sábado, fevereiro 28, 2009

Brio

Pode não ter sido com muito brilho, mas foi com imenso brio que o Benfica esta noite conseguiu vencer o Leixões, num jogo que começou por parecer ter tudo para decorrer a nosso favor, mas que terminou de forma exactamente inversa.

Alguma surpresa logo de início na nossa equipa, com o Quique Flores a optar por jogar com dois alas bem abertos, colocando o Di María de início na direita e o Reyes na esquerda, e colocando para além disso o Ruben Amorim no meio, ao lado do Katsouranis. Conforme esperado, na defesa o Miguel Vítor ocupou o lugar do Sídnei, enquanto no ataque o Cardozo regressou à titularidade. E começou muito bem o jogo o Benfica. Com a linha de defesa muito subida, uma pressão bem executada sobre os adversários, e depois a sairmos rápido para o ataque assim que a bola era recuperada, o Benfica terá esta noite feito uma das melhores entradas num jogo em casa esta época. Com o Amorim a mostrar-se como peixe na água no centro, e com a preciosa ajuda dos alas e, sobretudo, do Aimar (quantas bolas terá ele recuperado ou roubado esta noite?) sempre que não tínhamos a bola, o Benfica não dava tempo nem espaço para o Leixões desenvolver o seu jogo. Aliás, ainda não tinha decorrido um minuto de jogo e já o Benfica criava uma situação de perigo, só que o Aimar não conseguiu controlar a bola nas melhores condições. Foi bonito ver-nos jogar a toda a largura do campo, aproveitando a velocidade do Reyes e do Di María nas alas. Não surpreendeu por isso que chegássemos ao golo, após mais uma incursão do Reyes pela esquerda, que terminou num autogolo de um defesa do Leixões quando tinha o Cardozo nas suas costas para marcar. Pouco após o golo, O Luisão esteve perto de fazer um golão, com um pontapé de bicicleta que passou muito perto. Embora continuando a controlar o jogo à vontade, fiquei com a sensação de que retirámos um pouco o pé do acelerador após o golo (pelo menos a pressão sobre os adversários para recuperarmos a bola já não parecia ser tão intensa), mas o pior veio pouco depois da meia hora de jogo, com a lesão do Ruben Amorim (que estava a fazer um óptimo jogo até então), tendo que ser substituído pelo Carlos Martins. Aí sim, a equipa recuou a linha defensiva de forma mais nítida, e já foi então possível ver o Leixões a conseguir fazer a circulação de bola a meio campo que lhe é mais habitual. Mas também não passou disso, já que lances de perigo nem vê-los, tendo o Leixões que optar por tentar rematar a distâncias consideráveis da nossa baliza. Pelo contrário, era o Benfica quem, em transições rápidas, conseguia dar maior sensação de perigo, pelo que a vantagem mínima ao intervalo pecava quando muito por escassa.

A segunda parte mostrou o mesmo pendor da primeira. Logo no início, uma oportunidade para o Reyes, desmarcado sobre a esquerda a passe do Aimar. Ainda durante os primeiros minutos, o Leixões teve aquela que foi, para além do lance do golo, a única oportunidade digna desse nome durante todo o jogo, mas o remate do seu jogador, que num contra-ataque recebeu a bola à vontade, foi perfeitamente disparatado. No Benfica, os nossos alas começavam a perder algum fulgor, e o Reyes acabou por dar o seu lugar ao Nuno Gomes ao fim de quinze minutos. Com o jogo controlado, faltava ao Benfica um golo que nos desse maior tranquilidade, o que acabou por acontecer poucos minutos após a entrada do Nuno Gomes. Na direita o Cardozo (que um minuto antes, desmarcado pelo Di María, tinha desperdiçado uma ocasião soberana por ter deixado a bola escapar) ultrapassou um defesa adversário e, da linha final e com o pé direito, centrou para que o Nuno de cabeça se antecipasse ao seu marcador para marcar. Em condições normais, e face ao que tinha visto até então, isto seria o suficiente para pensar que iria ter um final de jogo tranquilo. Mas sabendo o que se tem passado esta época, acabei por não ficar muito descansado, e em vez disso preparei-me para o que aí viria.

