Positivo
O resultado desta noite com o Villarreal pode-se considerar positivo. Empatar fora de casa na Champions League, ainda para mais em casa daquele que considero o nosso adversário mais directo do grupo, é sempre um bom resultado. Mas no final dos noventa minutos, a mim sabe-me a pouco, e julgo que à maioria dos benfiquistas também. Com o empate a zero no outro jogo do grupo, em Old Trafford, entramos na segunda volta com tudo em aberto neste grupo, tendo as quatro equipas boas possibilidades de se apurar para a segunda fase.
No onze desta noite, uma pequena surpresa, com o Koeman a optar pelo Ricardo Rocha em detrimento do Léo para a posição de lateral esquerdo. Confesso não ter ficado muito satisfeito com isto, primeiro porque não gosto muito de ver o Ricardo jogar naquela posição, e segundo porque sou fã do brasileiro, e das combinações que faz com o Simão na ala esquerda. Presumo que o Koeman tenha optado por dar mais alguma segurança defensiva à equipa, já que o Ricardo raramente passa da linha do meio-campo, enquanto que o Léo arrisca muito mais no ataque. No restante onze, nenhuma surpresa, com o Geovanni a ocupar, conforme previsto, o lugar do Miccoli, jogando encostado à direita e ficando o Karagounis nas costas do Nuno Gomes, para formar o habitual 4-2-3-1.
A razão para este empate me saber a pouco prende-se sobretudo com a forma como decorreu a primeira parte. Apesar das muitas individualidades do Villarreal, julgo que o Benfica demonstrou inequivocamente que tem melhor equipa. Controlou e dominou o jogo à vontade, e dispôs de algumas oportunidades para marcar, infelizmente desperdiçadas. Muito boa circulação de bola, e uma grande atitude dos jogadores. O Nélson esteve muito activo na direita, a conseguir ganhar diversas vezes a linha de fundo. Quanto ao Villarreal, revelou-se uma equipa estranhamente macia, a perder muito facilmente a bola, e depois praticamente não pressionava o Benfica para recuperá-la. Fizeram apenas um único remate perigoso, da autoria do Jose Mari. A meio desta primeira parte, uma contrariedade com a lesão do Quim, a forçar a estreia do Rui Nereu na equipa principal do Benfica, e logo num jogo da Champions. Quando o intervalo chegou, senti-me bastante frustrado, pois achava que o domínio do Benfica deveria ter sido concretizado pelo menos num golo.
Na segunda parte tudo na mesma do lado do Benfica, mas uma alteração importante no Villarreal, com a entrada do Josico para o lugar do Arruabarrena. O Josico foi para o meio-campo, enquanto que o Sorín foi ocupar a sua posição natural de lateral-esquerdo. Com esta alteração o Villarreal passou a dominar o centro do terreno, e os primeiros minutos da segunda parte mostraram uma diferença como que da noite para o dia em relação à primeira parte. O Villarreal crescia, e ia-se aproximando cada vez mais da nossa baliza. Foi nesta altura que o Rui Nereu mostrou não estar nada nervoso com a estreia, e teve algumas boas intervenções, incluindo uma defesa incrível a um remate de um adversário isolado, após um passe fabuloso do Riquelme. Isto é uma coisa que não compreendo: o Benfica estava mais que avisado que praticamente todo o jogo ofensivo do Villarreal passa pelos pés do Riquelme, e no entanto nesta fase ele tinha toda a liberdade para se movimentar, receber a bola, e até parar para pensar no que fazer. A continuar assim, só poderia dar problemas.
