quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Natural

Naturalíssima a vitória do Benfica esta noite. E digo que foi natural porque a nossa superioridade no jogo foi de tal forma evidente desde o apito inicial, que nem foi preciso carregarmos muito ou termos sequer uma noite particularmente inspirada para que a vitória parecesse impossível fugir-nos. A classe dos nossos jogadores chegou e sobrou para decidir este jogo.

Onze de Benfica sem surpresas, com o Coentrão a manter a titularidade na esquerda, e o Ramires a regressar à sua posição, aproveitando o castigo do Carlos Martins. Do outro lado, a União surgiu num esquema de cinco defesas, com um deles a jogar claramente a libero, e a querer apostar na contenção. Foi talvez das equipas mais defensivas e menos atrevidas que vi jogar este ano na Luz (com a eventual excepção do indescritível Marítimo que o cientista Carvalhal apresentou na primeira jornada), acantonando os seus onze jogadores atrás da linha do meio campo, mas sem apostar em marcações individuais, preferindo jogar à zona. Mas até isto fez mal, pois os espaços não foram eficazmente ocupados, houve sempre muito espaço entre linhas (que diferença, por exemplo, para o último jogo contra o Guimarães) e daqui resultou uma grande facilidade e tempo para os nossos jogadores receberem e trocarem a bola entre si. Em termos ofensivos o Leiria praticamente não existiu, e juro que, para além de alguns eventuais cantos, não me lembro de nenhuma jogada ofensiva deles digna de registo.

A facilidade com que vencemos este jogo cedo veio ao de cima. Foi logo aos dez minutos que marcámos o primeiro golo, após uma boa jogada do Saviola na esquerda, combinando com o Aimar para depois centrar para um golo fácil do Cardozo, a finalizar de cabeça na pequena área. E julgo que os próprios jogadores perceberam logo aí que a vitória só muito dificilmente fugiria. Daí para a frente nem foi preciso forçar muito, correr muito, apenas jogar o nosso jogo com toda a naturalidade, exercer alguma pressão sobre o Leiria quando tinha a bola, e toda a gente que assistia ao jogo percebia que mais cedo ou mais tarde novo golo surgiria. No fundo, foi uma oportunidade para mostrar que a nossa máquina está bem oleada, e que as vitórias são uma consequência natural daquilo que jogamos. viram-se algumas jogadas interessantes, e as oportunidades foram surgindo. A melhor delas foi do Luisão, que finalizou uma jogada muito bonita feita pela direita entre o Di María e o Maxi, mas o guarda-redes do Leiria negou-lhe o golo com a defesa da noite. A vantagem mínima ao intervalo era escassa face ao domínio claríssimo do Benfica (a diferença de posse de bola deve ter sido abismal), mas não era motivo de grande preocupação.

A segunda parte foi a continuação da primeira. Era mais ou menos previsível que o Benfica fosse forçar um pouco mais no reinício, para resolver as coisas de vez, e isso aconteceu. Podíamos ter marcado logo poucos minutos depois da segunda parte ter começado, quando o Maxi teve mais uma incursão pela direita e fez um passe fantástico de calcanhar para o Saviola, para que este finalizasse, mas a bola embateu num defesa do Leiria (e pareceu-me que este lance seria penálti, já que o corte terá sido feito com o braço). Foi preciso esperar quinze minutos pelo golo da tranquilidade, que surgiu por um dos suspeitos do costume. O Saviola fugiu mais uma vez para um dos flancos (o esquerdo) e aproveitou um passe para as costas da defesa para se isolar e, quando talvez se esperaria um centro, bater o guarda-redes colocando a bola entre ele e o poste. Jogo resolvido, e a única dúvida era mesmo quantos mais conseguiria marcar o Benfica - até porque a nossa tarefa ficou ainda mais facilitada com a expulsão de um adversário quando faltavam quinze minutos para o final. Poderiam ter sido de facto alguns mais, não fosse a incompetência do árbitro auxiliar que acompanhou o nosso ataque nesta segunda parte, que conseguiu assinalar pelo menos dois foras-de-jogo inacreditáveis quando o Cardozo e o Di María se isolavam. Acabou por ser apenas mais um golo, marcado pelo Rúben Amorim num remate colocado de fora da área, a passe do Maxi, já sobre os noventa minutos. Na altura o guarda-redes do Leiria estava em inferioridade física, mas não sei se mesmo que não estivesse nessas condições conseguiria chegar à bola, já que esta foi muito bem colocada junto ao poste.

