segunda-feira, fevereiro 06, 2017

Normalidade

Regresso à normalidade, ou seja, a uma vitória tranquila, por margem dilatada e sem grandes sobressaltos. Depois dos últimos resultados menos positivos, foi bom regressar a casa e a um cenário a que estamos mais habituados. A exibição não foi brilhante, mas foi positiva e em crescendo, à medida que a equipa foi recuperando a sua confiança.


Num onze sem grandes surpresas, o Zivkovic manteve a titularidade, jogando na esquerda, e atrás dele regressou o Eliseu. E por muito boa vontade que o André Almeida tenha, aquela não é a posição dele e é sempre bom jogarmos com um lateral esquerdo de raiz. O início do jogo do Benfica deu para preocupar um pouco. A equipa pareceu acusar os últimos resultados e não entrou de forma muito decidida frente a um Nacional muito defensivo, que encostou duas linhas muito próximas à sua área. Tanto assim foi que apenas com catorze minutos decorridos o Benfica fez o primeiro remate do jogo, da autoria do Jonas. O Jonas era mesmo o jogador mais rematador do Benfica, mas durante a fase inicial do jogo pareceu-me mais uma vez que ele estava a jogar praticamente como um avançado fixo, quase sempre encostado aos defesas do Nacional. O Benfica precisa do Jonas mais móvel, que vem buscar a bola e criar jogo mais atrás, aliviando assim a pressão sobre o Pizzi - aparenta algum cansaço e tem sido algo criticado pela quebra de rendimento, mas parece-me que parte disso se deve também à menor influência do Jonas nestes últimos jogos. O Nacional era um adversário muito pouco incómodo, remetido à defesa e que quase não conseguia sair em contra-ataque - acho que apenas por uma vez em todo o jogo criou um lance de algum perigo, ainda com o resultado em branco, quando conseguiu um cruzamento na esquerda que o Ederson afastou para a entrada da área, onde estava um jogador do Nacional que rematou muito ao lado. A partir dos vinte minutos o Benfica acelerou um pouco e começou a ameaçar a baliza adversária com maior frequência, acabando o golo por surgir aos vinte e seis minutos. Depois de um canto marcado na direita pelo Zivkovic, a bola aliviada pela defesa do Nacional foi bem recuperada pelo Pizzi, que a devolveu ao Zivkovic e este fez o cruzamento certeiro para a cabeça do Jonas enviar a bola para o fundo da baliza. Alcançada a vantagem, o Benfica pareceu querer arrefecer um pouco o jogo e tentar chamar os jogadores do Nacional a subir um pouco no terreno, já que continuavam encafuados junto da sua área - isto provocou até alguns (pouco compreensíveis) assobios da parte de alguns adeptos mais impacientes. Mas foi precisamente numa dessas ocasiões, em que alguns já começavam a perder a paciência, que depois de uma troca de bola atrás o Nélson Semedo subiu pela direita, deixou a bola nos pés do Jonas, e este correu paralelo à linha da área e rematou colocadíssimo de pé esquerdo para o poste mais distante. Um bonito golo. Golo que pareceu devolver muita confiança à nossa equipa, o que fez com que assistíssemos a um futebol mais rápido e alegre nos dez minutos até ao intervalo, durante os quais só por muito pouco não voltámos a marcar, num cabeceamento do Mitroglou após novo cruzamento do Zivkovic.


Se na primeira parte o Nacional já pouca réplica tinha dado, na segunda então foi inexistente. Foram quarenta e cinco minutos tranquilíssimos por parte do Benfica, que controlou e dominou o jogo como quis, e que mesmo sem termos assistido a qualquer massacre (apesar do domínio, até foi um Benfica bastante menos rematador do que lhe é mais habitual) poderia ter construído um resultado muito mais volumoso. O Ederson foi quase um espectador, tendo a sua contribuição para o jogo sido quase só jogar a bola com os pés depois de lhe ter sido passada pelos colegas. O Nacional nesta segunda parte tentou de facto estender-se no campo, mas com isso deu mais espaço entre a defesa e o meio campo, que nós agradecemos e explorámos. O Mitroglou podia ter feito melhor num lance em que cabeceou directamente para as mãos do guarda-redes, mas acabou mesmo por conseguir chegar ao golo, a dez minutos do final, numa bonita jogada de ataque do Benfica. O lance começa numa recuperação de bola do Fejsa, que a passa para o Rafa (tinha entrado para o lugar do Salvio, e mexeu com o jogo). Este mete-a mais para a frente no Jonas, que avança junto à lateral e espera pela desmarcação do Rafa para lhe devolver a bola. O Rafa entra na área e faz o passe atrasado para o Mitroglou, que se tinha movimentado no sentido contrário ao da defesa, e o grego teve tempo para parar a bola e fuzilar a baliza. Até pareceu fácil, e o grego saiu logo a seguir para dar o lugar ao Carrillo - minutos antes do golo tínhamos assistido à estreia do Filipe Augusto, que rendeu o Pizzi. Pouco depois ainda desperdiçámos nova boa ocasião porque o Rafa e o Jonas se atrapalharam mutuamente quando se isolaram após uma tabela com o Zivkovic. Como nota final, apenas um breve comentário à actuação do árbitro neste jogo (Luís Godinho). Não o conhecia, mas deixou-me uma muito má primeira impressão. Uma má arbitragem, com um critério disciplinar incompreensível, e da qual o Benfica tem razões de queixa. O que não foge ao que tem sido norma ultimamente. A diferença foi que hoje o Benfica jogou suficientemente bem para ganhar apesar dos disparates do árbitro.


