sexta-feira, novembro 04, 2005

Momentos

Às vezes a meio do dia dou comigo a sonhar acordado. Ou melhor, não é exactamente a sonhar, mas sim a rever na minha mente golos, jogadas, e momentos especiais que o Benfica me proporcionou. Isto pode parecer obsessivo, mas parece-me que não deve ser assim tão incomum no dia-a-dia de um adepto de futebol. Se bem me recordo, julgo que o Nick Hornby mencionava este tipo de situações no seu livro 'Fever Pitch', que na minha modesta opinião é leitura recomendada para qualquer pessoa que goste de futebol, apesar de ser dedicado ao Arsenal - equipa da qual eu não gosto muito (ainda hei-de fazer um post dedicado a este livro). Ele até tem uma menção ao Benfica, já bem perto do final:

"There was a little hiccup at the beginning of the season, but the team had found their form by the time the European Cup started in the middle of September: they crushed the Austrian champions 6-1, a magnificent performance which we believed would scare the rest of the continent rigid. We drew Benfica of Portugal in the next round, and I travelled on one of the two supporters' club planes to Lisbon, where we hung on for a creditable 1-1 draw in front of eighty thousand Portuguese in the intimidating Stadium of Light. In the return at Highbury, however, we got stuffed, overrun, outplayed, and it was all over, maybe for another twenty years."

Mas deixando de lado este jogo de Highbury, e a brilhante exibição do Isaías nessa noite, que deixou o campo sob os aplausos dos adeptos ingleses, voltemos ao assunto original deste post, que até é um momento que me foi proporcionado pelo mesmo Isaías, e que eu nunca esqueci (tal como o golo do Ricardo Gomes). Neste início de noite chuvoso, quando vinha no táxi para casa depois de sair tarde do trabalho, deixei como habitualmente os meus pensamentos divagar, já que por norma prefiro manter-me alheado no banco de trás, na esperança que o motorista não deseje explicar-me como é que este país deveria ser governado. E acabei por recordar este momento. A ocasião é uma eliminatória da Taça de Portugal (oitavos-de-final) contra o FC Porto, na época de 1992/93.

O resultado do sorteio ditou que visitássemos o Estádio das Antas. E foi um jogo muito complicado. O Mozer foi expulso nesse jogo, o Kostadinov foi disparado para o fiscal-de-linha depois de lhe ser assinalado um fora-de-jogo e enfiou-lhe uma 'peitada' que o atirou ao chão (claro que não foi expulso), e quando o Benfica perdia por 1-0, e tudo parecia indicar a derrota e a consequente eliminação, praticamente no último lance do jogo o Mostovoi, de livre directo, empata a partida (redimindo-se assim do falhanço de baliza escancarada que tivera no jogo das Antas para o campeonato). Apesar da desvantagem numérica, aguentámos o empate e trouxemos a decisão da eliminatória para a Luz.

O jogo do desempate ficou marcado para uma quarta-feira à tarde. Apesar de ser dia de trabalho, estavam cerca de 90.000 pessoas na Luz. E foi na primeira parte que o tal momento se deu. O Isaías recebe a bola no meio-campo portista, e fica frente a frente com o Fernando Couto. Faz um compasso de espera, e depois, com um único toque, num momento brilhante, 'parte' os rins ao Fernando Couto, ficando com o caminho aberto para a baliza. Depois foi 'só' correr uns metros, e fuzilar o Baía. O momento que me marcou mais nem foi o golo. Foi aquele toque sublime, aquela simplicidade com que, com um simples toque, eliminou da jogada aquele que já era um dos melhores defesas portugueses. Sempre tive uma relação de amor-ódio com o Isaías. Ele punha-me a arrancar cabelos na bancada quando decidia, parafraseando o Toni, 'matar uns pombos' com remates disparatados que quase iam parar ao terceiro anel. Mas de vez em quando proporcionava aos benfiquistas momentos de rara beleza no futebol, e golos monumentais. Esta finta ao Fernando Couto foi um desses momentos que guardei.

