segunda-feira, outubro 26, 2009

Duvidas?

Será que alguém ainda, teimosamente, continua a ter dúvidas sobre o valor da equipa do Benfica esta época? Será que o Nacional agora também já passou a ser 'fraquinho' (já nem tem piada dizer isto, tantas foram as vezes que o repetimos esta época)? O Manuel 'Chicharro' Machado bem tentou travar-nos, bem auxiliado por uns árbitros assistentes manhosos, mas saiu da Luz, como outros antes dele, vergado ao peso de uma goleada. E acho que poucos treinadores há em Portugal que eu goste mais de ver goleados. Levou o Chicharro meia dúzia para contar, e levaram os jogadores do Nacional, que durante a semana andaram cheios de bazófia.
A única surpresa no onze (e acabou mesmo por ser uma surpresa grande) foi a colocação do Fábio Coentrão de início, na posição de lateral esquerdo. Terá sido uma opção forçada, face à lesão do César Peixoto no aquecimento, mas acabou por resultar em cheio. E a opção (de algum risco) pelo Coentrão para o lugar tem mérito, porque se calhar a solução mais fácil e óbvia teria sido colocar o David Luiz na esquerda. Do outro lado, e para não variar, o treinador do Nacional aproveitou para apresentar a táctica de três centrais que na Liga, todos os anos, utiliza apenas contra o Benfica, e que apresenta um meio campo sobrepovoado, no qual o Ruben Micael era quem apoiava mais de perto o único avançado. O jogo acabou por decorrer de forma muito semelhante ao jogo que fizemos com o Everton. Fiquei com a sensação que o Benfica não se entendeu muito bem de início com as marcações adversárias, e com os muitos adversários que o Nacional colocava no centro do campo, o que resultou em muitos passes falhados na fase inicial do jogo. O Aimar era vigiado de perto, e esteve discreto nesta fase. O resultado foi um jogo algo lento e previsível nos primeiros minutos. Mas, à semelhança do jogo com o Everton, marcámos na primeira oportunidade que criámos, pouco depois do quarto de hora de jogo. E que oportunidade, já que foi uma jogada de ataque perfeita, que começou num rasgo individual do Aimar a meio campo, libertando-se de dois adversários para, depois de tabelar com um colega, descobrir a subida do Fábio Coentrão na esquerda, que centrou rasteiro para a finalização fácil do Cardozo (e se o Cardozo não marcasse, ainda estava lá o Saviola para o que desse e viesse).

