Confirmada
Uma vitória importante no caminho para o título, que tem como principal consequência sermos à décima terceira jornada líderes isolados e a única equipa que depende apenas de si própria para ser campeã. Foi uma vitória difícil e sofrida, perante um adversário que mesmo com dois golos de desvantagem nunca desistiu e deu tudo o que tinha, obrigando-nos a suar e a trabalhar bastante para garantir os três pontos. Mas um estádio como o nosso, com um público como o nosso, não podia merecer menos do que uma vitória esta noite. Quem lá tiver estado de certeza que percebe porque motivo temos que ir à Luz sempre que possível. Que ambiente incrível.
Não esperava que o nosso treinador fizesse qualquer alteração no onze que alinhou nos últimos jogos, mas acabou por haver uma mudança: na esquerda foi o Rafa quem apareceu a titular, relegando o Cervi para o banco. Do outro lado, o Sporting apresentou o onze esperado. Sobre a primeira parte, acho que há pouco a dizer. Em termos tácticos as equipas encaixaram quase perfeitamente uma na outra e mostraram demasiado respeito (ou receio) mútuo, pelo que o jogo, apesar de sempre muito disputado na zona do meio campo, foi pouco emotivo e com raras ocasiões de perigo. Desde cedo que foi evidente que a estratégia do Sporting passava muito por anular sistematicamente logo à partida com faltas as tentativas de saída rápida do Benfica para o ataque (acho que só mesmo um critério de arbitragem muito largo é que me permite compreender que o William tenha conseguido acabar o jogo sem um amarelo sequer, e que o Marvin tenha estado perto de conseguir o mesmo feito) mas acabou por ser mesmo numa transição rápida para o ataque que conseguimos inaugurar o marcador. Boa condução da bola do Gonçalo Guedes pelo centro do terreno, aproveitando a oferta do William e soltando-a na altura certa para a corrida do Rafa na esquerda, saindo depois um passe de trivela para o lado oposto, onde o Salvio conseguiu já com alguma dificuldade finalizar de primeira. Num jogo com este figurino era de capital importância marcar primeiro, e esse passo estava dado. O jogo não mudou muito com o golo, no entanto, e continuou com o equilíbrio a ser a nota dominante. Um ou outro lance de parte a parte a levar a bola mais perto das balizas, sobretudo a partir de bolas paradas, mas nada de muito emocionante. Só mesmo a fechar a primeira parte é que houve uma clara ocasião de golo, para nós, e surgida perfeitamente por acaso: o Bryan Ruiz teve uma péssima intervenção ao cortar um mau passe do Pizzi e colocou a bola nos pés do Jiménez, deixando-o sozinho em frente ao Rui Patrício. Mas o guarda-redes do Sporting respondeu com uma grande defesa e evitou aquilo que seria um duro golpe para a sua equipa mesmo antes do descanso.
Praticamente desde o apito inicial para a segunda parte que se viu que tudo seria diferente. No primeiro lance, o Gonçalo Guedes quase conseguia aproveitar um atraso arriscado do Coates para o Patrício; na resposta o Campbell (tinha entrado ao intervalo para o lugar do Bruno César) fugiu pela esquerda da nossa defesa e passou atrasado para o Bas Dost rematar com estrondo ao poste. E outra vez na resposta, foi o Rafa quem se isolou pela esquerda da área do Sporting, mas falhou o passe para o Gonçalo Guedes, que estava sozinho no meio. A bola seguiu no entanto até à direita, onde o Nélson Semedo ganhou a linha de fundo após passe do Salvio e centrou para o mergulho de cabeça do Jiménez, que se antecipou ao João Pereira e fez a bola entrar bem junto da base do poste. Num jogo tão equilibrado até então, uma margem de dois golos fazia supor que seria muito difícil ao Sporting reentrar na discussão do resultado. Só que com praticamente metade de um jogo por disputar, houve tempo para muitas alterações tácticas que acabaram por mudar