sábado, dezembro 03, 2016

Desperdício

Pagámos um preço demasiado alto pela má entrada no jogo hoje. Uma derrota absurdamente injusta (um empate já teria sido uma injustiça tremenda) que se ficou a dever sobretudo ao muito desperdício no ataque, em especial na segunda parte. Tivesse o aproveitamento sido melhor, e o resultado final não teria andado muito longe daquele que aconteceu no jogo da taça.

Uma única alteração na equipa, esperada, com a utilização forçada do André Almeida na esquerda da defesa. A entrada em jogo do Benfica foi disparatada. Ao contrário do que tinha acontecido no jogo anterior contra este adversário, desta vez foram eles a marcar praticamente na abertura do jogo, num lance em que o Luisão se mostrou demasiado preso de movimentos, e em que depois o jogador do Marítimo acabou por ser feliz no remate - a bola ia para fora, mas um ligeiro toque no Nélson Semedo, que tentava interceptá-la, acabou por fazê-la entrar mesmo junto à base do poste, fora do alcance do Ederson. O golo madrugador pareceu afectar a nossa equipa, que se revelava nervosa na defesa, com o Luisão em particular demasiado inseguro. Do outro lado, a táctica do Marítimo era tentar pressionar e matar sempre que possível qualquer jogada do Benfica à nascença recorrendo à falta. O Gonçalo Guedes em particular, nesta fase inicial, sofreu faltas sucessivas (fora as que nem assinaladas foram) sem que houvesse mais do que o tradicional aviso aos jogadores adversários. O nervosismo do Benfica ficou patente num disparate do Pizzi, que se deixou desarmar à sobre a linha do meio campo e permitiu que um adversário seguisse isolado para a baliza, valendo-nos o Ederson, que com duas defesas evitou o pior. Só ao fim de uns bons vinte minutos é que o Benfica começou a assentar melhor o seu jogo, insistindo sobretudo pela direita devido às acções do Nélson Semedo (o Salvio estava num daqueles dias em que baixa a cabeça e corre com a bola, e só a levanta para ver a baliza). E antes da meia hora o azar do primeiro golo foi compensado com a sorte do golo do empate. Remate do Nélson Semedo ainda de fora da área, com a bola a embater no Salvio e a desviar para entrar junto da base do poste do lado oposto. Se o Benfica já estava a passar para cima do jogo, então depois do empate só deu mesmo Benfica. E começou o desperdício, com as ocasiões desperdiçadas a começarem a acumular-se - só o Mitroglou teve duas ocasiões soberanas para marcar e em ambas nem acertou com a baliza.

A segunda parte foi ainda pior. Começou praticamente com um falhanço inacreditável do Salvio, que servido pelo André Almeida conseguiu cabecear à barra quando estava a uns dois metros da linha de golo. O jogo foi de sentido único, com o Marítimo completamente acantonado à frente da sua área e o Benfica a atacar incessantemente na procura do golo da vitória. Mas ou os nossos jogadores não acertavam com a baliza, ou aparecia sempre uma perna ou uma cabeça de um jogador do Marítimo a desviar a bola, ou o guarda-redes fazia defesas inacreditáveis quando parecia impossível não ser golo. Depois aconteceu o velho estereótipo destes jogos, em que a equipa que está a jogar para o pontinho e não faz absolutamente nada para ganhar, no primeiro ataque que faz na segunda parte (não estou sequer a falar no primeiro remate, mas sim no primeiro ataque, porque mostraram as estatísticas dos ataques pouco depois do golo e o Marítimo na segunda parte tinha um ataque) chega ao golo. Num canto (que surgiu na sequência de um alívio horrível do André Almeida, que fez um balão para dentro da própria área) um defesa do Marítimo conseguiu cabecear no meio do Luisão e do André Almeida e fazer o golo. Faltavam nesta altura vinte e um minutos para o final do jogo, e o cenário era negro. Ainda assim o Benfica conseguiu desperdiçar de forma inacreditável mais algumas ocasiões para marcar, como por exemplo pelo Rafa (tinha entrado para o lugar do Salvio) ou pelo Jiménez (que entrou para o lugar do André Almeida, ficando o Cervi a fazer todo o corredor esquerdo). Não me agradou a forma mais atabalhoada como o Benfica procurou o golo nos minutos finais, mas também é preciso ter em conta que de qualquer forma praticamente já não houve jogo nos últimos quinze minutos. Os jogadores do Marítimo passaram obviamente a cair que nem tordos. Eram frequentemente atacados de cãibras, queimavam tempo em todas as reposições ou interrupções, enfim, fizeram o seu trabalho dado que o tempo corria a favor deles, e já se sabe que nestas coisas o crime compensa quase sempre. Por isso quando os nossos jogadores tinham a bola tentavam frequentemente saltar demasiados passos no processo ofensivo e resolver de forma demasiado rápida, individual e atabalhoada.