O Benfica acabou por vencer o jogo por 2-0 (julgo que o segundo golo foi do Yuran), e acabou por conquistar essa Taça, após esmagar o Boavista na final por 5-2. Mas para mim, será sempre aquele toque do Isaías que nos deu a Taça.


P.S.- Esta recordação não pretende, de forma alguma, fazer concorrência ao Memórias Encarnadas, uma das minhas leituras habituais devido às boas recordações que me desperta, trazendo muitas vezes à superfície imagens que julgava estarem perdidas para sempre nos recônditos da minha memória :)

21 Comments:

At 11/04/2005 10:15 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Estive na luz nesse dia, e a "vírgula" foi mesmo à minha frente, seguida de remate de pé esquerdo fulminante. Aliás, nunca percebi qual o pé preferido do Isaías, com o qual tinha uma relação de amor-amor mesmo: era raçudo e fazia coisas impensáveis. Lembro-me de golos memoráveis frente ao Porto, nos descontos (estávamos a perder 1-0), com o Sporting na Luz no ano do (pen)último título, dos dois em Alvalade nessa época (nos 6-3) e ainda do jogo de Highbury e do golaço de fora da área, em queda, naquela deslocação ao Bessa em que o Paulo Sousa acabou na baliza.
Voltando ao jogo em questão, acho que foi o Paulo Sousa que fez o 2º, de penalty. O Aloísio foi expulso depois de uma entrada durinha do Isaías e da respectiva resposta à cabeçada.
Essa peitada do Kostadinov é das imagens que nunca esquecerei, da ápoca do Apito Dourado. Isso e o Pratas a fugir...

 
At 11/04/2005 11:50 da manhã, Blogger Helena said...

ali está o meu maninho e cá tenho um autógrafo do isaías ;D

 
At 11/04/2005 12:04 da tarde, Blogger S.L.B. said...

Não, João, o 2º golo foi, como disse o D'Arcy, marcado pelo Yuran de penalty já perto do fim do jogo. Estavam 90.000 pessoas no estádio também porque foi o dia da apresentação do Futre, em que ele foi até ao centro do relvado e a RTP filmou-o a proferir as palavras de incentivo para o 3º anel: "é p'ra ganhar, caral#$". E fizemos-lhe a vontade! :-)

 
At 11/04/2005 12:21 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Imortais palavras! Um pouco como aquelas (ainda do tempo do Atlético):
- Futre, o que se passa?
- Não passa nada. Se Deus quiser, vamos arriba!

 
At 11/04/2005 1:06 da tarde, Blogger MB said...

Vou tentar escrever tudo o que me veio à cabeça ao ler este post.

Ainda ontem estava a pensar em como eu fui obsessivo em relação ao futebol e ao Benfica em particular. No meu "auge" (aos 13, 14 anos), nas épocas de 92/93 e 93/94, conseguia lembrar-me de todos os jogos do Glorioso por ordem, quem tinha marcado e como tinham sido os golos de como é que podiamos ter ganho os jogos em que não o fizemos. No entanto apareceu o Artur Jorge e entrei num processo oposto (esquecer-me de todos os jogos, para não entrar em depressão).

Curioso também é que na semana passada fiz o download dos golos do Arsenal-Benfica (e também do Bayer-Benfica).

Lembro-me perfeitamente do falhanço do Mostovoi contra o FCP e também do golo que marcou na Taça, para compensar (a única coisa que fez no glorioso). Na minha visão, foi esse o lance que nos deu a Taça.

Tinha com o Isaías também uma relação amor-ódio. Fazia uns 7, 8 remates por jogo, 6 para o 3º anel. No entanto, na hora do desespero, era sempre nele que depositava as maiores esperanças(ainda hoje estou para perceber porque é que ele foi dispensado/vendido no ano em que marcou mais golos).

