi marcou o golo da vitória e trabalhou muito - foi quase um segundo defesa lateral esquerdo - tal como o Taarabt, que teve quase sempre muita cabeça com a bola nos pés e recuperou várias bolas. O Pizzi teve um jogo muito pouco conseguido, mas para variar acabou por ser decisivo, já que é dele a assistência para o golo.

Estes três pontos são daqueles que costumam valer campeonatos. Conforme disse, achei que foi talvez o jogo mais difícil que vi o Benfica fazer na era Lage. O Vitória é uma equipa que joga muito futebol, que tem no Ivo Vieira um treinador que eu respeito muito, e que a jogar em casa soube manter-se fiel aos seus princípios de jogo. Foi bom regressar do interregno e manter a tendência de vitória, colocando mais um pouco de pressão nos nossos perseguidores mais próximos para o jogo de amanhã.

1 Comments:

At 1/05/2020 7:08 da tarde, Blogger joão carlos said...

O post esta um espelho daquilo que se passou em campo.


A nossa dificuldade em termos defensivos até se percebe já que é sempre difícil jogar neste estádio e para mais quando eles tem uma boa equipa e estão bem orientados até se percebe a nossa dificuldade inicial para sair para o ataque já que eles condicionaram muito essa saída e sabiam onde condicionar o que já não se percebe é quando conseguimos sair dessa primeira pressão que eles faziam nunca conseguimos fazer o nosso jogo porque perdíamos de imediato a bola sempre por erros não forçados com passes errados, alguns sem dificuldade, e com muito pouca ligação entre os jogadores que a maioria parecia preso de ideias.
Nestes jogos de maior dificuldade jogar só com dois jogadores no meio campo é insuficiente e a nossa melhoria, embora ligeira, no recomeço do jogo só se deveu a que o nosso segundo avançado passou a jogar mais como terceiro médio do que como apoio do ponta de lança mas a grande diferença só se verificou quando passamos a jogar declaradamente com três médio conseguindo estancar os ataques deles e ter depois disso mais oportunidades nesses poucos minutos do que no restante jogo todo.
Existe a ideia que após as paragens para as competições existe sempre alguma quebra no ritmo mas depois verificamos que os adversários com quem jogamos, que tem o mesmo período de inactividade, não sofrem do mesmo problema mais esta falta de ritmo afecta quase sempre os mesmos jogadores e se ela é notória não se percebe como é que não se fazem jogos particulares no meio para evitar, ou minorar, o problema e ou resolvemos esta questão ou depois de cada paragem vamos passar por dificuldades.

 

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