Nem vou fazer destaques positivos ou negativos hoje. Ganhamos como equipa, perdemos como equipa. Se há algumas coisas de que nos devemos queixar hoje é sobretudo da inacreditável falta de eficácia no ataque, e da forma disparatada como entrámos no jogo. É uma derrota impensável e injusta, mas tudo isto faz parte do jogo. Fiquei com a sensação de que a equipa fez tudo o que podia para vencer, mas há dias que correm assim e em que a bola parece que não quer entrar. O importante agora é corrigir o que se fez mal e olhar em frente para os próximos jogos. E sobretudo ignorar a canzoada que andava há meses à espera de um resultado destes, porque nos próximos dias vão ladrar muito.

2 Comments:

At 12/03/2016 11:07 da manhã, Anonymous Adamastásio said...

Obrigado pela crónica, D'Arcy. A única, talvez, que me apetece ler depois "daquilo", ontem. Vi o jogo apenas a espaços, por causa da qualidade de merda da tvinácio que consegui sintonizar e que estava sempre a ir abaixo, mas a sensação com que efectivamente fiquei foi a de uma mistura de desperdício dos nossos, de falta de sorte, e de um miserável anti-jogo por parte dos madeireiros. Corações ao alto e vamos em frente... ainda que o dia de hoje vá ser difícil de suportar. Um abraço.

 
At 12/04/2016 3:32 da tarde, Blogger joão carlos said...

Este é um daqueles jogos em que poderíamos hoje ainda estar a jogar e a bola ainda não tinha entrado, alias basta ver que aquele que acabamos por marcar foi num lance absolutamente fortuito em que a bola não ia para a baliza, mas num jogo destes o que não pode nunca acontecer é a quantidade de erros defensivos e nem estou a falar no primeiro que sofremos, esse devesse a mais uma entrada péssima em campo que tem acontecido com demasiada frequência e bastas as vezes nos tem penalizado, mas sobretudo pelos tremendos erros que cometemos isolando adversários e pior com péssima abordagem aos lances de bola parada eles tiveram quatro cantos marcaram num e noutro só não o fizeram por a bola ter passado a centímetros dos poste em ambos com tremendos erros de toda a defesa incluindo o guarda redes.
Mais uma vez péssimas as nossas substituições não lembra a ninguém num jogo em que já se estava a sentir que o mal era a finalização fazer entrar um jogador para segundo avançado que cujo seu maior defeito é não saber concretizar, nas segunda a típica substituição do desespero que na maioria das vezes utilizada não resulta porque a equipa fica desequilibrada e por isso acaba por optar pelo jogo directo para evitar problema na defesa por fim não lembra a ninguém tirar aquele que nos últimos minutos estava a ser o melhor jogador alias o único que nesse período não se limitava a despejar bolas para a frente e aquele que tinha sido a origem das três ultimas oportunidade para marcar e que só não deram golo por culpa de quem as finalizou mal neste caso mais valia era estar quieto.
Temos vários jogadores em baixo de forma ou a jogar fora dos seus lugares em que rendem mais ou por estarem jogadores lesionados ou não estando estão sem ritmo competitivo de qualquer forma estamos agora a pagar a enorme onda de lesões que sofremos e que parece não ter fim mas perante isto ainda tinha sido importante a rápida recuperação de lesionados sobretudo aqueles de longa duração e o consequente acelerar do seu ritmo competitivo e é aqui que não se percebe mais uma vez a razão porque não se utiliza a equipa B para resolver este assunto é que neste momento temos vários com ritmo competitivo mas em má forma e muitos para os substituir mas todos sem forma por falta de ritmo e isto não pode acontecer sobretudo porque existem maneira de ultrapassar isso.

 

Enviar um comentário

<< Home