terça-feira, novembro 22, 2011

Apurados

Ainda não foi desta que perdemos o primeiro jogo. Sobrevivemos em Old Trafford, arrancando um empate que garante a passagem à próxima fase e que coloca o primeiro lugar no grupo dependente apenas de nós próprios.

Onze sem qualquer surpresa, já que a única dúvida que poderia eventualmente haver seria quem jogaria como avançado: Cardozo ou Rodrigo. A escolha foi o espanhol, apoiado mais de perto pelo Aimar. O Benfica teve uma entrada muito boa no jogo, naturalmente ajudado por um golo madrugador: logo aos dois minutos, após uma boa jogada que envolveu vários passes em progressão, a bola só acabou no fundo da baliza inglesa, quando o Jones a enviou para lá na tentativa de impedir que chegasse aos pés do Rodrigo, que ao segundo poste aguardava o cruzamento do Gaitán. Na fase inicial do jogo a equipa mostrou confiança, trocando bem a bola e, quando não estava na posse dela, pressionando de forma inteligente, de forma que o Manchester era incapaz de sair a jogar, o que chegou a provocar o desagrado dos próprios adeptos. Mas infelizmente esta boa fase durou apenas cerca de vinte minutos. Aos poucos o Manchester começou a libertar-se, e o Benfica não pareceu lidar bem com as movimentações dos avançados ingleses, que recuavam e conseguiam quase sempre receber a bola no espaço entre a defesa e o meio campo. O empate surgiu à meia hora de jogo, num cabeceamento do Berbatov - quando se joga com a defesa em linha corre-se sempre o risco de falhar e deixar um adversário em jogo, ou que um fora-de-jogo mais no limite possa passar despercebido, e foi o que aconteceu nesse lance. O empate fez mal ao Benfica: é verdade que a equipa manteve-se concentrada e a organização defensiva não abanou muito, mas o mesmo não se pode dizer em relação ao ataque, já que fomos progressivamente deixando de conseguir construir lances ofensivos, e nem sequer conseguíamos manter a posse de bola por muito tempo. Podíamos ter sofrido o segundo golo logo de seguida, não fosse a excelente intervenção do Artur, mas ainda conseguimos responder através do Aimar, tendo depois o resto da primeira parte decorrido sem grandes sobressaltos.

O início da segunda parte foi penoso. Aquilo que de mau tínhamos mostrado após o golo do empate acentuou-se ainda mais, e o Benfica literalmente deixou de ter bola, limitando-se a deter as vagas de ataque do Manchester. As tentativas de saída para o ataque só conseguiam ser feitas através de passes longos, o que obviamente o Manchester agradecia. O golo do Manchester adivinhava-se, e só mesmo a forma solidária (e às vezes quase desesperada) como o Benfica ia defendendo, e a classe do Artur conseguiam ir adiando o inevitável. Para piorar as coisas, ao fim do primeiro quarto-de-hora o Luisão lesionou-se e teve que ser substituído pelo Miguel Vítor, e o Manchester acabou mesmo por marcar logo a seguir. As coisas podiam ter ficado muito complicadas para o Benfica nesta altura, mas tivemos a sorte do nosso lado e conseguimos empatar quase na resposta, com o Bruno César a aproveitar um mau alívio do De Gea e a jogada a acabar com o Aimar a finalizar à boca da baliza. Este golo 'esvaziou' o ímpeto do Manchester, e com a ajuda das entradas do Matic (boa entrada no jogo) e do Rúben, acabámos por conseguir controlar o jogo até final sem muitos sustos, isto apesar do Manchester ter continuado sempre a ter muito mais posse de bola.

O primeiro realce é para a organização, solidariedade e maturidade de toda a equipa. Quanto a destaques individuais, escolho o Artur, que defendeu tudo o que era humanamente possível, e até algumas impossíveis; o Garay, que mostra cada vez mais ser o complemento ideal do Luisão no centro da nossa defesa, o Witsel, que foi um gigante no meio campo, e o Aimar, que lutou e trabalhou até à exaustão e foi recompensado com o golo que carimbou o nosso apuramento. Quero mencionar ainda o Miguel Vítor, que entrou a frio no jogo, logo para o lugar do Luisão, e viu a equipa sofrer um golo logo a seguir. Mas não tremeu, e cumpriu a sua função até final com distinção.

É impossível não fazer comparações com o Benfica na Champions o ano passado. Esta equipa está muito mais adulta, e hoje fez ao Manchester aquilo que nos fizeram várias vezes o ano passado. Quando o adversário falhou, aproveitou de forma terrivelmente fria eficaz essas falhas. O ano passado perdemos todos os jogos da fase de grupos disputados fora de casa, sem marcar um único golo; este ano não perdemos um único. A experiência nota-se e a equipa sente-se mais confortável a jogar na Champions. E nós, adeptos, sentimo-nos também mais confortáveis e confiantes ao vê-la nesta competição. Foi fantástico ouvir, durante largos períodos de tempo, Old Trafford silenciado por cânticos de apoio ao nosso Benfica. Agora que a questão do apuramento está arrumada, é tempo de passar a pensar no jogo de Sábado. E esperar que esteja tudo bem com o nosso capitão.

3 Comments:

At 11/23/2011 4:47 da manhã, Anonymous JFilipe said...

Grande resultado, e que compensa a «distração» do último jogo. Pena o falhanço do Rodrigo a acabar o jogo. Temos tudo para acabar em primeiro. O Benfica é sobretudo terrivelmente eficaz no ataque esta época, 4-5 remates e é golo.

Agora é despachar os verde-ranho com uma goleada à antiga.

 
At 11/24/2011 12:57 da manhã, Blogger Bancada Sul said...

AC Milan vai apresentar proposta por Axel Witsel do Benfica

 
At 11/24/2011 5:59 da tarde, Blogger joão carlos said...

Este post tem mais uma vez a qualidade que nos vens habituando.


É verdade que no início da segunda parte sofremos muito mas eles não tiveram hipóteses de marcar alias só conseguiram a primeira clara oportunidade de marcar quando o Luisão já estava fora do campo e o Miguel Victor ainda não tinha entrado e o próprio golo tira partido do ajustamento que ainda se estava a fazer da substituição.


JFilipe temos sido muito eficazes na liga dos campeões agora nas competições internas a nossa eficácia cai a pique, e se é verdade que este ano globalmente estamos muito melhores no rácio remates/golos não é menos verdade que no rácio oportunidades/golos pouco ou nada melhoramos em relação ao ano passado.

 

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