sexta-feira, abril 08, 2011

Luxo

Creio que se disser que a vitória do Benfica sobre o PSV por quatro a um é um resultado escasso para aquilo que se viu em campo, isso dará uma ideia bastante aproximada do quão superior foi o Benfica ao PSV esta noite. Quatro foram os que entraram, e terão ficado talvez no mínimo outros quatro por marcar. Uma grande noite europeia, com exibição de luxo num Estádio da Luz cheio.

Com o regresso do Maxi à direita, o Benfica alinhou com o seu onze base desta época, apenas com uma alteração no centro da defesa, onde o Jardel ocupou o lugar que habitualmente é do Sídnei. O Benfica iniciou o jogo de forma a não deixar quaisquer dúvidas sobre as suas intenções: carregar sobre o adversário e construir um resultado que nos permitisse uma segunda mão descansada. E percebeu-se cedo que o PSV teria muitas dificuldades para lidar com a nossa velocidade e movimentação no ataque, onde, com o apoio importante dos laterais, os nossos argentinos iam fazendo a cabeça em água à defesa adversária. Aos sete minutos, o Saviola criou a primeira grande ocasião, atirando ao poste depois de uma bonita rotação, e motivando ainda mais o Benfica para um pressão constante sobre o PSV, que só ao fim dos primeiros vinte minutos conseguiu respirar um pouco. Mas foi como se o Benfica tivesse abrandado durante dez minutos apenas para ganhar fôlego para um novo assalto à baliza holandesa. O mote foi dado por um grande remate do Cardozo, a proporcionar uma grande defesa ao guarda-redes, e a partir daí a pressão foi sempre muito intensa até ao intervalo. O golo adivinhava-se a qualquer momento, e a bola até chegou a entrar na baliza, mas o Cardozo estava deslocado. Mas aos trinta e sete minutos valeu mesmo: depois de uma boa combinação entre o Coentrão e o Gaitán na esquerda, o centro rasteiro deste não chegou ao Cardozo, mas a bola ficou solta na área, onde surgiu o Aimar a rematar de primeira entre os defesas para o primeiro golo. O golo não fez diminuir a intensidade do nosso jogo, e o ataque constante continuou, sendo recompensado mesmo sobre o apito para o intervalo com mais um golo (numa altura em que alguns 'impacientes' já se dedicavam à sua actividade favorita de assobiarem a sua própria equipa). Primeiro, foi o Maxi que passou por toda a gente na direita, mas de forma incrível não conseguiu oferecer o golo ao Saviola ou ao Cardozo; depois, no seguimento da jogada, a bola viajou até à esquerda, houve nova combinação entre o Gaitán e o Coentrão, e este centrou rasteiro para a entrada da pequena área, onde o Salvio finalizou com classe, fechando da melhor maneira a primeira parte.

A segunda parte trouxe mais do mesmo, com o Benfica a carregar sempre, e o PSV a conseguir pouco mais do que ver-nos jogar. Após seis minutos, e já depois de termos ameaçado a baliza do PSV por duas vezes, chegou o terceiro golo, numa iniciativa do Salvio pela direita, que depois de ganhar um ressalto a um defesa, fintou um segundo e rematou cruzado para o poste mais distante. O resultado dilatado forçou o PSV a tentar vir para a frente (incrivelmente, apesar de todos os buracos que o Benfica conseguia abrir naquela defesa, o PSV estava a tentar jogar com algumas cautelas defensivas). Conseguiram assim aproximar-se um pouco mais da nossa baliza, mas ao mesmo tempo abriram ainda mais espaços atrás, e de cada vez que o Benfica recuperava a bola e saía para o ataque dava a sensação de que poderia chegar mais um golo. O Saviola e o Cardozo estiveram ambos mais uma vez perto do golo, mas o argentino rematou por cima num lance, e cabeceou contra um defesa no outro, enquanto que o paraguaio viu o guarda-redes negar-lhe o golo com uma defesa incrível. E quando nada fazia crer que o conseguisse, o PSV conseguiu marcar, numa recarga à boca da baliza, aproveitando uma bola cruzada da esquerda que o Roberto não conseguiu agarrar. Faltavam dez minutos para o final, e o Benfica ainda reagiu e procurou mais um golo, que veio a conseguir já no período de compensação (e mais uma vez debaixo dos assobios dos 'impacientes' - a sério, se é para se chatearem, que tal ficarem em casa?) Mais uma grande incursão do incansável Maxi pela direita, que evitou um defesa e depois colocou a bola nos pés do Saviola. Este, de costas para a baliza, rodou sobre o seu marcador e finalmente marcou o golo que procurou durante todo o jogo - e bem o mereceu.

