segunda-feira, outubro 03, 2016

Passeio

Foi mais um jogo que em termos exibicionais mostrou grandes diferenças entre a primeira e a segunda parte, mas independentemente do brilho da exibição o Benfica dominou por completo o Feirense e o jogo durante oitenta e nove minutos e conseguiu uma vitória por uma margem clara e que não deixa quaisquer dúvidas sobre a sua superioridade.


Depois da derrota em Nápoles esperavam-se algumas mudanças na equipa e estas começaram logo pela baliza, com o regresso do Ederson. Face à elevada quantidade de golos sofridos de cabeça e na sequência de bolas paradas, confesso que não evitei uma sensação de tranquilidade quando vi a equipa entrar para o aquecimento com o Luisão na equipa. Finalmente, o Salvio e o Gonçalo Guedes, que deixaram uma imagem positiva em Nápoles quando entraram, foram recompensados com a titularidade, por troca com os Andrés (Almeida e Horta) e o Pizzi deslocou-se para uma posição mais central. A entrada do Feirense no jogo foi forte - e daí eu ter escrito que o Benfica dominou por completo durante oitenta e nove minutos - e podia ter marcado praticamente a abrir o jogo, mas felizmente o remate saiu ao lado quando o golo parecia ser o resultado mais provável, depois de um cruzamento da direita que encontrou o jogador do Feirense quase à vontade à entrada da pequena área. Passado este primeiro susto, o jogo foi praticamente um passeio para o Benfica. Infelizmente, foi de tal forma assim que a nossa equipa deve ter levado um bocado o conceito à letra e resolveu jogar a primeira parte a ritmo de passeio mesmo. Mesmo assim, dava para ir criando ocasiões claras de golo. A primeira numa cada vez mais habitual combinação entre o Grimaldo e o Guedes, na esquerda, com um passe atrasado para o interior da área, mas que infelizmente o Mitroglou concluiu com um passe (nem posso chamar aquilo de remate) frouxo na direcção da baliza, que foi interceptado por um defesa. O Salvio por duas vezes também poderia ter inaugurado o marcador, vendo na primeira o Peçanha fazer uma enorme defesa ao seu cabeceamento (grande cruzamento do Grimaldo) e na segunda não conseguiu acertar com a baliza quando estava em boa posição. Já que não acertávamos com a baliza, encarregou-se um jogador do Feirense de o fazer por nós. Aos trinta e  cinco minutos, lançamento de linha lateral longo por parte do Salvio, e o adversário acertou uma 'rosca' na bola que a enviou para a sua própria baliza. Apesar de termos jogado a um ritmo demasiado lento, este golo dava ao Benfica uma vantagem perfeitamente justa na saída para o intervalo.


Na segunda parte, felizmente, o Benfica melhorou neste aspecto e começou a imprimir maior velocidade às suas acções. A pressão do Benfica intensificou-se, mas apenas foi recompensada novamente de uma forma pouco ortodoxa, ao fim de decorrido um quarto de hora. Depois de uma jogada confusa dentro da área, um defesa do Feirense tentou aliviar a bola mas o Salvio lançou-se para tentar interceptá-la e teve a felicidade (e o mérito de não ter desistido) da bola lhe bater no pé de forma a encaminhar-se, como se de um remate cruzado e colocado se tratasse, para o poste mais distante da baliza adversária. Este segundo golo soltou definitivamente a equipa e assistimos então, até final, ao melhor período do Benfica no jogo. Nove minutos depois o Benfica fez o terceiro golo, através de um cabeceamento do pequenino Cervi - tinha substituído o Carrillo - que surgiu no centro da área solto de marcação para aproveitar um bom cruzamento do Nélson Semedo. Três a zero, como se sabe, até pode ser um resultado perigoso, sobretudo se uma equipa (ou o respectivo treinador) de repente se achar a melhor equipa do mundo e perder a concentração, mas o Benfica continuou a ter um controlo firme no jogo e a jogar bem, na procura de mais golos. O Feirense apenas por uma vez, já muito perto do final, ameaçou a nossa baliza, mas o Ederson correspondeu com a defesa da tarde. De resto não houve mais sobressaltos e deu para dar mais alguns minutos ao miúdo José Gomes, que só não marcou porque complicou demasiado os lances ao agarrar-se muito à bola, e também para a estreia do Zivkovic com a nossa camisola - foram apenas alguns minutos, mas ainda ofereceu uma boa ocasião ao José Gomes e sofreu a falta da qual resultaria o quarto e último golo do Benfica. Foi na zona da meia lua, mesmo ao jeito do pé do Grimaldo, e depois de uma grande confusão na barreira, onde os jogadores do Feirense passavam o tempo todo a empurrar os nossos dali para fora, o Luisão foi até lá acabar com a rebaldaria e meter ordem naquilo, para que o Grimaldo, no último pontapé do jogo, fizesse com uma 'folha seca' um bonito golo.


