domingo, janeiro 22, 2012

Sorte

Foi justa a vitória do Benfica mas esteve longe de ser fácil, e foi necessário um golpe de sorte para desatar um nó muito complicado. O Gil Vicente foi um adversário complicado e bem organizado, que dificultou (e valorizou) muito a nossa vitória.

O regresso do Garay foi a maior novidade esta noite num onze onde o Gaitán também apareceu a titular, relegando o Bruno César para o banco. Os primeiros minutos de jogo deixaram logo antever uma noite complicada para a nossa equipa. O nosso jogo parecia demasiado lento, sobretudo nas saídas para o ataque, nas quais parecia que 'mastigávamos' sempre a bola nos pés dos centrais ou dos médios, e depois já apanhávamos o adversário bem posicionado defensivamente. Mas isto foi também culpa, precisamente, da boa organização queo Gil Vicente apresentou. Montaram duas linhas muito juntas, com um jogador solto à frente da defesa quase sempre atento às movimentações do Rodrigo, e só muito raramente foram apanhados fora de posição, conseguindo pressionar bem sempre que chegávamos ao último terço do campo. O resultado disto foi que o Benfica, apesar do domínio territorial e da posse de bola, quase não criava oportunidades de golo, porque nem sequer chegava a rematar. Foi por isso com uma certa dose de alívio que vi o Benfica chegar ao golo praticamente na primeira vez que conseguiu rematar na direcção da baliza (apenas aos vinte e sete minutos!), após um livre do Nolito na esquerda ao qual correspondeu o Cardozo com uma boa cabeçada. Só que o Gil Vicente estava mesmo disposto a complicar-nos a vida e mostrava-se sempre capaz de criar perigo em contra-ataques. Para nossa infelicidade, a cinco minutos do intervalo conseguiu mesmo repor a igualdade, num remate forte de fora da área após ter beneficiado de dois cantos consecutivos, deixando-nos a perspectiva de uns segundos quarenta e cinco minutos de sofrimento.

Perspectiva essa que se acentuou ao ver que a segunda parte nada trouxe de novo. Não havia meio de o Gil Vicente se desorganizar na defesa, e o Benfica continuava a mostrar-se lento e previsível, sem capacidade para ultrapassar o autocarro de Barcelos. O próximo passo a tomar era evidente: a entrada do Aimar, porque há poucos jogadores como ele com a capacidade para inventar e ver espaços. Mas à medida que o tempo ia passando e os nossos jogadores se iam balanceando cada vez mais para o ataque (o Jorge Jesus retirou mesmo o Javi García do campo, entregando ao Witsel as funções de médio recuperador), íamos também deixando mais espaços atrás para os contra-ataques do Gil Vicente, e em mais de uma ocasião acabou por ser um corte ou um desarme de última hora a evitar males maiores - logo no início da segunda parte tinha sido uma grande defesa do Artur a evitar que o Gil Vicente se colocasse em vantagem. Foi portanto com um suspiro de alívio que nos vi sermos bafejados pela sorte, quando já a menos de vinte minutos do final um remate do Rodrigo, ainda bem longe da baliza, fez a bola tabelar num adversário e trair o guarda-redes. Dois minutos depois o Aimar recebeu um passe do Nolito e, já dentro da área, deixou que a sua classe descansasse mais os benfiquistas, fazendo o terceiro golo e sentenciando efectivamente o jogo.

O Aimar foi um jogador decisivo, já que a sua entrada permitiu ao Benfica melhorar e acelerar o seu jogo. E acabou por marcar o terceiro golo, com toda a classe que lhe reconhecemos. O Nolito não esteve tão inspirado como tem sido habitual, mas foi dos mais inconformados - a par do Maxi do lado oposto - e acabou por juntar mais duas assistências à sua conta pessoal. Gostei também da dupla de centrais, que teve diversos cortes muito oportunos, e o Bruno César também entrou bem no jogo. Menos bem o Gaitán, que continua longe da melhor forma, pese o facto de ter mostrado mais empenho hoje.

Mais uma difícil etapa ultrapassada no caminho que nos separa do título. Hoje também contando com a ajuda de um golpe de sorte (ou, como se costuma dizer nestas coisas, 'estrelinha'), mas que a equipa soube procurar, uma vez mais com o apoio da onda vermelha, que levou 43.000 espectadores à Luz.

2 Comments:

At 1/23/2012 1:44 da manhã, Anonymous JFilipe said...

Foi sorte, mas também a eficácia habitual da nossa frente de ataque que já nos safou tantas vezes esta época.

Voltámos aos 9 remates num jogo (tantos como o Gil). O Jesus podia ao menos ter estudado o adversário, havia várias debilidades óbvias na equipa que não foram exploradas. Pelo seu lado o Paulo Alves fez muito bem o trabalho de casa.

Tacticamente o JJ esteve mal, felizmente que os nossos não precisam de rematar muito para marcar.

 
At 1/24/2012 5:42 da tarde, Blogger joão carlos said...

A analise mais uma vez esta com a qualidade que nos tens habituado.


O Gaitan esta numa péssima forma mas ele é o tipo de jogador que só lá vai jogando nem vale a pena coloca-lo no banco na esperança que retome os melhores índices porque não resulta, até lá resta esperar que o Nolito vá compensando a menor produção do flanco direito.


JFilipe mas desta vez com a agravante de que nem metade desses nove remates resultaram em possibilidades claras de marcar, enquanto das outras vezes em que rematávamos pouco as oportunidades de realmente marcarmos ficaram sempre pelos oitenta por cento dos remates efectuados.

 

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