domingo, agosto 01, 2010

Aston Villa

Mais uma exibição convincente, mais uma naturalíssima goleada e mais um troféu. A vítima esta noite foi o Aston Villa, que até pode agradecer o facto do Benfica ter tirado o pé do acelerador na meia hora final, pois arriscou-se a sofrer uma goleada ainda mais expressiva. Não percebo o motivo pelo qual os comentadores se referiram tantas vezes à 'preparação mais adiantada' do Benfica, e à falta de ritmo do Villa. O campeonato inglês começa exactamente no mesmo fim-de-semana do nosso, e dos principais jogadores do nosso adversário apenas não vi o Milner e o Agbonlahor. O lenhador do Richard Dunne, por exemplo, pareceu-me até já estar numa fase adiantadíssima de preparação, pois vi-o distribuir fruta com o mesmíssimo vigor com que o faz na Premier League, e até isto foi bem pensado, pois ajuda a preparar os nossos jogadores para a eventualidade de defrontarem o Bruto Alves no próximo fim-de-semana. E o Stilian Petrov não ficou a dever nada a um Raúl Maisreles.

O Benfica apresentou-se de início mais uma vez com o esquema de três avançados, com o Cardozo no meio e o Jara e o Saviola com maior liberdade para jogarem soltos, vindo atrás buscar jogo ou caindo sobre as alas. Com que então precisamos de extremos? Tomem lá um 4-3-3 e vejam se eles fazem falta. O meio campo ficou entregue ao Aimar e Carlos Martins, com o Airton nas costas. E na defesa destaque para o primeiro jogo a titular do Luisão. O jogo até começou de uma forma que poderia deixar antever algum equilíbrio, mas essa sensação depressa de dissipou. Exercendo mais uma vez uma pressão fortíssima ainda no meio campo adversário, o Benfica praticamente não deixava os ingleses jogar, dando prazer ver a quantidade de bolas recuperadas em zonas bem altas do terreno, e depois a vontade dos nossos jogadores em dar espectáculo enquanto trocavam a bola. Todos os jogadores em movimento, abrindo variadas linhas de passe para os colegas, e passes feitos por vezes quase de olhos fechados, mostrando que os jogadores sabem que vai aparecer por ali um colega.

Quando o Benfica joga assim, costuma marcar cedo, e foi isso que aconteceu mais uma vez. Foi aos dez minutos de jogo, em mais uma das cavalgadas do David Luiz, que recuperou uma bola em antecipação no círculo central, foi por ali fora e rematou ainda de muito longe, beneficiando de um desvio da bola no cepo do Dunne para fazer o primeiro da noite. O Aston Villa ainda tentou esboçar uma tímida reacção, mas pouco podia fazer, até porque das poucas vezes que conseguia levar a bola para o ataque tinha lá um rapaz a jogar à frente que se revelava particularmente burro na hora de fugir à armadilha do fora-de-jogo da nossa defesa. Foi com naturalidade que o Benfica aumentou a vantagem. Mais um remate desferido a uma grande distância da baliza, desta vez pelo Jara, e o guarda-redes do Villa apenas conseguiu sacudir a bola para a frente, surgindo então o Saviola no sítio certo para fazer a recarga. Estavam decorridos trinta e seis minutos de jogo. Seis minutos depois, livre perigoso a favorecer o Benfica, a castigar mais uma sarrafada do Dunne sobre o Jara. Esperava-se um remate directo do Cardozo, mas o Carlos Martins ainda deu um ligeiro toque para trás, a permitir então ao Cardozo fuzilar a baliza inglesa. Três a zero ao intervalo, e a promessa de que aquilo não ficaria por ali.

A segunda parte trouxe algumas substituições (Javi, Luís Filipe e Sídnei nos lugares, respectivamente, de Airton, Rúben Amorim e Luisão), mas o esquema táctico manteve-se, e a vontade de jogar também. E foram precisos apenas cinco minutos para que o marcador voltasse a funcionar. Num lance de insistência, o Jara ganhou a bola junto à linha de fundo, do lado direito da área, e passou atrasado para o Saviola, como de costume no sítio certo, voltar a marcar. E o massacre continuou: nos dois minutos que se seguiram, o Cardozo esteve perto de marcar, e depois foi o Saviola a falhar o hat trick por muito pouco, vendo o seu cabeceamento ao segundo poste embater no ferro. Só quando faltava pouco menos de meia hora para o final é que o Benfica abrandou, sobretudo após a saída do Saviola, Aimar e Cardozo, e finalmente o Villa conseguiu dar um arzinho da sua graça, jogando um pouco mais no nosso meio campo e conseguindo até o golo de honra, quando o Carew aproveitou da melhor forma uma distracção da nossa defesa, isolando-se após um alívio longo da defesa inglesa e marcando com alguma facilidade. Ainda voltaram a ameaçar por mais duas vezes os ingleses, sempre pelo Carew, mas o David Luiz primeiro, e o Roberto depois negaram-lhe o segundo golo, sendo que da parte do Benfica quem mais perto esteve de marcar foi o Gaitán, mas o seu remate de primeira saiu à figura do Friedel.

