quinta-feira, março 11, 2010

Cruel

É verdade que é cruel e custa bastante ver a vitória escapar no último minuto mas, sinceramente, o empate acaba por reflectir de forma relativamente justa a batalha táctica que vimos esta noite na Luz. O Marselha foi uma equipa bem organizada e claramente o adversário mais forte que já defrontámos esta época. Acabou por conquistar o empate quando já poucos os esperariam, mas a verdade é que durante o jogo, em especial na primeira parte, já tinham tido oportunidades para marcar.

O Benfica apresentou-se com o onze-tipo desta época. Regressos do Javi, Aimar e Ramires ao meio campo, e ainda do César Peixoto à lateral esquerda. E os primeiros minutos deram logo para antever as dificuldades que este jogo traria. O treinador do Marselha tinha a lição bem estudada, e conseguiu dispor a equipa de forma a bloquear os nossos pontos fortes. Um meio campo bem preenchido, com os nossos jogadores mais influentes a receberem atenção especial: o Aimar sempre vigiado de perto pelo Lucho ou Cheyrou, na direita, o Deschamps optou por um jogador mais defensivo (Abriel) em detrimento do habitual Valbuena, de forma a acautelar-se com o Di María, o lateral esquerdo Taiwo ocupava-se do Ramires (chegando por vezes a parecer um médio, dada a forma como avançava para marcá-lo em cima), e até as subidas do Maxi pela direita estavam acauteladas, com aquele tipo que é um dos meus ódios de estimação e que parece um chulo cubano do Miami Vice (Brandão) a cair sempre sobre aquele lado. Perante esta oposição, o Benfica demorou a entrar no jogo, e só após os primeiros quinze a vinte minutos é que conseguiu começar a responder. O sinal mais da primeira parte foi do Marselha, que teve pelo menos três oportunidades para marcar (duas do Lucho e uma do Brandão). A resposta do Benfica foi dada sobretudo durante o quarto de hora final, tendo a melhor oportunidade no pé direito do Cardozo, que após centro do Di María rematou de primeira por cima quando tinha espaço para fazer melhor.

O início da segunda parte não confirmou as boas indicações deixadas nos minutos anteriores à saída para o intervalo. O Marselha voltou a entrar melhor, e parecia conseguir controlar o jogo sem muitas dificuldades, muito por culpa da desinspiração do Aimar, que hoje não conseguiu estar ao seu nível, falhando muitos passes e perdendo bolas nas saídas para o ataque. Durante este período, passámos por mais um grande susto, quando o Júlio César, com duas boas defesas, conseguiu evitar o golo. Após vinte minutos desta segunda parte, o nosso treinador trocou o desinspirado Aimar pelo Carlos Martins, e com ou sem influência deste, a verdade é que o nosso jogo melhorou, já que conseguimos pressionar um pouco mais o adversário e voltar a dar alguma sensação de perigo. A quinze minutos do final e, curiosamente, apenas um minuto depois do treinador do Marselha ter deslocado o chulo cubano do Miami Vice para o centro, retirando assim o 'tampão' às subidas do Maxi, foi precisamente este quem fez o golo do Benfica, aproveitando uma asneira do guarda-redes adversário após centro da esquerda do Di María. O Marselha pareceu ficar algo nervoso com o golo sofrido, e mostrava agora algumas dificuldades em construir jogo. E até poderíamos ter marcado um segundo, mas o remate do Ramires, a três minutos do final, embateu com estrondo na barra. Depois, no último minuto, veio o balde de água fria, quando o pequeno Ben Arfa apareceu a cabecear quase sem oposição um centro vindo da direita. Naquela fase do jogo não se poderia ter deixado que os jogadores adversários fizessem o 2x1 naquela zona, libertando o lateral direito para fazer o centro.