Não preciso de recorrer ao meu conhecido facciosismo pelo Saviola para dizer que ele fez mais um bom jogo. Assistiu o Cardozo no primeiro golo, marcou o segundo golo, e regra geral foi sempre a maior ameaça à baliza do Leiria, fugindo com facilidade às marcações. Grande jogo do Maxi Pereira, que fez o que quis pelo lado direito, e tentou por várias vezes oferecer o golo aos colegas, conseguindo-o mesmo sobre o final, na assistência para o Rúben Amorim. Aimar também a demonstrar que está a regressar a boa forma do início do campeonato, e já se sabe que com o Aimar em forma o nosso jogo melhora exponencialmente. Quanto a exibições menos conseguidas, julgo que apenas o Ramires esteve algo abaixo daquilo que é normal para ele.

E pronto, enfim sós no primeiro lugar. O Braga tem um jogo a menos, mas primeiro tem que ganhá-lo. Sabe sempre bem olharmos para a tabela e vermo-nos no topo da tabela, e o factor psicológico é também importante (além de que isto irrita os antis). O que mais me agradou no jogo de hoje foi mesmo a forma como a vitória foi obtida. Esta equipa ganha jogos tranquilamente como se fosse uma rotina.

5 Comments:

At 2/04/2010 11:43 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Serviços "mínimos".

Foi assim que a nossa equipa realizou o jogo de ontem, poderíamos até defini-lo como um Benfica "relaxado" aquele que ontem se apresentou.

Um U. Leiria com medo de sair da Luz com uma goleada, "acantonou-se" permanentemente na sua intermedíaria", e não fosse a atitude "relaxada", teria sido uma vitória mais gorda.

33179 espectadores.
O pior registo em assistências para o campeonato e longe do anterior mínimo 40915 (V. Setúbal).
Estava frio, chuva, trânsito caótico e um jogo a terminar às 23h de 4ªf também não é incentivador.

O pior jogo do Ramires desta época.

 
At 2/04/2010 11:52 da manhã, Anonymous djeiti said...

100% de acordo!
Excelente relato dos acontecimentos.

 
At 2/04/2010 7:24 da tarde, Blogger Unknown said...

Isto é que é mto bom sinal, sem jogar nada de especial, não só ganhamos, como goleamos! As equipas qd têm valor, n precisam de estar particularmente inspiradas para obter boons resultados, é preciso é q haja talento.

 
At 2/05/2010 4:02 da manhã, Anonymous pistons said...

Gostava que publicassem um estudo que estive a fazer e que mostra mais uma vergonha sobre os corruptos (Braga+Porto)! Isto também faz parte do SISTEMA!


Nas primeiras 17 jornadas deste campeonato:


- Braga jogou 14 vezes ANTES do Benfica.


- Braga jogou 4 vezes à 6ª feira (deve ser por causa da Champions… aliás… da Liga Europa!?)


- Nas últimas 4 jornadas, o Braga jogou 3 delas à 6ª feira.


- Porto jogou 12 vezes ANTES do Benfica.


- Porto jogou 2 vezes à 6ª feira.


- Benfica só por 2 vezes jogou ANTES de Braga e Porto simultaneamente.





Assim se percebe que estejam tão incomodados por jogar depois do Benfica e ter de aguentar a pressão que o Benfica tem conseguido aguentar! Nem com estas manobras lá vão! Força BENFICA!

 
At 2/06/2010 2:07 da manhã, Blogger joão carlos said...

Grande analise.


Filipe foi um resultado com alguma expressão mas não foi goleada, goleada é mais de cinco golos se não qualquer dia 1-0 é goleada, de resto não poderias estar mais correcto.

Pistons esses teus dados resultam mais da influencia da televisão do que outra coisa, agora podemos discutir é outras influencias mais graves da televisão do que esta, alias o facto de nós jogarmos mais tarde que os outros tem sido em grande parte nossa opção para termos mais tempo de recuperação quer dos jogos a meio da semana quer aquando dos jogos das selecções já que temos muitos jogadores que fazem viagens muito longas.

 

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