Sem mudar muito o ritmo de jogo, conseguimos pouco depois criar uma oportunidade flagrante para aumentar a vantagem, só que o Di María, isolado por um passe do Saviola, conseguiu literalmente acertar no guarda-redes adversário. Mas dez minutos após o nosso golo, surgiu o inesperado golo do Nacional. Após uma perda de bola ainda no meio campo adversário, a bola foi colocada nas costas da nossa defesa, que me pareceu hesitar algo (em particular o Luisão) à espera do fora-de-jogo, o que permitiu que o jogador do Nacional fugisse e, descaído sobre a direita, com um remate rasteiro cruzado empatasse o jogo. O Benfica - e os benfiquistas - reagiram da melhor forma ao golo, e também aqui se nota uma enorme diferença para épocas passadas. Não só a equipa não baixou os braços, em vez disso carregando sobre o adversário, como o público,
todos os mais de 47.000 que se deslocaram hoje à Luz, e que se calhar em épocas recentes reagiria com assobios, respondeu com gritos de 'Benfica, Benfica!'. A comunhão entre equipa e adeptos neste momento é quase perfeita, e esta noite voltou-se a assistir a isto. A resposta do Benfica foi marcar poucos minutos depois de ter consentido o empate, pelo Saviola na recarga a um cabeceamento do Luisão, mas o golo foi anulado por fora-de-jogo do Saviola. Depois foi o Ramires que, isolado por mais um grande passe do Coentrão, imitou o Di Maria e conseguiu rematar contra o guarda-redes do Nacional. Mas a cinco minutos do intervalo, marcámos o merecido segundo golo. Canto do Aimar, a atrasar a bola para o Coentrão, e este com um cruzamento largo encontrou o baixinho Saviola no sítio do costume, a fugir à marcação no segundo poste e a finalizar exemplarmente de cabeça. E de cada vez que vejo este pequeno génio argentino marcar um golo ou encher o campo, dá-me um prazer especial lembrar-me de todos quantos vaticinaram, aquando da sua contratação, que era um jogador acabado, sem ambição, e que vinha para Portugal gozar a reforma. Ainda antes do intervalo, poderíamos ter voltado a marcar, mas desperdiçámos um contra-ataque em flagrante superioridade numérica, pois o passe do Cardozo para o Ramires saiu um pouco comprido.
A segunda parte, tal como no jogo com o Everton, foi para arrasar o adversário. Entrámos fortes, e logo aos dois minutos foi assinalado penálti sobre o Aimar, que o Cardozo não perdoou. Já tinha comentado ao intervalo que se marcássemos o terceiro, o Chicharro de certeza que retiraria um dos centrais e seria o descalabro. E conforme previsto, dez minutos após o nosso golo foi isso mesmo que sucedeu. Bastou esperarmos cinco minutos e já o marcador funcionava outra vez, quando o Saviola aproveitou uma atrapalhação do Cardozo, que não conseguiu concretizar mais um centro do Coentrão (antes disso já poderíamos ter marcado, mas o mesmo auxiliar que deixou a bandeira em baixo no lance do golo do Nacional estava agora com olho de lince e levantava a bandeira por dá cá aquela palha). O nosso treinador, entretanto, aproveitou para mandar um recadinho ao Chicharro. Quem quiser escandalizar-se, está à vontade. Quanto a mim, e tendo em conta as sucessivas faltas de respeito que este tipo tem tido ao longo dos anos pelo Benfica (aliadas às constantes submissões ao fóculporto), não me importei nada, e só tenho pena que o Jorge Jesus não tenha feito o mesmo gesto, mas com seis dedos, no final do jogo.
Sim, porque, conforme nos tem vindo a habituar, para o Benfica chegar aos quatro golos não é sinónimo de deixar de carregar, e parecia evidente para quem via o jogo que a probabilidade de aumentarmos a nossa vantagem era grande. O que acabou por acontecer já nos minutos finais. Pelo meio, mais um episódio algo caricato do longo historial do Carlos Martins com as lesões, já que ele entrou em campo aos setenta e três minutos, lesionou-se logo no primeiro lance (aparentemente inofensivo) que disputou, e saiu cinco minutos depois. Quanto aos golos, o quinto surgiu a quatro minutos do final, com o Nuno Gomes a fazer a recarga a um livre do David Luiz (o livre custou a expulsão do Patacas, por acumulação de amarelos e, diga-se, fiquei até com a sensação que houve penálti cometido pela barreira do Nacional, já que o remate do David Luiz pareceu-me ter sido desviado pela mão de um dos jogadores), e o sexto já nos descontos, em novo penálti do Cardozo, desta vez a castigar uma falta sobre o Ramires (e a valer mais uma expulsão de um jogador do Nacional, desta vez com vermelho directo, já que o Ramires estava isolado).