Não me pareceu que tenham havido jogadores a brilhar muito, e o jogo desta noite nem sequer era propício a grandes exibições. Gostei do jogo do Luisão e também do Javi García, e na frente o Saviola e o Cardozo trabalharam muito. Menos bem esteve o Aimar, que hoje teve uma quantidade de passes errados e perdas de bola inusual nele. O David Luiz alternou boas intervenções na defesa com maus passes nas saídas para o ataque, a originarem perdas de bola por vezes perigosas.

Estamos em desvantagem, mas julgo que a eliminatória está em aberto, porque o Benfica tem capacidade para marcar em Marselha. Claro que quero seguir em frente, mas não me esqueço de qual é o objectivo principal, e não desejo que o Benfica se desvie um milímetro desse rumo por causa desta competição. Assim que o apito final soou, passei a pensar apenas no jogo de Domingo na Madeira. Esse é que é imprescindível vencer. O resto, logo se vê.

6 Comments:

At 3/12/2010 12:54 da manhã, Blogger Treinador de Sofá said...

Não achei que a nossa frente de ataque estivesse assim bem. Saviola esteve trapalhão o que não é normal e Cardozo, enfim, esteve igual a si mesmo nos últimos tempos, desinspirado e previsível.

Mas concordo que faltou-nos (e muito) Aimar. E não se pode dizer que foi só devido a marcação adversário, pois esta não foi tão cerrada assim.

Embora não estivesse lá muito confiante, pois sentia que a equipa francesa é mais forte que aquilo que querem fazer dela, mais concretamente no meio-campo com Cissé e Lucho. Enquanto estes senhores lá andavam os franceses mandavam no meio campo a seu bel prazer. A defesa não é um primor mas foi sólida e só quebrou nos 20 minutos finais.O ataque não me pareceu muito perigoso, pelo menos na finalização, porque na construção tiveram demasiado espaço para tal. Atenção a estes franceses que Deschamps não é parvo nem se vai por a defender o resultado no Velodrome. Vaticino, que são capazes de começar com Valbuena ou Ben Harfa (apostava mais neste último) de inicio para travar o nosso lateral (possivelmente Maxi).

Positivo, a meu ver, Luisão (sempre sereno e seguro), David Luis (sempre atento as movimentações adversárias para as costas da nossa defesa) e Júlio César (nada podia fazer no golo que sofreu e já antes tinha evitado um golo, que a ver vamos, muito dificilmente ainda recuperávamos).
Negativo foi a "ausência" de Aimar e a nossa atrapalhação nos movimentos ofensivos na ligação entre o nosso meio-campo e o ataque.

0 (zero) para Éder Luis e para espera de Jorge Jesus para alterar algo. Mais que Éder Luis, fazia falta ali Nuno Gomes. Aliás não percebo a não-convocação do mesmo.

 
At 3/12/2010 3:58 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Vacilar.

Não foi bem "taco a taco".
O Marselha dominou o encontro por maiores períodos que o Benfica, embora, em oportunidades de jogos, talvez tenhamos tido um número de oportunudades parecido.

Foi a primeira forte equipa que defrontámos esta época e,... vacilámos.
Não seria justo o Benfica sair vencedor deste jogo.

Se, daquelas três ou quatro oportuniddes que o Marselha desperdiçou na primeira parte, uma ou duas entrasse, não sei não...!!!

O Aimar foi um forte aliado da equipa Francesa. A atacar colocava sistematicamente a bola nos pés dos seus adversários e, nas acções defensivas, ausentava-se. Foi de uma actuação incompreensivel em alta competição e fortemente penalizante para ao Benfica.

Aparentemente, ficaremos por aqui nesta competição, pois não foram evidenciados vectores competitivos, que permitam afirmar que temos argumentos sólidos para ir a Marselha ganhar o jogo.
Se assim não for, aqui estarei a dizer que me enganei.

É pena, pois a actual equipa do Benfica é a mais forte dos ultimos tempos e seria uma boa oportunidade de voltar a sublinhar o nome do Benfica no palco Europeu.

E como é evidente que haverá venda de jogadores no próximo defeso, não há garantias que o grupo da próxima época seja tão forte como este.

