domingo, dezembro 01, 2019

Confirmação

O Marítimo foi uma presa fácil para o Benfica, que venceu por números expressivos e a fazer lembrar os melhores momentos da época passada. Já tinha algumas saudades de golear e mesmo assim chegar ao fim do jogo a achar que soube a pouco, porque o resultado poderia ter sido ainda mais dilatado.


Apresentámos o mesmo onze da Champions em Leipzig, o que se pode considerar uma raridade esta época - as constantes alterações no onze titular, especialmente entre jogos europeus e domésticos, têm sido uma constante. O Marítimo apresentou-se na Luz com a intenção de enfrentar o Benfica olhos nos olhos. Três jogadores sempre bem subidos a pressionar a saída de bola do Benfica, pressão agressiva em quase todo o campo e vários jogadores muito rápidos no onze, que tentavam sair sempre rápido e em número para o ataque. Mas se o Benfica estiver em dia sim, normalmente este tipo de atrevimento paga-se caro. E o Benfica estava em dia sim, particularmente na finalização, pois fomos bastante eficazes nesse particular. Com jogadores como o Taarabt, Pizzi, Chiquinho ou Vinícius em destaque, bastaram oito minutos para o Benfica ficar em vantagem. Bola metida no interior da área para o Vinícius, que a protegeu e soltou no momento certo para o remate do Pizzi, vindo de trás. Assistimos depois a um esforço hercúleo por parte do VAR para encontrar alguma coisa que lhe permitisse anular o golo, o que significou vários minutos de pausa à espera de uma decisão. Nove minutos depois, inverteram-se os papéis, sendo o Pizzi a oferecer o golo ao Vinícius. Um dos destaques na jogada foi o passe do Taarabt pelo meio da defesa do Marítimo, que deixou o Pizzi isolado, Depois foi só dar um pequeno toque para o lado, para permitir a finalização do Vinícius. Nesta fase, apesar de ter passado ainda tão pouco tempo, já via o jogo com aquele conforto de pensar quantos golos mais é que o Benfica iria marcar, porque o controlo era total. O terceiro golo chegou pouco depois da meia hora, numa incursão do Pizzi pela direita para depois cruzar para a finalização do Vinícius do lado oposto. O golo é claramente do Vinícius - a bola encaminhava-se para a baliza deserta - mas como houve um defesa do Marítimo que desviou a bola ainda antes dela entrar a Liga já fez o favor de retirar o golo ao nosso avançado para o considerar um autogolo. O festival continuou e o Vinícius até voltou a marcar, após mais um grande passe do Taarabt, mas o lance foi anulado por fora-de-jogo.

Mais do mesmo na segunda parte, com a novidade do Tomás Tavares no lugar do André Almeida, e a expectativa de ver uma goleada bem robusta era cada vez mais maior. Até porque bastaram dez minutos para surgir o quarto golo. Mais um passe do Taarabt, desta vez para o Chiquinho, que progrediu pelo meio e fez um grande remate que foi defendido pelo guarda-redes, mas o Vinícius chegou primeiro ao ressalto e fez a recarga com sucesso. Estava eu a ter um início de noite tão tranquilo e já tão convicto que tinha ainda mais de meia hora de futebol e golos do Benfica pela frente, e o Gabriel teve uma paragem cerebral - fez uma falta dura perfeitamente escusada, junto à linha lateral ainda no meio campo do Marítimo - e viu o segundo cartão amarelo, sendo diligentemente expulso. Foi visível a irritação do Bruno Lage no banco com este lance, e eu compreendo-o perfeitamente porque a minha irritação foi certamente comparável. Foi um balde de água fria numa noite que estava a ser quase perfeita. Claro que o jogo por essa altura estava praticamente decidido - ainda havia meia hora para jogar, mas com quatro golos de vantagem e uma superioridade tão evidente no jogo só mesmo uma hecatombe de proporções bíblicas é que nos impediria de vencer o jogo. Passámos obviamente a ter menos bola, mas de qualquer maneira ainda continuou a sensação de que poderíamos marcar mais algum golo, particularmente durante os minutos finais, depois do Jota ter substituído o Cervi. O Marítimo, por sua vez, não conseguiu aproveitar nada da superioridade numérica, pois o Vlachodimos raramente teve uma situação mais difícil para resolver.

Com três golos marcados e uma assistência, o Vinícius é obviamente o homem do jogo. Mas esteve muito bem acompanhado pelo Pizzi ou pelo Taarabt. Gostei também bastante do jogo do Chiquinho. Uma menção ainda para o Tomás Tavares, que achei que entrou bem no jogo.

Independentemente da desilusão pelo empate, já tinha ficado satisfeito com a exibição em Leipzig. Este jogo, com o mesmo onze, parece ter sido uma confirmação das melhorias apresentadas nesse jogo. A equipa mostra algumas boas dinâmicas, o Vinícius está a ser uma óptima referência na área - não só em termos de finalização mas também como presença física, sendo capaz de fixar os defesas e segurar a bola para as entradas dos médios - e imagino o que ainda podemos melhorar, por exemplo quando o Rafa regressar da lesão. Apesar dos esforços incessantes da parte de muita gente para criar a ilusão de instabilidade ao redor do nosso treinador, parece-me que este acabou de lhes dar mais uma resposta bem à altura. É que eu não tenho a menor dúvida da enorme alegria que os nossos inimigos teriam se por acaso o Benfica resolvesse fazer a asneira de trocar de treinador.