Destaques habituais para o Grimaldo e o Fejsa. Já não há muito a acrescentar ao que acabo por dizer sobre eles no final de quase todos os jogos. O Luisão veio devolver-nos poderio nos lances aéreos e nem sei se terá perdido alguma bola pelo ar. Ofensivamente esteve por várias vezes perto de marcar, já que ganhava sempre as bolas e depois apenas ficava a faltar um pouco mais de pontaria no cabeceamento. Parece-me que, pelo menos até o Jardel regressar, deverá manter-se na equipa. Depois, logo se verá. O episódio da barreira no final do jogo: priceless. O Salvio, talvez intimidado pela presença à sua frente do maior queixo do futebol português (Vítor Bruno) estava a ter um jogo ao nível de muitos que ele fez esta época: muito complicativo e desastrado. Mas depois de ter feito o golo (e do queixo gigante ter sido substituído) transfigurou-se e acabou por ser um dos destaques da equipa. Gostei também do Gonçalo Guedes e do Nélson Semedo, este com um jogo em crescendo, como aliás a maior parte da equipa. Seria bom que mantivesse este nível. Do Carrillo já nem vou falar, porque não quero estar a bater muito mais no ceguinho. Que recupere rapidamente o ritmo ideal para que possa dar alguma contribuição à equipa. Porque a jogar aquilo que jogou hoje, não nos serve de nada. O Salvio durante a primeira parte provavelmente estava a jogar tão mal como ele. A diferença entre eles é a atitude. O Salvio mesmo com as coisas a correr mal não baixa a cabeça e continua a dar o que tem em cada lance. Assim é mais fácil ser-se feliz.

Depois da 'catástrofe' de Nápoles (e depois de algumas pessoas terem tido que esperar desde Abril por uma derrota do Benfica num jogo oficial, compreende-se a leviandade com que termos como este foram imediatamente utilizados) o Benfica respondeu da melhor maneira e aproveitou para ficar um bocadinho mais tranquilo na liderança. Agora é esperar que esta pausa no campeonato - só voltamos a jogar daqui a três semanas - seja suficiente para recuperar vários jogadores importantes, para melhor podermos defender a liderança e ainda tentar lutar pelo apuramento na Champions.

1 Comments:

At 10/03/2016 7:13 da tarde, Blogger joão carlos said...

A crónica esta com a qualidade que nos tens habituado.


Estas alterações que foram feitas eram esperadas e até já à algum tempo no entanto acabaram por ser feitas num momento não ideal já que pode ficar sempre a ideia que os jogadores substituído foram os culpados do resultado anterior e mentalmente poderem no futuro acusar isso mesmo mas ao fazermos essas alterações não se percebe como é que o nosso extremos esquerdo depois de uma péssima exibição no jogo anterior ainda foi premiado com a titularidade neste e não era por falta de opções para o lugar.
Mesmo não tendo realizado um grande jogo acabamos por ter muitas oportunidade mas acabamos por marcar em dois lances menos usuais isto depois de termos falhado lances muito mais claros para marcar alguns que não se podem falhar e existem jogadores que pela posição que jogam em campo não podem ter tão baixos índices de concretização e tem de marcar mais vezes é que nem sempre os goleadores estão em dia sim e quando isso acontece outros tem de colmatar essas lacunas.
Já por varias vezes temos entrado em jogo adormecidos e desconcentrados o que permite que o adversário tenha logo de imediato oportunidades para marcar se já é pouco admissível por se repetir com demasiada frequência pior é quando vindos de um mau resultado esta situação nos podia ter colocado numa situação muito complicada e o que cada vez vemos mais é que os nossos adversários já deram por isso e é notório que todos tem vindo a explorar essa situação sobretudo quando jogamos em casa por isso é urgente resolver a situação não só porque os jogos começam logo nos primeiros segundos como para evitar que sejamos surpreendidos com essa estratégia cada vez mais comum dos nossos adversários.

 

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