E problemas deu. Mais um grande passe do Riquelme a isolar o Sorín, e um penalty absolutamente cretino, concretizado pelo Riquelme, a dar a vantagem ao Villarreal. Digo que o penalty é cretino apesar de não ter a certeza absoluta se é penalty ou não, mas quando se entra a um lance daqueles da forma como o Ricardo Rocha entrou, as probabilidades de dar penalty são elevadas. Em termos globais, o resultado naquela altura era claramente injusto, mas por outro lado era o corolário lógico do que o Villarreal vinha fazendo desde o reinício do jogo. Além de que, para mim, era um castigo justo para a atitude relaxada com que me parecia que os nossos jogadores estavam a encarar o jogo desde o intervalo. A simples alteração táctica no Villarreal não justificava tamanha diferença na exibição. E a prova disso é que assim que sofreu o golo, o Benfica soube voltar a pegar no jogo e a pressionar o adversário. E bastaram somente cinco minutos para repormos a igualdade, através de um grande golo do Manuel Fernandes, a matar a bola no peito e a rematar de primeira, sem deixar a bola cair. Acreditei que ainda fosse possível obter algo mais deste jogo, mas a verdade é que o Benfica pareceu satisfeito com o empate, e o final do jogo chegou sem grandes sobressaltos.
Quanto a jogadores, e para manter o hábito, gostei do Nélson, sobretudo na primeira parte. E é preciso não esquecer que ele tinha pela frente 'só' o Juan Pablo Sorín, um dos melhores laterais esquerdos do mundo. Gostei também muito do Manuel Fernandes, e não só pelo golo. A defesa voltou a estar geralmente bem, mas falhou duas vezes, embora haja muito mérito nos dois passes do Riquelme. Claro que menciono também o Rui Nereu, que não acusou a responsabilidade da estreia e esteve sempre seguro, tendo apenas sido batido de penalty. Hoje o Petit irritou-me. Esteve sempre mal nos livres e cantos, mastigou muito o jogo em termos ofensivos (perdeu uma série de jogadas em que se embrulhou com a bola, perdeu-a, e depois ficou a reclamar falta), e mesmo em termos defensivos não esteve tão activo na recuperação de bolas como é habitual. Voltei também a achar o Karagounis muito complicativo, e para além disso fez uma série de faltas, o que pode indicar que a condição física dele ainda está longe da ideal.
O jogo chave da qualificação poderá agora ser daqui a quinze dias, quando recebermos o Villarreal na Luz. Uma vitória nesse jogo poderá ser um passo de gigante para passarmos à segunda fase. E atendendo ao que vi hoje, esta equipa do Villarreal parece estar perfeitamente ao alcance da nossa equipa, embora admita que eles devam ser bastante mais perigosos a actuar em contra-ataque.
15 Comments:
Concordo em absoluto com a análise exposta. Apenas um complemento: O Ricardo Rocha insiste neste tipo de entradas em qualquer zona do terreno. Já devia ter aprendido a conter o ímpeto (embora me pareça que não é penalti). Por estas e por outras é que a selecção e agora a titularidade como central no Benfica não passam de uma miragem. Desta vez, o Karyaka entrou muito mal no jogo. Se o tivesse feito como contra o Porto, a esta hora poderíamos estar a festejar um triunfo. O Nélson foi simplesmente espectacular (é a melhor contratação). Com alguma dose suplementar de ambição como se exige a um clube como o Benfica, deveríamos contar nesta fase com 7 pontos em vez de 4. Hoje não só poderíamos como deveríamos ter ganho. Apesar da nítida superioridade, o Benfica não esteve longe de perder...as coisas podem não correr sempre tão bem.
O Karyaka entrou tal e qual como no jogo do FCP, a diferença é que aqui não o deixaram à vontade e mostrou o defeito que faz com que o Koeman não o ponha a jogar: a recepção. Não conseguiu dominar uma bola à primeira. Acho que o Koeman fez bem em ser cauteloso, a equipa tem melhorado mas há ali algumas coisas naquele meio-campo que ainda exigem acertos. Além disso depois do jogo com o FCP havia sempre o perigo da equipa ter uma quebra física.
Calhámos num grupo muito defensivo, o Lille e o Vilarreal arriscam muito pouco. O Manchester se não fosse a sorte que teve no jogo com o Benfica arriscava-se a ficar pelo caminho, as ausências de alguns jogadores não explicam tudo. Não jogaram nada.
