Ignomínia
Foi-me difícil ver este jogo. Não por causa de quaisquer dificuldades extremas que nos tenham sido colocadas pelo clube dos bacorinhos (se na casa mãe são porcos, parece-me natural que aqueles que os imitam e tentam ser como eles sejam bácoros). Sporting Clube de Bácoros assenta-lhes que nem uma luva. A Domingos, Salvadores, Mesquitas e ao resto da vara. O que tornou mais difícil para mim ver este jogo foi mesmo o sentimento de profunda injustiça por a nossa equipa, que tem jogado futebol como há muito não se via, que tem dominado esta liga, que tem exibido uma superioridade incontestável por qualquer um que não seja cego ou o Eduardo Barroso, ser obrigada à ignomínia de ter que, nesta fase do campeonato, jogar um jogo decisivo para a atribuição do título contra uma equipa do nível da dos bácoros, orientada por um fuinha como o Domingos, que se esforça para mostrar estar fora dos campos ao mesmo nível rasteirinho que exibia dentro deles.
E a diferença entre as duas equipas foi bem evidente no jogo desta noite. De um lado, uma equipa interessada em vencer. Do outro, uma equipa remetida ao seu meio campo, interessada em não deixar jogar e em segurar o empate a todo o custo. A carreira dos bácoros neste campeonato tem estado assente na organização defensiva, vencendo diversos jogos pela diferença mínima, e esta noite fizeram apelo a toda essa organização para tentarem sair incólumes do Estádio da Luz. A tarefa do Benfica, que apresentou como única alteração ao onze base a presença do Carlos Martins no lugar do Aimar, era conseguir furar uma defesa que era constituída quase sempre por dez jogadores atrás da linha da bola, com linhas muito juntas, e que tentava aproveitar qualquer livre arrancado por um eventual mergulho do Alan para conseguir chegar perto da nossa baliza. Não foi uma tarefa fácil, até porque o Benfica não esteve numa noite brilhante.
A primeira parte foi quase sempre passada no meio campo dos bácoros, com o Benfica a ter uma posse de bola esmagadora, mas insistindo demasiadas vezes pelo centro, onde aparecia quase sempre um pé ou uma cabeça a interceptar os passes. No ataque, o nosso adversário foi simplesmente inofensivo. Apenas nos referidos livres chegavam perto da nossa área, mas até neste aspecto pouco fizeram, já que os livres foram invariavelmente marcados de forma desastrada. A melhor oportunidade de golo da primeira parte acabou por surgir de um erro de um defesa adversário, que com um mau passe isolou o Saviola, mas este esteve muito mal na decisão que tomou de tentar fintar o guarda-redes, e a ocasião perdeu-se. Cardozo e Saviola também ameaçaram, mas o golo estava difícil de alcançar. E só chegou mesmo sobre o intervalo. Foi numa sequência de dois cantos a nosso favor, na direita do ataque, com o segundo a ser marcado de forma curta. O Carlos Martins fez o centro para um cabeceamento do Javi García, que levou a bola a embater no Luisão e a ficar-lhe nos pés, muito perto da pequena área, tendo ele então rematado de pé esquerdo para o fundo da baliza. Mais uma vez Luisão, o homem dos golos decisivos nos jogos decisivos, a surgir na altura certa para nos levar em vantagem para o intervalo.
A entrada do Benfica na segunda parte foi, como se esperava, boa. A equipa parecia decidida em marcar o segundo golo e resolver cedo o assunto. Apostando mais em jogar pelos flancos, o Benfica conseguia abrir mais espaços nas costas da defesa adversária, e teve vários cruzamentos perigosos aos quais não foi dado o melhor seguimento, com o Maxi Pereira a estar em particular destaque neste aspecto. Talvez com um Cardozo (oportunidades de finalização perdidas por tentar puxar a bola para o pé esquerdo, ou por tentar dominar a bola em vez de finalizar de primeira) ou um Saviola numa noite mais inspirada na finalização pudessemos ter resolvido o assunto mais cedo, e evitado alguns cabelos brancos aos nossos adeptos. Quanto ao nosso adversário, obrigado agora a arriscar mais, mostrou não ter grandes opções para fazê-lo. As substituições que fez foram directas, ou seja, os jogadores que entraram foram jogar exactamente para as mesmas posições daqueles que substituíram. E quanto a chegar à nossa baliza, continuou a ser a mesma coisa, isto é, aproveitarem qualquer livre assinalado, mesmo que fosse sobre a linha do meio campo, para despejar a bola para a grande área. Este método apenas lhes proporcionou uma ocasião em que causaram alguma preocupação, em que um dos centrais conseguiu aparecer a cabecear cruzado ao segundo poste. De resto, foram inofensivos, e não conseguiram sequer ameaçar poderem chegar ao empate. Mesmo nos quinze minutos finais, em que o Benfica adoptou uma atitude mais realista e decidiu baixar as linhas, apostando em segurar a vantagem em vez de procurar com insistência o segundo golo, os bácoros não conseguiram criar qualquer ocasião de perigo, tendo o Quim sido praticamente mais um espectador. Marcarmos o segundo golo teria sido importante, mas foi com a vantagem mínima que o jogo terminou.
