Raça
Depois de uma primeira parte deplorável conseguimos dar a volta na segundo e regressar dos Açores com os três pontos. À falta de inspiração, a reviravolta teve que ser feita com base na raça, e por isso pelo menos é de assinalar a vontade que a equipa mostrou em dar a volta à situação e ir à procura da vitória.
Foi o regresso a um onze mais expectável. A titularidade do Jardel nem foi surpreendente, dada a lesão do Ferro em Lyon, e na frente desta vez foi o Seferovic a formar dupla com o Chiquinho. Cedo se percebeu que tínhamos pela frente um jogo muito difícil. O Benfica foi manifestamente incapaz de ultrapassar a teia montada pelo Santa Clara, e passou a maior parte do tempo a lateralizar jogo, trocando a bola entre centrais, médios e laterais sem ser capaz de progredir no terreno de jogo. As poucas tentativas de passes de ruptura nunca resultaram - a tarefa foi quase sempre executada pelo Gabriel, que esteve um autêntico desastre neste particular. Aliás o nosso meio campo no geral foi perfeitamente anulado pelo Santa Clara, já que nem mesmo o Pizzi conseguiu ter qualquer tipo de influência no jogo quando vinha para a zona central, e o Florentino era um jogador redundante. O Santa Clara, quando recuperava a bola, conseguia sair rapidamente para o ataque em dois ou três toques e assim criar perigo. Foi numa jogada dessas que se colocaram em vantagem, ainda antes do primeiro quarto de hora de jogo. Um cruzamento largo a partir da esquerda da nossa defesa e depois o adversário ganhou no confronto directo com o André Almeida e cabeceou para golo. Adivinhavam-se grandes dificuldades para o Benfica, porque mesmo em desvantagem não fomos capazes de mudar a nossa forma de jogar e o Santa Clara continuava a ser perigoso nas poucas vezes em que saía para o ataque, ameaçando um segundo golo. Não sei sequer se o Benfica chegou a fazer um remate à baliza durante todo o primeiro tempo.
Na entrada para a segunda parte trocámos logo o Florentino pelo Vinícius, passando o Chiquinho para a zona central. Nos minutos iniciais o Santa Clara ainda conseguiu uma ou outra saída para o ataque, mas o Benfica foi progressivamente tomando conta do jogo até ao ponto em que se passou a jogar quase exclusivamente no meio campo do Santa Clara, sendo que mesmo as tentativas dos açorianos de sair para o ataque eram imediatamente cortadas. Em termos ofensivos é que as coisas continuavam a não ser as melhores para nós, já que o caudal ofensivo não se reflectia em ocasiões de golo em número suficiente. Mas pelo menos já conseguíamos fazer a bola circular com maior velocidade e causar desequilíbrios na muralha do Santa Clara. O primeiro grande sinal de perigo foi dado pelo Rúben Dias, num pontapé de canto, mas o guarda-redes adversário defendeu por instinto. Mas logo no minuto seguinte, e ainda antes de se completarem dez minutos na segunda parte, chegámos ao empate. Bola do Chiquinho para o Pizzi na direita, que ultrapassou o defesa no um para um e depois cruzou tenso e rasteiro para o Vinícius finalizar à boca da baliza. No período a seguir ao empate a pressão do Benfica intensificou-se, mas as ocasiões de perigo continuavam a não ser suficientes em número ou qualidade e a manutenção do empate até final era uma ameaça real. Trocámos o Cervi pelo Taarabt, que foi para o meio passando o Chiquinho para a direita e o Pizzi para a esquerda, mas a substituição não teve efeitos imediatos. O Santa Clara até pareceu começar a conseguir acalmar o ritmo de jogo conforme lhe convinha, libertando-se da pressão a que tinha estado sujeito. Até que a doze minutos do final, um mau alívio da defesa fez a bola ir parar aos pés do Seferovic a meio do meio campo açoriano. O suíço progrediu até à entrada da área chamando a si os defesas, e depois soltou para o Pizzi que, descaído sobre a esquerda, finalizou à saída do guarda-redes. Estava consumada a reviravolta, mas até podermos festejar a vitória ainda tivemos que passar por um enorme calafrio, quando em período de compensação o Ukra surgiu solto e rematou cruzado, fazendo a bola passar a centímetros do poste.
Melhor do Benfica tem que ser o Pizzi. Assistência para o primeiro golo e golo da vitória. Ser decisivo já se tornou um hábito para ele. De resto não consigo destacar mais ninguém numa exibição com tão pouco brilho.
Valeu, e muito, a vitória num campo complicado contra um adversário difícil. Mais difícil ainda porque foi um jogo fora arbitrado pelo inefável Artur Soares Dias, que conseguiu ignorar olimpicamente um penálti descarado sobre o Cervi nos minutos finais da primeira parte - ignorar penáltis a favor do Benfica é uma das principais qualidades que têm permitido a este árbitro progredir na carreira. Conforme escrevi no início, a exibição não foi lá grande coisa, mas fico satisfeito com a vontade mostrada pelos jogadores em dar a volta à situação. Quando há atitude, a probabilidade de sermos felizes é maior.
1 Comments:
Voltamos aos tempos em que damos uma parte de avanço aos outros em que praticamos esse desporto, ainda sem nome conhecido, que tem a fantástica arte de circular a bola mas sem ir a lado nenhum que também já se via com o anterior treinador é que nem uma oportunidade nesse período para amostra mas o que ainda me irritou mais foi que depois de termos anulado a desvantagem deixamos de criar perigo é que nem era criar, ou ter, menos oportunidades do que aquilo que estávamos a produzir ou a dominar foi pura e simplesmente deixarmos de as ter.
Não me parece que seja solução só ter como opção o jogo interior e quando ele não resulta lançar para dentro de campo mais jogadores para esse tipo de jogo, não tendo sequer no banco uma única opção para o lugar de extremo, e quando se tira o único que temos só nos resta atacar da mesma forma que desse modo fica ainda mais previsível para o adversário defender e aquilo que nos últimos jogos tinha sido uma melhoria, porque diversificamos a nossa maneira de atacar e desse modo criamos duvida nos adversários, voltamos a desbaratar voltado ao de sempre e do mesmo.
Quer me parecer que alguma coisa não esta a ser bem passada no discurso é que uma coisa é a equipa ser paciente e ter paciência em atacar e não entrar em precipitações outra é estar pacientemente à espera que as coisa aconteçam é que isso é o que parece quando em metade do tempo de jogo se cria uma, ou nenhuma como foi este o caso, oportunidade o que é inadmissível temos obrigatoriamente de produzir muito mais sobretudo para aquilo que atacamos e dominamos no jogo e ou se altera e corrige a mensagem e o discurso ou vamos passar por dificuldades.
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