Obrigado pela correcção ortográfica; não tinha reparado no erro, que entretanto está corrigido :)
Mas o GR do Villarreal fez várias defesas na primeira parte, embora muitas delas fáceis. A mais difícil terá sido uma a remate do Geovanni.
Quanto ao golo do Manuel Fernandes, não creio que tenha sido o factor principal para impedir que o Villarreal se motivasse, porque a verdade é que o Benfica já tinha voltado a pegar no jogo. Nos cinco minutos que seguiram ao golo o Villarreal praticamente não passou do meio-campo, e houve uma queda do Simão na área (da qual infelizmente não houve qualquer repetição) e um golo anulado ao mesmo Simão.
Tal como a maioria dos Benfiquistas, considero o empate um resultado positivo, mas não entusiasmante, pois a vitória esteve ao nosso alcance.
É natural esperar mais da nossa equipa, sabendo que joga futebol para isso: ontem jogou futebol para ganhar o jogo. Mas temos que compreender que a equipa está pela primeira vez na CL em muitos anos, competição na qual a maioria dos jogadores nunca participou, e ao sentir o peso da responsabilidade, acaba por haver uma retracção que não podemos de forma alguma censurar. A equipa ainda está em construção, e por vezes mais vale dar pequenos passos, mas seguros, do que passos grandes, mais arriscados, que podem comprometer a confiança da equipa.
Quanto ao jogo, destaques merecidos do Manuel Fernandes (bom jogo e grande golão!!), do Nélson (cada vez melhor!) e do Rui Nereu (grande tranquilidade para um estreante - ainda para mais tão jovem - e fez duas excelentes defesas).
Infelizmente, o Nuno Gomes parece que alterna grandes jogos em que marca sempre que toca na bola com jogos em que podia ficar o dia inteiro a chutar à baliza e não acerta uma.
Quanto ao penalty, concordo com o D'Arcy e com o bem litrado, pois independentemente de se poder considerar falta ou não, e embora o RR se tenha antecipado ao Sorin, fê-lo de uma maneira que quanto a mim faz com que tenhamos que aceitar a decisão do árbitro.
Em suma, ainda está tudo em aberto: o Lille, apesar de ser último, não se pode dizer que seja uma equipa fraca, o Man Utd, estando em primeiro, apresenta muitas fragilidades. Creio que o Benfica, com o apoio do público e com ambição para ganhar os jogos em casa, tem condições para, efectivamente, os ganhar. Se assim for (e com um empate em Paris, o que não me parece ser pedir muito), podemos até acabar o grupo em 1º... Mas para já, prefiro não alimentar ilusões, para não ter desilusões maiores... Sábado é para ganhar ao Estrela da Amadora, equipa que certamente não vai facilitar...
O reverso da medalha nestes jogos da CL é que os nossos jogadores dão demasiado nas vistas. O Simão gom aquele livre fantástico contra o Manchester, O Manuel Fernandes com um golaço neste jogo. O Nelson nem precisa de marcar golos, é realmente um caso sério como lateral. O Nuno Gomes infelizmente decidiu que este ano só marca para a liga portuguesa.
Entretanto o castigo atribuído ao carroceiro do FCP que atacou o Nuno Gomes: 2 jogos.
Em Portugal é impossível um jogador levar mais de dois jogos de suspensão.
Por acaso ontem estava a ver o jogo, e a pensar se, a continuar assim, será possível manter jogadores como o Nélson ou o Manuel Fernandes na equipa durante muito tempo. O meu maior medo é o Nélson, porque o Benfica não parece ter problemas em vender laterais, e ele está no clube há pouco tempo. Se no final da época aparecer uma proposta interessante, acho que o Benfica nem pensa duas vezes.
Tenho que cá vir à noite pra ler com mais tempo, mas não vinha ao blog à bastante e gostei da surpresa que tive. Parabéns.
Serviço Público no marvermelho (é um tirito antigo)
Parabéns mais um optimo resultado!
Já viram as declarações do Pinto da Costa depois do DERBY no DRAGÃO?...