Podia falar de muitos dos suspeitos do costume (David Luiz, Saviola, Cardozo, Coentrão), até porque hoje daria para elogiar toda a gente. Mas para não falar sempre dos mesmos, o meu destaque hoje vai mesmo para o Jara, que fez a melhor exibição que lhe vi desde que chegou ao Benfica. À medida que ele se vai adaptando ao Benfica (e se calhar também às 'tareias' de pré-época do Jesus), vai demonstrando o acerto da sua contratação. E hoje até deu para ver que ele e o Saviola cabem, e bem, no mesmo onze, tendo em conta que a sua contratação sempre foi vista como uma alternativa válida ao Saviola. O espírito combativo de não dar um lance por perdido, já o tínhamos visto, e a sua acção foi fundamental para que o Benfica fizesse aquela pressão alta quase sufocante logo à saída da área adversária. Mas hoje ele acrescentou diversos pormenores de classe, e não foi por acaso que esteve directamente ligado a três dos quatro golos do Benfica: no primeiro, foi um remate seu (e ele também parece possuir um bom remate de meia distância) que permitiu a recarga do Saviola para o segundo golo, foi ele quem sofreu a falta (quando ia escapar-se para a baliza após um bom trabalho individual) de que resultou o terceiro golo, e foi dele a assistência para o quarto golo, também da autoria do Saviola. Esteve sempre em jogo, sempre em movimento, levou pancada dos ingleses até dizer chega (basta dizer que os únicos amarelos do jogo - um amigável, onde raramente se mostram cartões - foram mostrados por faltas duríssimas sobre ele) e mesmo assim
manteve um ritmo elevadíssimo do primeiro ao último minuto.

E já só falta a Eusébio Cup para mais uma pré-época 100% vitoriosa. Isto apesar de estarmos "muito mais fracos" do que a época passada, devido à saída do Di María (aquele brinca-na-areia, lembram-se?).

5 Comments:

At 8/02/2010 12:22 da tarde, Blogger joemorales said...

E como funcionará esta táctica contra aquelas equipas tugas que se fecham a 7 chaves?

 
At 8/02/2010 12:41 da tarde, Anonymous 1benfiquista na Inbicta said...

Excelente crónica que como sp partilho com alguns colegas da empresa...

Cada vez me convenço mais de que a contratação de Jorge Jesus foi o momento mais feliz do consulado LFV. E estou à contade porque no inicio não acreditava nele....

 
At 8/02/2010 4:57 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Entrámos na semana em que vamos deixar os jogos "a brincar" (ainda falta o Tottenham) para começarmos na competição "a sério".

E vamos iniciar a temporada na competição onde o Benfica tem o pior pecúlio das actuais competições nacionais.


Vencedores da Supertaça:
PORTO 16
SPORTING 7
BENFICA 4
BOAVISTA 3
GUIMARÃES 1


Uma excelente oportunidade para "reduzir distâncias".

 
At 8/02/2010 4:59 da tarde, Anonymous Anónimo said...

RAMIRES

Grande parte do eventual sucesso da época 2010\2011 passa, tenho toda essa convicção, pela permanência no plantel deste excelente jogador.

 
At 8/02/2010 7:30 da tarde, Blogger GM said...

Muito bom.

Estamos a habituar-nos de tal maneira a este patamar exibicional que já nem realçamos a qualidade nas exibições da equipa em partidas como esta.

Esmagar "Feyenoord's", "Villa's", etc, até parece normal. Sim senhor, que nao sao as equipas campeãs europeias de outros tempos, não são 'equipas de Liga dos Campeões', mas sao equipas cotadas, e especialmente os ingleses que têm uma série de internacionais e que se classificaram muito bem no ano passado, conseguindo bater-se quase de igual para igual com os 'top four' nos respectivos clássicos, algo que fazem consecutivamente ha varias epocas.

No sábado é que vai contar.

 

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