sábado, março 18, 2017

Zero

Se dissesse que não estava à espera de um resultado destes, estaria a mentir. Sou pessimista por natureza e sabia que era fundamental, para termos a tarefa mais facilitada na próxima jornada, não perder pontos em Paços de Ferreira. Os nossos inimigos estavam todos à espera que falhássemos. Obviamente que lhes fizemos a vontade, jogámos pouco, acabou tudo a zero e perdemos pontos em Paços de Ferreira, porque facilitismos não são para nós.


E não podemos queixar-nos de mais nada a não ser de nós próprios. Não foi o árbitro, não foi o antijogo do adversário - o Paços não o fez, limitou-se a jogar à defesa sem recorrer grandemente a simulação de lesões e perdas escusadas de tempo - não foi o estado do relvado (estava excelente), nem foi o ambiente adverso, porque o Benfica jogou em casa, com as bancadas repletas e quase todas pintadas de vermelho. Nós é que, de uma forma muito simples, não jogámos nada. Lamento, mas não encontro outra forma de descrever o nosso jogo. Fomos uma equipa completamente sem ideias, com extremos completamente desinspirados e uma dupla de avançados que fez praticamente tudo mal neste jogo. O Jonas foi uma sombra daquilo que sabe e pode fazer, e o Mitroglou parecia incapaz de controlar uma bola. Só assim se justifica que perante uma equipa que na primeira parte se limitou a defender, e tendo nós conseguido uma posse de bola avassaladora - bem acima dos 70% - tenhamos apenas conseguido construir, que eu me recorde, duas ocasiões de golo. Um cruzamento do Jonas na esquerda, ao qual o Salvio correspondeu no segundo poste atirando para a bancada quando tinha a baliza à sua mercê (mas já tinha chegado em esforço à bola) e um remate fabuloso do Eliseu, de muito longe, que levou a bola a embater no ângulo da baliza. Porque de resto, um jogo muito embrulhado, confuso, com demasiados passes redundantes e sem objectivo concreto, e uma preocupante falta de imaginação para encontrar soluções contra uma equipa acantonada junto à sua área. A segunda parte não foi melhor; foi aliás pior. À medida que o tempo ia passando, a qualidade do nosso jogo foi caindo cada vez mais, e a ausência de ocasiões de perigo foi cada vez mais notória - lembro-me de um remate do Pizzi para as mãos do guarda-redes, e talvez um cruzamento/remate do Nélson Semedo, e pouco mais. As substituições que foram sendo feitas pouco ou nada mudaram no jogo, e provavelmente até o tornaram ainda mais confuso. A atroz falta de ideias da nossa equipa ficou para mim demonstrada de forma dolorosamente evidente num dos últimos lances do jogo. Já em período de descontos, beneficiámos de um livre em posição frontal à baliza. Encarregado de o marcar, em vez de aproveitar para rematar o Jonas preferiu tentar picar a bola por cima da barreira, com tanto jeito que acabou por sair o que na prática foi um passe directo para a cabeça de um dos jogadores que estavam na barreira. 


Nem me vou dar ao trabalho de fazer destaques neste jogo. Sinto-me desiludido pela nossa equipa e pela qualidade de jogo que apresentou num encontro que era - como são todos até ao final - fundamental para que consigamos atingir o nosso objectivo. Por muito que custe, a verdade é que o nulo final ajusta-se ao pouco que o Benfica conseguiu produzir neste jogo em termos ofensivos. Nada está, obviamente, perdido. Mas com este resultado, e se o Porto vencer o seu jogo, parece-me que a situação da corrida para o título começa a ficar muito simplificada: ou vencemos o Porto na próxima jornada, ou então a nossa posição ficará muito fragilizada. Pode ser que de alguma forma isto acabe por ser positivo. A obrigatoriedade de vencer pode ser um estímulo para que façamos um bom jogo, o que poderia não acontecer se tivessemos a possibilidade de nos 'encostar' a um empate.

1 Comments:

At 3/20/2017 6:37 da tarde, Blogger joão carlos said...

Mesmo não gostando nada da exibição na primeira parte ainda se percebe eles muito fechado nós sem imaginação e sobretudo sem objectividade parecendo ainda algo surpreendidos com a forma como o adversário encarou o encontro, e mesmo com poucas oportunidades foram flagrantes, o que eu não entendo é a forma como entramos na segunda parte perante aquilo que o jogo já se tinha tornado era obrigatório entrar com outra atitude no mínimo e isso não aconteceu pior que eles na segunda parte não se fecharam tanto e deixavam mais espaços que incompreensivelmente ainda conseguimos aproveitar menos que quando eles se fechavam na defesa e é impressionante a forma como quase desistimos de tentar sequer fazer um contra ataque.
Ir para um jogo destes que era previsível que fosse difícil e de muita luta especialmente no meio campo com um jogador condicionado com amarelos que o poderiam deixar de fora do próximo jogo é erro enorme que teve custos num jogo destes ter um jogador condicionado numa zona fulcral do terreno que por isso não fez uma única falta em todo o jogo e com a respectiva pressão que não fez para evitar fazer faltas foi por demais evidente tão mas tão evidente que a alteração de atitude do adversário na segunda parte provavelmente não é alheia a isso e tanto pior que esta questão dos amarelos já poderia, e deveria, ter sido resolvida a mais tempo e oportunidades foi o que não tem faltado desde que ele esta nesta situação.
Este tipo de jogo muito fechado e com poucas oportunidades ganha ainda mais importância as bolas paradas e se verificarmos a quantidade de lances deste tipo que tivemos, até livres directos que até é raro termos, foi enorme e de todos apenas no ultimo conseguimos criar perigo isto porque todos foram mal marcados e sobretudos mal executados por quem o marcou, alias como sempre o mesmo, então nos cantos é impressionante sempre marcados para o mesmo sitio da mesmas forma e invariavelmente mal executados ou rapidamente alteramos não só a forma como os marcamos, mas principalmente alteramos o executante, ou vamos continuar a ter uma taxa de acerto paupérrima como até agora.

 

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