quarta-feira, outubro 02, 2019

Brindes

Mais um jogo na Champions e mais um cenário e desfecho que infelizmente já se vão tornando hábito para o benfiquistas. Quando vejo o Benfica jogar na Champions as minhas expectativas já são sempre baixíssimas, e os jogos, quer estejamos a jogar bem ou mal, resumem-se a esperar pelo momento em que vamos dar um brinde ao adversário e ele vai inevitavelmente marcar.



Para hoje houve uma aposta em jogadores mais experientes como o Jardel e o Fejsa, o regresso do Gabriel e o adiantamento do Taarabt para o apoio mais directo ao Seferovic. A excepção forçada foi o jovem Tomás Tavares no lugar do lesionado André Almeida. O jogo começou praticamente com uma ocasião de golo para o Zenit e outra para o Benfica na resposta, um cabeceamento do Seferovic que passou perto do poste. Isto não foi exemplo para o resto do jogo, que foi muito mais calmo e com poucas ocasiões. O Benfica voltou por diversas vezes a exibir padrões vitorianos de jogo, com muitas trocas de bola sem progressão. Talvez a intenção fosse tentar manter a posse de bola, mas fazer apenas isso e não ter outro objectivo não faz muito sentido. Continuo a notar grandes diferenças em relação à época passada. Nessa altura atacávamos o espaço vazio, ou seja, os jogadores sem a bola faziam movimentações para esses espaços, o que permitia ao colega com bola fazer passes para lá. Hoje o que eu vi foi passes quase sempre feitos para os pés de colegas quase estáticos, e se não houvesse linha de passe quase nem havia a tentativa de criar uma, e o jogador que tinha a bola que se arranjasse. Conforme disse, para mim estes jogos limitam-se a ser uma espera pelo brinde, por aquele erro quase de principiante que na Champions resulta quase sempre no golo adversário. E ele aconteceu, obviamente. Quando tudo indicava que a melhor opção seria mesmo afastar a bola da nossa área, tentámos fazer uma saída sob pressão com um passe do guarda-redes para o Fejsa, que estava de costas voltadas para o meio campo adversário e com adversários por perto. Foi de imediato pressionado, perdeu a bola, o Jardel estava perto da linha da pequena área e por isso assegurou que o avançado russo que estava acampado na área ficava em jogo, e golo. Uma história tantas vezes vista. A entrada na segunda parte foi má, com os russos a ameaçarem o segundo golo, e só depois da hora de jogo é que melhorámos um pouco com as trocas do Pizzi e do Fejsa pelo Caio e o Vinícius. Não que os referidos jogadores tenham jogado particularmente bem (o Vinícius não fez absolutamente nada para além de falhar um golo quase feito nos instantes finais do jogo) mas a equipa num todo pareceu ganhar alguma dinâmica. Só que por outro lado o meio campo com Gabriel e Taarabt deixava mais espaço livre nas suas costas, que o adversário podia explorar. E num contra-ataque o Rúben Dias fez auto-golo (mais um brinde) e a equipa perdeu a compostura de forma inadmissível. Levámos logo com um terceiro, num lance que já nem nos iniciados se admite - um livre marcado rapidamente para as costas da defesa, com um adversário a ficar isolado. E não levámos logo a seguir o quarto porque o lance em que mais uma vez um adversário ficava isolado foi anulado por um fora-de-jogo de centímetros. A dez minutos do final o De Tomas rendeu o calamitoso Seferovic e ainda conseguiu dar um ar da sua graça, marcando o primeiro golo pelo Benfica - um pontapé bem de fora da área que levou a bola ao ângulo.


Acho que o único jogador do Benfica que se destacou foi o Gabriel. Ele bem tentou fazer o nosso jogo fluir, recuperou bolas, distribuiu jogo, e perto do final até apareceu na área adversária a tentar o golo de cabeça. Mas por vezes parecia estar a jogar sozinho.

Estamos no último lugar do grupo e a continuar assim até a Liga Europa será um objectivo muito difícil de alcançar. Honestamente, a sensação que tenho quando nos vejo jogar na Champions é que estamos completamente fora do nosso ambiente, como um peixe fora de água. E depois as exibições e resultados acabam por reforçar esse sentimento. Não é algo propositado, é simplesmente o acumular de maus resultados e exibições nos últimos anos que faz com que seja assim. Custa-me ver a equipa parecer quase sempre descrente em si própria nestas ocasiões.

1 Comments:

At 10/04/2019 6:03 da tarde, Blogger joão carlos said...

Inadmissível estes erros básicos e infantis que já não se admitem em outras competições muito menos nesta mas este são uma consequência de como a equipa defende mal e porcamente sem agressividade, sem nervo, repetidamente neste e nos jogos anteriores desta competição não vencemos um duelo, não vencemos uma disputa de bola e muito menos um ressalto andamos sempre atrás do adversário completamente perdido e o defendermos mal não é uma questão dos defesas é um problema da equipa como um todo.
Ofensivamente somos uma completa inocuidade, lentos previsíveis praticamente sem jogo colectivo e em que os nossos ataques se resumem a iniciativas individuais de um ou outro jogador mas que depois para piorar as coisas em sequer são acompanhadas pela restante equipa que fica passivamente a ver o que este ou aquele faz sem participar nos lances e mesmo retirando que existe um ou outro erro de casting e a insistência em jogadores fora de forma e sem condições de serem os titulares isto por si só não explica o completo desconchavo que é o nosso jogo ofensivo.
Absolutamente vergonhosos os resultados nestas três ultimas fases desta competição e que são o espelho do exagero que tem sido a aposta exagerada em jogadores demasiado jovens, sem experiencia, e ao mesmo tempo em sentido inverso a não contratação no mesmo período de jogadores com maturidade, experiencia, e elevada qualidade que serviriam não só para equilibrar o plantel, e a equipa, mas sobretudo permitir a esses jovens crescer melhor e mais rapidamente e ou alteramos a politica actual para uma mais equilibrada e menos radical do que esta que estamos a seguir ou cada vez esta situação se vai agravar mais e não só nesta competição.

 

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