sábado, fevereiro 25, 2017

Bonito

Um triunfo importante frente a uma das boas equipas do nosso campeonato. Com uma equipa bem montada e organizada, o Chaves sabe tirar o melhor partido dos argumentos que possui, e mesmo sem recorrer a tácticas de antijogo conseguiu frequentemente criar dificuldades ao nosso ataque e vender cara a derrota. Foi um jogo bonito e agradável de acompanhar, ao contrário de tantos outros em que mesmo ganhando de forma mais confortável acabamos por nos irritar constantemente devido ao futebol negativo do adversário. O Chaves pode ter orgulho na forma como jogou e certamente que conquistou o respeito da grande maioria dos benfiquistas.


Apesar da recuperação do Jonas, o Benfica apresentou o mesmo onze que tinha alinhado em Braga à excepção do Fejsa, que estando lesionado deu o seu lugar ao Samaris. Já estou habituado a que de uma forma ou outra o Benfica acabe por arranjar soluções para as várias ausências com que temos sido confrontados esta época, mas confesso que fico sempre um pouco mais apreensivo quando o Fejsa não joga. Para mim ele é uma espécie de fulcro de toda a equipa; a peça que acaba por dar um necessário equiíbrio quer à defesa, quer ao meio campo. E a forma como o Samaris surgiu no jogo não contribuiu muito para me tranqulizar, sobretudo devido aos inúmeros passes falhados do grego. Na direita o Salvio continuou na saga quixotesca em que enveredou nos últimos tempos, na qual decide enfrentar sozinho o mundo inteiro. Insiste nos lances individuais, dá sempre pelo menos um toque a mais na bola, e decide quase sempre mal. Para compor um trio desinspirado, o Rafa insistia em mostrar que em jogos destes, contra equipas que fecham bem atrás e sobretudo bloqueiam quase tudo o que é caminho pela zona central, jogar como segundo avançado definitivamente não parece ser a melhor escolha. Resumindo, frente a um Chaves que mesmo sem autocarro, se organizava bem atrás a jogar num 4-4-2 bem arrumadinho, mantendo quase sempre todos os jogadores atrás da linha da bola, nós respondíamos com três finalizadores de jogadas natos - finalizadores porque a maior parte das jogadas acabavam quando a bola chegava aos pés de um destes jogadores. O pior era quando elas acabavam entregando a bola ao adversário - é que o Chaves conseguia quase sempre sair de forma muito orientada para o contra-ataque e rapidamente chegava à frente com três ou quatro jogadores. 


Foi aliás o Chaves quem criou a primeira boa ocasião, valendo-nos a saída rápida e decidida do Ederson aos pés do Fábio Martins, que lhe aparecia isolado. Pouco depois, aos dezoito minutos, o Benfica e o Mitroglou em especial voltaram a revelar a eficácia dos últimos jogos e o golo surgiu na primeira oportunidade criada. Cruzamento do Nélson Semedo na direita e cabeçada certeira do grego, de cima para baixo, aproveitando o facto de ter ficado à vontade depois da queda do defesa que disputava o lance com ele. Após o golo o nosso jogo melhorou um pouco, talvez também pelo facto de tentarmos fazer as coisas com um pouco mais de calma. Mas era importante fazer um segundo golo, porque os poucos contra-ataques do Chaves eram suficientes para se perceber que podiam perfeitamente chegar ao golo. Criámos duas excelentes situações para o fazer, mas na primeira o Rafa, em muito boa posição dentro da área, optou por tentar passar a bola e o lance perdeu-se. No segundo, já muito perto do intervalo, o Salvio controlou uma bola metida em balão para as costas da defesa do Chaves, provavelmente pela primeira vez no jogo tomou a decisão mais correcta e fez o passe para o Mitroglou, mas o grego rematou de pé direito para a bancada quando o golo parecia ser o desfecho mais provável. Não marcámos nesse lance e praticamente na resposta o Chaves empatou: incursão pela esquerda da nossa defesa, passe atrasado para a entrada da área e remate de primeira do Bressan, muito colocado e sem dar qualquer possibilidade de defesa ao Ederson. Um grande golo a levar tudo empatado para o intervalo.


