Imparáveis
E mais uma goleada. Num Estádio da Luz com um grande ambiente, o Benfica foi claramente superior ao Setúbal e terminou a primeira volta da Liga sem qualquer derrota e isolado na liderança.
Apesar da confiança na nossa equipa, confesso que tinha alguns receios para este jogo, devido à falta de três jogadores importantes: Garay, Javi e Aimar. Ainda por cima sendo os três jogadores do centro, pelo que se poderia faltar que nos faltava a 'espinha dorsal' da equipa. Mas o Benfica neste momento está muito moralizado, e parece que mesmo quando falta algum jogador importante, outros encarregam-se de resolver. Faltaram os três referidos (e ainda tínhamos o Gaitán a regressar de lesão), jogaram o Jardel, o Matic e o Rodrigo, dando conta do recado. O jogo até nem começou da melhor maneira, já que aos seis minutos o Setúbal, no primeiro remate que fez, chegou ao golo, com a tentativa do Luisão de cortar o remate do Neca a acabar por trair o Artur. Mas quando a confiança é alta, coisas destas acabam por ser pouco mais do que um pequeno soluço. Antes do golo já o Benfica tinha criado perigo, sobretudo através do Rodrigo, e depois do golo continuou a jogar como se nada se tivesse passado, carregando sobre o Setúbal em busca da igualdade, e debaixo do apoio constante dos benfiquistas. Apesar de por vezes parecermos ter alguma dificuldade na zona central do campo, devido à superioridade numérica que o Setúbal apresentava nessa área, o Witsel foi dando conta do recado, e depois o trio Cardozo/Rodrigo/Nolito, com apoio constante do Maxi pela direita, ia desgastando a defesa do Setúbal e mostrando que seria apenas uma questão de tempo até que o golo aparecesse.
O Cardozo ameaçou e viu um remate com selo de golo ser defendido pelo guarda-redes, mas aos vinte e quatro minutos a igualdade voltou mesmo ao marcador, pelos pés do Nolito. Passe do Witsel, à entrada da área, a desmarcar o Nolito na esquerda, e o espanhol fez o golo com um remate rasteiro colocadíssimo ao segundo poste. O jogo continuou a ter praticamente um só sentido, e apesar de um susto, quando vimos a bola bater no poste da nossa baliza após um raro erro do Artur, era previsível que novo golo chegasse ainda antes do intervalo. E aconteceu ao minuto trinta e três, quando o Cardozo, no interior da área e rodeado de adversários, conseguiu marcar num remate rasteiro mais uma vez para o segundo poste. A equipa do Setúbal pareceu acusar muito este segundo golo, e até ao intervalo pareceu perder a compostura em termos tácticos e não só, com vários dos seus jogadores a parecerem estar mais interessados em arranjar discussões (o Ricardo Silva, com a escola que tem, não foi surpresa nenhuma neste aspecto, mas o que é certo é que conseguiu arrancar um amarelo ao Cardozo). Até ao intervalo o Diego teve oportunidade de brilhar novamente, negando o golo ao Rodrigo, mas já mesmo sobre o apito não conseguiu evitar novo golo do Cardozo, após uma grande arrancada do Rodrigo, que deixou o paraguaio com caminho livre para a baliza.
Com dois golos de vantagem, o Benfica abrandou um pouco o ritmo na segunda parte, nunca deixando no entanto de controlar o jogo e procurar voltar a marcar, mas permitindo também ao Setúbal ter um pouco mais de bola e dando mais espaços. O Setúbal foi atrevido e tentou pressionar mais alto no campo, mas se o Benfica conseguia libertar-se dessa primeira zona de pressão e sair com a bola controlada, depois causava quase sempre perigo da forma como mais gosta, ou seja, através de transições rápidas para o ataque. Muitas das jogadas mais perigosas do Benfica apareciam pelos pés do Rodrigo, que recuava frequentemente para vir receber a bola e depois, quando se virava e embalava com ela em direcção à baliza, só muito dificilmente era travado. Depois de várias ameaças o quarto golo surgiu finalmente a vinte minutos do final, quando o regressado Gaitán teve tempo na direita para centrar com precisão para o cabeceamento do Matic, que assim marcou o seu primeiro golo pelo Benfica. Este quarto golo não diminuiu o ímpeto do Benfica na procura de mais golos, mas a expulsão do Cardozo, a cinco minutos do final por acumulação de amarelos, acabou na prática por significar o apito final para o Benfica, que depois disso limitou-se a aguardar pelo final do jogo. Tempo ainda para substituir o Rodrigo para o merecido aplauso, e estrear o Luís Martins na Liga.
Cardozo, Rodrigo, Nolito e Witsel foram, para mim, os melhores esta noite, acompanhados de perto pelo Maxi. O Cardozo está a atravessar a melhor fase da época, marcando com regularidade e parecendo até estar bem mais móvel e rápido do que lhe é habitual. Hoje juntou mais dois golos à conta pessoal e isolou-se como melhor marcador da Liga. Talvez seja a companhia do Rodrigo na frente que o ande a motivar. Hoje ao Rodrigo só faltou mesmo o golo, porque de resto foi sempre uma ameaça constante. Foram inúmeras as arrancadas em velocidade, com a bola bem controlada, a causar perigo, quer em remates, quer em passes perigosos para os colegas. O Nolito resolveu o 'problema' do golo do empate e voltou a mostrar toda a sua valia. Para mim a inspiração ofensiva do Benfica nos últimos jogos (dezassete golos nos últimos quatro jogos) não é alheia à titularidade do espanhol, que mostra também uma enorme evolução na forma como se entrega às tarefas defensivas. O Witsel encheu o meio campo e o Maxi foi a locomotiva do costume pela direita, compensando até uma noite menos fulgurante do Bruno César.
56.155 espectadores na Luz mostram que a onda vermelha é uma realidade. Ela está aí, e cabe-nos não a deixar esmorecer, porque sabemos muito bem até onde nos poderá levar. Viu-se hoje o quão importante é, na forma como o público reagiu ao golo madrugador do adversário, no ambiente que se viveu em vários momentos no estádio, e no apoio dado à equipa. Temos que continuar a alimentá-la e a fazê-la crescer. Juntos, somos imparáveis.
1 Comments:
Mais uma crónica de grande valor.
Por vezes não percebo as declarações do treinador veio no fim dizer que não deu mais minutos ao Nelson Oliveira porque o Cardozo foi expulso, isto não faz sentido nenhum ia só dar cinco minutos ao miúdo quando o resultado já estava feito á imenso tempo com a agravante de que se a tivesse feito antes tinha sem duvida evitado a expulsão.
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