Têm sido tantas as goleadas, e tantos jogadores a jogar bem que este exercício de escolher melhores ou piores no final dos jogos anda a tornar-se algo difícil. Por isso nem vou dizer se ele foi o melhor ou não, mas quero destacar a exibição da 'surpresa' Fábio Coentrão na lateral esquerda. Claro que ele se destacou muito na vertente ofensiva, tendo feito as assistências para os dois primeiros golos, e ainda estado directamente envolvido no quarto. Mas mesmo na defesa não comprometeu, e apesar de ter parecido algo nervoso no início do jogo, depressa acalmou e efectuou vários cortes e recuperações de bola. Será uma opção a ter em conta para jogos na Luz, em que os adversários se apresentem fechados na sua defesa e joguem com poucos jogadores ofensivos. Depois, os suspeitos do costume: Saviola (mais um grande jogo), Di María, Aimar, etc, etc (e o 'etc', se calhar, até dava para englobar a equipa toda).
O 'europeu' Nacional, conquistador do Zenit St.Petersburgo, que tantos elogios tem recebido esta época, foi despromovido à categoria de 'muito fraquinho' no espaço de hora e meia. Levou um cabaz de meia dúzia para a Madeira, levou um bailinho (e ouviu o público da Luz cantá-lo também), e deveria ser processado pelos milhares de lagartos e andrades que neles depositavam esperanças para esta noite (foram lestos a enviar-nos mensagens quando o Nacional marcou, mas no final, respondi-lhes à Maradona: 'Chupalo... y sigue chupando'). E é ainda mais importante esta vitória quando atentamos ao facto de termos tido uma arbitragem manhosa, sobretudo na primeira parte, enquanto a coisa estava equilibrada, e sobretudo com muitas decisões 'estranhas' do auxiliar colocado do lado dos bancos das equipas. Tive algum receio com a questão dos cartões, até porque os jogadores do Nacional pareciam muito interessados em envolverem-se em quezílias com os nossos jogadores - o que valeu, por exemplo, um amarelo ao Luisão. Parece que os prémios que, dizem os rumores, andam a ser oferecidos aos nossos adversários desde a primeira jornada para nos tirarem pontos andam a deixá-los muito nervosos. Quanto a mim, e na questão dos nervos, agradeço é ao Benfica por me andar a poupá-los. É que agora só fico um bocadinho nervoso quando o Benfica não está a ganhar após um quarto de hora de jogo. E no final de cada jogo, sou sempre recompensado pelo mar de sorrisos que vejo sair da Luz.

12 Comments:

At 10/27/2009 8:41 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Ainda tenho amigos que me diziam que o Everton, se calhar, não tinha praí meia equipa e que era fraquinho. O Nacional já ia ser outras contas! Epá estamos a ser brilhantes! Tornamos os jogos fáceis! Não sei se vamos jogar sempre assim, não sei se iremos ganhar algo...sei que até agora temos sido excepcionais!

Não gostei do penalti assinalado ao Aimar. Os jogadores do Benfica não têm necessidade de se atirar para a piscina!

 
At 10/27/2009 2:58 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O Ramires esteve excepcional. Sempre que a equipa está descompensada é ele que marca presença a resolver a "coisa", seja atrás, à frente, na esquerda ou na direita. Um único senão foi p falhanço, aind ana primeira parte quando aparecu isolado frente ao Bracalli.

Parece-me que o seleccionador nacional, ganhou ontem um defesa esquerdo ;-)

Se em Braga jogarmos com uma forte atitude, ganhamos...

 
At 10/27/2009 4:21 da tarde, Blogger último! said...

Alerta desaparecidos, desculpem escrever sobre outro tema mas peço a todos atenção para mais um caso desaparecimento misterioso em Portugal.

Qualquer ajuda deverá ser publicada no http://ultimos-a-baliza.blogspot.com

Obrigado

 
At 10/27/2009 4:45 da tarde, Anonymous JFilipe said...

Gostei especialmente de ver o Nuno a marcar, 96 minutos na liga e já leva dois golos. O Fábio a defesa esquerdo? Pareceu adaptar-se bem, é algo a tentar novamente.

 
At 10/27/2009 9:37 da tarde, Anonymous JFilipe said...

Já agora, alguém me consegue dizer onde está a falta de que o chicharro fala antes do quarto golo.

Eis o filme da jogada.

Já agora, esse boi mentiu na entrevista e o jornalista da treta não o contrariou. O Aimar não tinha amarelo logo nunca poderia ter sido expulso na jogada do penalti.

 
At 10/27/2009 10:25 da tarde, Blogger D'Arcy said...

Sim, eu reparei nesses dois pormenores. Se no estádio já me tinha dado a sensação que era fita do Ruben Micael, quando cheguei a casa e vi a repetição ainda mais gozo me deu não termos atirado a bola para fora. O Micael é que prega um pontapé na perna de apoio do Javi.

