segunda-feira, novembro 28, 2016

Simples

Depois de uma jornada europeia, nada melhor do que um jogo sem grandes complicações, que o Benfica soube tornar simples exercendo um domínio total no mesmo, vencendo com clareza e deixando a impressão de que nunca teve sequer que carregar muito no acelerador para o conseguir.


No onze inicial houve uma alteração em relação à equipa que tinha jogado em Istambul: troca de pontas-de-lança, com o Jiménez a jogar em vez do Mitroglou. Mas logo nos minutos iniciais fomos obrigados a uma alteração forçada, pois o Eliseu lesionou-se e teve que ceder o lugar ao habitual faz-tudo da nossa equipa, o André Almeida. O jogo foi como tantos outros que acontecem todas as épocas em nossa casa. Desde o apito inicial um adversário apenas e só interessado em prolongar o mais possível o nulo no marcador, e com especial falta de jeito para usar atacadores, já que os seus jogadores pareciam ser frequentemente afectados por problemas com os mesmos. Nada de novo mesmo na forma de jogarem: bloco bem fechadinho em cima da sua área, muita gente no caminho da bola, quase ou nenhuma propensão para tentarem sequer explorar algum contra-ataque quando conseguiam alguma recuperação. O que, diga-se, aconteceu poucas vezes, já que a posse de bola do Benfica foi largamente superior à do adversário. O Benfica encarou o jogo com bastante calma, aliás durante a primeira parte por vezes a calma quase que parecia excessiva e a roçar a sobranceria. Há muita confiança nos nossos jogadores, e por vezes a sensação com que se fica é que eles sabem que mais cedo ou mais tarde os problemas vão resolver-se e o golo vai aparecer, não sendo por isso necessário correr desenfreadamente à procura dele. Isto por vezes chega a ser algo enervante, porque jogamos sem muita velocidade e damos assim tempo ao adversário para se organizar e acantonar todo novamente à frente da baliza. Mas a verdade é que o tempo acaba quase sempre por dar-lhes razão, porque por volta da meia hora de jogo o golo apareceu. O Cervi conseguiu recuperar uma bola ainda no meio campo do Moreirense, apanhando assim o adversário desorganizado, progrediu pela esquerda e passou a bola para a entrada da área. O André Almeida por muito pouco não ficou com ela, que acabou por seguir para os pés do Pizzi e este apanhou-se numa situação tão confortável à frente da baliza que só faltou perguntar ao guarda-redes para que lado queria a bola. O chavão nestes jogos é que o mais difícil é o primeiro, e agora tínhamos uma boa hora de futebol pela frente para comprová-lo. O Moreirense, esse, continuava completamente inofensivo e controlado, tenho perto do intervalo feito o primeiro (que, pelo menos que eu me lembre, acabou por ser o único em todo o jogo) remate à nossa baliza, sem ter criado grandes dificuldades ao Ederson.


A tranquilidade manteve-se no segundo tempo. Até porque o Benfica resolveu jogar um bocadinho mais rápido, e se o Moreirense já não mostrava ter capacidade de resposta para o Benfica do primeiro tempo, muito menos teria para este. A ameaça do segundo golo ia pairando e o guarda-redes do Moreirense venceu o primeiro duelo pessoal que manteve com o Cervi esta noite, negando-lhe essa possibilidade. O Pizzi era o jogador em maior destaque e foi mesmo ele quem, aos cinquenta e oito minutos, fez o segundo do Benfica e da conta pessoal dele. Progressão do Salvio pelo centro, à entrada da área soltou a bola mais para a esquerda, e o Pizzi recebeu em corrida, entrou na área e rematou cruzado com o pé esquerdo. Depois deste golo assistimos a um cenário que também já vem sendo habitual, que é ver quantos golos mais consegue o Benfica marcar. Não é por acaso que temos o melhor ataque da competição: é raro o jogo em que o Benfica, apanhando-se vencer, descansa sobre o resultado. Estes períodos são também aproveitados para dar descanso a alguns dos mais utilizados e minutos a quem deles precisa, e por isso o Salvio cedeu o lugar ao Carrillo e depois o Gonçalo Guedes foi trocado pelo Rafa. Como principais pontos de interesse no jogo, era ver se o Pizzi conseguia chegar ao hat trick (não conseguiu, não porque não tivesse tido ocasiões para isso, mas sim porque a pontaria não foi a melhor, em particular num lance em que o Carrillo lhe colocou a bola à mercê para marcar, mas ele atirou por cima) e se o Cervi conseguiria vencer o duelo particular com o Makaridze, o guarda-redes do Moreirense. Também não o conseguiu, pois o duelo teve mais dois rounds em em ambos foi o guarda-redes quem saiu vencedor. Mas apesar disso o marcador ainda conseguiu funcionar mais uma vez, ao minuto oitenta e oito. Lançado por um excelente passe em profundidade do Pizzi, o Rafa conseguiu ultrapassar o guarda-redes, que lhe saiu ao caminho, aguentou-se de pé apesar de ter sido tocado, e depois rematou rasteiro para a baliza, onde um defesa do Moreirense ainda conseguiu evitar o golo. Mas a bola ficou a mercê do Jiménez, que desta vez até estava na zona do ponta-de-lança em vez de andar a correr por toda a frente de ataque, e o mexicano empurrou a bola para a baliza para deixar que os 55.970 espectadores que se deslocaram hoje à Luz (mais uma grande assistência) acabassem o jogo em festa.