completamente o jogo. Na minha opinião, o ponto de partida foi a substituição forçada do Salvio (que já não estava muito bem desde a primeira parte, em que depois de um choque ficou magoado no ombro). A opção tomada pelo nosso treinador surpreendeu-me, decidindo lançar o Danilo para o jogo e deslocando o Pizzi para a direita. Não me pareceu que a opção tenha resultado, pois a partir desse momento o Sporting ganhou o controlo do meio campo e consequentemente do jogo. O Danilo foi posicionar-se praticamente a par do Fejsa numa posição bastante recuada, passando a haver muito menos pressão sobre os médios do Sporting, que assim tinham mais tempo e espaço para ler o jogo e fazer a bola circular - quando havia pressão era apenas esporádica e porque o Jiménez recuava para fazer esse trabalho. Apesar de, em teoria, o jogador mais perigoso deles ser o Gelson, este foi sendo relativamente controlado pelo André Almeida e era pelo outro lado que aparecia o perigo, até porque entretanto o Campbell se tinha encostado a esse lado (depois da substituição do Bryan Ruiz pelo Alan homónimo) e o Nélson Semedo parecia ter pouco apoio nas tarefas defensivas. O Ruiz que entrou teve uma influência quase nula no jogo e mal se deu por ele, mas o Campbell na esquerda estava constantemente desacompanhado e causava muitos problemas. Durante o quarto de hora que se seguiu o Sporting mandou no jogo e devemos ao Ederson o facto de não terem reduzido mais cedo a diferença. O Benfica ainda voltou a mexer na equipa, trocando o Guedes pelo Cervi, mas com o argentino a ir encostar-se à direita e o Pizzi a passar para as costas do avançado, sem grandes resultados. E o que parecia inevitável acabou por acontecer mesmo: o Campbell surgiu mais uma vez pela esquerda e conseguiu fazer o centro para uma finalização de cabeça bastante fácil do Bas Dost, que estava completamente sozinho na pequena área, junto ao poste do lado oposto (enorme falha de marcação da nossa defesa, em particular do Lindelöf).
Havia mais de vinte minutos para jogar, o jogo estava agora relançado e antevia-se uma pressão ainda maior do Sporting na procura do golo do empate, até porque alguns dos nossos jogadores pareciam estar nos limites físicos. Mas de forma algo surpreendente não foi isso que aconteceu. O Benfica entretanto trocou os alas, a equipa ganhou alguma consistência, conseguindo acalmar o ritmo do jogo, e sobretudo voltou a conseguir sair com bola para o ataque, coisa que durante o nosso pior período não tinha acontecido. Foi também importante para estabilizar a equipa o fantástico ambiente que o Estádio da Luz quase lotado conseguiu criar no apoio à nossa equipa. Mesmo nos períodos mais complicados o público nunca deixou de estar com a equipa e isso ajudou-nos, e muito. O sufoco que se poderia antecipar por parte do Sporting acabou por nunca acontecer, e honestamente não me recordo do nosso adversário ter conseguido criar mais nenhuma ocasião de perigo até ao final do jogo, isto apesar de ter continuado a ter mais bola. As situações mais perigosas junto da baliza até foram nossas, ambas pelo Rafa. Numa, depois de servido pelo Cervi, tentou o remate de primeira quando estava completamente à vontade e enviou a bola para a bancada. Na outra, libertou-se do Rúben Semedo, ultrapassou ainda o Rui Patrício junto à linha final, mas acabou por fazer mal o passe atrasado para o Cervi, que estava em posição privilegiada. O JJ ainda deu uma pequena ajuda quando, nos minutos finais, surpreendeu ao retirar o Bas Dost do campo para colocar o André - acho que a única explicação que encontro para essa substituição é alguma 'fezada' dele no brasileiro. Resumindo, acabou por nem ser particularmente complicado para o Benfica segurar a vitória durante o tempo que decorreu entre o golo do Sporting e o final do jogo.