O destaque maior da nossa equipa tem que ser o Jonas. Dois golos e participação directa na jogada do terceiro são motivo mais do que suficiente. Foi também o jogador mais rematador da equipa. Parece-me que ainda não está ao seu melhor nível, e ainda passa longos períodos no jogo em que se esconde do mesmo, encostado aos defesas adversários, mas a sua qualidade é indiscutível e pode decidir jogos num pormenor. Outro destaque é o Fejsa, que depois do regresso menos conseguido em Setúbal voltou hoje ao que já nos habituou. Ainda cometeu um ou outro disparate no passe quando resolveu tentar passar a bola rapidamente para o ataque, mas no seu trabalho fundamental de recuperação da bola e auxílio à defesa esteve irrepreensível. O Zivkovic também fez um jogo muito bom. Já não é novidade a qualidade técnica, visão de jogo e capacidade de passe que tem, mas a isso soma também uma atitude competitiva irrepreensível, o que ficou bem expresso na quantidade de bolas que conseguiu recuperar, algumas mesmo em zonas mais adiantadas do campo. E é capaz de ser o jogador do plantel que melhor sabe cruzar uma bola. Destaque também para o Nélson Semedo, com uma exibição sempre em crescendo, e para o regresso do Eliseu. Pode até nem ter feito uma exibição de encher o olho, mas é uma diferença enorme entre tê-lo a ele ou o André Almeida naquela posição.

Foi um jogo e um resultado importantes para dar confiança à equipa, e que nos permite a manutenção no topo da tabela, mostrando imunidade a tentativas de pressão pífias como aquelas declarações do treinador do Porto ontem (a época passada fizemos quase um terço do campeonato a defender uma vantagem de dois pontos, por isso pressão é algo a que esta equipa está mais do que habituada). A obrigação de vencer tranquilamente o último classificado foi cumprida. Esperemos que este resultado seja também o sinal de um regresso à rotina de vencer regularmente e sem grandes sobressaltos, de forma a retomarmos a rota do tetra.

1 Comments:

At 2/06/2017 10:34 da tarde, Blogger joão carlos said...

O post esta muito bem conseguido.


Também achei que entramos pouco decididos depois de resultados menos bons o que se pede é que a equipa entre com tudo e com determinação, ainda mais quando se vem de dois jogos seguidos assim, a precipitação e alguma ansiedade é natural, o que se notou com os primeiros remates muitos mal executados e outros precipitados, mas faltou garra e vontade de decidir rápido e é uma coisa que tem sido recorrente a equipa entrar muito mole o que até em outras ocasiões nos custou caro.
O nosso oito anda desgastado e isso é evidente porque quando a bola lhe chega ele trava o jogo por completo e com isso permite que o adversário se recomponha ao contrario do que acontecia até à pouco tempo, eventualmente um ou outro jogador estando em melhor forma podem atenuar ou disfarçar a situação no entanto ela é evidente, e sinal disso são as constantes perdas de bola, ontem mais uma vez a única oportunidade deles resultou de uma perda de bola dele, que são fruto da pouca rapidez com que circula a bola e muitos dos golos sofridos são originados nas perdas de bola do nosso oito.
Continuamos a ter um baixíssimo aproveitamento das bolas paradas por vezes é tão baixo que é ridículo e agora até temos um jogador que cruza bem, e que só não tem mais assistência porque temos falhado alguns dos seus cruzamentos de forma escandalosa, por isso não se percebe porque continuamos a cobrar mal a bolas paradas e a ter um índice de aproveitamento tão baixo e como se viu pelos dois jogos anteriores a falta que nos fez não termos aproveitado os lances que tivemos e ou melhoramos este aspecto rapidamente ou corremos o risco de ter muitas dificuldades em desbloquear os jogos.

 

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