Nem há qualquer discussão hoje, o homem do jogo é mesmo o Pizzi. Dois golos e intervenção decisiva num terceiro já seriam factor mais do que decisivo. Ele já estava em destaque enquanto alinhava na direita, na fase inicial da época, e aproveitou a lesão do André Horta para se fixar no centro e assumir um papel crucial na equipa. Está mais forte nas tarefas defensivas (também ajuda, e muito, ter por ali um senhor chamado Fejsa que raramente comete um erro) e é quase sempre a primeira peça da engrenagem do motor ofensivo da equipa, já que quase todas as jogadas começam com a bola a passar pelos seus pés. O Cervi continua a ser um jogador que me agrada em quase tudo o que faz, e sobretudo pelo empenho revelado nas tarefas mais defensivas. O sempre importante primeiro golo nasce numa recuperação de bola dele. O Salvio hoje teve uma recaída para a sua faceta mais individualista, mas pelo menos ainda conseguiu soltar a bola no momento certo para assistir o Pizzi no segundo golo. O Gonçalo Guedes também não teve um jogo muito conseguido - ficou na retina aquela situação de 3x2 em que insistiu no lance individual e acabou por perder a bola - mas revelou o empenho e atitude habituais. O Jiménez também mostrou boa atitude e foi recompensado com o golo no final. Mexeu-se muito, e talvez até demais - é aqui que se nota a principal diferença em relação ao Mitroglou, pois com ele em campo a equipa perde uma referência na área. Por outro lado, com isto também consegue arrastar consigo os defesas e criar espaços para a entrada dos colegas - o primeiro golo é um bom exemplo.

Não houve (como aliás julgo que qualquer benfiquista antecipava) qualquer drama ou consequência da vitória deixada fugir por entre os dedos em Istambul. A nossa equipa exibiu-se ao nível que esperamos dela e desembaraçou-se com aparente facilidade de mais um obstáculo no longo caminho que nos separa do objectivo que ambicionamos. Agora é abordar a viagem à Madeira com a mesma concentração e atitude, não deixando que a fácil vitória no jogo da taça contra este mesmo adversário nos convença que o jogo será fácil. A atitude da nossa equipa tem sido a principal vantagem sobre os nossos adversários mais directos, e o que nos permite ter a actual vantagem confortável no topo.

1 Comments:

At 11/28/2016 10:59 da tarde, Blogger joão carlos said...

O Post é um espelho daquilo que se passou em campo.


Não concordo nada que tenha sido o movimento dos avançado a abrir espaço para os médios alias foi única e exclusivamente pela acção, muito pouco habitual até, do nosso defesa esquerdo a fazer de ponta de lança que arrastou o defesa central e ai sim abriu o espaço e como se viu no terceiro foi na única vez que o nosso jogador mais avançado se colocou dentro da área e na zona de finalização que ele teve a sua única oportunidade em todo o jogo e até a converteu estivesse ele mais vezes em zona de finalização que seria sem duvida muito mais produtivo.
Desta vez mesmo condicionado por uma substituição forçada as restantes fora as que se impunham e no momento que se impunham e foram as que já deveriam ter sido feitas no jogo anterior tem sido uma marca do nosso treinador uma intermitência neste aspecto em que alterna entre as muito bem feitas e as desastrosas sem duvida o principal aspecto a corrigir na sua actuação.
Isto já nem tem palavras mais uma lesão mas parece que esta tudo bem que nem existe problema nenhum até porque esta também é traumática isto é um cataclismo mas pelos vistos ninguém anda preocupado em não só encontrar as causas nem muito menos resolver de vez o problema é que isto não é só as falta que os jogadores fazem mas a mossa que neles faz e na rentabilização que não teme isto era coisa que devia era de já estar resolvida e ainda nem diagnosticada esta.

 

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