Voltando à Taça, esse jogo com o Boavista foi simplesmente brilhante. O Benfica teve nesse ano o melhor plantel em Portugal desde que me lembro (basta pensar que o Mostovoi não tinha lugar na equipa). Lembro-me do "11" de cor: Neno; Veloso, William, Mozer, Schwarz; Paulo Sousa; Vitor Paneira, Rui Costa, Futre; João Pinto, Rui Águas. Era portanto quase o "11" da selecção mais uns quantos reforços.

Fui ao Estádio Nacional na final, mas como gravei o jogo, vi-o vezes sem conta e lembro-me especialmente da frase "Futre não viu, GOLOOOOO". E também de o Veloso não saber responder com exactidão quantas taças é que já tinha conquistado.

 
At 11/04/2005 1:07 da tarde, Blogger D'Arcy said...

João: Também estive na Luz nessa tarde. Esses momentos que mencionas do Isaías são dos tais momentos mágicos a que me refiro. O Isaías quando marcava, marcava quase sempre golos espectaculares. Eu gostava muito dele, mas ele também por vezes tinha 'brancas' em que parecia que estava a jogar sozinho, e só via a baliza à frente. Depois mandava com remates à maluca a 30 metros da baliza que iam parar quase sempre à bancada, enquanto que eu lá em cima no terceiro anel uivava de irritação.

Os 90.000 na Luz a uma quarta-feira à tarde sempre me intrigaram (acho que o jogo foi às três da tarde). Eu estava na universidade, por isso baldar-me a umas aulas para ir ver o Benfica não tinha nada de mais. Mas a maior parte daquela gente devia estar a trabalhar ;)

Afinal a minha memória não me atraiçoou em relação ao golo do Yuran. Esse é outro jogador pouco consensual entre os benfiquistas. Eu era fã incondicional do russo (ou ucraniano), mas muitos benfiquistas detestavam-no. Que seria mau profissional, não duvido. Marcava também poucos golos. Mas a pancada que ele dava nos defesas adversários quando estava em campo, e os buracos que abria nas defesas adversárias que passava o jogo a demolir eram fundamentais para as entradas para golo de jogadores como o próprio Isaías.

Laura: que inveja! Ainda ontem estava tristíssimo porque não sei onde andará uma caixa cheia de fotografias autografadas de jogadores do Benfica que eu consegui após passar uma tarde a assistir a um treino em 1985. Tinha autógrafos de jogadores como o Diamantino, Carlos Manuel, Manniche, Veloso, Mortimore, Bento...

 
At 11/04/2005 1:13 da tarde, Blogger D'Arcy said...

MB: Tivesse esse plantel sido mantido, e não sei o que poderíamos ter feito na época seguinte... em que ainda assim fomos campeões, e chegámos às meias-finais da Taça das Taças. É preciso não esquecer que, para além dos onze que mencionas, nesse jogo no banco ainda estavam jogadores como o Pacheco (no auge da forma), Yuran, Kulkov, Mostovoi, Hélder, Isaías... mas na verdade, só de imaginar o quarteto Paulo Sousa/Paneira/Rui Costa/Futre no nosso meio campo, fico com umas saudades...

 
At 11/04/2005 1:14 da tarde, Blogger tma said...

D'Arcy, lá porque tenho um blog de memórias do Benfica, não quer dizer que eu tenha o exclusivo das mesmas :-). Toda a "concorrência" é bem vinda, como prova este post, pois não me lembrava das incidências deste jogo (no entanto, lembrava-me desta eliminatória que teve de ser resolvida num segundo jogo, e que o empate nas antas, que obrigou a este segundo jogo, foi obtido num livre espectacular do Mostovoi, em cima do final).
Também me lembro razoavelmente bem da final com o Boavista, mas dado o volume do resultado, não me recordo da marcha do marcador e dos autores dos respectivos golos.
Relativamente ao Isaías, foi um jogador pelo qual tinha grande admiração, mesmo apesar de precisar de 20 remates para acertar um. O que é certo é que em certos jogos, ele conseguia rematar tantas vezes que acabava por conseguir marcar. O facto de chutar indiferenciadamente com os dois pés (como diria o Gabriel Alves, "a vantagem de ter dois pés" :-P) é também uma das qualidades que sempre mais apreciava, por ser a única que eu tenho quando jogo à bola (e com a ligeira diferença de que, se o Isaías precisava de 20 remates para acertar, eu preciso de uns 100...).

