domingo, agosto 18, 2019

Retranca

Com alguma dificuldade foi ultrapassado um adversário complicado, no qual tantas esperanças foram depositadas pelo facto de na época passada ter conseguido não perder na Luz quase sem saber como. Desta vez tentaram a mesma estratégia da retranca, mas nem mesmo com o inestimável apoio da dupla que o ano passado nos surripiou a possibilidade de conquistar a Taça da Liga (Veríssimo & Xistra) a B SAD conseguiu repetir a graça.


Apresentámo-nos no Jamor com o mesmo onze que tinha iniciado os dois jogos oficiais da época. De imediato de para perceber o primeiro factor que iria complicar a tarefa: um péssimo relvado, que tanto travava a bola como alterava a sua trajectória. Depois, logo nos minutos iniciais, vimos o De Tomas falhar depois de ficar isolado por um passe do Pizzi, e na recarga o Seferovic, com a baliza à sua mercê, não acertou na bola. Este lance acabou por ser o mote para a exibição da nossa dupla de ataque esta noite. Completamente desinspirados na finalização e ambos a parecerem até algo desligados do jogo. Do outro lado, uma B SAD a fazer exactamente o mesmo que tinha vindo fazer à Luz quando lhes caiu um empate no colo. Toda a gente bem enfiada lá atrás, longos períodos a trocar a bola entre os três homens mais recuados (dois centrais e um líbero) sem qualquer intenção aparente de progressão, e depois umas tentativas de saída para o ataque através de futebol directo - esta tendência foi-se agravando à medida que o empate persistia no marcador. Não estávamos a fazer dos nossos melhores jogos, mas conforme disse, a tarefa também foi em muito dificultada pelo péssimo relvado (quando começar a chover muito provavelmente volta a ser impossível jogar no Jamor) e no ataque as coisas complicavam-se rapidamente perante a floresta de pernas que acampava à frente da baliza, e quando essas eram ultrapassadas o guarda-redes também se exibiu em bom plano. Era imperioso marcar primeiro, porque de certeza que à atitude ultra-defensiva do adversário se juntaria rapidamente antijogo caso se apanhassem em vantagem. Não era por falta de ocasiões que não marcávamos, mas quase todas elas surgiam pelos pés da dupla de avançados, que esteve simplesmente desastrada. Rafa e Pizzi eram aqueles que iam inspirando a nossa equipa no ataque, com as costas sempre muito bem guardadas pelo Florentino, que voltou a exibir-se a um nível muito alto. E já mesmo a fechar a primeira parte, tal como sucedeu no tal empate da época passada, quase por acaso a B SAD ia marcado. Foi simplesmente um chutão para a frente, onde estava um único jogador deles, mas o Rúben Dias tropeçou e deixou que o adversário se isolasse. Valeu-nos o Vlachodimos, que parece começar a especializar-se em situações onde o adversário lhe aparece isolado pela frente.


Na segunda parte a pressão do Benfica intensificou-se e a B SAD encolheu-se ainda mais. Desde o recomeço que o jogo se disputou praticamente todo dentro do meio campo da B SAD, cujos jogadores acabavam por passar a maior parte do tempo a aliviar bolas da sua defesa, incapazes de sair a jogar em ataque organizado devido à pressão. Xistra & Veríssimo tiveram oportunidade para olimpicamente ignorar um penálti sobre o Rafa logo nos primeiros minutos e assim manter a esperança na B SAD. Faltava o golo para fazer ruir a muralha, e este acabou por surgir ainda antes de findo o primeiro quarto de hora. Inevitavelmente, Rafa e Pizzi na sua origem. A primeira tentativa de combinação do Pizzi com o Grimaldo foi interceptada, mas quando o adversário tentou sair a jogar foi de imediato pressionado pelo mesmo Pizzi e o Rafa, que recuperaram a bola à entrada da área. Depois combinaram entre eles, com o Rafa a vir da esquerda para o meio até conseguir rematar cruzado para o ângulo superior contrário. Um belíssimo e merecidíssimo golo. Depois deste golo a B SAD lá se soltou um bocado e tentou vir um pouco para a frente, mas o Benfica teve sempre um controlo quase absoluto sobre o jogo. A cerca de quinze minutos do final trocámos o De Tomas pelo Chiquinho, uma troca que na minha opinião só pecou por tardia. Incrivelmente, após mais uma falha individual completamente atípica, o empate quase que podia ter acontecido. Dentro da área o Nuno Tavares, mesmo sem grande pressão, falhou um alívio (onde foi notória a falta de pé direito) e a bola sobrou para um adversário, que felizmente rematou frouxo e cruzado para fora. Este lance como que serviu de aviso para o Benfica, que agora com o Chiquinho a dar acompanhamento ao Pizzi e ao Rafa, voltou a carregar sobre o adversário à procura do golo da tranquilidade. Que surgiu, a cinco minutos do fim, naquela que provavelmente terá sido a melhor jogada colectiva do Benfica em todo o jogo, e que terminou com uma tabelinha entre o Chiquinho e o Seferovic para o suíço empurrar para a baliza deserta. Mas a dupla Xistra & Veríssimo conseguiram puxar o jogo atrás até quase ao momento em que o Benfica saiu do autocarro e descobriram um fora de jogo de centímetros do Seferovic, o que lhes deu uma desculpa para anularem o lance. É bom ver que também já estão em forma logo no início da temporada. Mas felizmente acabou por não fazer diferença. Logo de seguida, e já em período de compensação, mais uma bola recuperada pelo Florentino seguiu para o Rafa, este progrediu com ela da esquerda para o meio e deixou-a no Pizzi na direita, que com um remate rasteiro e cruzado a fez entrar junto ao poste mais distante. Game over.


