quinta-feira, outubro 22, 2009

Arrasador

Nem foi preciso forçar muito. Bastou o Benfica acelerar um pouco durante alguns minutos, e isso foi suficiente para deixarmos o Everton esfrangalhado, anular a goleada que eles tinham inflingido ao AEK, e assumirmos a liderança do nosso grupo da Liga Europa. Esta competição pode não ser um objectivo prioritário esta época, mas a diferença de valor entre nós e as outras equipas do grupo é tão grande que seria quase criminoso não nos apurarmos.

No Benfica, regresso natural dos 'ilustres' do meio campo para a frente, que tinham estado ausentes no jogo da Taça de Portugal. A única surpresa acabou por ser o Maxi ter sido preterido pelo Rúben na direita, mas como sabemos, não é por isso que ficamos mais fracos, pois o Rúben sabe dar bem conta do recado. O Benfica teve uma entrada forte no jogo, e antes dos cinco minutos já o Luisão, por duas vezes, poderia ter inaugurado o marcador, mas na primeira ocasião não acertou na bola quando o passe do Aimar o encontrou desmarcado na área, e na segunda cabeceou para fora. Apesar de não ser exuberante, o futebol do Benfica era suficiente para dominar o jogo e foi por isso com naturalidade que chegámos ao golo, quando um cruzamento do Di María na esquerda foi encontrar o Saviola no seu lugar quase habitual ao segundo poste, e este rematou de primeira, com a bola ainda a bater no chão antes de entrar. A partir daqui, o Benfica pareceu acomodar-se um pouco. A velocidade baixou bastante, e baixaram também as linhas de pressão, já que quando o adversário tinha a bola limitavamo-nos a esperar por ele no nosso meio campo. Confesso que me irritei um pouco com esta forma de jogar, sobretudo porque era evidente que ao Benfica, bastar-lhe-ia acelerar um pouco para conseguir desbaratar esta equipa do Everton. Nos últimos cinco minutos da primeira parte, como que a prová-lo, o Benfica acelerou um pouco mais, e imediatamente voltou a criar perigo.

A entrada para a segunda parte foi simplesmente arrasadora. Nem deu tempo para os ingleses respirarem, porque em apenas seis minutos marcámos três golos e arrumámos a questão. Quanto ao vencedor, claro, não quanto ao resultado, porque vistas bem as coisas o cinco a zero final, quando muito, peca por escasso. Logo aos dois minutos o Saviola escapou-se pela esquerda, e assistiu o Cardozo para o seu primeiro golo da noite. Um minuto depois foi o Di María, mais uma vez pela esquerda, a voltar a assistir o paraguaio para uma finalização fácil de cabeça. E três minutos mais tarde, canto do Aimar para um cabeceamento vitorioso do Luisão. O Everton estava completamente atordoado, e a velocidade e movimentação dos nossos jogadores - o Aimar, ao contrário da primeira parte, deixou de se esconder tanto do jogo, o Ramires parecia outro jogador, e o Javi García dominou por completo a sua zona - abriam brechas na defesa adversária com facilidade, e as oportunidades sucediam-se. O Di María esteve perto de marcar o golo que tanto mereceu, mas o seu remate acertou na barra, e o Cardozo viu o hat trick ser-lhe negado pelo guarda-redes Howard. O marcador só voltou a funcionar a sete minutos do final, quando mais uma vez o Di María fugiu pela esquerda (grande passe do David Luiz), e assistiu o Saviola para mais um golo fácil. E mesmo assim o Benfica não parou de carregar, com os nossos jogadores a transmitirem para as bancadas uma enorme alegria e vontade de jogar futebol bonito.

O destaque maior deste jogo tem que ser para o Di María. Três assistências, e quase sempre o jogador mais activo e perigoso na nossa equipa. Mesmo durante o período mais aborrecido da primeira parte, jogou sempre a uma rotação mais elevada que o resto dos jogadores. Ficou só a faltar-lhe um merecido golo, que tão bem ficaria naquela jogada em que acertou na barra. Depois, tenho que mencionar também o Saviola. Quem me conhece já sabe da enorme admiração que tenho por este jogador, e hoje ele voltou a ser brilhante. Dois golos e uma assistência é o registo que fica, mas a inteligência com que se movimenta em campo e se desmarca é um luxo de se ver. E a isto junta pormenores técnicos simplesmente deliciosos. Podia mencionar vários outros jogadores também, mas refiro o Javi García porque se calhar às vezes o trabalho dele passa mais despercebido, por ter tantos artistas a jogar à sua frente. Como de costume, ele dominou completamente o meio campo, e perdi a conta às bolas que recuperou e aos ataques que se iniciaram nos seus pés.

