Escreção
Acho que a minha posição face à Selecção (ou, conforme agora prefiro chamar-lhe, Escreção) é por demais conhecida. Mas hoje, enquanto excepcionalmente via o jogo, não consegui evitar desejar que as coisas até corressem bem. Porque a equipa até estava a jogar bem, tem alguns jogadores que eu admiro (Tiago, Ricardo Carvalho ou Simão, por exemplo), e vendo o sofrimento na cara dos jogadores, pensava para mim mesmo que eles não tinham culpa nem mereciam ser orientados por um treinador/seleccionador tão medíocre. A selecção hoje, tendo que vencer, transfigurou-se tacticamente, e apresentando-se a jogar em 4-4-2, autenticamente massacrou os dinamarqueses, que durante largos minutos chegaram a nem sequer conseguir sair do seu próprio meio campo. É certo que, ao intervalo, estávamos a perder por 1-0, mas isso foi apenas uma consequência do azar de termos em campo (quase que por decreto, que deve ser preciso vendê-lo bem) um cepo chamado Bruto Alves, o que até força o Pepe a jogar a trinco (onde, curiosamente, conseguiu defender muito mais e melhor do que o referido Bruto Alves).
De qualquer forma, e apesar da desvantagem, parecia-me que se o jogo continuasse com o mesmo figurino, seria quase inevitável que o rumo das coisas se alterasse. Só que com a sua tradicional sagacidade, no banco, Queirósz achou que, a perder, era forçoso mudar alguma coisa. E mudou, alterando a táctica para o 4-3-3 que tão bons resultados tem dado nesta campanha de qualificação. Lançando mão do seu trunfo desesperado, o Subnutrido do Lumiar, Queirósz conseguiu mesmo o feito de abafar as suas melhores qualidades, amarrando-o ao centro do ataque, quando sabemos que a sua mobilidade é um dos seus pontos fortes. O resultado foi que durante mais de metade da segunda parte a equipa praticamente não existiu. Só com o aproximar do final do jogo, e o progressivo recuo dos dinamarqueses até ao ponto de defenderem desesperadamente, Portugal conseguiu voltar a criar perigo. O Subnutrido aproveitou mesmo um canto para evitar males maiores e empatar o jogo perto do final, e durante esses minutos finais até poderiam ter ganho.
Agora passou mais um jogo, faltam apenas três, e Portugal tem cinco pontos para recuperar (três à Hungria e dois à Suécia). De certeza que nos vão vender a ideia de que 'nada está perdido', e sugerir mais uma utilização da famosa máquina de calcular. Por mim, a conclusão que tirei ao ver este jogo é que os jogadores portugueses são incomparavelmente melhores do que os dinamarqueses. Mas mesmo muito melhores. Suficientemente bons para, nesta altura, Portugal poder estar já qualificado para o Mundial, sem grandes sobressaltos. No entanto, a Dinamarca está confortavelmente em primeiro, e com um pé no Mundial. E Portugal está em quarto, com um pé fora, conquistou menos de 50% dos pontos em disputa, e anda a sofrer para vencer jogos contra a Albânia. Deve haver um outro factor qualquer que estará a desequilibrar a balança a favor deles. Não estou assim a ver muito bem qual será...
14 Comments:
Caro,
Mais uma vez como no primeiro jogo, a Dinamarca concede-nos a iniciativa de jogo, portugal troca bem a bola(tem espaço) mas falha na finalização e acaba a primeira parte a perder um a zero.
Grande exibição de Portugal, futebol cínico da Dinamarca, é o que oiço.
Penso que há um pormenor importante que é omitido nestas análises, a Dinamarca opta por jogar assim(neste jogo tinha 8 indisponíveis), e joga bem neste sistema. Quem domina e não ganha é Portugal, mas o domínio ser-nos-ia sempre concedido em grande parte do jogo, quem não tem mérito é Portugal que não aproveita as oportunidades.
Um bom exemplo, são as eliminatórias com as equipas italianas, vide a Fiorentina vs Lagartada, a mesma lenga-lenga, o mesmo resultado, a equipa que defende mais passou, e passou porque interpreta melhor o sistema que escolheu, ponto final.
É tempo de dar mérito ao Trapatoni e ouvir Erikson, quando dizia que os Portugueses eram os melhores do mundo excepto nos ultimos 30 metros.
Estava na altura de olharmos de vez para os ultimos 30 metros, mas sem lá ver o Liedson de preferência.
