Cruel
É verdade que é cruel e custa bastante ver a vitória escapar no último minuto mas, sinceramente, o empate acaba por reflectir de forma relativamente justa a batalha táctica que vimos esta noite na Luz. O Marselha foi uma equipa bem organizada e claramente o adversário mais forte que já defrontámos esta época. Acabou por conquistar o empate quando já poucos os esperariam, mas a verdade é que durante o jogo, em especial na primeira parte, já tinham tido oportunidades para marcar.
O Benfica apresentou-se com o onze-tipo desta época. Regressos do Javi, Aimar e Ramires ao meio campo, e ainda do César Peixoto à lateral esquerda. E os primeiros minutos deram logo para antever as dificuldades que este jogo traria. O treinador do Marselha tinha a lição bem estudada, e conseguiu dispor a equipa de forma a bloquear os nossos pontos fortes. Um meio campo bem preenchido, com os nossos jogadores mais influentes a receberem atenção especial: o Aimar sempre vigiado de perto pelo Lucho ou Cheyrou, na direita, o Deschamps optou por um jogador mais defensivo (Abriel) em detrimento do habitual Valbuena, de forma a acautelar-se com o Di María, o lateral esquerdo Taiwo ocupava-se do Ramires (chegando por vezes a parecer um médio, dada a forma como avançava para marcá-lo em cima), e até as subidas do Maxi pela direita estavam acauteladas, com aquele tipo que é um dos meus ódios de estimação e que parece um chulo cubano do Miami Vice (Brandão) a cair sempre sobre aquele lado. Perante esta oposição, o Benfica demorou a entrar no jogo, e só após os primeiros quinze a vinte minutos é que conseguiu começar a responder. O sinal mais da primeira parte foi do Marselha, que teve pelo menos três oportunidades para marcar (duas do Lucho e uma do Brandão). A resposta do Benfica foi dada sobretudo durante o quarto de hora final, tendo a melhor oportunidade no pé direito do Cardozo, que após centro do Di María rematou de primeira por cima quando tinha espaço para fazer melhor.
O início da segunda parte não confirmou as boas indicações deixadas nos minutos anteriores à saída para o intervalo. O Marselha voltou a entrar melhor, e parecia conseguir controlar o jogo sem muitas dificuldades, muito por culpa da desinspiração do Aimar, que hoje não conseguiu estar ao seu nível, falhando muitos passes e perdendo bolas nas saídas para o ataque. Durante este período, passámos por mais um grande susto, quando o Júlio César, com duas boas defesas, conseguiu evitar o golo. Após vinte minutos desta segunda parte, o nosso treinador trocou o desinspirado Aimar pelo Carlos Martins, e com ou sem influência deste, a verdade é que o nosso jogo melhorou, já que conseguimos pressionar um pouco mais o adversário e voltar a dar alguma sensação de perigo. A quinze minutos do final e, curiosamente, apenas um minuto depois do treinador do Marselha ter deslocado o chulo cubano do Miami Vice para o centro, retirando assim o 'tampão' às subidas do Maxi, foi precisamente este quem fez o golo do Benfica, aproveitando uma asneira do guarda-redes adversário após centro da esquerda do Di María. O Marselha pareceu ficar algo nervoso com o golo sofrido, e mostrava agora algumas dificuldades em construir jogo. E até poderíamos ter marcado um segundo, mas o remate do Ramires, a três minutos do final, embateu com estrondo na barra. Depois, no último minuto, veio o balde de água fria, quando o pequeno Ben Arfa apareceu a cabecear quase sem oposição um centro vindo da direita. Naquela fase do jogo não se poderia ter deixado que os jogadores adversários fizessem o 2x1 naquela zona, libertando o lateral direito para fazer o centro.
Não me pareceu que tenham havido jogadores a brilhar muito, e o jogo desta noite nem sequer era propício a grandes exibições. Gostei do jogo do Luisão e também do Javi García, e na frente o Saviola e o Cardozo trabalharam muito. Menos bem esteve o Aimar, que hoje teve uma quantidade de passes errados e perdas de bola inusual nele. O David Luiz alternou boas intervenções na defesa com maus passes nas saídas para o ataque, a originarem perdas de bola por vezes perigosas.
Estamos em desvantagem, mas julgo que a eliminatória está em aberto, porque o Benfica tem capacidade para marcar em Marselha. Claro que quero seguir em frente, mas não me esqueço de qual é o objectivo principal, e não desejo que o Benfica se desvie um milímetro desse rumo por causa desta competição. Assim que o apito final soou, passei a pensar apenas no jogo de Domingo na Madeira. Esse é que é imprescindível vencer. O resto, logo se vê.
6 Comments:
Não achei que a nossa frente de ataque estivesse assim bem. Saviola esteve trapalhão o que não é normal e Cardozo, enfim, esteve igual a si mesmo nos últimos tempos, desinspirado e previsível.
Mas concordo que faltou-nos (e muito) Aimar. E não se pode dizer que foi só devido a marcação adversário, pois esta não foi tão cerrada assim.
Embora não estivesse lá muito confiante, pois sentia que a equipa francesa é mais forte que aquilo que querem fazer dela, mais concretamente no meio-campo com Cissé e Lucho. Enquanto estes senhores lá andavam os franceses mandavam no meio campo a seu bel prazer. A defesa não é um primor mas foi sólida e só quebrou nos 20 minutos finais.O ataque não me pareceu muito perigoso, pelo menos na finalização, porque na construção tiveram demasiado espaço para tal. Atenção a estes franceses que Deschamps não é parvo nem se vai por a defender o resultado no Velodrome. Vaticino, que são capazes de começar com Valbuena ou Ben Harfa (apostava mais neste último) de inicio para travar o nosso lateral (possivelmente Maxi).
