quinta-feira, outubro 24, 2019

Calhou

Começo este post com uma declaração de intenções: quem costuma ler o que eu escrevo sabe que não tenho por hábito criticar gratuitamente, nem me dá qualquer especial prazer falar mal da nossa equipa. Posto isto, em relação ao jogo desta noite, só posso mesmo dizer que foi uma vitória caída do céu (ou neste caso, das mãos do Anthony Lopes) num jogo em que o que produzimos pouco a justificou. Quase que posso dizer que ganhámos porque calhou.


Tomás Tavares, Cervi e Gedson foram as surpresas num onze que contou com os regressos do Florentino e do Rafa à titularidade, tendo o Pizzi sido relegado para o banco. A entrada do Benfica no jogo até foi agradável, quase sempre impulsionado pelas investidas do Rafa, e foi mesmo o Rafa quem inaugurou o marcador logo aos quatro minutos, aproveitando um passe do Cervi no meio de uma confusão para rematar cruzado. Mas cedo no jogo ficámos privados do Rafa por lesão (entrou o Pizzi para o seu lugar) e a partir daí a opção do Benfica foi simplesmente jogar para o resultado. Linhas fechadas atrás, iniciativa de jogo dada ao Lyon e quase nenhum risco nas saídas para o ataque - quase todas as transições eram travadas para se optar pelo ataque organizado. Logo aí dei por mim a pensar que estava a ver o filme do costume na Champions, e que mais cedo ou mais tarde o empate surgiria. Verdade seja dita que conseguimos impedir o Lyon de ter qualquer ocasião de golo, e até podíamos ter chegado ao segundo golo se o Seferovic não tivesse desperdiçado de forma absolutamente incrível uma ocasião soberana, quando apareceu sozinho em posição frontal para finalizar um bom passe do Tomás Tavares e atirou por cima. Por isso ao interval nem podia dizer que a estratégia era má de todo. Só que na segunda parte as coisas foram bem piores. As nossas linhas recuaram ainda mais e o Lyon passou a ter toda a iniciativa no jogo. No ataque simplesmente não existimos, e chegou a fazer-me impressão ver aquilo que parecia simplesmente falta de ambição nos nossos jogadores. A Champions é a maior prova de futebol para clubes, a maior montra que existe, e no entanto os nossos jogadores pareciam ter medo de arriscar, de meter o pé, de correr a uma bola que não lhes fosse direitnha para os pés. Continuámos de facto a impedir o Lyon de criar ocasiões de golo, mas como sempre na Champions é apenas uma questão de tempo. Basta uma situação para o adversário marcar, e isso acabou por acontecer a vinte minutos do final. Um cruzamento longo da direita para o poste mais distante, onde de alguma forma apareceram três jogadores adversários para apenas o Tomás Tavares, e o Depay finalizou de primeira. E nos minutos que se seguiram ao empate a sensação com que se ficou era a de que o Lyon iria à procura da vitória. Só nos minutos finais é que a nossa equipa finalmente deu um arzinho da sua graça e subiu linhas, passando a ganhar e a recuperar mais bolas no meio campo. O Pizzi acertou no poste a cinco minutos do final, num remate de fora da área, e um minuto depois em antecipação interceptou uma reposição de bola do Anthony Lopes para a zona central e de primeira rematou para a baliza deserta. Obtida a vantagem, foi tempo de cerrar fileiras e segurá-la até ao apito final.

Numa exibição sem grande brilho acho que o Rúben Dias foi um dos melhores. O Gabriel também não foi mau de todo, e o Cervi e o Tomás Tavares deram boa conta de si pelo menos no aspecto defensivo. O Seferovic esteve muito mal, tal como o Gedson - sobretudo quando passou para segundo avançado depois da saída do Rafa.

Foi importante conquistar os três pontos, que nos relançaram na corrida para o apuramento. Talvez esta vitória possa retirar alguma da pressão sobre a equipa na Champions - eu continuo convencido que sofremos de um verdadeiro bloqueio mental nesta competição, em que tudo o que pode correr mal acaba por correr mal. A qualidade do futebol apresentado deixou mesmo muito a desejar e será necessário muito mais do que isto se queremos ter algumas ambições em prosseguir nas competições europeias, mesmo em relação à Liga Europa.

P.S. - Não alinho na campanha miserável que anda a ser semeada na comunicação social contra o nosso treinador e a favor do JJ, muito fomentada pelos amigos que o nosso antigo treinador tem estrategicamente colocados. O Bruno Lage é o meu treinador e nem nos meus piores pesadelos consigo imaginar o regresso de JJ.

1 Comments:

At 10/24/2019 7:19 da tarde, Blogger joão carlos said...

O post esta muito bem conseguido.


Esta estratégia de em vantagem dar a iniciativa de jogo ao adversário nem acho que seja assim tão desadequada, principalmente neste competição, desde que não se recue demasiado no campo e se mantenha o objectivo do ataque em contra ataques e isso até certa medida foi feito no primeiro tempo, ainda que poderíamos ter sido mais dinâmicos e sobretudo temos finalizado com melhor qualidade as poucas oportunidades criadas nesta fase, o que nunca pode acontecer é o que fizemos no período seguinte em que recuamos demasiado defensivamente e desistimos completamente de atacar, alias é recorrente nesta competição fazermos isto com os resultados que todos conhecemos.
Ficou evidente após a primeira substituição que uma táctica e uma estratégia só servem se tivermos jogadores com características para a aplicar depois da alteração e com a mudança feita para alem da substituição mantivemos a táctica e a estratégia mas deixamos de ter em duas posições jogadores com as características que eram necessárias neste caso ou tínhamos feito entrar um jogador com as mesmas características do que saiu ou obrigatoriamente tínhamos de mudar de táctica e o que aconteceu neste jogo é um espelho do que aconteceu o ano passado e esta a acontecer este ano ou mantemos a táctica do ano passado e temos em todas as posições jogadores com essas características, o que parece evidente numa ou noutra posição não o termos, ou então temos obrigatoriamente de alterar quer a táctica quer a esquema de jogo para se adaptar aos jogadores que temos e não o contrario como teimosamente tem sido insistido.
Mais uma vez tivemos uma amostra de que o ponta de lança escolhido, e que tem sido insistentemente escolhido, tem enormes debilidades técnicas que não nos serve, sobretudo num esquema só com um ponta de lança para alem de que esta insistência não é boa nem para a equipa nem muito menos para o jogador que em vez de adquirir confiança vai cada vez tendo menos para mais quando temos alternativas que pelo que vão fazendo pelo menos merecem que lhes seja dada uma oportunidade por isso ou damos hipóteses a outros para mostrarem o que realmente valem ou então mantendo esta teimosia sempre no mesmo vamos passar por dificuldades.

 

Enviar um comentário

<< Home