PS: Sim tenho consciência que este comentário está fora de contexto, mas esta treta de não dar mérito a quem sabe defender chateia.
Futebol é marcar mas também não sofrer golos.
O comentario acima é dos melhores que eu li nos ultimos tempos. Tem, a meu ver, a perspectiva correcta do que foi este jogo e quais as premissas que o envolveram.
Ao contrario da habitual acefalia e primarismo de análise, que começa na clubite exacerbada onde o "outro" (o adversario) não existe e se existe é falho de inteligência, "filho da puta" ou "arrumador de autocarros".
Quanto a mim a Dinamarca teve a inteligência de jogo.Soube que teria de sofrer porque tendo em conta a diferença de qualidade, teria sempre que ceder o domínio a Portugal, e o controle, e este ultimo quanto mais tarde melhor.
Foi o que aconteceu.
O mesmo para o benfica- maritimo, ou Sporting-xpto, ou Porto-wszx.
Muito boa analise, avomaltine.
Dinamarca inteligente?Nem se pode falar nisso...Quem defende bem não concede nem um terço das oportunidades que eles concedem a Portugal...o problema é mm a aselhice queirosiana (36 remates e um só golo...assim nem à Albânia....)
De facto, se permitir 36 ocasiões de finalização ao adversário é 'defender bem', vou ali e já venho... mas isto deve ser 'acefalia' minha.
E mesmo a comparação entre o jogo de ontem e o Benfica x Marítimo é completamente descabida, porque o que a Dinamarca e o Marítimo fizeram foi completamente diferente. Não vi o guarda-redes dinamarquês ser assistido quatro vezes durante o jogo, a primeira das quais aos três minutos de jogo. Mas pelos vistos, quando o alvo já está definido, até dá para fazer o elogio do antijogo.
A selecçao Azul Canarinha vai ter o q merece; Africa do Sul só na playstation.
O Madaíl e o Queiroz q se enxergem e se demitam enquanto é tempo, é bom procurarem asilo nalgum país mais obscuro pq o gozo deles ñ vai continuar, esses vendidos sem qq vergonha na cara.
O Bruno Arvores ficou surpreendido pela queda de Duda, Deco o melhor, LOL, já o ventura ñ tem culpa do golo do empate nos sub-21, mas sim a defesa, isto é passar um atestato de estupidez e cegueira a qq pessoa q tenha visto os jogos em causa. As seleções só existem para satisfazer os interesses de apintos dourados, mama tudo do mesmo, isto é um país a saque vendido a quem der mais, a FPF apenas espelha o estado geral do país.
25 de Abril? Uma anedota, a verdadeira revolução está pra vir...
Optar por um sistema táctico mais defensivo e conceder o domínio ao adversário, é uma coisa, defender bem é outra. Quem quer defender e permitir tantas oportunidades de golo quanto as que tivemos é masoquista! Isso n é saber defender, isso é confiar na sorte!
Boa noite a todos,
Já vi que o meu comentário suscitou várias reações, o que é sempre muito bom, pelo que percebi, para a maioria, só com "acefalia" se poderá fazer a defesa ou elogio do jogo Dinamarquês;-) Talvez...
No entanto, vamos partir então da seguinte premissa: O seleccionador Dinamarquês, reconhece a superioridade de Portugal e com 8 jogadores indisponiveis, resolve jogar para o empate em casa.
Pois eu acho que não sendo dificil assumir este cenário, revela a inteligência do homem, reconhecer as suas limitações e tentar o resultado que interessa com as armas que tem.
Se a equipa revela dificuldades em defender, estas são atenuadas pela eficácia atacante(mérito para a Dinamarca), o que lhes permite ganhar tempo e continuar com a mesma estratégia. Penso que esta estratégia só seria mudada em caso de desvantagem e como isso não aconteceu, só pudemos especular se tal estaria ao alcance dos Dinamarqueses. No entanto no primeiro jogo, também foram dominados e depois de estarem em desvantagem marcaram 2 golos em 10 minutos. É disto que me parece que todos se esquecem.
Quem nunca consegui obrigar a Dinamarca a mudar de sistema em 90 minutos foi Portugal, ou seja tem mais mérito a "Vaca" nascida na Escandinávia que o "Azarado" Luso-Brasileiro.
No entanto, isto não quer dizer que eu não tenha as crónicas do autor em alta consideração, antes pelo contrário.
Um bem haja a todos.