Melhor em campo para mim, e sem quaisquer dúvidas, o Rafa. É o MVP deste início de época. Aquele de quem eu espero sempre uma aceleração ou um rasgo quando a bola lhe chega aos pés. Mesmo nos períodos mais complicados foi sempre ele a pegar na bola e a tomar a iniciativa de partir para cima dos adversários, obrigando-os diversas vezes a recorrer à falta para o travar, depois dele já ter deixado dois ou três pelo caminho. Está numa forma fantástica. Foi bem acompanhado pelo Pizzi, que num estilo diferente vai descobrindo espaços e colegas desmarcados para lhes proporcionar ocasiões de golo. Tal como o Rafa, acaba o jogo com um golo e uma assistência. O Florentino voltou a fazer um jogo enorme e está a crescer a olhos vistos como jogador. Está cada vez mais confiante e a aumentar a sua zona de acção, aparecendo muito mais frequentemente a pressionar e a recuperar bolas em zonas mais adiantadas do terreno, arriscando também mais no passe. O Ferro fez mais um jogo muito sólido. Boa entrada do Chiquinho no jogo, e uma palavra final para o Odysseas: guarda-redes de equipa grande é isto. Acho que teve apenas que fazer uma defesa digna desse nome em todo o jogo, e que defesa foi. Literalmente defendeu um golo.

Está ultrapassado mais um obstáculo complicado, e agora podemos focar atenções no importante jogo que se segue. Teremos uma ocasião única para ganhar uma vantagem substancial sobre o nosso adversário mais directo praticamente na partida do campeonato, mas todo o cuidado será pouco. Acima de tudo, nunca pensarmos que a tarefa estará facilitada: no futebol há poucas fórmulas mais perigosas do que uma equipa com o orgulho ferido a defrontar outra com excesso de confiança. Teremos que encarar este jogo com a humildade e o profissionalismo do costume para termos as melhores hipóteses de alcançar o resultado que todos desejamos.

1 Comments:

At 8/18/2019 7:25 da tarde, Blogger joão carlos said...

O post esta muito bem conseguido.


Mais uma vez não se percebe a razão porque o nosso treinador tarda as substituições e se altura existem em que isso até se percebe quando a nossa frescura física é evidente agora quando temos jogadores que já não defendem e pouco atacam, então os dois avançados já isso era flagrante, talvez devido ao estado do relvado, é que se percebe menos e se a primeira foi um pouco tardia as seguintes foram escandalosamente tardia até porque foram todas bastante boas e as que se impunham principalmente quando eles já davam mais espaço na defesa e quando gente fresca iria fazer a diferença.
O nosso ponta de lança para alem dos falhanços incríveis que já se lhe andávamos a ver nos jogos anteriores, alguns escandalosos como nem acertar na bola, conseguiu neste juntar mais algo de novo que foi estragar o que os outros faziam de bom e por vezes mais parecia um defesa deles do que outra coisa e entretanto temo que andamos a queimar aquele que provavelmente é nosso melhor ponta de lança por não andar a actuar naquela que é a posição em que pode render mais e por esse motivo a falta de confiança dele esta cada vez a ser mais notória.
A solução encontrada para a lateral direita não funciona no ataque não conseguimos fazer fluir o jogo por ai e quando o fazemos é aos repelões e somos uma equipa completamente desequilibrada no ataque porque só temos um flanco e na defesa o erros são cada vez mais isto não por falta de qualidade mas porque o jogador tem dois pés esquerdos e ou rapidamente arranjamos outra solução até ao titular do lugar retornar, e como alternativa a este sempre que ele estiver indisponível, ou com esta solução vamos passar por muitas dificuldades.

 

Enviar um comentário

<< Home