quarta-feira, dezembro 07, 2016

Certa

Vitória certa da melhor equipa em campo esta noite. O Benfica raramente foi capaz de dominar o jogo e incomodar seriamente o Nápoles que venceu claramente a batalha táctica do meio campo. Foi nessa zona que o encontro se decidiu, e depois quem pode dar-se ao luxo de ter um jogador como o Mertens no banco tem sempre um trunfo forte para lançar e resolver.


O jogo foi de domínio repartido durante a primeira parte, sem que alguma das equipas se conseguisse impor claramente no campo, e com as ocasiões a surgirem aos soluços de um lado ou do outro, muitas vezes através de lances mais fortuitos do que construidos. Mas o que ficou claro desde o início foi a capacidade do Nápoles para estrangular a construção do jogo ofensivo do Benfica logo à partida. A equipa italiana tinha clara supremacia na zona central do campo e raramente permitia que a bola chegasse ao Pizzi, que esteve sempre bem vigiado. Quando a bola lhe chegava, tinha que a despachar rapidamente pois era imediatamente pressionado por mais do que um adversário - a forma como o Nápoles conseguiu durante quase todo o jogo pressionar o portador da bola foi aliás outro dos factores que ajudaram a decidi-lo a seu favor. Sem capacidade de organizar jogo pelo centro, o Benfica optou demasiadas vezes pelos lançamentos longos ou por iniciativas individuais sobretudo pela direita, onde o Salvio tomou uma má decisão atrás da outra. Pela esquerda a equipa está claramente coxa. O André Almeida pode eventualmente servir para tapar aquele buraco nos jogos de consumo interno, mas para este nível já não dá. E o Cervi também pareceu ressentir-se disso, pois sem grande apoio nas acções ofensivas acabou por ter também um jogo bastante desinspirado. 


Na segunda parte, apesar do problema principal do meio campo se manter, o Benfica até pareceu entrar um pouquinho melhor, porque fiquei com a sensação de que o Pizzi recuou mais no terreno para conseguir receber a bola voltado para o meio campo adversário, mas nunca deixei de achar que o Nápoles continuava por cima e tinha o jogo perfeitamente controlado. E ao fim de quinze minutos chegou ao golo com alguma naturalidade. Um livre marcado de forma rápida, toque de primeira do Mertens (acabado de entrar) para as costas da defesa, e o Callejon fugiu com facilidade ao Lindelöf, isolou-se e marcou. O Benfica pareceu acusar em demasia este golo, e senti que só muito dificilmente iríamos conseguir alguma coisa deste jogo. As alterações tácticas que o Benfica foi fazendo nada mudaram em termos tácticos, e o problema no meio campo manteve-se. Nós não tínhamos espaço para jogar, e o Nápoles tinha sempre alguem solto para receber a bola e correr com ela. Ou então, sendo mais do que certa a derrota do Besiktas e o nosso apuramento, houve demasiado relaxamento e começou-se logo a pensar já no próximo jogo, o que também não me parece propriamente ideal, especialmente estando um prémio considerável e o primeiro lugar do grupo em jogo. O segundo golo apareceu também de forma natural, um lance individual do Mertens no qual recebu a bola à vontade à entrada da área e depois a defesa do Benfica assistiu em posição privilegiada ao slalom do belga até colocar a bola rasteira junto do poste. O melhor que o Benfica conseguiu fazer foi, a três minutos do final, ver o Jiménez aproveitar uma fífia do Albiol para se isolar e reduzir a diferença.


Felizmente as notícias vindas da Ucrânia foram as melhores, e garantimos o apuramento para a próxima fase da Champions. Fazer isto em duas épocas consecutivas não é um feito menor, e a nossa equipa está de parabéns. É um feito importantíssimo, quer em termos desportivos como financeiros. Mas no jogo de hoje foi visível que temos que conseguir fazer melhor para enfrentar os desafios que essa fase representará. O Nápoles foi tacticamente superior, e confesso que fiquei irritado com a aparente incapacidade de resposta vinda do banco. Foi como se a nossa equipa técnica não estivesse a ver o mesmo jogo que eu. Nenhuma das alterações feitas mudou grande coisa em termos tácticos ou fez o que quer que fosse para corrigir um problema que parecia ser por demais evidente. Algumas das substituições foram aliás perfeitamente inúteis (embora para mim isso seja algo que quase se pode dizer por defeito sempre que o Carrillo entra). Temos agora que concentrar-nos e preparar convenientemente o próximo jogo. A questão do defesa esquerdo é algo que neste momento me preocupa, e parece-me afectar a qualidade do nosso jogo mais do que qualquer outra das muitas lesões que já tivemos durante esta época.

1 Comments:

At 12/08/2016 10:27 da tarde, Blogger joão carlos said...

Mais que o resultado ou não termos atingido o primeiro lugar no grupo, já o ano passado em situação até mais favorável aconteceu a mesma coisa que este ano e dai não veio grande problema, foi a forma como a equipa jogou, ou alias não jogou, na segunda parte displicente, distraída, desconcentrada e a acusa em demasia a primeira adversidade se esta situação em qualquer altura é sempre grave acontecer no jogo seguinte a um mau resultado ainda é pior é que após um mau resultado o que se pede no minuto à equipa e atitude, uma atitude diferente e o que vimos não só não foi isso como pior que tudo foi o seu contrario.
Reparemos no exemplo do nosso adversário num jogo desta importância deixa no banco aquele que será se não o seu melhor jogador o segundo melhor simplesmente pelo facto de essa ser a melhor estratégia para este jogo e tendo em conta as características da equipa que estava do outro lado isto em impossível em Portugal e é uma pressão que vem de fora do publico que acha que tem sempre de jogar os melhores mesmo que eles não tenham características para determinado jogo ou adversário e infelizmente não temos sabido escolher treinadores que saibam contrariar, ou ser imunes, a esta pressão curiosamente o ultimo treinador com estas características era italiano.
Basta analisar os dois jogos com esta equipa e reparar que, pese embora o resultado final dos dois jogos tenha sido o mesmo, naquele em que jogamos com uma táctica diferente da habitual tivemos um maior controlo de jogo e condicionamos muito mais o adversário não o deixando jogar aquilo que ele pode e sabe sendo apenas traído por erros individuais a que nenhum sistema táctico é imune quando jogamos como sempre nunca conseguimos ter o controle do jogo e ou aprendemos com este exemplo e com os erros que andamos a cometer nestes jogos mais equilibrados mudando a nossa táctica ou vamos continuar a ter as mesmas dificuldades que temos vindo a sentir.

 

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