Avô Maltine
O que impressiona nesta ESCRE(T)ÇÃO Queirosiana/Madailiana, é que todos (mas mesmo todos) nós sabemos mais do que estas duas anedotas.
O resultado é uma morte anunciada desde que a campanha começou.
Habituei-me a respeitar Queirós desde os campeonatos de 89 e 91. Sempre achei que estava ali um homem diferente e que se o deixassem montar um projecto, o futuro do futebol português estava garantido.
Percebi o seu desabafo sobre o varrer a porcaria da FPF.
Independentemente do seu percurso no OSGA, na África do Sul e no Madrid, percebo perfeitamente o porquê de o Ferguson o ter escolhido e voltado a insistir no seu regresso.
Foi burro em aceitar vir para PRG. Depois de Scolari qq treinador que seguisse era para queimar. E queimou-se! E agora CQ?
É de bradar aos céus a alteração táctica ao intervalo. Só uma mente perdida e em pânico faz aquilo (e já não é a primeira vez).
Tirar um dos melhores jogadores em campo - Tiago - alterar uma forma de jogar que com uma ligeira alteração só podia dar frutos.
E que alteração era essa?
Meter Liedson, tirar Burro Alves, recuar Pepe, colocar Meireles a fazer o papel de Pepe, libertar Ronaldo por toda a frente de ataque.
Não! Entendeu rebentar com o meio campo todo. Deco perdeu-se, Simão deixou de jogar e Meireles não sei o que lá andou a fazer.
Não vamos à Africa do Sul. E ainda bem! Pode ser que assim haja de facto a tal limpeza da porcaria da FPF, só que o homem das limpezas vai no contentor. Tenho pena!
Mais uma vez, totalmente de acordo.
D'Arcy vê lá se consegues ler o que se diz, eu não disse que os jogos foram iguais. O que eu disse e nisso concordo como Avomaltine é que os treinadores tem que fazer uma analise honesta das forças e fraquezas da sua equipa e do adversário, se quiseres uma analise SWOT futebolistica.
A análise de cenarios foi feita e jogada pelo seleccionador dinamarquês com êxito, sabendo à priori que a unica forma de atenuar riscos com um adversario tão forte como Portugal não era jogar de igual para igual mas conceder dominio, evitando assim perder o controle, ou perdê-lo o mais tarde possivel.
É no plano da estratégia e na criação de cenarios que eu extrapolo para os exemplos que dei.
Já agora só mais um ultimo comentario.
Este foi o 1º blog onde comentei, descobri-o ainda tinha outro nome que partilhava o sentimento que eu tambem sentia acerca de uma das minhas paixões juvenis, o Benfica. Ainda por cima partilhava a data de nascimento com a da minha filha, de bom augurio pensei eu.E foi.
O nick índio resumia de certa forma duas paixões, o Benfica e a BD, com que queimei alegremente pestanas na minha juventude em vez de estudar.
Já se passaram um ou dois anos e cada vez mais sinto menos alegria em ser o Índio, por razões várias, por vezes sou mesmo amargo. Deixei-me possuir pela personagem? É provavel.Mas não é só isso, por vezes as coisas acabam quando têm que acabar, sem outro motivo.
Quero agradecer a todos, em especial ao D'Arcy, por me terem aturado e enviar a todos sem excepção um grande abraço e desejar que o grande Manitu vos acompanhe sempre na vossa cavalgada.
Viva a Águia!!
Viva o grande Ruço!!!
Viva Manitu!!
Viva o Benfica!!!
Índio RIP!
Isso é outra conversa avomaltine. A estratégia até pode ter sido a melhor, agora a eficácia da mesma deixou muita a desejar...Tu disseste:"...a Dinamarca opta por jogar assim(neste jogo tinha 8 indisponíveis), e joga bem neste sistema." Joga bem o caraças...jogou mal, teve foi do seu lado a azelhice dos nossos avançados.
Bem hajas Indio. ;)Abraço
Lá ganhou a "escreção" à seleção fortíssima que é Hungria a partir de um lance onde estiveram envolvidos os "portuguesíssimos" Deco e Pepe. Claro que depois do golo contra a Dinamarca ter sido marcado pelo etíope vamos levar com mais um mês a dizerem-nos por um lado que a qualificação para o Mundial por um lado é algo verdadeiramente plausível e por outro que não há problema algum em ser cada vez mais uma "escreção", já que são eles que verdadeiramente nos estão a safar.
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