E já que se também se fala do Futre, aquela que para mim foi a sua melhor tirada é a seguinte: "A minha vida mudou completamente, deu uma volta de 360º"!!!
Diga-se também que foi a contratação do Futre que, quanto a mim, precipitou o descalabro financeiro do Benfica, com as consequências bem conhecidas...

 
At 11/04/2005 1:22 da tarde, Blogger tma said...

Já agora, nesse 11 tipo referido pelo MB, só o Neno destoava e o William, sem ser mau, também não era propriamente o meu jogador preferido...
Eu também gostava muito do Yuran pelos mesmo motivos referidos pelo D'Arcy: era um autentico tanque a "triturar" os defesas adversários, o que criava muitos espaços para os outros avançados e os médios rematarem, algo que faz falta na actual equipa.

 
At 11/04/2005 3:25 da tarde, Anonymous Anónimo said...

tma, acho que a contratação do Futre foi um tremendo disparate (financeiro, claro). Mas o Benfica estava a caminho do abismo havia muito. Só que havia vitórias, e a malta não se queixava...

 
At 11/04/2005 5:18 da tarde, Blogger tma said...

Ainda sobre a ida do Yuran para "o outro" clube, o facto para mim mais relevante até acabou por ser extra-desportivo: no regresso de uma das suas muitas noites de copos, o Yuran atropelou um indivíduo, creio que mortalmente.
O que é extraordinário, pela negativa, é que o Yuran só foi acusado de homicídio, pelo Ministério Público, depois de se ter desvinculado do FCP... Terá sido coincidência?...

 
At 11/04/2005 6:00 da tarde, Blogger Caio de Gaia said...

Acho que os 90000 está quase explicado, reparem no número de comentários de pessoas que foram ver o jogo. Eu também estive lá. Quanto a essa equipa, era de facto extrordinária e o facto de ter sido dispensada deixou-me terrivelmente contrariado. Eu deixei de ir ao estádio depois de se ter contratado o Artur Jorge, e eu era daqueles adeptos que não falhava mais de um jogo por época.

 
At 11/04/2005 6:12 da tarde, Blogger tma said...

João, de facto, quando o Futre foi contratado, o Benfica estava financeiramente à beira do abismo, e a contratação do Futre foi "o passo em frente"... (faz lembrar outra famosa tirada, do maior especialista na matéria de todos os tempos ;-) ).

Eu começo é a ficar com "inveja", pois estou a ver que fui dos poucos aqui a não ir ao estádio nessa ocasião...

 
At 11/04/2005 6:55 da tarde, Blogger S.L.B. said...

TMA: vou contribuir para a tua "inveja"... ;-) Também estive no estádio, mas já não me lembro se me baldei às aulas ou não as tinha nessa tarde. Acho que ainda sei de cor a marcha do marcador dessa final contra o Boavista, que vi na cabeceira sul do Jamor: (1ª parte) 1-0 Paneira; 2-0 João Pinto; 2-1 Marlon Brandão (fífia do Mozer); (2ª parte) 3-1 Futre; 3-2 Tavares (saída em falso do Neno a um canto); 4-2 Futre; 5-2 Rui Águas.

Superman Torras: não, o Futre foi mesmo apresentado nesse jogo em Janeiro. E jogou na partida do campeonato em Março que ficou 0-0 e onde o clube regional fez anti-jogo durante os 90 minutos com a complacência do Veiga Trigo.