Muitos jogadores do Benfica em grande plano esta noite, mas a minha escolha pessoal vai para o Maxi Pereira. Não marcou nenhum golo, mas deu-os a marcar. Esteve imparável durante todo o jogo no apoio ao ataque, e praticamente nem se deu pelo seu opositor directo - Dzsudzsák, que é apenas o melhor jogador do PSV. No lado oposto, o Coentrão esteve ao nível a que já nos habituou a todos. Já mencionei a importância dos argentinos neste jogo, em particular do trio Aimar, Saviola e Salvio. O Aimar foi perdendo alguma frescura física, mas marcou o primeiro golo e foi quase sempre nos pés dele que as nossas jogadas de ataque começaram. O Salvio foi um parceiro à altura do Maxi, e os dois juntos fizeram a cabeça em água ao PSV. Marcou dois golos, e ainda ofereceu aos colegas oportunidades para marcar. O Saviola bem mereceu o golo que marcou, depois de ter estado algo infeliz na finalização. A forma como se movimentou e abriu espaços e linhas de passe para os colegas foi uma das principais chaves da dinâmica atacante do Benfica. Menções ainda para o Javi e a dupla de centrais, onde o Jardel mostrou grande segurança.

Demos um passo muito grande a caminho das meias-finais. Sei que o PSV costuma ser bem mais forte no ataque quando joga em casa, mas a julgar pela forma como defende, será preciso o Benfica ter uma noite muito desinspirada para que não consiga fazer golos em Eindhoven.

4 Comments:

At 4/08/2011 11:32 da manhã, Blogger Filipe Silva Nunes said...

Um jogo à Benfica !!

 
At 4/08/2011 11:57 da manhã, Anonymous Anónimo said...

A equipa fez um grande jogo.
Mas porquê falhar tantos, tantos golos, numa competição destas ??

Já não tenho paciência para o Roberto.

GRANDE, GRANDE Maxi

Aquele Dzsudzsák cabia muito bem na nossa equipa

Acho que o Jardel tirou o lugar ao Sidney

 
At 4/08/2011 12:12 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Uma equipa com ambições sérias em qualquer competição não pode chegar ao ponto de ter que usar o César Peixoto.

Espero sinceramente que os responsaveis do Benfica tirem as ilacções necessárias dos actuais desiquilibrios da equipa e que façam um trabalho de casa sério no próximo defeso.

Terá que ser um trabalho necessarimente muito melhor que o trabalho feito após a conquista do campeonato passado.

 
At 4/09/2011 8:14 da tarde, Blogger joão carlos said...

Mais uma crónica muito boa.


Anonymous 4/08/2011 11:57 AM como eu já disse aqui um dos grandes problemas deste ano em todas as competições tem sido a mais baixa taxa de concretização em relação a época passada. Sobre o Jardel/Sidnei a utilização do primeiro como titular á dois jogos atrás quando ninguém o esperava era já um claro sinal de que a qualquer momento poderia existir uma mudança de fundo.


Anonymous 4/08/2011 12:12 PM não nos podemos esquecer que o César Peixoto e mais dois ou três foram aposta exclusiva do treinador e que neste caso não se podem assacar responsabilidades aos dirigentes que são responsáveis por outros mas não pelos mais clamorosos.

 

Enviar um comentário

<< Home