Paciência
O objectivo principal para este jogo foi conseguido: vencemos por uma margem superior à mínima, e não consentimos golos. Durante vários períodos o jogo ainda pareceu mais um jogo de pré-época de que um jogo a sério, mas o Benfica foi sempre superior, e a sensação que mantive foi que o pior que poderia acontecer era sermos nós a não conseguir ganhar o jogo, porque o Trabzonspor nunca pareceu ter capacidade para alterar o rumo da partida.
O nosso treinador optou por um onze que poderíamos considerar de continuidade, colocando de início quase todos os jogadores que já eram titulares a época passada. Do onze base de então faltaram Roberto, Coentrão, David Luiz e Salvio, que foram agora substituídos pelo Artur, Emerson, Garay e Pérez. Na direita da defesa surgiu o Rúben Amorim, após vários meses de ausência. O Benfica entrou bem no jogo, com os turcos a reagirem mal quando eram pressionados na defesa e a entregarem facilmente a bola. Aos três minutos uma dessas situações poderia ter resultado num grande golo do Gaitán, com o chapéu que tentou ainda de muito longe a ser defendido no limite pelo guarda-redes turco. Mas a pressão mais intensa do Benfica pareceu durar apenas 20-25 minutos. Depois disso os turcos, que nunca esconderam que traziam como única intenção retardar ao máximo um golo do Benfica, conseguiram adormecer o jogo, e passaram a ter alguma liberdade para trocar a bola no seu meio campo defensivo. Apesar do domínio territorial, o Benfica mostrou ainda pouca desenvoltura no ataque. Passes mal medidos, toques a mais na bola e várias hesitações tiveram como resultado muito poucos remates, e sem se rematar à baliza é óbvio que não se pode marcar - ao intervalo creio que o único remate que fizemos que levou a direcção da baliza foi precisamente a tentativa de chapéu do Gaitán.
A segunda parte começou ainda pior para o Benfica. Não sei se foram instruções do Jorge Jesus, ou se foi o próprio Aimar a proteger-se por não se sentir bem fisicamente, mas a verdade é que ele foi-se quase encostar aos avançados, o que resultou numa equipa do Benfica partida ao meio, com um autêntico deserto no meio campo - por diversas vezes os defesas tinham a bola e esperavam em vão que alguém a viesse receber, acabando por ter de optar por passes longos. Paradoxalmente, isto também acabou por ter uma faceta positiva, pois de certa forma convidou os turcos a subir e a estenderem-se mais no campo, deixando de jogar com as linhas tão juntas como tinham feito na primeira parte e dando assim mais espaço para jogarmos à frente da sua área. A entrada do Nolito para o lugar do Pérez (o Gaitán passou para a direita), logo no início da segunda parte, melhorou bastante o jogo do Benfica, pois o espanhol veio dar nova vida e agressividade ao nosso ataque. E pouco depois da hora de jogo, nova alteração que já se impunha, com a saída do Rúben para dar lugar ao Maxi, trouxe ainda mais melhorias ao jogo do Benfica. Coincidência ou não, e já depois de uma bola do Saviola ao poste, o Benfica chegou mesmo ao golo a vinte minutos do final, com o Nolito sobre a esquerda da área a receber um passe do Aimar e a rematar cruzado para o golo. Este era o melhor período do Benfica no jogo, que a entrada do Witsel para o lugar do Aimar pouco depois veio ainda acentuar. O segundo golo poderia ter chegado mais cedo, pois logo a seguir ao primeiro ficou um penálti claríssimo por marcar, após ostensiva mão na bola de um defesa turco, mas a justiça no resultado acabou por chegar ao cair do pano, com um remate em arco do Gaitán que colocou a bola na gaveta.
As substituições feitas pelo Jorge Jesus esta noite resultaram todas em pleno. O Nolito injectou velocidade e agressividade no ataque, o Maxi trouxe profundidade à direita, após render um Rúben Amorim a acusar, com toda a naturalidade, a falta de ritmo após vários meses de ausência, e finalmente o Witsel deu solidez e uma mais eficaz ocupação dos espaços a meio campo. Gostei bastante da exibição do Garay - a qualidade não engana - e também do Luisão, que indiferente ao barulho à sua volta fez aquilo que melhor sabe fazer: defender de forma profissional o nosso emblema dentro do campo. O Emerson mostrou bastante segurança a defender, mas parece-me que o seu estilo não é o de arriscar muito em subidas para o ataque. Com a chegada da defesa titular parece-me que deixámos (com toda a naturalidade) de dar as facilidades que demos durante os jogos de pré-época. No geral, a equipa ainda não parece estar em perfeitas condições físicas, sendo um caso evidente o do Saviola, que praticamente se arrastou em campo durante a última meia hora.
Tal como não devemos entrar em depressão depois de um mau resultado, uma vitória também não deve significar que entremos automaticamente em euforia. O Benfica foi claramente superior ao Trabzonspor esta noite, e mereceu a vitória que conquistou, mas seria exagerado achar que fizemos uma exibição entusiasmante. Mantenho a minha opinião: temos neste plantel muita qualidade, e tenho bastantes expectativas em relação à equipa que poderemos construir. As declarações do Jorge Jesus, dizendo que considera que temos melhor plantel do que nas duas últimas épocas, mas que ainda não temos melhor equipa parecem-me acertadíssimas. Parece-me que deverá valer a pena ter um pouco de paciência para esperar pelo resultado final. A mesma que foi precisa no jogo de hoje.
1 Comments:
Mais um post muito bom.
Se eu não visse a ficha de jogo jurava que esta partida tinha sido apitada por um arbitro português é que nenhum deles tinha feito melhor.
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