Visto agora, concordo que a contratação do Futre tenha contribuido para o nosso declínio financeiro, mas na altura fiquei eufórico porque gostava imenso dele. Melhor que essa equipa do final da época 92/93, só mesmo o Benfica do Eriksson de 82/83.

 
At 11/04/2005 7:02 da tarde, Blogger D'Arcy said...

Por acaso não me recordo se o Futre foi ou não apresentado nesse jogo para a Taça...

Quanto ao Yuran, bem, eu gostava muito dele, mas compará-lo ao Stoichkov já era ir longe demais ;) O Yuran não tinha a técnica do búlgaro, nem a velocidade do mesmo. Lembro-me de ver um Benfica x Barcelona na época anterior, para a Champions, em que ele teve como adversário directo o Paneira (o Eriksson estava em mais uma daquelas tentativas em converter o Paneira em lateral direito, já que afirmava que se o Paneira quisesse poderia ser o melhor lateral direito da Europa). O Stoichkov nessa noite fez a vida negra ao Paneira, e o Estádio da Luz sustia a respiração de cada vez que o búlgaro aparecia a correr com a bola dominada. O Yuran era mais uma força da natureza, que não virava a cara à luta. Era grande, mas praticamente não tinha jogo de cabeça. O pé direito era cego, mas o esquerdo era muito bom. O que eu reparava era que normalmente eram os adeptos mais novos que gostavam muito do Yuran, enquanto que os mais velhotes (normalmente aquele que passam os jogos a assobiar) pareciam detestá-lo.

A destruição desta equipa deu-se em três anos. No final desta época de 1992/93 saiu o Futre, o Pacheco (estúpido, pensou que ia ficar tapado pelo Futre e foi para Alvalade, onde deu cabo da carreira, ele que até já era o sub-capitão do Benfica), o Paulo Sousa e o Mostovoi. No ano seguinte foram-se o Rui Costa, o Schwarz, o Yuran, o Kulkov e o Rui Águas. O no fim da época seguinte (a primeira do Artur Jorge), foram-se Mozer, Veloso, Isaías, Paneira...

Para mim o que é mais indesculpável no 'reinado' do Artur Jorge (que deve ser o benfiquista mais odiado pelos benfiquistas) é que quando ele chegou ao clube, havia dinheiro para transferências, pois tinham sido vendidos o Rui Costa para a Fiorentina (por uma soma record na altura) e o Schwarz para o Arsenal, e no entanto esse dinheiro não foi bem aproveitado. Ainda houve jogadores MUITO bons que foram contratados (Valdo, Ricardo, Preud'Homme, Canniggia), mas o Artur Jorge não os soube aproveitar (os casos mais flagrante são os do Stanic e do Edilson). Houve outros bons jogadores, que ainda foram muito úteis ao Benfica, casos do Paulo Bento e do Dimas. Mas a grande maioria dos jogadores que entraram eram de qualidade muito duvidosa (Nelo, Tavares, Clóvis, Paulão 'coice-de-mula', etc...)

 
At 11/04/2005 11:52 da tarde, Blogger Nothingandall said...

Foi sem dúvida uma jornada inesquecível. Ultimamente o Benfica tem tido poucas. Mas agora permita-se transcrever: " Depois... bem depois... é a vergonha. Vergonha não para os sportinguistas, para António Neiva, para Augusto Duarte, para quem quer que seja. Vergonha para todos os que gostam de futebol. Vergonha para a Uefa, para a Fifa para ....todos. Para mim o futebol jamais é o mesmo! Tenho vergonha ... de gostar de futebol. Hoje" in Nothingandall

 
At 11/05/2005 12:22 da manhã, Blogger tma said...

