Contrasenso
Uma equipa transfigurada resultou numa exibição muito pobre e um resultado ridículo contra o Covilhã, que compromete seriamente as nossas aspirações na taça da liga.
O Rúben Dias foi o único sobrevivente do onze apresentado nos dois últimos jogos. De resto foi quase um Benfica 'made in' Seixal: mais seis jogadores formados no clube - Zlobin, Tomás Tavares, Nuno Tavares, Florentino, Gedson, e Jota - reforçados com o Jardel, Samaris, Zivkovic e De Tomas. Pouco há a dizer sobre a qualidade do futebol jogado, porque foi pobre. Para além de termos praticamente começado o jogo a tentar oferecer um golo ao adversário, num mau passe do Zlobin para o Rúben que depois o próprio Zlobin acabou por resolver, conseguimos ainda desperdiçar de forma escandalosa as poucas ocasiões flagrantes que construímos. O Gedson conseguiu cabecear à barra quando estava a pouco mais de um metro da linha de golo, e o De Tomas, isolado por um grande passe do Tomás Tavares, rematou à figura do guarda-redes com a convicção de quem já tinha a certeza de que não iria marcar. No meio campo o Samaris fazia todos os possíveis para conseguir chegar ao intervalo com o impressionante registo de 100% de passes falhados, enquanto o Gedson tentava maximizar a estatística de perdas de bola. Ao intervalo ficou o Florentino no balneário e regressou o Vinícius, mas conseguimos que o Covilhã se apanhasse em vantagem praticamente sem saber como logo na primeira jogada: um corte destrambelhado do Jardel (deve ter sido feito de olhos fechados) atirou a bola contra o Rúben e o ressalto deixou um adversário isolado. O Benfica reagiu obviamente ao golo aumentando o ritmo, mas com muito pouco discernimento, enquanto que o Covilhã foi fazendo pela vida com toda a gente a defender e umas simulações de lesões para queimar tempo. Ainda recorremos ao Pizzi e ao Taarabt para os lugares do Samaris e do Zivkovic (desconfio que se arrisca a ser um dos bodes expiatórios, mas sinceramente nem me pareceu que estivesse a ser dos piores e não tenho muito a apontar à sua atitude) mas a jogada padrão da equipa era soltar o Nuno Tavares na esquerda para fazer cruzamentos. E como o miúdo cruza bem até conseguimos criar algum perigo, mas normalmente acabava por aparecer sempre um defesa para cortar, e quando isso não acontecia os nossos avançados já tinham previamente desistido dos lances. As excepções aos cruzamentos do Nuno Tavares na esquerda eram cruzamentos largos do Tomás Tavares na direita, com o mesmo desfecho. A cerca de dez minutos do final o Jota aproveitou uma bola solta à entrada da área para fazer o seu primeiro golo pela equipa principal e empatar o jogo, mas não deu para mais.
Creio que foi um jogo que serviu para mostrar porque motivo alguns jogadores não são opções regulares na equipa, isto por mais que os adeptos reclamem a sua presença. Claro que mesmo com a equipa apresentada o Benfica tinha mais do que obrigação de ganhar este jogo, e não o tendo feito arrisca-se a ficar dependente de terceiros para continuar na taça da liga. A aparente falta de motivação de certos jogadores nestes jogos contra equipas de menor dimensão é um contrasenso. Se esperam mais oportunidades na equipa têm que aproveitar estas ocasiões para mostrar serviço. No entanto isso não tem acontecido, e quando acabam por entrar os habituais titulares estes parecem mostrar mais vontade do que os que estavam em campo. Num jogo em que não faço destaques, assinalo pelo menos o golo do Jota, porque era algo que ele claramente procurava já há algum tempo. Pena não tenha tido o enquadramento mais feliz para marcar a ocasião.
Uma palavra para o árbitro, Rui Oliveira. Não conhecia a criatura, mas terá certamente um futuro auspicioso. Vem da AF Porto, o que é sempre um grande cartão de visita, e ontem ignorou o que me pareceu um penálti clássico do guarda-redes sobre o De Tomas, conseguindo depois nos instantes finais transformar uma placagem ao Jardel de um jogador do Covilhã, que estava no chão depois de ter caído sozinho, numa falta contra o Benfica. Um livre extremamente perigoso à entrada da área não convinha nada naquela altura. Temos homem.
1 Comments:
Só que eu não acho que seja apenas um problema de alguns jogadores perante adversários mais fracos é um problema de todos os jogadores, sejam os titulares ou os menos utilizados, alias basta ver o jogo para a taça com um adversário ainda inferior em que jogaram vários titulares e a atitude foi a mesma, se não pior, dos titulares e dos menos utilizados nesse jogo até acho que olhando para a época passada e para esta época até acho que esta falta de motivação não é apenas uma questão de adversários mais fracos ou não é uma questão de determinadas competições numas existe empenho noutras não.
Considerando que esta competição é para clubes como o nosso para rodar jogadores e dar minutos aos menos utilizados e se considerarmos o que foi a nossa participação desde o inicio nesta competição vemos claramente que estes últimos quatro anos mostram claramente que a qualidade dos nossos planteis na sua globalidade, e em especial nas alternativas aos titulares, tem diminuído consideravelmente a que se tem de somar este anos a existência de demasiados jovens a jogarem ao mesmo tempo como foi o caso e como vimos não é nada bom para o clube e o pior é que nem para os jovens sequer serve.
O que temos visto é uma desvalorização de certas competições que tem muito mais a ver com a atitude como se encara os jogos do que propriamente pelas escolhas feita que resta saber se é uma coisa que vem do treinador, ou da estrutura, mas se não é uma desvalorização destes é dos jogadores e então o treinador tem demonstrado uma incapacidade gritante para alterar a situação e se não se pode conquistar sempre, nem tudo, existe no entanto mínimos que se devem fazer e ou o treinador inverte a sua postura, ou tem capacidade para resolver a situação, ou vamos passar por dificuldades.
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