Com os resultados desta noite, assumimos a liderança do grupo, e uma vantagem decisiva num eventual desempate com o Everton. Fica assim mais próximo o objectivo de nos apurarmos para a próxima fase, e fica mais uma vez repleto o ânimo dos benfiquistas, após mais uma exibição convincente, recompensada com uma goleada (a maior derrota de sempre do Everton numa competição europeia). Podem agora os aziados do costume virem dizer que o Everton é fraquinho, e que lhe faltavam jogadores. A satisfação com que saí esta noite da Luz, tal como já o fiz várias vezes esta época, já ninguém ma tira.

6 Comments:

At 10/23/2009 8:56 da manhã, Anonymous Filipe said...

"Venham mais cinco, duma assentada que eu pago já..."
:D

 
At 10/23/2009 11:53 da manhã, Blogger Hattori Hanzo said...

D'arcy estás errado. Durante 15 dias falou-se que o Everton seria o 1º grande teste este ano ao Benfica. Depois do jogo de ontem afinal só há 4 equipas fortes em Inglaterra (quando o Everton tem um orçamento cerca do triplo do nosso e não perdia há já algum tempo)e que aquilo ontem foi por causa do doping que o Jesus dá aos jogadores (já se esqueceram coitados da biografia do Fernando Mendes). De resto concordo contigo: a 1ª parte fez-me lembrar o jogo com o AEK e jogos nos últimos anos - equipa ciente que mais cedo ou mais tarde marcaria o golo por ser mais forte que os adversários, com isso a dar maus resultados (felizmente não ontem).

 
At 10/23/2009 12:51 da tarde, Anonymous JFilipe said...

Faltavam jogadores? Nove dos titulares do Everton ontem tinham sido titulares no jogo em que o Everton venceu 2-1 o Bate, oito tinham sido titulares na vitória 4-0 contra os gregos.

O que eu me ri durante a transmissão com a azia do Rui Sebantos.

 
At 10/23/2009 5:02 da tarde, Blogger D'Arcy said...

É perfeitamente estúpido andarem a dizer que faltavam não sei quantos titulares ao Everton (já cheguei a ouvir onze). Tinham vários jogadores indisponíveis, é certo, mas não são todos titulares. Dois deles nem sequer estão inscritos na UEFA (por esta ordem de ideias, então também poderíamos dizer que nos faltava o Urreta, ou o Mantorras).

Estão até a contar com jogadores que ainda nem jogaram um minuto esta época (casos do Jagielka e do Arteta), ou que já tendo jogado, já estão de fora há muito tempo, como o Neville. Parece até que o Everton, especialmente para o jogo com o Benfica, de repente perdeu a equipa toda.

 
At 10/24/2009 1:54 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Agora é ir a Liverpool com uma abordagem diferente de Atenas.
0-1, daqui a 15 dias, chega.

Mas foi bonito ver o Estádio com 45000 pessoas, ainda de dia (na 1ª parte)e ouvir, por cinco vezes, o baixo no tema "Seven Nation Army" dos White Stripes.

 
At 10/24/2009 5:39 da tarde, Blogger joão carlos said...

Não sei até que ponto é que não é de propósito esta atitude nos jogos da liga Europa, vejamos contra o BATE Borisove a primeira parte foi bastante boa mas na segunda houve um claro abrandar, contra o AEK na primeira parte não existiu aquela pressão intensa tão característica da equipa e agora entramos na expectativa do que o Everton era capaz de fazer e em toda a primeira parte só a espaços é que imprimíamos velocidade e criávamos perigo. Só não sei se são claras instruções do treinador ou se resulta do discurso de não dar tanta importância a esta competição.
De resto grande analise.

 

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