Começo por destacar na nossa equipa o Ederson. A vitória começou por ele, já que esteve sempre muito seguro e defendeu o que havia para defender. Não havia nada que pudesse fazer no golo sofrido, mas a ele devemos o facto deste não ter aparecido mais cedo. Se isso tivesse acontecido de certeza que a nossa tarefa teria sido muito mais complicada. Outro dos destaques foi o Rafa, que foi sempre um dos nossos jogadores mais perigosos no ataque, com uma grande assistência para o primeiro golo. E se tivesse conseguido ser um pouco mais certeiro no último passe, poderia ter feito ainda melhor. A entrada do Cervi foi muito importante, sobretudo a partir do momento em que se fixou na esquerda. E já que falo na esquerda, uma menção para o André Almeida. Na posição de lateral esquerdo, a participação no processo ofensivo é praticamente inexistente (a diferença, no processo ofensivo, deste Benfica para aquele que pode contar com o Grimaldo é abissal, e até poder contar com o Eliseu já faria uma enorme diferença) mas em termos defensivos fez um jogo bastante bom. Se hoje o Gelson não teve a influência que lhe é mais habitual no jogo do Sporting, isso deve-se em boa parte à forma eficaz como o André Almeida conseguiu controlá-lo na maior parte do jogo. O Jiménez correu até à exaustão e fez por merecer o golo. Pena ter falhado aquela oferta do Bryan Ruiz.
Os três pontos estão ganhos, a liderança está confirmada e cimentada, a motivação aumentada e este jogo já é passado. Agora é altura de pensar já no Real, com quem iremos disputar o acesso à próxima eliminatória da taça, e a seguir no jogo contra o Estoril. Os três pontos desse jogo valem exactamente o mesmo destes três ganhos esta noite, e é essa a mentalidade que já nos levou à conquista do tricampeonato e que pode manter o sonho do tetra vivo.
P.S.- Enquanto saía do estádio dizia que o melhor era aproveitar a caminhada até casa enquanto o Sporting procurava pelos penáltis não assinalados que seriam necessários para ganhar o jogo. Claro que isso se confirmou mal cheguei a casa. Não é que seja necessário ter algum poder mediúnico para adivinhar estas coisas, porque sempre que o Sporting joga contra o Benfica só há dois cenários possíveis: ou é um 'banho de bola', se ganharem nem que seja por meio a zero com um golo marcado com as nádegas depois de uma rajada de vento ter desviado a bola de um pontapé de baliza; ou então, se não tiverem ganho, é uma 'roubalheira'. Têm o presidente da Liga que escolheram, têm o presidente dos árbitros que escolheram, têm até os árbitros de que gostam. Mas a conspiração universal contra o Sporting continua.
2 Comments:
Muito boa análise!
Continuamos à frente, a almofada de 4 pontos não é nada de se deitar fora, temos de continuar a ganhar aos pequenos, que são essas vitórias que dão campeonatos. Daqui a pouco vamos ter os reforços Jonas, Grimaldi, Jardel, Horta, e tudo ficará mais fácil para RV.
Viva o Benfica!
O post esta fiel aquilo que se passou em campo.
Embora o resultado positivo os problemas continuam todos lá continuamos com um defesa direito que ataca muito bem mas defende muitas vezes mal no centro da defesa a forma dos dois não é a melhor longe disso ficando cada vez mais evidente num deles um jogo aéreo paupérrimo continuamos sem um oito titular sobretudo para jogos desta importância e temos agora um extremo esquerdo, de grande qualidade é certo, que finaliza como um jogador de distritais é que este jogo continua a ser simples ganha que marca mais golos que o adversário e quem joga numa posição tão avançada e não sabe marcar golos é curto.
A primeira alteração só não foi boa porque acabamos por fazer entrar um jogador sem ritmo quando tínhamos outro no banco com as mesmas características mas com muito mais ritmo no momento e também porque mais uma vez quando reforçamos o meio campo, atitude acertada, optamos sempre por reforçar a posição de médio defensivo, recuando em demasiado a equipa, quando deveríamos reforçar a posição oito jogando ai com dois jogadores permitindo a saída com bola e manter a equipa subida.
Isto já nem tem palavras no momento em que finalmente sai um jogador dos cuidados do departamento medico entra de imediato outro é inacreditável e essa conversa de que vamos a todo o momento receber reforços, os vindos de lesão, é uma conversa que tem barbas e nunca se concretiza porque nem os recuperamos a tempo como deixamos de ter outros disponíveis e ou invertemos esta situação ou nuca vamos ter o plantel à disposição como deveríamos e necessitamos de ter.
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