Só foi necessário esperar oito minutos. Depois, no mesmo minuto, o Carlos Martins lesiona-se e, num lance em que foi algo feliz num ressalto, o Leixões marca. Como já tínhamos esgotado as substituições (o Balboa entretanto entrara para o lugar do Di María) o cenário que se apresentava era jogar os últimos quinze minutos (mais os eventuais descontos) com dez, perante uma equipa motivada pelo golo. Só que os dez encheram-se de brio, e apoiados pelo público da Luz, valeram por onze ou mais. Porque a verdade é que o Leixões não conseguiu criar uma única oportunidade de golo até ao apito final do árbitro, apesar de, durante este período, ter conseguido finalmente um ascendente sobre o Benfica, jogando a maior parte do tempo no nosso meio campo e equilibrando um pouco a posse de bola. Felizmente desta vez não houve golpe de teatro, e o Leixões não conseguiu sair da Luz com um empate que seria, de todo, imerecido.

Como destaques na nossa equipa, começo por escolher o Aimar. Não sei se ainda há grandes dúvidas sobre a sua condição física, mas quem viu aquilo que ele correu esta noite deverá ter ficado esclarecido. Movimentou-se livremente pelo ataque, e soube sempre dar velocidade ao nosso jogo, tendo combinado com e desmarcado diversos dos seus colegas. Deu ainda uma ajuda indispensável no trabalho de recuperação da bola a meio campo, e acabou o jogo praticamente como médio defensivo, ao lado do Katsouranis. Na defesa, destaco o Miguel Vítor, pela disponibilidade que mostrou e pelos inúmeros cortes que efectuou. Se o Leixões raramente conseguiu ameaçar a nossa baliza, a ele (e ao Luisão) muito o devemos. Foi pena a lesão do Amorim, porque aquilo que produziu enquanto esteve em campo foi muito positivo, estando directamente ligado à boa entrada do Benfica em jogo. Quem esteve um pouco abaixo da regularidade que lhe tem sido habitual foi o Maxi, que se atrapalhou um pouco na defesa, e até esteve pouco feliz nos cruzamentos quando se aventurou no ataque.

Ultrapassado este difícil obstáculo - e roubada ao José Mota a glória de ser o primeiro a conseguir vencer em casa do Benfica e dos outros dois no mesmo campeonato - resta agora sentarmo-nos tranquilamente no sofá e esperarmos pelo resultado do encontro fratricida de amanhã, com a certeza de que esta jornada ser-nos-á sempre positiva.

3 Comments:

At 2/28/2009 8:26 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Antes do mais parabens a Águia, simbolo eterno da grande tribo roja.

Gostei de ver os primeiros 20 minutos, boa atitude, se conseguissem fazer isso durante pelo menos 60 minutos de um jogo, estariamos perto do Nirvana.
Mas ninguem precisa de Nirvana quando tem o Elvis. O rei está vivo!!

O que mais me assusta são os ultimos 30 metros, é incrivel, as perdidas e a azelhice "alimentam" qualquer adversário a tentar a sua sorte.
É triste ver que não temos um jogador avançado que saiba jogar de costas para a baliza, são sempre comidos pelos defesas em antecipação ou nem isso, depois é tudo demasiado lento e confuso. Naquela zona tem que se rematar não desenvencilharem-se diplomaticamente da bola.
São nitidas as "instruções" para o Di Maria passar a bola naqueles ultimos metros, oxalá não o tivesse feito...não "amarrem" o genio na garrafa, coño!!

Os útlimos minutos foram de sofrimento e outra vez é inconcebivel como existem jogadores que não conseguem fazer um passe ou aguentar uma posse de bola, ok a pressão está lá, mas é tudo muito frágil, pareciamos uma equipa da 3º divisão.

Parabens ao Leixões!! Equipa humilde, disciplinada, com maturidade competitiva, sem vedetas e que sabe o que está a fazer dentro de campo.

O que interessa é que somamos 3 pontos, ninguem se lembrará deste jogo quando formos campeões.

 
At 2/28/2009 3:43 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Bom onze inicial, boa táctica, excelente jogo do Aimar. A jogar assim pode muito bem formar dupla com o Katsou, tal o nº de bolas recuperadas e ainda organizar jogo(esqueçam lá o Carlos Martins).
Tive pena pelo Ruben Amorim..parecia estar a mostrar ao Quique(talvez o único que ainda não tivesse percebido) que é uma alternativa bastante válida para o meio.
A jogar desta forma, temos a obrigação de criar mais perigo pelas alas. Reyes e Di Maria têm de ser mais desequilibradores.

 
At 2/28/2009 4:07 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Gánhamos ontem. Era o que se pedia com o Nacional VSetubal Trofense...etc...

Venha o próximo!

Lucilio Batista é msm muito burro...Aliás os árbitros lusos são todos...

 

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