Positivo, a meu ver, Luisão (sempre sereno e seguro), David Luis (sempre atento as movimentações adversárias para as costas da nossa defesa) e Júlio César (nada podia fazer no golo que sofreu e já antes tinha evitado um golo, que a ver vamos, muito dificilmente ainda recuperávamos).
Negativo foi a "ausência" de Aimar e a nossa atrapalhação nos movimentos ofensivos na ligação entre o nosso meio-campo e o ataque.
0 (zero) para Éder Luis e para espera de Jorge Jesus para alterar algo. Mais que Éder Luis, fazia falta ali Nuno Gomes. Aliás não percebo a não-convocação do mesmo.
Vacilar.
Não foi bem "taco a taco".
O Marselha dominou o encontro por maiores períodos que o Benfica, embora, em oportunidades de jogos, talvez tenhamos tido um número de oportunudades parecido.
Foi a primeira forte equipa que defrontámos esta época e,... vacilámos.
Não seria justo o Benfica sair vencedor deste jogo.
Se, daquelas três ou quatro oportuniddes que o Marselha desperdiçou na primeira parte, uma ou duas entrasse, não sei não...!!!
O Aimar foi um forte aliado da equipa Francesa. A atacar colocava sistematicamente a bola nos pés dos seus adversários e, nas acções defensivas, ausentava-se. Foi de uma actuação incompreensivel em alta competição e fortemente penalizante para ao Benfica.
Aparentemente, ficaremos por aqui nesta competição, pois não foram evidenciados vectores competitivos, que permitam afirmar que temos argumentos sólidos para ir a Marselha ganhar o jogo.
Se assim não for, aqui estarei a dizer que me enganei.
É pena, pois a actual equipa do Benfica é a mais forte dos ultimos tempos e seria uma boa oportunidade de voltar a sublinhar o nome do Benfica no palco Europeu.
E como é evidente que haverá venda de jogadores no próximo defeso, não há garantias que o grupo da próxima época seja tão forte como este.
Espero que este mau resultado não tenha implicações no jogo de Domingo.
"Aparentemente, ficaremos por aqui nesta competição, pois não foram evidenciados vectores competitivos, que permitam afirmar que temos argumentos sólidos para ir a Marselha ganhar o jogo.
Se assim não for, aqui estarei a dizer que me enganei."
Não querendo ser optimista, mas na minha opinião ainda está tudo em aberto. Dependerá isso sim se o nosso meio-campo e ataque forem fortes ( e se JJ consegue re-organizar o meio-campo de forma a fugir a organização adversária). Não foi só Aimar que esteve desaparecido no jogo e que esteve francamente mal na construção, foi também um Ramires trapalhão, um Javi Garcia lento com a bola, um Di Maria mais individualista e displicente.
Saviola também esteve furos abaixo daquilo que normalmente joga e Cardozo esteve
Uma das melhores analises que li do jogo destacou como bem o Deschamps estudou o nosso meio campo. Não foi só Aimar que esteve sob olhar atento. Javi Garcia esteve praticamente sempre rodeado ora por 2 ou 3 adversários, sempre que esteve recebia a bola da defesa. Convenhamos Deschamps estudou melhor o Benfica que JJ estudou (se é que estudou alguma coisa) o Marselha.
Embora custe admitir penso que o resultado foi justo.
Vamos ganhar a Marselha e ponto final
Saudações
.
Mas o 2-1 também não ficava mal ao que se passou no campo.
A equipa no seu todo entrou encolhida, apática e nervosa o que de facto é muito estranho, para mais a grande marcação que eles fizeram não nos permitiu respirar e mesmos quando equilibramos as coisas nunca conseguimos fazer bem aquilo que somos realmente muito bons, as transições rápidas para o ataque, sempre por muita ansiedade e precipitação.
Treinador de Sofá pior que a substituição do Eder Luís, mesmo que ele não tenha feito nada também não teve tempo para mais e de um possível erro no lance que depois deu o golo, foi a segunda substituição ela só fazia sentido com o resultado em 0-0 com o golo a entrada do Fábio Coentrão, certa no meu entender, mas por saída do Di Maria ou do Saviola, qualquer um deles já tinha dado o berro fisicamente e o Fábio Coentrão continuava a fazer o trabalho de qualquer deles no ataque e ainda ia dar uma maior ajuda ao César Peixoto que o Di Maria.
Para mim e já o disse anteriormente a maior pecha do nosso treinador são as substituições já não é primeira nem a segunda vez que estas são feitas tarde de mais ou erradamente, mesmo sabendo que ele já tem acertado noutras alturas e que inclusivamente já ganhamos jogos devido a substituições bem feitas, para mim continua a ser o seu pior defeito como treinador.
João, para mim a substituição do F. Coentrão nem é assim tão errada se formos a ver pelo lado de que, entre Coentrão e Peixoto, JJ escolhe o Coentrão para ocupar lateral esquerdo. E Peixoto (que não sabe defender, mas Coentrão também não) também já não me parecia estar nas melhores condições físicas.
A minha suposição é que acabarias por sofrer aquele golo a mesma, independentemente quem estivesse naquela posição.
Quanto a Éder Luis (ou Luiz), não é tanto a sua entrada, embora preferisse reforçar o meio-campo ( e quem sabe ganhar o seu domínio) com a entrada de Ruben Amorim naquele momento, mas a sua convocatória. Tanto ele como Kardec ainda não mostraram serem opções e parece um pouco estapafúrdio retirares jogadores com experiência dos convocados para lá os colocá-los. Ademais, que éder Luis cada vez mais faz-me lembrar o André Neles...
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