O FCP acabou de vencer por 2-0, foi um jogo normal e o FCP teve a sorte que lhe faltou nos outros jogos. A vitória do FCP foi importante pois não convém que Portugal deixe de ter 2+1 equipas na CL.
Espero que o Guimarães também pontue amanhã.
Nas competições europeias tenho sempre uma postura dividida, sobretudo contra equipas dos países que têm a mania que são bons (Espanhóis e Italianos sobretudo). Faço um esforço mental para apoiar a equipa portuguesa mas o condicionamento de querer que eles percam em todos os jogos para o campeonato é tramado. Por um lado quando o FCP ou SCP marcam um golo não me sinto empolgado e quando sofrem a minha primeira reacção é querer festejar, mas depois lá me lembro.
Confesso que me interessa ver o que os nossos "jornaleiros" vão dizer. O Inter teve mais oportunidades de golo claras do que qualquer um dos clubes que venceu o FCP este ano (Benfica incluído).
É importante é estarmos todos presentes na Luz a apoiar a equipa quando eles cá vierem... Se lá ja se ouviam mais os benfiquistas que os espanhois então cá vai ser um inferno!!
Voltei pra ler melhor e concordo em tudo :) Até no penalty que até pode ser.
Outro ponto que curtia falar é no Karagunis. O homem está de rastos mas chega e sobra para o nosso carregador Beto. Não sei se tens a oportunidade de ir ao estádio, onde se vê melhor a postura do jogador no campo todo, mas o homem com um posicionamento lento consegue fechar a frente do meio-campo com agressividade a levar a bola não a perde (eu não me lembro) e falha mts poucos passes. Acho importante ele estar a jogar ao mesmo tempo que sobe de forma (e está a subir) para se ambientar à equipa e vice-versa.
Agora é todos ao estádio fazer o mitico INFERNO DA LUZ!
Eu estou sempre no estádio (tenho cativo) :) O que neste momento me enerva no Karagounis é mesmo o que parece ser a sua deficiente condição física, que o leva a agarrar-se muit à bola e a cometer demasiadas faltas. Tenho alguma ansiedade em vê-lo ao seu melhor, porque sei que ele vale muito mais do que mostrou até agora.
Em relação ao jogo do Porto, só consegui ver a segunda parte (e ainda assim em zapping, já que estava mais interessado no Chelsea x Betis), mas fiquei com a sensação que eles tiveram neste jogo a sorte que lhes faltou noutros, porque vi o Inter desperdiçar pelo menos uma mão cheia de oportunidades flagrantes.
Bela exibição do miudo Nereu!
Mas que dizer destes jornalistas desportivos:
O FC Porto venceu o Inter Milão por 2-0, e segundo os desportivos lisboetas não ficou a 6 minutos da fama, alcançou-a mesmo, mas o ressabianço é tão grande que a ignoraram!
Não é ressabianço, é a lógica de mercado. O jornalismo desportivo em Portugal não é isento, e todos sabem disso. E a verdade é que num mercado cuja maioria de consumidores é benfiquista, notícias sobre o Porto não vendem.
Por acaso estava pelo Sul, pelo que não deu para ver se os jornais tinham uma primeira página diferente aqui em Gaia, o que é bem possível. Do ponto de vista de vendas faz sentido. Não é que o FCP não venda, o FCP tem muitos adeptos mas estão de tal maneira concentrados que se justifica uma primeira página sobre o FCP
só nesta região. E daí talvez não, a maioria dos portistas compra o jogo. As pessoas tendem a pensar que os jornalistas são ressabiados ou isto ou aquilo mas o que eles querem é vender papel. E isso é uma vantagem para o FCP, pois controlam o único jornal que se interessa pelo FCP (o jogo). E isso permite-lhes uma tranquilidade que SLB e SCP não têm.
E D'Arcy por acaso as 1ra páginas em Lisboa eram sobre o SCP, sobre o Paulo Bento. Curiosamente nos arredores do Porto quase que não há sportinguistas, devem ser tão raros como os portistas em Lisboa.
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