 
At 10/27/2009 10:42 da tarde, Anonymous JFilipe said...

D'Arcy acabei de ver o jogo da lagartada e ao menos aqueles coemntadores imbecis são consistentes. Parece que se um jogador se faz à jogada mas chega depois do adversário, falha a bola e o impede de prosseguir a jornada não é falta.

17 golos nos últimos 3 jogos (!!!) e 10 pontos de avanço sobre a lagartada. O Saramago que se deixe de tretas de ateu, Jesus é o caminho!

 
At 10/27/2009 11:03 da tarde, Blogger A. Sokyashi said...

Que acham de se usar a musica 'i've got a feeling' dos Black Eyed Peas como OST da campanha do Benfica 2009/2010?


Vou spammar isto noutros blogues gloriosos.

 
At 10/28/2009 1:14 da manhã, Blogger João Pinto said...

Boas!! É a primeira vez que comento o teu blogue que sigo atentamente e quero dar-te os parabéns pelo excelente espaço de escrita que tens.
Quanto ao OST da campanha do Benfica 9/10, desculpem-me por contrariar o ultimo comentário, mas o que eu adorava ouvir o "invincible" dos Muse gritado a plenos pulmões no estádio, nomeadamente o refrão:
"During the struggle
They will pull us down
But please, please
Let's use this chance
To turn things around
And tonight
We can truly say
Together we're invincible"
Cumprimentos Benfiquistas!!!

 
At 10/28/2009 7:09 da tarde, Blogger joão carlos said...

Para mim além da boa marcação do adversário nos primeiros 10 minutos a equipa nesse período não entrou a todo o gás para ver como eles vinham jogar se de autocarro, se de autocarro de dois andares ou como tem actuado na Europa.
No lance do golo deles para mim a hesitação foi do Javi Garcia e não do Luisão, mas de qualquer maneira não existiu erro da defesa o lance é irregular.
No lance do 5 golo tens razão foi grande penalidade, quando o David Luiz marca o livre a bola é cortada deliberadamente com a mão por um jogador do nacional, até admira não terem protestado o lance é que quando existe penaltie não se aplica a lei da vantagem logo tinha de ser grande penalidade e não golo.
Quanto a atitude do nosso treinador não sobrescrevo mas as declarações de resposta do outro ainda foram piores, na minha opinião tem um senão é que agora eles ainda estão mais ressabiados e nós ainda temos que jogar lá.
De resto analise perfeita como sempre.

 
At 10/28/2009 11:29 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Isto anda tudo "trocado".
Eu li 3 vezes para ter a certeza que estava a ler bem, mas ontem (dia 27), ao ler a crónica do Miguel Sousa Tavares na «Bola», li o inimaginável...

"E acontece ainda (a verdade é para ser dita) que o Benfica está a jogar um grande futebol, que dá gosto ver. Não é apenas a impressionante média de 3,5 golos por jogo, ou a cadência de jogo ofensivo do quarteto sul-americano do ataque (DiMaria, Aimar, Saviola, Cardozo). É também uma coisa que há muito, muito tempo, não se via no Benfica: o prazer de jogar, o respeito pelo público, a vontade de fazer mais e melhor e a sensação de que ali está a nascer uma verdadeira equipa e não apenas um lote de jogadores momentaneamente inspirados. Confesso que estava longe de esperar tanto do Benfica de Jorge Jesus. Não sei se isto é para durar e se continuará assim quando chegarem os jogos a doer - já no próximo fim de semana em Braga. Mas, para já e por enquanto, caramba, que diferença para o Benfica dos ultimos anos, que tanto reclamava e apregoava e tão pouco jogava!"

Repito, tive que ler 3 vezes para acreditar, mas lá está na edição de ontem (dia 27) no jornal «A Bola», na pág46, na crónica do Miguel Sousa Tavares,... PARA EMOLDURAR.

 
At 10/29/2009 1:49 da manhã, Blogger D'Arcy said...

Confesso que essa do MST também me surpreendeu quando a li.

 

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