Para a segunda parte não houve substituições mas houve um pequeno acerto táctico que acabou por fazer alguma diferença. O Rafa passou para a esquerda e foi o Zivkovic a assumir o papel de segundo avançado, o que fez com muito maior mobilidade do que o Rafa tinha feito durante a primeira parte, aparecendo com muito maior frequência a oferecer opções de passe aos colegas. E com cinco minutos decorridos o Benfica colocou-se de novo em vantagem. Dois dos jogadores que tinham estado menos inspirados na primeira parte acabaram por ter um papel decisivo no lance. Foi do Samaris o excelente passe para a desmarcação do Nélson Semedo, e foi o Rafa quem apareceu ao segundo poste para empurrar para golo a bola cruzada pelo Nélson, depois do Mitroglou não a ter conseguido desviar. Foi importante marcar cedo, porque assim evitámos o acumular de nervosismo caso o empate fosse persistindo. Mas já tínhamos provas mais do que suficientes que a margem de um golo era demasiado perigosa, pelo que seria fundamental alargá-la. Pouco depois do golo o desinspirado Salvio foi mesmo substituído, entrando o Jonas, e o nosso jogo melhorou. Mas o tempo ia passando e o terceiro golo teimava a não aparecer, com os nossos remates a passarem quase sempre um pouco ao lado do alvo: Mitroglou, Nélson Semedo, Zivkovic e Jonas atiraram sempre para fora. Num outro lance perigoso fiquei com a sensação de que o remate do Pizzi à entrada da área foi cortado com a mão, mas foi tudo muito rápido, e noutra ocasião foi um corte de um defesa a evitar no limite que o Jonas finalizasse uma óptima jogada de ataque conduzida pelo Zivkovic, que também passou pelo Mitroglou. Depois deu-se a progressão natural de um jogo nestas condições. Chegados aos minutos finais a equipa que está em vantagem tem a tendência para se retrair e a equipa que está em desvantagem começa a acreditar que pode chegar à igualdade e cresce. O Ederson ainda foi obrigado a uma defesa difícil a um remate de fora da área, mas já sobre os noventa minutos o Mitroglou encerrou a discussão com o seu segundo golo. Aproveitando um balão para as costas da defesa, foi mais forte do que o seu marcador directo e aproveitou um corte defeituoso deste quando estava pressionado para ficar isolado e finalizar com um remate de primeira.


É fácil destacar o Mitroglou como homem do jogo pelos dois golos (e não só, pelo que trabalhou e criou) mas eu coloco o Nélson Semedo no mesmo patamar. Foi dos jogadores mais interventivos no jogo, fez duas assistências, e infelizmente viu o cartão que completou a série de cinco que o deixará de fora do nosso próximo jogo para o campeonato. Não gostei do jogo do Salvio e do Samaris, e quanto ao Rafa melhorou na segunda parte depois de ter passado para a esquerda. O Zivkovic nunca esteve tão desastrado, mas também subiu de produção quando foi para o meio por alguns minutos e sobretudo quando passou para o lugar do Salvio na direita. O Jonas, como não podia deixar de ser, entrou bem e a qualidade do nosso jogo melhorou visivelmente com a sua presença em campo. Só lhe ficou a faltar um golo numa daquelas melhores jogadas de ataque que construímos - numa atirou para fora e na outra deixou-se desarmar no limite.

Foi mais uma vitória difícil mas justa, valorizada pela boa réplica dada pelo Chaves. E seria bom ver mais equipas a jogar desta forma. Não é necessário recorrer ao antijogo ou a estratagemas mais sujos para se jogar de forma mais cautelosa. O Chaves jogou de acordo com as armas que possui, e fê-lo de forma honesta e deixando uma boa imagem, não sendo por isso que teve menos possibilidades de discutir o resultado. Tempo agora para prepararmos a visita ao Estoril para começarmos a discutir a presença no Jamor. É mais uma competição que desejamos conquistar.

1 Comments:

At 2/25/2017 11:39 da tarde, Blogger joão carlos said...

O post esta muito bem conseguido.


Entre jogadores em baixa de forma que o nosso treinador teima em manter a titular, e que em nada tem ajudado a equipa e muito menos os referidos jogadores a voltarem ao seu melhor nível, e entre jogadores que fora das suas posições não rendem nem metade do que podem fazer, como se viu neste caso, temos mais de metade de um onze e não existe equipa que resista a que metade dos jogadores não produzam o que devem e muito se deve a isso este jogos mais apertados e períodos menos conseguidos para mais condicionando todas as nossas opções para o resto dos jogos quando as substituições são quase só para rectificar erros nas escolhas iniciais.
Concordo que o nosso seis neste jogo teve um pouco bipolar com coisas muito boas a participação em dois dos golos e depois com muitos erros incluindo um mau posicionamento no lance que resultou no golo sofrido mas isto tem a ver com as características do jogador que sempre foi um oito e nessas funções é bom a defender e a atacar como se viu nos lances referidos mas depois esta muitas vezes mal quando se lhe pede que faça as funções de seis que ele não é e que a sua adaptação à posição nunca foi a que se desejava a questão é saber se ele é o oito que à muito precisamos mas em que ninguém tem apostado porque a seis ele embora útil e desenrasque não é aquilo que precisamos como titular.
Os últimos momentos de maior aflição não foram só por um recuo nosso e um acreditar deles por via dum resultado apertado foi sobretudo por uma alteração deles reforçando o meio campo que lhes permitiu pressionar mais e por via disso passar mais tempo no nosso meio campo e era isso que deveríamos ter feito nós também com o resultado tão apertado e perto do fim é absolutamente imperioso reforçar o meio campo já que isso nos permite mais posse mas sobretudo mais pressão e mesmo que por via disso não garanta mais perigo, e por vezes até garante, pelo menos tem tendência a afastar a bola da nossa área.

 

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