sábado, agosto 24, 2019

Aberração

Um Benfica que foi uma autêntica aberração e uma exibição a todos os níveis deplorável - a pior, a larga distância de qualquer outra, da era Lage - resultaram numa derrota justa com o Porto.

Nem vale a pena estar a dissertar muito sobre o que se passou. O Porto foi sempre melhor e uma equipa muito mais sólida durante os noventa minutos. A vitória deles foi simplesmente fácil. Bastou-lhes manter os jogadores atrás da linha da bola, com as linhas bem juntas, e sair para o ataque com dois ou três jogadores, que mesmo assim criavam mais perigo do que qualquer ataque organizado do Benfica. O Benfica hoje simplesmente não existiu, nem como equipa, nem ao nível das individualidades. Quando num mesmo jogo temos Grimaldo, Pizzi e Rafa completamente apagados torna-se muito difícil conseguir o que quer que seja. Raramente conseguimos alinhar três passes seguidos, ao passo que ao Porto bastava meter o guarda-redes ou os centrais a despejar bolas para a frente, que a maioria delas era ganha pelos avançados e quando isso não acontecia a segunda bola era quase sempre deles. Ninguém do Benfica está imune às críticas, incluindo o Bruno Lage, que revelou uma estranha falta de capacidade de reacção perante um jogo que estava claramente a correr mal. Hoje ficou brutalmente evidente o enorme erro de casting que é o Nuno Tavares na direita num jogo de maior dificuldade: raramente o nosso lateral direito conseguiu incorporar-se no ataque, porque ficava logo fora do lance no momento da recepção - incapaz de fazer uma recepção orientada com o pé direito, ao fazê-lo com o esquerdo direccionava logo a bola para o meio e facilitava ao adversário a tarefa de fechar a ala. Não que o Grimaldo do outro lado tenha feito melhor. Apareceu mais vezes no ataque, sobretudo na segunda parte, mas acho que não conseguiu acertar um único cruzamento. A insistência numa dupla de avançados que claramente revela dificuldades em funcionar junta também se notou hoje. O Seferovic está num mau momento de forma, mas é o De Tomas quem tem sido sempre o sacrificado para jogar como segundo avançado e é sempre ele a ser substituído. Em relação ao Pizzi, é difícil encontrar palavras para descrever o quão má foi a sua actuação. E todos sabemos que há um Benfica com Pizzi e outro sem ele. Pior ainda do que a falta de qualidade na exibição foi a atitude. O Pizzi passou uma boa parte do jogo a passo, mais interessado em discutir do que em jogar, encostado ao defesa do seu lado e sem vontade de assumir o jogo. Sem Gabriel no meio campo e sem o Pizzi a querer assumir as despesas de construção a nossa equipa foi um deserto de ideias, porque não seriam certamente o Samaris e o Florentino a conseguir desempenhar essa tarefa - hoje deu também para ver que a lesão do Gabriel deixou um vazio para aquela zona do meio campo, porque o Taarabt não conseguiu mostrar ser uma opção válida. Não me recordo de uma única ocasião de perigo que tenhamos construído em todo o jogo. Depois foi um acumular de erros individuais na defesa. O primeiro golo do Porto resulta de um cabeceamento do Ferro, que completamente à vontade na área conseguiu acertar num colega, com a bola a sobrar para o Zé Luís encostar. O segundo foi uma jogada básica e eficaz, que já tinha sido tentada antes. O Marega deixado 1x1 com o Ferro, bola para as costas da defesa e bastou ganhar em velocidade e corpo para ficar isolado.

Foi a primeira derrota da era Lage para a Liga, e foi inteiramente merecida. Pior, com isto fizemos o favor de reviver uma equipa moribunda que ficaria numa situação muito complicada em caso de derrota. Mas parece que fazer as coisas da forma mais fácil não é para nós. Enfim, esta equipa já nos deu alegrias e motivos de sobra para confiarmos que isto não passou de um dia muito mau frente a um adversário com a lição muito bem estudada. Que nos sirva de lição a nós.

1 Comments:

At 8/26/2019 6:01 da tarde, Blogger joão carlos said...

Tal como à dois anos toda a estrutura esta a desvalorizar os principais adversários isso ficou bem patente na forma como este jogo foi preparados por todos e pelos vistos nem sequer aprendemos com os erros cometidos no passado mas o que tornas as coisas mais graves do que a displicência como encaramos o jogo e a forma como eles nos bloquearam, alias previsível, foi a completa incapacidade para conseguir mudar a forma de jogar da equipa não temos plano b, apenas plano a, e se esta não funciona ou o conseguem bloquear somos uma completa nulidade é inadmissível a jogar em casa só termos uma oportunidade digna desse nome.
A adaptação feita à posição de lateral direito era um desastre á espera de acontecer era tão previsível e tão previsível que seria explorada até à exaustão tais são os problemas que essa solução trás que eram evidentes até para simples adeptos, quanto mais para profissionais, e se juntarmos mais uma adaptação falhada à posição de segundo avançado, também ela de igual modo evidente, pelos vistos só quem deveria ver isso é que não vê temos em duas penadas a anulação em termos ofensivos de dois flancos, o direito e o central, restando o esquerdo por ser o único que temos acaba por ser fácil de anular por ser previsivelmente o único que vamos utilizar e que todos aproveitam para bloquear porque é o único que pode causar perigo.
Mas talvez pior que isto tudo são mais uma vez as lesões e com isto já vamos numa serie de anos seguidos, com três treinadores diferentes, com uma quantidade industrial de lesionados sem que exista resolução do problema só este ano em menos de dois meses temos um terço do plantel lesionado, e deste modo não existe plantel que aguente muito menos se a ideia é ter um plantel curto, para mais quando destas todas apenas duas delas são de origem traumática ou rapidamente e de uma vez por todas resolvemos este problema ou então vamos passar por muitas dificuldades.

 

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