D'Arcy, já que agora, e a propósito do Stoichkov, aproveito para lembrar também o outro confronto com o Barça para a CL (na sua 1ª edição), já em Barcelona, em que o Stoichkov fez por completo a folha ao José Carlos, ex-Portimonense (esse sim, lateral direito de raiz - eis uma expressão do futebolês que também acho sublime!). E no ano seguinte, frente ao FCP, seria o Aloísio, jogador excelente do ponto de vista posicional mas não muito rápido, que foi inexplicavelmente utilizado como lateral esquerdo, a quem o Stoichkov, que nesse jogo "encostou" à direita, fez o que quis.

Voltando ao Artur Jorge, não podemos culpá-lo apenas a ele, mas também ao Damásio, que foi uma espécie de Santana Lopes do Benfica, tendo, apesar de tudo, tido a sorte de "herdar" uma equipa de bastante qualidade (mas já em decadência), permitindo que, como presidente, tenha sido campeão. De resto, se o Artur Jorge "mandou embora" jogadores carismáticos como o Mozer, Veloso (este já com uns 36 anos, pelo menos), Isaías e Paneira, foi também com o consentimento do Damásio, da mesma forma que os Paredões, os Kings e os Martelos vieram sob a sua gestão. Ainda me lembro do Contra Informação a gozar com o "Mamásio" ("Mamásio não, Amásio, Amásio!"), que ia ao supermercado, às compras de pontas de lança, e comprava todos os que podia por serem "ao preço da chuva". E volta e meia queixava-se:
"estão a atacar-me! estão a atacar-me" (qual PSL...). Tudo isto, perante o desespero do "Deusébio"...

PS: já que falaste do Preud'homme, ele é, para mim, o melhor GR que jogou em Portugal, desde que me lembro! Se há jogador que merecia ter sido campeão, e que tenho imensa pena que não tenha sido, pois merecia-o mais que ninguém, é o Michel Preud'homme...

 
At 11/05/2005 1:26 da manhã, Blogger D'Arcy said...

Já falei sobre o Michel no post que fiz em que o elegi como o guarda-redes do meu onze ideal do Benfica :)

 
At 11/10/2005 4:34 da tarde, Blogger pencapchew said...

Eu estive lá nesse jogo,tinha apenas 10 anos e lembro-me que fui direito da escola para lá, e ver o estádio completamente a abarrotar foi das coisas mais marcantes para mim do futebol. E tb não me posso esquecer do Benfica vs Guimaraes na penultima jornada do campeonato ganho em 1994, em que estavam mais de 120 mil no estádio e lá fora outras 40 mil a quererem entrar.
E foi no jogo da taça com o Porto que o Futre apareceu, lembro-me dos paineis da luz a piscarem a palavra Futre.
Enfim são estas coisas que fazem o Benfica ser mais do que um clube.

 
At 2/07/2006 6:07 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não estive nesse 2-0 aos tripeiros, mas estive no 0-0 para o campeonato, e confirmo que Futre foi titular nesse jogo e já estava apresentado.
Até fez uma jogada espectacular que por pouco não deu golo.
Mais tarde Timofte atirou também uma bola à trave de Neno.
Não foi esse empate que nos custou o campeonato, mas sim uma derrota em Aveiro a três jornadas do fim, com um golo de Dino, num jogo em que José Silvano (que mais tarde teve de fugir para Angola) expulsou dois jogadores do Benfica (Yuran e Pacheco salvo erro).

 
At 2/07/2006 6:12 da tarde, Anonymous Anónimo said...

o jogo de Nou Camp referido pelo Tma, podia representar o acesso à final da Liga dos Campeões.
Embora na fase de grupos, tratou-se praticamente de uma semi-final, pois se o Benfica o ganhasse, em virtude da derrota do Sparta de Praga nessa tarde em Kiev, apurava-se para a final contra o Sampdoria em Londres. Perdemos 2-1, com golo de César Brito, e uma grande exibição de Stoichkov, que comprometeu a carreira de José Carlos no Benfica. Foi também o jogo em que emergiu Paulo Sousa, como grande jogador de nível internacional.
O Barcelona ganharia nessa temporada o seu único título europeu, com um golo de livre apontado por...Ronald Koeman.

 

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