Não foi um jogo propício a grandes exibições, já que nunca houve muito espaço para se jogar. Se tenho que fazer alguns destaques, começo pelo Luisão. Quanto mais não seja pelo golo decisivo. O nosso capitão voltou a surgir num jogo decisivo para marcar o golo que nos deu a vitória, e lançar-nos ainda mais para a conquista do campeonato. Mas para além disso, esteve sempre seguro na defesa, como é seu timbre. O Fábio Coentrão voltou a mostrar estar num momento de forma excelente, parecendo completamente adaptado às funções de lateral esquerdo. Aliás, duvido que haja algum lateral esquerdo de raiz em Portugal que neste momento faça melhor a posição do que ele. Muito bom jogo do Ramires, enquanto esteve em campo, tendo-me mesmo surpreendido a sua substituição. Gostei também muito do Javi García, que foi um guerreiro na luta do meio campo e, como é habitual, ganhou e recuperou inúmeras bolas. Conforme disse, e apesar de terem trabalhado muito, o Saviola e o Cardozo não estiveram felizes na finalização. E o Di María esteve demasiado discreto num jogo em que eu esperava que desequilibrasse mais.
Acabámos de completar uma volta inteira sem derrotas. Temos seis pontos de vantagem, faltam seis jogos para terminar a Liga. Ainda há muito trabalho pela frente, ainda teremos que sofrer bastante até final e manter a concentração, mas ficámos agora muito mais perto do grande objectivo para esta época. O título será a única recompensa justa para uma época que tem sido, até agora, brilhante.
7 Comments:
Mais uma bela e importante vitória do nosso amado Benfica, e o terrível mês de Março no qual os nossos adversários e inimigos vaticinavam que seria a queda do nosso Benfica, afinal foi brilhantemente ultrapassado, para nosso orgulho, e de grande frustração e desespero para os nossos adversários e inimigos...!!! VIVA O SPORT LISBOA E BENFICA !!!
Tremer
Foi assim que acabámos o jogo, não pela acutilância ou empreendimento do adversário, mas porque não jogámos bem e o nervoso miudinho de sofrer um golo sobrepunha-se a todo o resto.
Até porque o Braga apenas teve uma clara oportunidade de golo aos 69 minutos, quando o Quim mostrou mais uma vez porque existe muita gente que não tem confiança neste GR. Será que o Quim vai chegar aos 40 anos sem nunca saber quando tem que sair debaixo da trave da baliza ?
O Benfica falhou muito neste jogo.
O nº de passes falhados e de transições rápidas inertes foi elevadíssimo e completamente fora da média de todos os outros jogos desta época.
Para ajudar, o Saviola copiou o que o Cardoso fez nos ultimos 3 jogos e falhou um golo isolado na cara do GR adversário ainda na 1ª parte.
Estranho foi ver jogadores decisivos (Di Maria, Saviola, Cardodo), num jogo crucial a jogarem muito abaixo do que têm feito.
Aimar muito fraco.
Não gostei de ver a tarja "Benfica Campeão" dos NN, quando ainda nada está decidido e ainda falta sofrer um pouco.
Mas vou gostar de a ver quando o objectivo for concretizado.
Mais uma vez muito bem o teu post.
Só uma pequena observação nas substituições deles, tirando a primeira a que foi obrigado, nas outras eles não arriscaram porque não quiseram porque opções eles tinham, ainda ficou um ponta de lança no banco, as substituições apenas foram mais uma face da moeda que foi não arriscar absolutamente nada no jogo e esperar que caísse alguma coisa do ar e não como tu dizes por falta de opções.
Anonymous para o facto da equipa muito ter falhado muito contribuiu o adversário, muito fechado para alem de não ser a toa que eles são a segunda equipa com menos golos sofridos, se somarmos que foi precisamente no ataque que estiveram as nossas piores exibições.
Se calhar não é de estranhar assim tanto ter sido o ataque a ter o pior desempenho já que tem sido este a ter menos rotatividade nos últimos jogos, se no meio campo e nas laterais a rotatividade tem sido grande no ataque tem sido pontual. No caso do Cardozo os dois lances na segunda parte são claros quanto á falta de frescura normalmente ele chega primeiro que o adversário, o lance na primeira parte não tem desculpa. No caso do Saviola não treinar quase durante toda a semana deixa sempre as suas marcas. O Di Maria pareceu-me já ter a cabeça noutro lado (outro jogo).
Eu sei que eles não arriscaram porque não quiseram: é precisamente isso que eu condeno. Mesmo a perder, não tiveram coragem para arriscar um bocadinho que fosse. Por isso mesmo perderam bem.
João,
compreendo o que pretendes transmitir, mas o que eu espero dos melhores jogadores, mais caros e mais bem pagos é, de facto, um rendimento superior com as melhores equipas e quando os jogos são decisivos,... e não quando defrontam o Vit. Setubal em casa !!!
Gostei bastante da entrevista do Presidente da Comissão Disciplinar da Liga.
Uma pergunta: alguém tem visto o starblade?
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