Espero que este mau resultado não tenha implicações no jogo de Domingo.

 
At 3/12/2010 6:45 da tarde, Blogger Treinador de Sofá said...

"Aparentemente, ficaremos por aqui nesta competição, pois não foram evidenciados vectores competitivos, que permitam afirmar que temos argumentos sólidos para ir a Marselha ganhar o jogo.
Se assim não for, aqui estarei a dizer que me enganei."

Não querendo ser optimista, mas na minha opinião ainda está tudo em aberto. Dependerá isso sim se o nosso meio-campo e ataque forem fortes ( e se JJ consegue re-organizar o meio-campo de forma a fugir a organização adversária). Não foi só Aimar que esteve desaparecido no jogo e que esteve francamente mal na construção, foi também um Ramires trapalhão, um Javi Garcia lento com a bola, um Di Maria mais individualista e displicente.
Saviola também esteve furos abaixo daquilo que normalmente joga e Cardozo esteve

Uma das melhores analises que li do jogo destacou como bem o Deschamps estudou o nosso meio campo. Não foi só Aimar que esteve sob olhar atento. Javi Garcia esteve praticamente sempre rodeado ora por 2 ou 3 adversários, sempre que esteve recebia a bola da defesa. Convenhamos Deschamps estudou melhor o Benfica que JJ estudou (se é que estudou alguma coisa) o Marselha.

 
At 3/12/2010 9:02 da tarde, Blogger " R y k @ r d o " said...

Embora custe admitir penso que o resultado foi justo.

Vamos ganhar a Marselha e ponto final

Saudações
.

 
At 3/13/2010 6:35 da tarde, Blogger joão carlos said...

Mas o 2-1 também não ficava mal ao que se passou no campo.

A equipa no seu todo entrou encolhida, apática e nervosa o que de facto é muito estranho, para mais a grande marcação que eles fizeram não nos permitiu respirar e mesmos quando equilibramos as coisas nunca conseguimos fazer bem aquilo que somos realmente muito bons, as transições rápidas para o ataque, sempre por muita ansiedade e precipitação.

Treinador de Sofá pior que a substituição do Eder Luís, mesmo que ele não tenha feito nada também não teve tempo para mais e de um possível erro no lance que depois deu o golo, foi a segunda substituição ela só fazia sentido com o resultado em 0-0 com o golo a entrada do Fábio Coentrão, certa no meu entender, mas por saída do Di Maria ou do Saviola, qualquer um deles já tinha dado o berro fisicamente e o Fábio Coentrão continuava a fazer o trabalho de qualquer deles no ataque e ainda ia dar uma maior ajuda ao César Peixoto que o Di Maria.
Para mim e já o disse anteriormente a maior pecha do nosso treinador são as substituições já não é primeira nem a segunda vez que estas são feitas tarde de mais ou erradamente, mesmo sabendo que ele já tem acertado noutras alturas e que inclusivamente já ganhamos jogos devido a substituições bem feitas, para mim continua a ser o seu pior defeito como treinador.

 
At 3/13/2010 10:21 da tarde, Blogger Treinador de Sofá said...

João, para mim a substituição do F. Coentrão nem é assim tão errada se formos a ver pelo lado de que, entre Coentrão e Peixoto, JJ escolhe o Coentrão para ocupar lateral esquerdo. E Peixoto (que não sabe defender, mas Coentrão também não) também já não me parecia estar nas melhores condições físicas.
A minha suposição é que acabarias por sofrer aquele golo a mesma, independentemente quem estivesse naquela posição.

Quanto a Éder Luis (ou Luiz), não é tanto a sua entrada, embora preferisse reforçar o meio-campo ( e quem sabe ganhar o seu domínio) com a entrada de Ruben Amorim naquele momento, mas a sua convocatória. Tanto ele como Kardec ainda não mostraram serem opções e parece um pouco estapafúrdio retirares jogadores com experiência dos convocados para lá os colocá-los. Ademais, que éder Luis cada vez mais faz-me lembrar o André Neles...

 

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